TEX Equipamentos Eletrônicos Indústria e Comércio Ltda VAZAMENTOS CALCULADOS: UMA ANÁLISE FÍSICA Mauricio Oliveira Costa ([email protected]) 2.009 RESUMO A proposta deste artigo consiste em apresentar uma análise sob a ótica da Física e Matemática sobre as normas, sites e outros artigos publicados por empresas com o intuito de calcular o vazamento de um furo, a partir de fórmulas. A Física que conhecemos, tem aspectos diferentes no micro e no macro-cosmo, e usar os conceitos de um mundo no outro pode gerar erros de aproximação. A conclusão temperatura é fator importantíssimo para a boa qualidade da medição e de que o melhor método continua consistindo em medir empiricamente o vazamento, através de um calibrador (gerador de vazamento), para determinar um parâmetro de aprovação. INTRODUÇÃO Os estudos da física que contemplam a maioria dos equipamentos de medição de vazamento (estanqueidade) referem-se à Termodinâmica e à Mecânica dos Fluidos. Outros conceitos também são utilizados, como a Tecnologia do Vácuo, Espectrometria, Partículas ionizantes. Entretanto, estes últimos são utilizados em menor escala, voltadas mais especificamente a ensaios sob condições especiais (tempo muito curto, tamanho do furo muitíssimo pequeno, material construtivo da peça em teste etc.). Na maior parte dos casos, os equipamentos de ensaio dispõem das leis termodinâmicas para operar seus princípios de funcionamento: Queda de pressão (absoluta, relativa ou diferencial), e/ou micro-vazão. http://www.tex.com.br [email protected] TEX Equipamentos Eletrônicos Indústria e Comércio Ltda Os equipamentos que medem queda de pressão seguem o princípio de avaliar a variação da pressão dentro de um recipiente “estanque”. As hipóteses desta variação de pressão são: 1. Se houver vazamento, a pressão do teste diminui; 2. Se a peça em teste esfriar (temperatura diminuir), a pressão do teste diminui (Lei de Boyle); 3. Se a peça de referência esquentar (temperatura de ref. aumentar), a pressão do teste diminui; ... isto, sem falar nas condições que geram o aumento na pressão... Observe que, nas três condições citadas acima, apesar da pressão ter diminuído, não é possível chegar a conclusão de que é vazamento na peça (hipótese 1). O que aconteceu?!? TERMODINÂMICA BÁSICA Estudar termodinâmica não é bem o foco desta análise, mas é importante revisar o conceito que rege esta ciência: a lei dos gases ideais. Tomando por base a lei máxima de Conservação da Energia, “No universo, nada se cria, tudo se transforma”, a relação entre Volume (V), Temperatura (T) e Pressão (P) num recipiente fechado é conservada, ou seja, constante: ܸܲ = ݊. ܴ = ܿ݁ݐ ܶ onde n = nr. de moléculas e R = constante universal dos gases. A principal informação que tiramos desta lei é que, se temos uma variação na pressão (medida pelo equipamento), DEVE haver uma variação no volume (vazamento) OU na temperatura do gás. A questão é: como saber qual dos dois variou? http://www.tex.com.br [email protected] TEX Equipamentos Eletrônicos Indústria e Comércio Ltda Apesar da questão parecer trivial, a resposta não é, ambas são difíceis de identificar: vazamento é o que queremos medir. Temperatura, podemos até medir o ambiente, mas não conseguimos avaliar todos os seus efeitos (ex. um lado da peça mais quente que o outro gera um efeito diferente de termos os dois lados quentes!) Para isto, TODOS OS EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO TERMODINÂMICOS, medidores de variação de pressão, seguem o mesmo princípio: é preciso estabilizar a temperatura e o volume (dilatação ou contração da peça), para reduzir a expressão acima a uma relação dV/dt ~ p(t). Ou seja, avaliar variação de volume (vazamento) medindo uma variação da pressão num determinado tempo. Uma variância deste processo é medir o vazamento diretamente, através de sensores de vazão. Entretanto, a estabilidade térmica e mecânica deve ser considerada, visto que a energia potencial que transfere o gás através do sensor segue princípios termodinâmicos. MECÂNICA DOS FLUIDOS BÁSICA Também não temos o interesse de ministrar um curso sobre esta disciplina da física, pois precisaríamos escrever um livro sobre o tema. Entretanto, é importante tirar desta, um conceito que é muito comum ser utilizado e até faz parte de alguns estudos técnicos sobre vazamento: a equação de Poiseuille: ݀ܯ ߨ݀ ݔସ = ݉ሺܲଵଶ − ܲଶ ሻ ݀ݐ 256ߟ݈݇ Nela, torna-se possível calcular um determinado vazamento através de estimativas do canal de passagem (d), do comprimento deste (l), da temperatura (T) e das diferenças de pressão entre meio externo(P0) e interno(P1), TEORICAMENTE. Sim, digo TEORICAMENTE, pois temos que considerar o seguinte: 1. O fluido tem regime laminar, ou seja, esta fórmula se aplica a pequenos vazamentos[1] http://www.tex.com.br [email protected] TEX Equipamentos Eletrônicos Indústria e Comércio Ltda 2. O canal de vazamento é aproximado a um tubo cilíndrico, com paredes completamente lisas, sem atrito para as moléculas[1]. 3. A temperatura é constante durante TODO o processo de medição. Visto que é um cálculo instantâneo, e a temperatura é considerada pontualmente[2]. 4. Apenas variações pequenas de pressão entre meio interno e meio externo são possíveis nesta aproximação (condições de contorno), pois uma diferença muito grande mudaria o regime de laminar para turbulento[2]. 5. O fluido precisa ser ideal (pureza alta, como nitrogênio 99,9%), pois os parâmetros moleculares da fórmula (η, m) são para um único tipo de molécula[1]. 6. A densidade do gás varia com a altitude [4]. Ou seja, além de ser praticamente impossível obedecer as condições de contorno acima (apenas em meios laboratoriais), para fins práticos, utilizar uma fórmula física baseada em condições teóricas serve apenas para ilustrar o fenômeno, e só! Isto porque, se levarmos os cálculos a risca, iremos encontrar valores de vazamento tão baixos que inviabilizam um teste nas condições de linha de produção, por exemplo. Na prática, temos as seguintes “condições de contorno”: 1. Temperatura da peça variando durante o teste; 2. Temperatura do ar variando durante o dia; 3. Pressão atmosférica(P0) variando durante o dia; 4. Ar comprimido com umidade ou óleo (mesmo que em pequenas proporções, quando usado secador e filtros); 5. Mesmo parâmetro de teste para fábricas instaladas ao nível do mar e em regiões montanhosas (pressões atmosféricas diferentes); 6. Peças fundidas, com composição interna não-cristalina (rugosa), gerando canais de vazamento com geometria totalmente desconhecida; 7. Pressões manométricas de teste da ordem de 200000 a 400000 Pa! Como as condições não são ideais... http://www.tex.com.br [email protected] TEX Equipamentos Eletrônicos Indústria e Comércio Ltda CONCLUSÃO Isto nos leva ao melhor método de ajustar e determinar vazamentos permissíveis que é o método empírico, ou seja, “gerar” o vazamento e avaliar o comportamento da peça em teste. Se esta peça vai conter “óleo”, um determinado vazamento de “ar” é permissível, visto que a molécula de óleo NÃO PASSA pelo micro-canal onde o ar passa, e fórmula alguma permite visualizar este comportamento. Além disto, as tensões superficiais dos fluidos são completamente diferentes, tornando quase impossível comparar, a nível molecular fluidos no estado líquido com fluidos gasosos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: [1] R.Byron Bird, W.E.Stewart, E.N.Lightfoot, Transport Phenomena – Wiley Intl. – 1962 [2] Frank White, Mecânica dos Fluidos, 4a. edição – McGraw Hill, 2002 [3] Notas de aula, Mecânica dos Fluidos, Prof. Eduardo Loureiro, www.eduloureiro.com.br , acessado em maio/2.009 [4] Wikipédia – Atmosfera Terrestre, www.wikipedia.com.br, acessado em maio/2009 [5] Qualitek - VLD – Hole Diameter to Flow Rate Calculation, www.uson.com , acessado em jan/2005 http://www.tex.com.br [email protected]