Apostila auxiliar da disciplina ENE-065 para o curso de Engenharia Elétrica da UFJF
Manual de Luminotécnica
Prof. Rodrigo Arruda Felício Ferreira
2010
Sumário
Grandezas e conceitos ........................................................................................................................... 1
Tipos e características de lâmpadas............................................................................................ 4
Tipos de Lâmpadas ..................................................................................................................................... 4
Características das lâmpadas e acessórios ........................................................................................ 8
Fatores de influência na qualidade da iluminação ......................................................... 11
Método dos Lumens (General Electric) ................................................................................... 16
Considerações iniciais ............................................................................................................................. 16
Exemplo de aplicação .............................................................................................................................. 26
Referências bibliográficas ................................................................................................................ 28
i
Manual de Luminotécnica
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Grandezas e conceitos
As grandezas e conceitos a seguir relacionados são fundamentais para o entendimento dos
elementos da luminotécnica. As definições são extraídas do Dicionário Brasileiro de Eletricidade,
reproduzidas das normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. A cada
definição, seguem-se as unidades de medida e símbolo gráfico do Quadro de Unidades de
Medida, do Sistema Internacional - SI, além de interpretações e comentários destinados a
facilitar o seu entendimento.
Fluxo Luminoso
Símbolo: φ
Unidade: lúmen (lm)
Fluxo Luminoso é a radiação total da fonte luminosa, entre os limites de
comprimento de onda de luz visível (380 e 780m). O fluxo luminoso é a
quantidade de luz emitida por uma fonte, medida em lumens, na tensão
nominal de funcionamento.
Intensidade Luminosa
Símbolo: I
Unidade: candela (cd)
Se a fonte luminosa irradiasse a luz uniformemente em
todas as direções, o Fluxo Luminoso se distribuiria na forma
de uma esfera. Tal fato, porém, é quase impossível de
acontecer, razão pela qual é necessário medir o valor dos
lumens emitidos em cada direção. Essa direção é
representada por vetores, cujo comprimento indica a
Intensidade Luminosa. Portanto é o Fluxo Luminoso
irradiado na direção de um determinado ponto.
1
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Iluminância (Iluminamento)
Símbolo: E
Unidade: lux (lx)
A luz que uma lâmpada irradia, relacionada à superfície a qual incide, define uma nova grandeza
luminotécnica, denominada de Iluminamento ou Iluminância. Expressa em lux (lx), indica o fluxo
luminoso de uma fonte de luz que incide sobre uma superfície situada a uma certa distância
desta fonte. Em outras palavras a equação que expressa esta grandeza é:
E=
ϕ
A
.
Luminância
Símbolo: L
Unidade: cd/m2
Das grandezas mencionadas, nenhuma é visível, isto é,
os raios de luz não são vistos, a menos que sejam
refletidos em uma superfície e aí transmitam a
sensação de claridade aos olhos. Essa sensação de
claridade é chamada de Luminância. Em outras
palavras, é a Intensidade Luminosa que emana de uma
superfície, pela sua superfície aparente.
A equação que permite sua determinação é:
L=
I
A ⋅ cosα
2
Manual de Luminotécnica
ENE 065 – Instalações Elétricas I
onde:
L = Luminância, em cd/m²
I = Intensidade Luminosa, em cd
A = área projetada, em m²
a = ângulo considerado, em graus
Como é difícil medir-se a Intensidade Luminosa que provém de um corpo não radiante (através
de reflexão), pode-se recorrer a outra fórmula, a saber:
L=
ρ ⋅E
π
onde:
ρ = Refletância ou Coeficiente de Reflexão;
E = Iluminância sobre essa superfície.
Como os objetos refletem a luz diferentemente uns dos outros, fica explicado porque a mesma
Iluminância pode dar origem a Luminâncias diferentes. Vale lembrar que o Coeficiente de
Reflexão é a relação entre o Fluxo Luminoso refletido e o Fluxo Luminoso incidente em uma
superfície. Esse coeficiente é geralmente dado em tabelas, cujos valores são função das cores e
dos materiais utilizados
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Tipos e características de lâmpadas
Tipos de Lâmpadas
Lâmpadas Incandescentes
Funcionam através da passagem da corrente elétrica por um filamento de tungstênio, que com o
aquecimento, gera a luz.
o
Eficiência: extremamente baixa
o
Vida útil: 800 horas
o
Índice de Reprodução de cores (IRC): 100%
o
Uso: geral, residencial, plafons, arandelas, abajures, luminárias de pé
o
Tensão de rede: 110 ou 220v
o
Podem ser dimmerizadas
Lâmpadas Halógenas
Funcionam em tensão de rede (110v/220v ou baixa tensão, possuem filamento de tungstênio e
trabalham em conjunto com o gás halogênio).
o
Eficiência: alta eficiência (baixa tensão de rede)
o
IRC: 100%
o
Vida útil: 2.500 horas
o
Tensão de rede: 110v/220v e 12v
o
Uso: residencial decorativo e comercial
o
Lâmpadas de baixa tensão (12v) tem o controle de abertura de faixo (dicróicas e AR) e
potência.
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Manual de Luminotécnica
o
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Podem ser dimmerizadas, aumentam a vida útil, reduz o consumo, reduz fluxo luminoso
e a luz fica mais amarela.
Lâmpada halógena
Lâmpada AR70 50W 12v
Lâmpadas Fluorescentes
Funcionam a base de gases, trifósforos (combinação de fósforos e terras raras) para possibilitar
alta eficiência, boa aparência e baixo consumo. Reatores são necessários. Quatro grupos:
tubulares (comuns e alta resolução), eletrônicas (reatores integrados), circulares e compactas.
Lâmpadas (18W/36W/58).
o
Eficiência: alta eficiência
o
IRC: 85%
o
Vida útil: de 7.500 à 10.000 horas
o
Tensão de rede: 110/220v
o
Uso: residencial e comercial
o
Podem ser dimmerizadas com reatores específicos
Lâmpada Fluorescente tubular T5 / Lâmpada Fluorescentes Compacta Integrada / Lâmpada
Fluorescente Espiral / Lâmpada Fluorescente Circular
5
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Lâmpadas de Descarga
Uma descarga (alta pressão) elétrica entre os eletrodos leva os componentes internos (gases
sódio, xenon, mercúrio) do tubo de descarga a produzirem luz, levam reatores e ignitores em sua
composição. Necessitam de 2 a 15 min. para seu acendimento completo.
Seus tipos são:
o
Multivapores Metálicos: são lâmpadas que combinam iodetos metálicos, com altíssima
eficiência energética, excelente IRC, longa durabilidade e baixa carga térmica. Sua
luz é muito branca e brilhante.
o
Vapor de Sódio: com eficiência energética de até 130 lm/W,de longa durabilidade,é a
mais econômica fonte de luz. Com formatos tubulares e elipsoidais, emitem luz branca e
dourada, baixo IRC, usadas em portos, estradas, estacionamentos, ferrovias, etc.
o
Vapor de Sódio Branca: emissão de luz branca, decorrente da combinação dos vapores
de sódio e xenon, resultando numa luz brilhante como as halógenas e aparência de cor
das incandescentes. Excelente IRC,usadas em hotéis, edifícios históricos, teatros, stands,
etc.
o
Vapor Mercúrio: aparência branca azulada, eficiência de até 55lm/W, usadas em vias
públicas e indústrias.
o
Lâmpadas Mistas: composta por filamento e um tubo de descarga, funcionam em 220v,
sem uso de reator. Alternativa para a substituição das lâmpadas incandescentes.
Vapor de Sódio Ovóide / Vapor Metálico Tubular
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
LED´s
Lighting Emitted Diodes. Led´s são dispositivos semicondutores que convertem energia elétrica
diretamente em energia luminosa, através de chips de minúscula dimensão.
Aquecidos, estes materiais condutores são constituídos de cristais de silício e é encapsulado por
uma resina de epóxi transparente para direcionar a emissão da luz e proteger o elemento
semicondutor.
A composição para Led´s coloridos (vermelho,azul,verde,laranja e âmbar) se faz dos elementos
químicos (gálio, arsênio, fósforo, alumínio e nitrogênio). A cor branca foi a mais recente a ser
desenvolvida.
De baixo consumo, vida útil extremamente longa, os led´s estão cada vez mais eficientes
superando a eficiência das lâmpadas incandescentes. Os led´s são monocromáticos, emitem luz
somente numa faixa do espectro da luz, por isso não se aplica IRC, nem temperatura de cor.
Lâmpada Dicróica Bipino | 18leds
o
Potência: 0,1W à 0,5W
o
Vida útil: 100.000 horas
o
Tensão de rede: 10v ou 24v (necessita de fonte alimentadora)
o
Uso: iluminação de destaque, residencial, comercial e público. Sinalizadores de trânsito,
fachadas de prédios, balizadores, iluminação de casas noturnas, etc.
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Fibra Ótica
É um filamento de vidro ou de elementos poliméricos utilizado para transmitir pulsos de luz.
Não pode ser dimmerizada.
o
Eficiência: baixa
o
Vida útil: 3.000 horas
o
Tensão de rede: 110/220v
o
Uso: em iluminação de destaque, comercial e residencial.
Características das lâmpadas e acessórios
Serão apresentadas a seguir características que diferenciam as lâmpadas entre si, bem como
algumas características dos acessórios utilizados com cada sistema.
Eficiência Energética
Símbolo: hw (ou K, conforme IES)
Unidade: lm / W (lúmen / watt)
As lâmpadas se diferenciam entre si não só pelos diferentes Fluxos Luminosos que elas irradiam,
mas também pelas diferentes potências que consomem. Para poder compará-las, é necessário
que se saiba quantos lúmens são gerados por watt absorvido. A essa grandeza dá-se o nome de
Eficiência Energética (antigo “Rendimento Luminoso”).
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Nota: DULUX, Metálica HQI, LUMILUX e Sódio NAV são marcas registradas da Osram.
Temperatura de cor correlata
Símbolo: TCC
Unidade: K (Kelvin)
Em aspecto visual, admite-se que é bastante difícil a avaliação comparativa entre a sensação de
Tonalidade de Cor de diversas lâmpadas. Para estipular um parâmetro, foi definido o critério
Temperatura de Cor (Kelvin) para classificar a luz. Assim como um corpo metálico que, em seu
aquecimento, passa desde o vermelho até o branco, quanto mais claro o branco (semelhante à
luz diurna ao meio-dia), maior é a Temperatura de Cor (aproximadamente 6500K). A luz
amarelada, como de uma lâmpada incandescente, está em torno de 2700 K. É importante
destacar que a cor da luz em nada interfere na Eficiência Energética da lâmpada, não sendo
válida a impressão de que quanto mais clara, mais potente é a lâmpada.
Convém ressaltar que, do ponto de vista psicológico, quando dizemos que um sistema de
iluminação apresenta luz “quente” não significa que a luz apresenta uma maior temperatura de
cor, mas sim que a luz apresenta uma tonalidade mais amarelada. Um exemplo deste tipo de
iluminação é aquela utilizada em salas de estar, quartos ou locais onde se deseja tornar um
ambiente mais aconchegante.
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Manual de Luminotécnica
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Da mesma forma, quanto mais alta for a temperatura de cor, mais “fria” será a luz. Um
exemplo deste tipo de iluminação é a utilizada em escritórios, cozinhas ou locais em que se
deseja estimular ou realizar alguma atividade. Esta característica é muito importante de ser
observada na escolha de uma lâmpada, pois dependendo do tipo de ambiente há uma
temperatura de cor mais adequada para esta aplicação.
Índice de reprodução de cores
Símbolo: IRC ou Ra
Unidade: R
Objetos iluminados podem nos parecer diferentes, mesmo se as fontes de luz tiverem idêntica
tonalidade. As variações de cor dos objetos iluminados sob fontes de luz diferentes podem ser
identificadas através de outro conceito, Reprodução de Cores, e de sua escala qualitativa Índice
de Reprodução de Cores (Ra ou IRC). O mesmo metal sólido, quando aquecido até irradiar luz, foi
utilizado como referência para se estabelecer níveis de Reprodução de Cor. Define-se que o IRC
neste caso seria um número ideal = 100. Portanto, quanto maior a diferença na aparência de cor
do objeto iluminado em relação ao padrão (sob a radiação do metal sólido) menor é seu IRC.
Com isso, explica-se o fato de lâmpadas de mesma Temperatura de Cor possuírem Índice de
Reprodução de Cores diferentes.
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Manual de Luminotécnica
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Características de diferentes lâmpadas (baseado em [3], [4], [5], [6])
Tipo de Lâmpada
Transparente
Incandescente
Branca
Convencional
Fluorescentes
Compacta
Vapor de Sódio
Descarga
Vapor de
Mercúrio
Potência (W)
40
60
100
150
40
60
100
15
20
30
40
9
14
20
23
70
100
150
80
125
200
Fluxo
IRC (%)
Luminoso (lm)
516
100
864
100
1640
100
2180
100
465
100
580
100
1170
100
740
70-79
1060
70-79
1900
70-79
2700
70-79
490
80-89
730
80-89
1050
80-89
1400
80-89
5600
<50
8500
<50
14500
<50
3800
60
6300
60
13000
60
TCC (K)
2000-2700
2000-2700
2000-2700
2000-2700
2000-2700
2000-2700
2000-2700
6500
5250
6500
5350
2700-4000
2700-4000
2700-4000
2700-4000
2000
2000
2000
4000
4000
4000
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Manual de Luminotécnica
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Fatores de influência na qualidade da iluminação
Nível de Iluminância Adequada
Quanto mais elevada a exigência visual da atividade, maior deverá ser o valor da Iluminância
Média (Em) sobre o plano de trabalho. Deve-se consultar a norma NBR-5413 [2] para definir o
valor de Em pretendido (discussão mais detalhada posteriormente, na apostila).
Deve-se considerar também que, com o tempo de uso, se reduz o Fluxo Luminoso da lâmpada
devido tanto ao desgaste, quanto ao acúmulo de poeira na luminária, resultando em uma
diminuição da Iluminância. Por isso, quando do cálculo do número de luminárias, estabelece-se
um Fator de Depreciação d, o qual, elevando o número previsto de luminárias, evita que, com o
desgaste,o nível de Iluminância atinja valores abaixo do mínimo recomendado.
Reprodução de Cores
A cor de um objeto é determinada pela reflexão de parte do espectro de luz que incide sobre ele.
Isso significa que uma boa Reprodução de Cores está diretamente ligada à qualidade da luz
incidente, ou seja, à equilibrada distribuição das ondas constituintes do seu espectro.
É importante notar que, assim como para Iluminância média, existem normas que
regulamentam o uso de fontes de luz com determinados índices, dependendo da atividade a ser
desempenhada no local.
Tonalidade de Cor da Luz ou Temperatura de Cor
Um dos requisitos para o conforto visual é a utilização da iluminação para dar ao ambiente o
aspecto desejado. Sensações de aconchego ou estímulo podem ser provocadas quando se
combinam a correta Tonalidade de Cor da fonte de luz ao nível de Iluminância pretendido.
Estudos subjetivos afirmam que para Iluminâncias mais elevadas são requeridas lâmpadas de
Temperatura de Cor mais elevada também. Chegou-se a esta conclusão baseando-se na própria
natureza, que ao reduzir a luminosidade (crepúsculo), reduz também sua Temperatura de Cor. A
ilusão de que a Tonalidade de Cor mais clara ilumina mais, leva ao equívoco de que com as
“lâmpadas frias” precisa-se de menos luz.
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Pé-direito útil
Pé-direito útil é o valor do pé-direito total do recinto (H), menos a altura do plano de trabalho
(hpl.tr.), menos a altura do pendente da luminária (hpend). Isto é, a distância real entre a
luminária e o plano de trabalho.
Proporção Harmoniosa entre Luminâncias
Acentuadas diferenças entre as Luminâncias de diferentes planos causam fadiga visual, devido
ao excessivo trabalho de acomodação da vista, ao passar por variações bruscas de sensação de
claridade. Para evitar esse desconforto, recomenda-se que as Luminâncias de piso, parede e teto
se harmonizem numa proporção de 1:2:3,e que, no caso de uma mesa de trabalho,a Luminância
desta não seja inferior a 1/3 da do objeto observado, tais como livros, etc.
Limitação de Ofuscamento
Duas formas de ofuscamento podem gerar incômodos:
•
Ofuscamento direto, através de luz direcionada diretamente ao campo visual.
•
Ofuscamento reflexivo, através da reflexão da luz no plano de trabalho, direcionando-a
para o campo visual.
Considerando que a Luminância da própria luminária é incômoda a partir de 200 cd/m², valores
acima deste não devem ultrapassar o ângulo indicado na figura abaixo. O posicionamento e a
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Curva de Distribuição Luminosa devem ser tais que evitem prejudicar as atividades do usuário
da iluminação.
Efeitos Luz e Sombra
Deve-se tomar cuidado no direcionamento do foco de uma luminária, para se evitar que essa crie
sombras perturbadoras, lembrando, porém, que a total ausência de sombras leva à perda da
identificação da textura e do formato dos objetos. Uma boa iluminação não significa luz
distribuída por igual.
Ar-Condicionado e Acústica
O calor gerado pela iluminação não deve sobrecarregar a refrigeração artificial do ambiente. Há
um consenso que estabelece que um adulto irradia o calor equivalente a uma lâmpada
incandescente de 100W. Portanto, fontes de luz mais eficientes colaboram para bem-estar, além
de se constituir numa menor carga térmica ao sistema de condicionamento de ar. O sistema de
iluminação pode comprometer a acústica de um ambiente através da utilização de equipamentos
auxiliares (reatores e transformadores eletromagnéticos). Uma solução bastante eficiente, com
ausência total de ruídos é o emprego de sistemas eletrônicos nas instalações.
Iluminação Direta ou Indireta
A iluminação sempre pode ser de maneira direta ou indireta, veja cada situação:
Direta: é dirigida diretamente para o alvo a ser iluminado. Pode ser implementada com spots,
luminárias de mesa, abajures, entre outros. Lembre-se que quanto maior a distancia entre a
fonte e o objeto a ser iluminado, menor é a intensidade da iluminação e maior é a área atingida
pelos raios de luz.
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Manual de Luminotécnica
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Indireta: ilumina o ambiente como um todo. Como não tem um foco dirigido, é uma luz de
ambientação. Uma iluminação pode conter focos de luz diretos e indiretos num mesmo
ambiente. Os primeiros sobre objetos específicos, fazendo com que estes objetos sejam
realçados e ambientados com luzes indiretas.
Tipo de
Iluminação
Componente
p/ cima (%)
Componente
p/ baixo (%)
Direta
Semi-direta
DiretaIndireta
Semiindireta
Indireta
0-20
20-40
40-60
60-80
80-100
80-100
60-80
40-60
20-40
0-20
Equipamentos auxiliares utilizados em iluminação
•
Luminária: abriga a lâmpada e direciona a luz.
•
Soquete: tem como função garantir fixação mecânica e a conexão elétrica da lâmpada.
•
Transformador: equipamento auxiliar cuja função é converter a tensão de rede (tensão
primária) para outro valor de tensão (tensão secundária). Um único transformador
poderá alimentar mais de uma lâmpada, desde que a somatória das potências de todas as
lâmpadas a ele conectadas, não ultrapasse a potência máxima do mesmo.
•
Reator: equipamento auxiliar ligado entre a rede e as lâmpadas de descarga, cuja função
é estabilizar a corrente através da mesma. Cada tipo de lâmpada requer um reator
específico.
•
Reator para corrente contínua: oscilador eletrônico alimentado por uma fonte de
corrente contínua, cuja função é fornecer as características necessárias para perfeito
funcionamento das lâmpadas.
•
Starter: elemento bimetálico cuja função é pré-aquecer os eletrodos das lâmpadas
fluorescentes, bem como fornecer em conjunto com reator eletromagnético
convencional, um pulso de tensão necessário para o acendimento da mesma. Os reatores
eletrônicos e partida rápida não utilizam starter.
•
Ignitor (ou starter): dispositivo eletrônico cuja função é fornecer à lâmpada um pulso de
tensão necessário para acendimento da mesma.
•
Capacitor: acessório que tem como função corrigir o fator de potência de um sistema que
utiliza reator magnético. Da mesma forma que para cada lâmpada de descarga existe seu
reator específico, existe também um capacitor específico para cada reator.
•
Dimmer: tem como função variar a intensidade da luz de acordo com a necessidade.
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Método dos Lumens (General Electric)
Considerações iniciais
Parte das seguintes considerações
a) Quando se considera a iluminação de um compartimento, interessa especialmente
conhecer o iluminamento médio no chão, mas, quando se tratar de salas de trabalho,
deve-se considerar o iluminamento médio no plano de trabalho (mesas, bancada,
máquinas, etc.). O plano de trabalho ou plano útil está situado, geralmente, entre 0,80 m
e 1,00 m de altura do piso. Níveis de iluminamento médio adotados são descritos na
tabela 8.21 extraída de [7].
b) Em um compartimento contendo uma ou várias fontes luminosas, há emissão de um
fluxo luminoso φ e apenas parte desse fluxo atinge diretamente o plano de trabalho ou o
plano do chão. Parte deste é absorvido/refletido por teto, paredes e objetos localizados
no local. Assim, o fluxo total φ para iluminar o plano de trabalho é:
φ=
E×S
u×d
onde:
S – área do compartimento, em m2;
E – iluminamento desejado, em lx;
u – fator de utilização;
d - fator de depreciação.
Fator de utilização, u
O fator u, sempre menor que 1, é denominado coeficiente de utilização ou fator de utilização, e é
a razão entre o fluxo utilizado e o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas.
O coeficiente de utilização depende:
•
Da distribuição e da absorção de luz, efetuadas pelos aparelhos de iluminação (globos,
refletores, etc.);
16
Manual de Luminotécnica
•
ENE 065 – Instalações Elétricas I
Das dimensões do local. Esta dependência exprime-se através de um coeficiente que se
denomina índice do local;
•
Das cores das paredes e do teto, caracterizado pelo fator de reflexão.
Índice do local
Por meio da tabela 8.22 (retirada de [7]), determina-se o índice do local. Para tanto, é necessário
definir:
•
A largura e comprimento do local;
•
A altura do teto, se a iluminação for indireta ou semi-indireta;
17
Manual de Luminotécnica
•
ENE 065 – Instalações Elétricas I
A distância do foco luminoso ao chão.
Deve-se ressaltar que é necessário levar em conta o tipo de compartimento para o qual está
sendo realizado o projeto. Como foi dito anteriormente, em caso de salas de trabalho, deve-se
determinar a distância entre o foco luminoso e o plano de trabalho.
Fator de reflexão
Obtido o índice do local, para se determinar o coeficiente de utilização, utiliza-se a tabela 8.23
definindo-se o tipo de luminária e o índice do local. Além disso, consideram-se também os
fatores de reflexão de teto e paredes, listados na tabela 8.24 ou 8.25.
Fator de depreciação
O fluxo emitido por um aparelho de iluminação decresce com o uso. Este fato tem três causas:
1) A diminuição do fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas ao longo da vida útil das
mesmas;
2) A poeira e sujeira que se depositam sobre os aparelhos e lâmpadas quando expostas;
3) A diminuição do poder refletor das paredes e tetos, em conseqüência de acúmulo de
sujeira ou escurecimento progressivo.
A tabela 8.23, em sua primeira coluna, apresenta valores de fator de depreciação d, definido pela
relação entre o fluxo luminoso emitido por uma luminária ao fim de um período de manutenção
e o fluxo emitido pela mesma luminária no início de seu uso.
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Número de luminárias, n
Após definir o tipo de luminária, o número de lâmpadas por luminária nl fica estabelecido. O
número de luminárias, portanto, será dado por:
n=
φ
nl ⋅ ϕ
onde:
φ - Fluxo luminoso total;
ϕ - Fluxo luminoso de cada lâmpada da luminária;
nl - Número de lâmpadas por luminária.
Arredonda-se n para o valor inteiro imediatamente superior ou para um valor superior de forma
a estabelecer a melhor distribuição possível de luminárias no local.
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Exemplo de aplicação
Exemplo extraído de [7].
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ENE 065 – Instalações Elétricas I
Referências bibliográficas
[1]
OSRAM, Manual Luminotécnico Prático. Disponível em:
http://br.osram.info/download_center/manual_luminotectico.htm, acessado em jun,
2010.
[2]
NBR 5413:1992, Iluminância de interiores. Associação Brasileira de Normas Técnicas,
1992.
[3]
OSRAM (2). Catálogo de Lâmpadas Incandescentes. Disponível em:
http://br.osram.info/download/catalogo/catalogo2008/OSRAM_catalogo0809_incande
scentes.pdf, acessado em jun, 2010.
[4]
OSRAM (3). Catálogo de Lâmpadas Fluorescentes Compactas. Disponível em:
http://br.osram.info/download/catalogo/catalogo2008/OSRAM_catalogo0809_fluorco
mpactas.pdf, acessado em jun, 2010.
[5]
OSRAM (4). Catálogo de Lâmpadas Fluorescentes Circulares e Tubulares. Disponível em:
http://br.osram.info/download/catalogo/catalogo2008/OSRAM_catalogo0809_fluoresc
entestubulares.pdf, acessado em jun, 2010.
[6]
OSRAM (5). Catálogo de Lâmpadas de Descarga. Disponível em:
http://br.osram.info/download/catalogo/catalogo2008/OSRAM_catalogo0809_descarg
a.pdf, acessado em jun, 2010.
[7]
NISKIER, J. MACINTYRE, A. J. Instalações Elétricas. 5. ed. LTC, Rio de janeiro, 2008.
28
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