USO EFICIENTE DA ÁGUA: O CASO DO AEROPORTO INTERNACIONAL
DE SÃO PAULO
Eliana Cristina de Sousa 1; Wilson Cabral de Sousa Jr.2; Elaine Nolasco Ribeiro3;
Gustavo Bezerra de Paula Pessoa4
RESUMO --- Os aeroportos com elevados movimentos anuais de passageiros são importantes
consumidores de água nas regiões em que se encontram instalados. O Aeroporto Internacional de
São Paulo (AISP) – Governador André Franco Montoro, alvo de estudo deste trabalho, localiza-se
no Município de Guarulhos/SP e possui o maior terminal de cargas da América do Sul. O AISP
funciona como uma cidade de médio porte, em termos de consumo de água e energia. Dentro do
escopo de trabalho do projeto HIDROAER - Uso Eficiente de Águas em Aeroportos – tem-se por
objetivo diagnosticar o uso da água no AISP apontando as perspectivas de redução de consumo,
através do uso da água da chuva e da utilização de equipamentos economizadores de água. De
acordo com o levantamento efeutado, é possível a substituição dos equipamentos convencionais,
atualmente instalados no AISP, por torneiras com vazão reduzida para 4 L, bacias sanitárias á vácuo
ou segregadoras e mictórios sem água. Essa substituição levaria a uma redução de consumo da
ordem de 69,5%.
ABSTRACT --- Airports with high annual passenger movements are important consumers of water
in regions where they are installed. São Paulo International Airport (SPIA) – Governador André
Franco Montoro, target of this work, is located in the City of Guarulhos/SP and the largest cargo
terminal in South America. The SPIA works as a medium-sized city in terms of consumption of
water and energy. Within the work scope of Hidroaer project - Airports Efficient Use of Water - has
been designed to diagnose the water use in the SPIA pointing the reducing consumption prospects
through the rainwater and equipment water saving use. In accordance with the realized survey, it is
possible the replacement of conventional equipment, currently installed in the SPIA, by taps with
reduced flow, vacuum sanitary disposals and waterless urinals. That replacement coul bring down
consumption of around 69,5%.
Palavras Chave: aproveitamento da água de chuva – equipamentos economizadores de água –
aeroportos.
1. INTRODUÇÃO
Os aeroportos com elevados movimentos anuais de passageiros são importantes consumidores
de água nas regiões em que se encontram instalados. Autoridades administradoras de aeroportos em
vários países, especialmente nos países mais ricos e desenvolvidos, têm se mostrado interesse em
diminuir o consumo de água em virtude da redução da oferta de água nos períodos de estiagem,
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fases pelas quais várias regiões do globo passam todos os anos. No Brasil, embora haja uma imensa
riqueza no que diz respeito aos recursos hídricos, há necessidade de se usar com eficiência a água
existente.
De acordo com informações obtidas junto a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC, 2008),
o Sistema Aeroportuário Brasileiro 360 aeródromos mantidos por convênios de estados e
municípios, 323 por Comandos Aéreos Regionais (COMARs) (16 exclusivamente militares), 67 da
Rede Infraero e 122 de serviços aéreos regulares.
O Aeroporto Internacional de São Paulo (AISP) – Governador André Franco Montoro, alvo de
estudo deste trabalho, localiza-se no Município de Guarulhos em uma área de aproximadamente,
14.000 km². Ele foi inaugurado em 1985 e desde então é administrado pela Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeronáutica (INFRAERO).
O Aeroporto de Guarulhos é, também, um dos principais modais de logística de carga aérea do
Brasil. A demanda de vôos diários internacionais transporta desde frutas produzidas no Vale do São
Francisco aos medicamentos mais sofisticados criados pela ciência. O terminal de cargas do
aeroporto é o maior da América do Sul e na América Latina perde apenas para o da Cidade do
México.
Para promover o saneamento do sítio aeroportuário e garantir o abastecimento de água, o AISP
conta com um sistema, constituído pelos seguintes componentes: poços para captação de água,
caminhões pipa, Estação de Tratamento de Água (ETA), reservatórios, Estação de Tratamento de
Esgoto (ETE).
Desde 2007, o projeto HIDROAER - Uso Eficiente de Águas em Aeroportos -, vem sendo
implementado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em parceria com a Universidade de
São Paulo (USP) com recursos obtidos junto a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Este projeto tem como
objetivos principais realizar um diagnóstico preciso do uso da água no AISP, Guarulhos, a partir de
um monitoramento eletrônico de medidores de consumo, além de testar metodologias de uso
eficiente da água, incluindo reuso – tratamento com ozônio – e avaliar a possibilidade de aplicação
da instalação piloto para toda a planta do aeroporto e em situações similares em todo o Brasil.
2. LEVANTAMENTO DE DADOS
O levantamento da lista de equipamentos economizadores de água, foi realizado através de
uma pesquisa em diversos setores ligados ao gerenciamento das águas. A estratégia utilizada foi
pesquisa e contato com instituições e órgãos ligados ao assunto de interesse:
1) Governo
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a) Gestores do sistema aeroportuário em nível nacional;
b) Governo Federal (programa de certificação de equipamentos de água);
c) Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) e outras empresas e
Instituições de Saneamento Básico no Brasil;
2) Setor privado:
d) Empresas de consultoria ambiental;
e) Representantes de empresas fabricantes de equipamentos (nacionais e internacionais);
3) Aeroportos:
f) Aeroportos Nacionais;
g) Programas específicos em aeroportos nacionais e internacionais;
4) Setor de ensino e pesquisa:
h) Universidades e Faculdades no Brasil e no exterior;
Além disso, também foi feito um levantamento bibliográfico onde se utilizou como
referência, para a descrição dos tipos de equipamentos e apresentação das normas técnicas, uma
publicação do Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB, 2006) Edital 04 e a base
de dados dos relatórios do Plano de Gestão dos Recursos Hídricos (PGRH, 2006) publicados pela
Vitalux a serviço da INFRAERO. Também foram obtidas informações sobre alguns equipamentos e
estudos de redução do consumo de água, disponíveis no mercado e fornecidos pelos fabricantes
desta categoria, a partir dos quais diagnosticou-se a existência de aparelhos com a utilização
mínima de água, recomendada pelas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e estudos do PROSAB.
3. DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA
Conforme adotado por Alves et al. (2006) será usado a denominação genérica “aparelhos
sanitários”, como indicação de um conjunto de peças, aparelhos e equipamentos empregados em
edifícios de usos diversos: habitações, escritórios, indústrias, comércio, serviços, públicos, etc. Até
o momento, foram escolhidos os seguintes equipamentos para uso racional de água no AISP: bacias
sanitárias, mictórios e torneiras.
Atualmente, existem diversas marcas internacionais e nacionais, de aparelhos sanitários
economizadores de água, disponíveis no mercado. A primeira pesquisa desses equipamentos foi
realizada a partir das empresas da área, associadas à Associação Brasileira dos Fabricantes de
Materiais e Equipamentos para Saneamento Edificações, Energia e Irrigação (ASFAMAS). Essas
empresas carregam em seus produtos o selo do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade
do Habitat (PBQP-H), que é um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos
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compromissos firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferência do
Habitat II/1996).
Existem diversos sistemas “auxiliares” aos aparelhos sanitários para redução de pressão e de
fluxo, como misturadores, restritores (não indicados pelo risco de vandalismo) e arejadores que
buscam um fluxo de 6 litros de vazão e válvulas para acionamento de vazão de até 3 litros (L) para
eliminação de dejetos líquidos. Porém, existem equipamentos que já vem com estes sistemas de
volumes fixos ou variáveis (reguladores) em seu interior.
O Programa de Uso Racional da Água (PURA-SABESP) recomenda os seguintes
equipamentos: torneiras de fechamento automático, torneira eletrônica com sensor de presença e
para copa com bica móvel e arejador articulado; bacia sanitária com volume de descarga
reduzido(VDR) 6 L e válvula de fechamento automático para mictório.
3.1 Bacias Sanitárias
Órgãos do governo de diversas esferas e os fabricantes de aparelhos de louça sanitária fixaram
para a bacia, um consumo máximo de 6 L de água por descarga para todos os tipos e modelos. Essa
resolução está estabelecida na norma brasileira aplicável NBR 15.097/04 da ABNT, elaborada com
embasamento técnico na norma norte-americana American Society of Mechanical Engineers
(ASME) A112.19.2M/03 – Vitreous China Plumbing Fixtures and Hydraulic Requirements for
Water Closets and Urinals) (Alves et al, 2006).
Ainda segundo Alves et al. (2006), as bacias sanitárias disponíveis são de três tipos:
convencional, integrada e acoplada, as bacias de ação sifônica, e respectivos aparelhos de descarga,
formam os seguintes tipos de conjuntos:
- Bacia sanitária convencional alimentada por caixa de descarga elevada de alta energia;
- Bacia sanitária convencional alimentada por caixa acoplada baixa de baixa energia:
- Bacia sanitária convencional alimentada por válvula de descarga;
- Bacia sanitária com caixa acoplada.
Algumas empresas afirmam que as caixas acopladas e convencionais com utilização de 6 L
por minuto em seu acionamento utilizam a mesma quantidade de água, porém, selecionados através
do tipo de uso (residencial para caixa acoplada e industrial na bacia convencional, buscando assim
evitar vandalismo).
Conforme informações obtidas junto a um fabricante de bacias sanitárias, independente do
sistema de descarga, caixa acoplada ou válvula de descarga as bacias consumem em torno de 6 L
por acionamento e além disso a troca das bacias é muito simples e sem “quebra-quebra”. Para o
sistema de caixa acoplada é necessário trocar a bacia com a caixa; já para o sistema de válvula de
descarga é necessário trocar apenas a bacia e fazer a regulagem da válvula de descarga. Importante
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verificar se é necessário trocar os produtos complementares, como: parafusos de fixação, anel de
vedação, flexível para caixa acoplada e tubo de ligação para bacias convencionais.
De acordo com informação fornecida por um fabricante de bacia sanitária, existe o sistema de
funcionamento da válvula ecologicamente correta que limita a descarga em aproximadamente 6
litros de água por fluxo mesmo quando o botão permanece pressionado, evitando o desperdício.
Nesta opção de válvula ecologicamente correta, podem-se encontrar duas opções de descarga
(sistema dual de descarga): 3 L (dejetos líquidos) e completa (dejetos sólidos). Economiza até 40%
de água em comparação com um sistema de descarga convencional normal, uma vez que 80% da
utilização do sanitário residencial é para remoção de dejetos líquidos. Descarga rápida no botão
menor e descarga total no botão maior.
Outra forma de separar as urinas das fezes é através dos vasos sanitários segregadores de
urina, os quais são dotados de dois compartimentos separados, sendo um específico para urina e
outro para fezes e papel, duas saídas e uma válvula de descarga dual (descarga longa = 4 a 6 L,
descarga curta = 0,15 a 0,2 L). Embora ainda se utilize água para descarga da urina, a sua utilização
em uma edificação pode reduzir em até 90% o consumo de água para descarga sanitária em
comparação com os vasos sanitários convencionais. Este aparelho ainda não é utilizado no Brasil
(Alves et al., 2006).
Segundo (Gonçalves et al., 2006), o problema neste tipo de sistema é a dificuldade no
gerenciamento das águas amarelas (urinas) e das águas negras (fezes), visto que a sua indicação é
que águas amarelas devem ser aproveitadas na agricultura e outra deve ser tratada em um sistema
específico.
Outro sistema presente no mercado e que pode economizar água, são as bacias sanitárias com
descarga a vácuo. Nesta bacia o consumo é de 1,5 L de água por descarga, que é usada apenas para
lavagem da superfície interna e do poço da bacia. Além do custo de implantação, o sistema a vácuo
consome também quantidades significativas de energia elétrica. A energia elétrica é necessária para
o funcionamento das bombas de vácuo e demais componentes do sistema, que é da ordem de 3,0
W.h por descarga (Alves et al., 2006).
3.2 Torneiras
Segundo o Alves et al. (2006), o consumo de água de uma torneira está em função da vazão
de escoamento (a forma do jato da água sair da torneira também pode interferir) e do tempo de
funcionamento. Existem diversos tipos de torneiras, como: torneira de pressão, torneira com
direcionador a jato, torneira com arejador (reduz a vazão e eliminar a dispersão de água), torneira
com pulverizador (podendo reduzir valor da vazão para valores até 0,03 L/s), aparelhos de
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fechamento automático (já embutidos e arejadores), torneira de funcionamento sob comando,
torneira de funcionamento foto elétrico entre outros tipos.
Para torneira de pressão de uso geral, que é o tipo mais simples de torneira encontrada no
mercado, a norma brasileira aplicável (NBR 10.281/01 – Torneira de pressão – Requisitos e
métodos de ensaio), da ABNT, estabelece o limite mínimo de 0,10 L/s para a vazão, quando a
torneira é alimentada por água na pressão de 15 kPa. De acordo com a NBR 10.281/01 da ABNT,
uma torneira dotada de arejador deve apresentar vazão mínima de 0,05 L/s, nas mesmas condições
de alimentação estabelecidas para o ensaio sem arejador, ou seja, traz uma redução de 50% em
relação a torneira anterior nas mesmas condições de uso. Os parâmetros estabelecidos na NBR
13.713/96 (ABNT)- Aparelhos hidráulicos acionados manualmente e com ciclo de fechamento
automático devem possuir uma vazão mínima de funcionamento de 0,05 L/s para torneira de
lavatório, podendo variar de 0,04 a 0,10 L/s segundo a revisão da mesma norma (Alves et al.,
2006).
Segundo afirmação das próprias empresas fabricantes de aparelhos sanitários economizadores,
o potencial econômico de aparelhos automáticos busca a minimização do desperdício de água,
reduzindo o consumo em 30 a 77%. Porém, outras empresas possuem o sistema elétrico ou bateria,
sendo acionada automaticamente por sensor, com um potencial econômico de até 75% para as
torneiras em relação a produtos convencionais.
Conforme pesquisa de mercado, algumas torneiras de lavatório apresentam arejador para alta
pressão 10 a 40 mca (metros de coluna d’água) com vazão constante de 6 L/min. Outras torneiras
com uso de 8 L/min, apesar do produto já vir com dispositivo economizador de água, após a
regulagem de vazão por ciclo, podem apresentar uma economia de mais 50%, segundo a afirmação
de suas fabricantes.
3.3 Mictórios
De acordo com Alves et al. (2006), para o país há diferentes tipos de mictórios que podem ser
divididos em dois grandes grupos: individuais e coletivos
- Mictório individual é normalmente fabricado em louça sanitária, podendo ser tipo pedestal de
apoiar no solo ou tipo suspenso de fixar na parede, condição mais comum;
- Mictório coletivo é usualmente fabricado em chapa de aço (inoxidável ou esmaltado) ou alvenaria
(revestida com azulejo ou pintura especial) e é constituído por uma calha coletora, podendo ser
usado por várias pessoas ao mesmo tempo.
Os aparelhos empregados para controle do suprimento da água destinada à limpeza do
mictório são normalmente os seguintes: registro de pressão; válvula de descarga geral e específica;
caixa de descarga de funcionamento periódico e automático (Alves et al., 2006). Conforme as
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torneiras existem o sistema elétrico ou bateria, sendo acionada automaticamente por sensor, com
um potencial econômico de até 80% para as válvulas de mictório em relação a produtos
convencionais.
Existem mictórios cuja limpeza não é feita com água, fabricados por empresas fora do país,
porém, chegando a uma economia de 100%. Outra novidade no mercado é a existência de projetos
para a fabricação de mictórios femininos (considerar o uso de 80% em descargas para dejetos
líquidos em uma residência).
Alves et al. (2006) relatam a existência de alguns modelos de mictórios, relativamente
semelhantes entre si, nos quais a urina passa por ação da gravidade através de um dispositivo
dotado de um selo líquido, composto por uma substância oleosa que funciona como barreira. A
urina sendo mais pesada do que o óleo flui através do selo oleoso e escoa pelo dreno. Para efeito de
reposição do selo oleoso, o óleo pode ser adquirido de fornecedores especializados e seu consumo é
muito reduzido em uma residência uni-familiar (< 1 L/ano). Há fabricantes que informam que o selo
oleoso deve ser trocado após 5000 a 7000 visitas, o que corresponde à cerca de um ano de utilização
em uma residência uni-familiar, demandando cerca de 0,3 L de óleo para reposição.
4. QUANTIDADE DE ÁGUA CONSUMIDA NO AISP E CÁLCULO DE ECONOMIA
No Memorial de Critérios e Condicionantes (MCC) da INFRAERO (2002) foram definidas
algumas exigências a serem consideradas no aeroporto, tais como:
- Instalar bacias sanitárias obrigatoriamente de no máximo 6 L por fluxo, e válvulas de descarga
com liberação fixa de no máximo 6 L por acionamento visando garantir o baixo consumo de água
potável, e conseqüentemente uma menor geração de esgoto a ser tratado;
- Definir a tecnologia de acionamento de torneiras e mictórios (sensores de presença, acionamento
hidrostático ou manual) como decorrência da avaliação técnica e econômica considerando os locais
de instalação e a freqüência de utilização;
- Prever a instalação de redutores de pressão e arejadores nas torneiras, mictórios e chuveiros
instalados em sanitários e vestiários com altura manométrica (coluna d’água) acima de 10 mca,
visando à redução do consumo de água potável;
- Prever a instalação de redutores de pressão nos chuveiros, visando à redução do consumo de água
potável;
- Avaliar a possibilidade de reuso de água (parcial ou total do esgoto, ar condicionado), assim como
o aproveitamento de água pluvial para fins de: irrigação; lavagem de rua, calçada, piso em geral,
descarga de vasos sanitários e mictórios, aqüicultura, etc.; ar condicionado (com pré-tratamento
específico para adequação das características fisico-químicas-biológicas da água); reserva de
incêndio; outros fins aplicáveis.
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste
Atualmente já se encontram instalados no AISP, torneiras de diferentes tipos e modelos, vasos
sanitários para 6 Lpf (litros por fluxo) e mictórios dos tipos coletivos e individuais.
Para descrição da quantidade de água consumida no AISP, utilizaram-se os estudos do PGRH
(2006), elaborado por uma empresa contratada pela INFRAERO. De acordo com os dados obtidos,
os valores do consumo de água para três importantes equipamentos de uso sanitário são: 25.470
m³/mês para as bacias sanitárias (total); 3.412 m³/mês para mictórios e 7.670 m³/mês (total) para
torneiras (vazão de 6 L). Com a instalação de alguns equipamentos economizadores de águas,
disponíveis no mercado, ver tabela 2, é possível fazer uma economia da ordem de 37,5 a 100% no
caso de instalação de torneiras com vazão reduzida e mictórios sem água, respectivamente (Tabela
1).
Tabela1: Eficiência de economia no AISP com instalação de equipamentos economizadores.
Cálculo das Possibilidades de Economia do Uso Água no AISP
Uso Masculino
Uso Feminino
% de Economia Volume Economia % de Economia Volume Economia
Bacia
segregadora
Bacia a vácuo
Mictório – sem
água
Torneira – vazão
de 4 litros
90%
-
90%
18.338
75%
3.821
75%
15.282
100%
3.412
100%
16.301
37,5
1.438
37,50
1.427
Supondo a instalação de alguns desses equipamentos economizadores, bacia a vácuo, mictório
sem água e torneira com vazão de 4 L, o novo cenário de consumo água no AISP seria de 11.161
m³/mês ao invés de 36.552 m³/mês, o que representaria uma economia de aproximadamente 70%,
Tabela 2.
Tabela 2: Estimativa de economia de água no AISP com implantação de equipamentos
economizadores.
Consumo Atual
Equipamentos
(m³/mês)
Convencionais
Masculino Feminino
Bacias
5.094
20.376
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste
Consumo
Total
(m³/mês)
25.470
% de
Nova
Economia com
Previsão de
Instalação de Novos
Consumo
Equipamentos
(m³/mês)
75%A
6.368
sanitárias
Mictórios
3.412
-
3.412
Torneiras
3.835
3.835
Consumo Total
12.341
24.211
0
7.670
100%B
37,50C
4.794
36.552
69,5%
11.161
Legenda: A: bacia a vácuo; B: mictório sem água; C: torneira (vazão de 4 L).
Caso fosse adotada a bacia segregadora para as mulheres ao invés de mictórios sem água, a
economia seria de 90% com um volume de água consumido igual a 2.037,6 m³/mês.
5. PERSPECTIVA DA UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA
Dentre as diversas edificações onde se pode fazer o aproveitamento das águas, estão os
aeroportos. Neles, o aproveitamento pode ser feito de diversas maneiras, uma delas é a partir da
captação da água de chuva nos telhados, envolvendo estruturas hidráulicas, calhas, etc. Já há
estudos e sistemas de aproveitamento de água (em Singapura, por exemplo) para utilização com fins
Formatado: Fonte: (Padrão)
Times New Roman, 12 pt
não-potáveis (descargas sanitárias e combate a incêndio) (Pessoa, 2007).
No Brasil já existem algumas experiências de aplicações de reúso em aeroportos. Dentre elas
está o Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes-Gilberto Freyre, que foi projetado e construído
sob uma concepção ecológica. A água proveniente da condensação do sistema de refrigeração é
Formatado: Justificado,
Recuo: Primeira linha: 0,63
cm, Espaçamento entre linhas:
1,5 linha
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
aproveitada para uso nas descargas das bacias sanitárias.
O AISP, em Guarulhos, utiliza atualmente uma fonte de captação de água que vem
demonstrando constrições em sua disponibilidade, com a redução do consumo de água, visa-se
reduzir também os custos operacionais. Objetivando o aproveitamento e uso eficiente das águas em
aeroportos, levantaram-se as perspectivas de economia com a captação e aproveitamento das águas
de chuva no AISP em diferentes locais: telhados, pátios e pistas. Os dados obtidos sobre
precipitação e áreas, do terminal de passageiros, terminal de cargas, ETE, pátio das aeronvaves e
pistas, foram fornecidos pela administração do AISP e estão descritos na Tabela 3, de acordo com o
PGRH (2006) deste aeroporto.
De acordo com Tomaz (2003), precisa-se descartar 1 mm de chuva por m2 de telhado. Dessa
forma, considera-se apenas dias com pluviosidade acima de 1 mm e descarta-se o primeiro mm de
cada chuva, tendo então a seguinte quantidade de água de chuva aproveitável nos telhados, 1.090
mm. Para o caso de pátio e pistas, como a superfície é mais poluída, considerou-se chuvas com
precipitações apenas acima de 2 mm iniciais de cada chuva, as precipitações aproveitáveis são
1.003 mm.
Tabela 3: Dados do potencial de aproveitamento da água de chuva no AISP.
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste
Parâmetros Avaliados
Dados Obtidos
Precipitação média (2002-2006)
1.194 mm
Precipitação aproveitável nos
telhados média (2002-2006)*
Precipitação aproveitável nos pátios
e pistas média (2002-2006)**
Áreas de telhado dos Terminais de
Passageiros e Carga, ETE
1.090 mm
1.003 mm
201.981,60 m2
Área Total de Pátio
867.487,50 m2
Área Total de Pista
872.665,40 m2
Legenda: * descarte de 1 mm por m2 ; ** descarte de 2 mm por m2.
O cálculo do potencial de aproveitamento das águas de chuvas está apresentado na Tabela 4.
Utilizou-se coeficientes de run-off conservadores, de modo a minimizar o risco de superestimar o
potencial de água para aproveitamento. No caso dos telhados (de amianto), há menor absorção e
evaporação que nos pátios e pistas (Concreto e CBUQ - Concreto Betuminoso Usinado a Quente),
tanto pelo material quanto pelas temperaturas de superfície. Por isso, foram considerados
coeficientes de run-off baixos (0,8-0,75) (Tomaz, 2003).
Tabela 4: Cálculo do volume de escoamento potencial por ano.
I
Volume de
(mm)
escoamento/ano (m3)
0,8
1.090
176.127,96
867.487,50
0,75
1.003
652.567,47
872.665,40
0,75
1.003
656.462,55
Total
1.485.157,97
Área (m2)
Coeficiente de run-off
Telhados
201.981,60
Pátio de aeronaves
Pistas
Local
Como o consumo médio geral de água do aeroporto é de 596.594 m3 (PGRH, 2006) nota-se que,
potencialmente pode-se suprir toda a demanda com apenas 40% do potencial de aproveitamento de
água de chuva sem considerar os fins de utilização, pois parte da água potencialmente aproveitável
tem restrições de utilização devido a sua qualidade. Então, pode-se utilizar toda a água do telhado
(que tem melhor qualidade) e parte das águas dos pátios e pistas.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste
A perspectiva de instalação de equipamentos economizadores de água com tecnologias ainda
não utilizadas no AISP, pode gerar uma economia significativa no consumo, cerca de 70%, caso
sejam instaladas bacias sanitárias a vácuo, mictórios sem água e torneiras de vazão reduzida, 4 L ao
invés de 6 L.
Outro importante fator que deve ser levado em conta, além da economia de consumo, é o
impacto cultural causado pela instalação de equipamentos sanitários pouco convencionais e que
chamam a atenção dos usuários. Além deste fator, há de considerar também os custos da troca de
equipamentos, considerando que o sistema deverá ser projetado completo, incluindo o fornecimento
de todos os materiais (infra-estrutura), serviços (instalação, testes, comissionamento dos
equipamentos, sistemas de tratamento e recalque envolvidos, documentação - projeto, treinamento,
garantias, operação e manutenção inicial).
Ressalta-se também que após a divulgação do PGRH do AISP, com dados até 2006, a
administração do AISP efetuou mudanças nos equipamentos como, troca das torneiras em todos os
sanitários, gerando novos dados de consumo de água não descritos neste trabalho. Outra
possibilidade que surge para a redução do consumo de água, e que se mostra bastante viável, é o
aproveitamento da água de chuva, 40% desta pode suprir até 100% das demandas do AISP, sem
considerar os fins de utilização. A partir das informações obtidas, pode-se concluir que a instalação
dos equipamentos economizadores e o suprimento das demandas do AISP com águas de chuvas são
alternativas viáveis para redução do consumo de água.
7. BIBLIOGRAFIA
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (2008). Curiosidades. Jornal Negócios
INFRAERO, Ano 0 - no 01.
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_____. (2003) NBR 10.281: Torneira de pressão – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro.
_____. (1996) NBR 13.713: Aparelhos hidráulicos acionados manualmente e com ciclo de
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II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste
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II Simpósio de Recursos Hídricos do Sul-Sudeste
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uso eficiente da água: o caso do aeroporto - Hidroaer