O 2 COOPERJORNAL s relógios marcavam 3h15min da madrugada da quinta-feira, 1º, quando fortes ventos, que atingiram velocidades acima de 150km/h, de acordo com a Metsul, começaram a fazer estragos em Três de Maio e em diversos municípios da região. “Achei que iria morrer”, afirmou horas depois a trêsmaiense Alma Alice Iott, moradora do centro da cidade. “Eu nunca vi uma coisa dessas, foi terrível”, sintetizou. O medo se espalhou com a velocidade dos ventos. “Foi o maior terror da minha vida, eu não sabia onde me enfiar. Foram dez minutos de terror que destelharam toda a casa. Estragou tudo o que eu tinha, perdi tudo”, afirma Janete Moreira da Silva, moradora da vila Lixinho, em Três de Maio. De acordo com relatos de freteiros de leite que, pouco antes da ventania iniciavam sua jornada de trabalho, era possível avistar cones de vento se formando no horizonte, o que reforça a tese de que tornados também assolaram a região. Para a Metsul, o que atingiu a região foi um vendaval de grandes proporções, com ventos que devem ter registrado velocidades entre 150km/h e 200km/h, revelou Eugênio Hackbart, diretor da empresa. Mesmo assim, ele afirmou que não está descartada a ocorrência de tornados no município. Na manhã da quinta-feira, o cenário de destruição na área central da cidade e em bairros de Três de Maio, como Oriental, São Francisco, Neuhaus e as vilas Cobrinha e Lixinho, demonstrava a força dos ventos que atingiram o município e contrastava com o barulho de centenas de pessoas consertando os estragos. A cidade ainda contabiliza os prejuízos: mais de quatro mil residências danificadas pelo EXTRA A noite dos ventos Vendaval com rajadas de mais de 150km/h causa pânico na população regional na quinta-feira, 1°, e registra maior desastre natural da história de Três de Maio FOTOS: ROGÉRIO COSTA ARANTES / CJ DIVULGAÇÃO / CJ Vendaval espalhou prejuízos na região de Três de Maio, mas reconstrução começou assim que ventos pararam. vento e pela chuva, além de empresas e prédios públicos, de acordo com números divulgados quatro dias depois da calamidade que deixou cerca de 17 famílias desabrigadas, que foram socorridas emergencialmente em um local improvisado no ginásio da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). A cena de moradores e vizinhos envolvidos nos trabalhos desde a madrugada se repetiu em cidades como Horizontina, Alegria, Independência, Porto Mauá e Tucunduva, “Minha preocupação foi em salvar as crianças, pois corria o risco de cair o poste em cima da casa. Caiu o brasilit na cabeça da minha filha, mas não levei no médico, pois não podia deixar as outras crianças sozinhas” Jaime Cembranel Empresário de Tucunduva EXPEDIENTE Moradora da vila Cobrinha Cooperativa Mista de Consumo e Produção Cultural - COOPERCULTURA REG. ESPECIAL: Nº 04, FLS 02, L. B-1 FILIADA À OCERGS Diretor/Presidente: Darci José Napivoski EDITOR: Rogério Costa Arantes (MTb 7241). REPÓRTERES: Cristiano Lopes e Jonas Diogo Silva. COLABORADORES: Sixto Carlo Bombardelli VENDAS: João Tarcísio Endres dias, apesar da agilidade das concessionárias para realizar os repares e trocas necessárias. Em alguns locais, o sistema de distribuição de energia não havia sido reativado totalmente até a segunda-feira, 5, e cerca de 10% da cidade permanecia sem luz. O abastecimento de água foi restabelecido com sucesso no sábado, 3. Foram cerca de dez minutos de ventos fortes e chuvas intensas, suficientes para causar estragos nunca antes registrados em Três de Maio. Cerca de cem homens do Corpo de Bombeiros trabalhavam desde as primeiras horas da quinta-feira para retirar árvores, postes e telhados que ficaram no meio das ruas do município, que decretou estado de emergência. Além de prestar auxílio à comunidade, os bombeiros precisaram recuperar o quartel, atingido pela ventania. A praça da Bandeira, no centro de Três de Maio, se transformou em um símbolo do poder da natureza: as árvores centenárias no chão, extraídas com suas raízes e alguns troncos que, embora fulminados, restaram de pé, são como uma assinatura dos ventos no centro da cidade. O interior também sofreu com o fenômeno. Os danos afetaram 1.548 pessoas, conforme levantamento divulgado ontem. Em Caravágio, o que restou do salão da comunidade era testemunha da força dos ventos. Jorge Dallavechia, morador da comunidade, olhava desolado as ruínas do salão na manhã do sábado, quando a defesa civil esteve no local. “Foi um tornado que passou. Eu moro a cem metros do salão e voaram tesouras e telhas lá na minha propriedade. Veio mais gente aqui olhar o salão destruído que no baile da comunidade. Foi tudo destruído, não tem mais o que aproveitar, a comunidade ficou sem seu salão, e não há condições de reconstruir”, sentencia. A comunidade calcula o prejuízo em torno de R$ 200 mil. O prefeito Altair Copatti afirmou que o pior já passou, e que agora é a hora da reconstrução. Mas, antes que chegue a bonança, depois da tempestade será preciso muito trabalho. Aos poucos, a normalidade volta ao cotidiano, com crianças na escola, luz, água e um teto sobre a cabeça para se proteger das próximas chuvas. É primavera, e elas virão. Que venham com menos intensidade. “Calculo os prejuízos em torno dos R$ 13 mil. O vento arrancou parte da cobertura e derrubou as portas. Foi forte, mas comemoramos que ninguém saiu ferido” Dalci Rodrigues Correia DIAGRAMAÇÃO: Gladis Maria Endres municípios que também contabilizam prejuízos. A solidariedade e a resposta imediata à emergência carcaterizaram os primeiros dias de enfrentamento da crise provocada pelo fenômeno. A rede elétrica sofreu danos consideráveis, o abastecimento de água potável ficou comprometido em todos os municípios atingidos. Em Três de Maio, onde a intensidade dos ventos causou danos mais vultosos, o município permaneceu sem a regularização dos serviços durante pelo menos durante dois TrêsdeMaio, terça-feira,6denovembrode2007 “Veio mais gente aqui olhar o salão destruído que no baile da comunidade. A comunidade ficou sem seu salão, e não há condições de reconstruir” Jorge Dallavechia Morador de Caravágio, interior de Três de Maio SEDE - TRÊS DE MAIO/RS - Av. Santa Rosa, 845, centro CEP: 98910-000 Fone/Fax: (055) 3535-1515 Impressão e Acabamento GRÁFICA DIARIO SERRANO - CRUZ ALTA/RS Periodicidade: semanal (sábados) Filiado à FEBRAJOR e ADJORI E-mail: [email protected] www.cooperjornal.com.br COOPERJORNAL Órgão de divulgação da Cooperativa Mista de Consumo e Produção Cultural. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião do jornal. “Minha filha tem seis aninhos e em momento algum eu soltei ela. Os eletrodomésticos molharam e não deu pra fazer muita coisa. A única coisa que eu pensei foi proteger a minha menina” Jussara Pereira Moradora do bairro Pró-morar R E P R E S E N TA N T E S • ALEGRIA, BOA VISTA DO BURICÁ, DR. MAURÍCIO CARDOSO, INDEPENDÊNCIA, NOVA CANDELÁRIA, SÃO JOSÉ DO INHACORÁ e TUCUNDUVA: Joaquim Werner, Fone: 91081135 • HORIZONTINA: Urbano Endres, R. Regina Viana, 345 - Fones: 3537-3964 e 9609-8111; Joaquim Werner, Fone: 9108-1135 • HUMAITÁ: Eni Back, R. 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