Edição 18 - Março de 2015 OGM, uma questão de escolha na União Europeia Em março deste ano, o Conselho Europeu acabou com uma discussão que se arrastava na União Europeia: dar ou não liberdade para que os Estados-Membros decidam sobre o cultivo de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) nos seus territórios? Em janeiro, a proposta de que cada país tenha a liberdade de aprovar ou não o cultivo de OGMs em seu território foi aprovada pelo Parlamento Europeu. Agora em março, foi confirmada pelos Ministros de Agricultura na reunião mensal, em Bruxelas. O Conselho deu um passo importante ao confirmar a proposta. Isso porque a decisão de cada país de restringir ou proibir o cultivo se aplica para um período de 10 anos. O sistema garante o direito de que haja redução ou liberação do cultivo durante esse período. Por sua vez, a proibição é válida mesmo que o OGM tenha sido autorizado na UE. Em 2009, parte dos Estados-Membros solicitou à Comissão Europeia maior flexibilidade para tomar a decisão. No ano seguinte, em 2010, a Comissão adotou uma proposta para oferecer possibilidades adicionais aos Estados-Membros com base em circunstâncias nacionais, e sem afetar o sistema de autorização da UE. Em julho de 2011, o Parlamento Europeu emitiu o parecer, em primeira leitura, positivo às emendas. Em junho de 2014 um acordo político permitiu um avanço no sentido de adotar a proposta. O sistema de autorização permanece inalterado, ou seja, a avaliação dos riscos continuará sendo realizada pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). De acordo com a Comissão Europeia, essa é uma forma de garantir um elevado nível de proteção da saúde humana, animal e do meio ambiente. Produção de OGM na UE - O uso de plantas geneticamente modificadas no Bloco está concentrado na cultura do milho GM MON810, autorizado em 1998. Em 2013, havia 150 mil hectares dessa cultura na Espanha, Portugal, República Checa, Romênia e Eslováquia. Desse total, 137 mil hectares estavam em território espanhol, cuja variedade geneticamente modificada fornece 30% da produção nacional de milho. Em Portugal, representa 10%. Dentro do Bloco, alguns fatores como a infestação de pragas em 2012 levaram a uma queda ou estagnação do cultivo. Na República Checa, por exemplo, o cultivo do milho MON810 permanece em nível baixo. Na Polônia, por sua vez, o cultivo foi proibido em 2013. As proibições de cultivo para o milho geneticamente modificado começaram em 2008 e estão em vigor atualmente na Alemanha e na França. Em 2007, a área francesa destinada à plantação de milho geneticamente modificado chegava a 21 mil hectares. Na Alemanha, três mil hectares. Cultivo de Plantas Geneticamente modificadas na UE (hectares) 2007 2008 2009 2010 2011 Espanha 75.148 79.269 76.057 76.575 97.325 França 21.147 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. República Checa 5.000 8.380 6.480 4.680 5.090 3.080 2.800 Portugal 4.500 4.851 5.094 4.868 7.723 9.278 8.171 Alemanha 2.685 3.171 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. Eslováquia 900 1.900 857 1,248 760 189 100 Romênia 350 7.146 3.244 822 588 217 834 Polônia 320 3.000 3.000 3.000 3.900 4.000 n.a. 94.750 91.193 Total 110.050 107.717 2012 2013 116.306 136.962 115.386 133.679 148.867 Fonte: Industrie ver band/EuropaBio Produção mundial chega a 174 milhões de hectares - O cultivo global de plantas geneticamente modificadas chegou a 174 milhões de hectares, em 2013. Em todo o mundo, houve um au- mento de cinco milhões de hectares em comparação com o ano anterior. O uso comercial de variedades transgênicas se concentra principalmente na cultura da soja, milho e algodão. De acordo com o Edição 18 - Março de 20152 Informativo União Europeia Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro-Biotecnológicas, 18 milhões de agricultores usaram plantas geneticamente modificadas em todo o mundo. Grande parte desses agriculturoes está nos Estados Unidos, que têm a maior área de cultivo de OGM, seguidos do Brasil, Argentina, Índia e China. Produção mundial de OGM (2013) Milhões de hectares Tipo de cultura Estados Unidos 70,1 Soja, Milho, Algodão, Colza, Brasil 40,3 Soja, Milho, Algodão Argentina 24,4 Soja, Milho, Algodão 11 Algodão Canadá 10,8 Colza, Milho, Soja, Sugarbee China 4,2 Algodão, Álamo, Mamão, Tomate, Pimentão União Europeia 0,1 Milho Índia Fonte: Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações Agro-Biotecnológicas Carne suína estocada para evitar queda nos preços A Comissão Europeia decidiu introduzir um novo regime de auxílio, que prevê a armazenagem privada para a carne suína da União Europeia. A medida foi aprovada após consulta aos Estados-Membros em uma reunião em Bruxelas, no fim de fevereiro. O Comissário da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Comissão Europeia, Phil Hogan, adotou as medidas para sustentar os preços da carne suína no Bloco. vocadas pelo embargo imposto pela Rússia a certos produtos agrícolas do Bloco. Em 2013, as exportações de carne suína da UE destinadas à Rússia correspondiam por 25% do total exportado. Já no ano passado, a Rússia foi responsável por apenas 3% das exportações de carne de porco do Bloco, segundo a Comissão Europeia. O reflexo foi sentido no preço, e a carne suína finalizou 2014 sendo vendida a € 133 por cada 100 quilos. Sob o regime, a Comissão vai financiar um montante fixo para os custos básicos de armazenamento, que pode durar de três a seis meses. O valor repassado será de € 254 por tonelada para 90 dias e de € 278 por tonelada para 180 dias de armazenagem. A medida vai permitir a retirada de um volume considerável de carne suína do mercado da UE e, como efeito, estabilizar a situação financeira dos agricultores ao permitir a recuperação dos preços. Em agosto de 2014, a Rússia proibiu a importação de alimentos e bebidas provenientes da UE. Foi uma resposta às sanções do Ocidente motivadas pela crise na Crimeia. A Rússia é o destino de exportação primária para carnes e produtos lácteos da UE e as vendas externas para aquele país representaram € 2,3 bilhões em 2013. Desse total, € 1,4 bilhão foi relativo à exportação de carne suína. No ano passado, as exportações desse produto da UE caíram 13%, e a Rússia respondeu por apenas 3% das exportações desse tipo de carne. A decisão é mais um esforço para contribuir com a redução das perdas pro- Desde que a proibição entrou em vigor, a Comissão Europeia anunciou medidas de emergência em apoio aos setores de frutas, vegetais e leite. Agora foi a vez dos produtores de suínos obterem ajuda. O setor de criação de suínos tentou uma reorientação de mercado. No ano passado, parte da produção se destinou, principalmente, ao mercado asiático. O Japão importou 345 mil toneladas, seguido por Coreia do Sul (199 mil toneladas), Hong Kong (125 mil toneladas), e Filipinas (122 mil toneladas). Mesmo assim, as vendas não foram capazes de compensar totalmente a perda do mercado russo. Produção Europeia - Com 152 milhões de porcos e uma produção anual de cerca de 23 milhões de toneladas, a União Europeia é a maior exportadora e segunda maior produtora de carne suína do mundo. A China é a maior produtora. Alemanha, Espanha e França são os maiores produtores europeus e, juntos, representam metade do abate total da UE. Frutas e verduras para 12 milhões de estudantes Nem só de pedaços de pizzas, sanduíches, croissants amanteigados e refrigerantes se enchem as vitrines das cantinas nas escolas da Europa. Se depender da Comissão Europeia, o cardápio vai ter um reforço significativo na quantidade de frutas e verduras inseridas na dieta alimentar dos estudantes. Isso porque a Comissão Europeia vai investir € 150 milhões no chamado “Programa de Frutas e Ver- duras”. Desde 2009, a proposta tem por objetivo incentivar uma alimentação mais saudável entre os estudantes europeus. alimentares. Além de fornecer frutas e produtos, se propõe uma alimentação mais equilibrada e mais rica em nutrientes. A meta para essa proposta é ousada: chegar a 12 milhões de estudantes em 25 Estados-Membros. A iniciativa oferece a crianças e adolescentes lanches com frutas e legumes, visando, assim, incentivar bons hábitos A Comissão Europeia passou a investir no Programa em 2009 devido a uma redução drástica no consumo de frutas e verduras nas cantinas das escolas. A proposta foi uma forma encontrada pela Comissão Europeia para 2 Informativo União Europeia tentar reverter a queda no consumo. Somado a isso, as estatísticas comprovam a necessidade de mudança. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que, na União Europeia, 200 milhões de adultos e 14 milhões de crianças estão acima do peso ideal. O estilo de vida, os hábitos alimentares e o baixo nível de atividade física foram apontados como as principais causas para o sobrepeso. Experiência fora da Europa - Por mais de uma década os Estados Unidos também têm sido defensores dessa ideia. O programa “Frutas Frescas e Vegetais” garante o fornecimento dos produtos a quatro milhões de alunos em escolas de ensino fundamental de renda mais baixa, que consomem frutas ou legumes frescos de três a cinco vezes por semana. No ano letivo 2014/15, o financiamento foi de US$ 174,5 mil dólares. A OMS reconhece a iniciativa americana como modelo de estratégia eficaz para melhorar a nutrição e reduzir a obesidade mundial. Mas essa não é a única proposta americana para garantir o acesso das crianças a frutas frescas e legumes na merenda escolar e lanches. O programa “Lanche Saudável nas Escolas” apoia novos padrões de nutrição, ao aumentar a quantidade e variedade de frutas e legumes servidos diariamente para 33 milhões de crianças, no almoço ou no café da manhã. Na Noruega, o programa que oferece frutas nas escolas é parcialmente Edição 18 - Março de 20153 subsidiado pela Direção de Saúde do país. Tudo começou como um projeto piloto na década de 1990, que deu certo e tomou proporção nacional. No Canadá a iniciativa também funciona, mas, ao contrário de outros países, os alunos recebem uma fruta ou vegetal na sala de aula, para ser consumido durante o horário de aula, não no recreio ou na hora do almoço. A ideia não é substituir os alimentos normalmente consumidos na escola, mas dar aos alunos a possibilidade de saborear os frutos ou legumes oferecidos. O resultado é considerado positivo pelo governo canadense considerando que entre 20 e 25% das crianças canadenses comem até cinco porções de frutas e vegetais por semana. A agricultura da UE e o pacote de energia As empresas de energias renováveis do bloco europeu têm um volume de negócios anual de € 129 milhões e empregam mais de um milhão de pessoas. No entanto, o desafio é manter o investimento em energias renováveis. Segundo a Comissão Europeia, as emissões de gases de efeito estufa diminuíram 18% durante o período 1990-2011. Até 2030, a UE pretende diminuir em 40% as emissões de gases de efeito estufa. O Bloco também busca aumentar em 27% as energias renováveis e melhorar a eficiência energética em 27%. No fim do mês de março, os ministros do meio ambiente dos Estados-Membros da UE adotaram o “Pacote da União de Energia”, lançado pela Comissão Europeia e que tem como compromisso a oferta de energia a preços acessíveis e o abastecimento seguro e sustentável dentro do Bloco. Quando a proposta foi apresentada, o Comissário de Ação Climática e Energia, Miguel Arias Cañete, afirmou que a UE caminhava para a segurança energética e a efetiva proteção do clima. A UE é a maior importadora de energia do mundo. 53% da energia consumida no Bloco é comprada de outros países. O custo anual de importação chega a € 400 milhões. Dos 28 Estados-Membros, 12 não atingem o objetivo mínimo de interligação da UE, ou seja, não têm um mínimo de 10% da capacidade instalada de produção de eletricidade. Outros seis Estados-Membros depen- dem de um fornecedor externo em todas as importações de gás. Qual é o reflexo disso? Os preços da eletricidade e do gás na UE são 30% e 100% mais elevados do que nos Estados Unidos, respectivamente. Até 2020, seria necessário investir mais de € 1 bilhão unicamente no setor da energia para alcançar independência energética. As propostas da Comissão Europeia para alcançar uma União Energética incluem três pilares. Primeiro: estabelece as prioridades para a política energética e climática, com particular incidência na realização de um mercado de energia integrado. Isso garantiria a segurança do fornecimento, diversificação, melhoria da infraestrutura e interconexão. Segundo: prevê a contribuição da UE na Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Paris, em dezembro. Na ocasião, espera-se chegar a acordo mundial em relação à redução de emissão de gases do efeito estufa. Terceiro: estabelece os passos para alcançar a interconexão elétrica de 10% das redes entre os Estados-Membros. O pacote da “União Energia” baseia-se nas conclusões feitas no âmbito do Conselho em outubro do ano passado. Na época, os líderes da UE estavam empenhados na meta de reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, isso comparado aos padrões de 1990. A proposta inclui ainda a participação da agricul- 3 tura, da silvicultura e do uso da terra antes de 2020. Implicações para a agricultura - Em se tratando de agricultura, três são as preocupações relativas ao impacto do pacote: a exigência de contribuir na redução global das emissões de 40%; potencial para produção de bioenergia para atingir a meta de energia renovável; e o impacto dos custos. As principais questões legislativas giram em torno de um pacote de Energia Renovável revisto para definir o quadro de apoio para a bioenergia a partir de 2020. A Comissão defende que não deve haver apoio aos biocombustíveis à base de alimentos a partir de 2020, com base em sua convicção de que os biocombustíveis de primeira geração têm um papel limitado na “descarbonização” do setor dos transportes. Os Estados-Membros parecem não concordar com a eliminação progressiva. No Parlamento Europeu e no Conselho o debate é acirrado sobre a criação de uma quota de biocombustíveis modificados em combustíveis para transportes até 2020. As incertezas se estendem também à importância da biomassa e dos biocombustíveis nos setores de calor, eletricidade e transportes até 2030, que não dependem apenas de apoio e de sustentabilidade das políticas, mas também dos preços do desenvolvimento tecnológico do sistema de energia. Edição 18 - Março de 20154 Informativo União Europeia O que significa a proposta da União da Energia - Cláusula de solidariedade: reduzir a dependência de fornecedores únicos e de apoiar-se nos vizinhos, maior transparência nos contratos de compra de energia ou de gás entre países da UE e países terceiros; - Livre circulação de energia nas fronteiras: fazendo cumprir estritamente a regulamentação em vigor em domínios como a separação da propriedade no setor da energia e a independência dos reguladores; - A eficiência energética: repensando radicalmente a eficiência energética para que possa competir em igualdade com a capacidade de geração; - Transição para uma sociedade hipocarbônica: tornar-se líder em eletromobilidade, ao mesmo tempo em que as empresas europeias aumentam as suas exportações e competem à escala mundial. - União da Energia Resiliente: nova legislação que reformula e reorganiza o mercado da eletricidade, garantir maior transparência nos contratos de gás, desenvolver substancialmente a cooperação regional, nova legislação para aprovisionamento de eletricidade e de gás, um aumento do financiamento da UE para a eficiência energética; - 10 % de interligação elétrica até 2020. A União Europeia e o comércio internacional de bens agropecuários Balança Comercial do Agronegócio UE-Mundo (€ bilhões) Fonte: Eurostat Elaboração: SRI/CNA Nota: Para toda a análise aqui apresentada, foram considerados “produtos do agronegócio” todos aqueles dos capítulos de 01 a 24 do Sistema Harmonizado, assim como algumas linhas tarifárias dos capítulos 29, 33, 35, 38, 41, 43, 50, 51, 52 e 53, segundo metodologia baseada no Acordo Agrícola da OMC. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a União Europeia (UE) é a maior importadora e a 2ª principal exportadora mundial de produtos do agronegócio, em valor de comércio. O Bloco tem apresentado saldo comercial positivo e crescente, alcançando o valor de € 127,1 bilhões em 2014. A crise da zona do euro pode ter desacelerado o crescimento do setor, mas não impediu o crescimento das vendas externas para o período analisado. Ao comparar os principais produtos do agronegócio exportados e importados pela UE, percebe-se que na pauta de importação estão muitos produtos Principais Produtos do Agronegócio € bilhões Exportados da U.E para o Mundo 2014 Participação nas Exportações do Agronegócio 6,66 Outros vinhos em recipientes <= 2 litros 5,3% 5,98 Trigos e misturas de trigo com centeio 4,8% 4,87 Outras preparações alimentícias 3,9% 4,29 Uísques 3,4% 3,39 Preparações para alimentação de crianças acondicionadas para venda a retalho 2,7% 25,19 Subtotal 10,0% 251,3 Total do Agronegócio 100% Fonte: Eurostat | Elaboração: SRI/CNA | Nota: Contabilizou-se apenas o comércio extrabloco. 4 Edição 18 - Março de 20155 Informativo União Europeia não processados. Por outro lado, na pauta de exportação estão muitos produtos industrializados, que possuem maior valor agregado. Em 2014, as principais exportações do agronegócio do Bloco foram: vinhos (€ 6,66 bilhões), trigo e misturas com centeio (€ 5,98 bilhões) e outras preparações alimentícias (€ 4,87 bilhões). Os principais produtos agrícolas importados pelo Bloco foram: tortas e outros resíduos do óleo de soja (€ 7,55 bilhões), café não torrado (€ 6,43 bilhões), soja (€ 5,17 bilhões), salmão (€ 3,33 bilhões) e cacau (€ 3,14 bilhões), produtos que são principalmente insumos para sua indústria alimentícia. Principais Produtos do Agronegócio € bilhões Mundial Importados pela U.E 2014 Participação nas Importações do Agronegócio 7,55 Tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja 6,0% 6,43 Café não torrado, não descafeinado 5,1% 5,17 Soja, mesmo triturada, exceto para semeadura 4,1% 3,33 Salmão-do-atlântico e salmão-do-danúbio, fresco ou refrigerado 2,6% 3,14 Cacau inteiro ou partido, em bruto ou torrado 2,5% 25,62 Subtotal 20,4% 124,26 Total do Agronegócio 100% Fonte: Eurostat | Elaboração: SRI/CNA | Nota: Contabilizou-se apenas o comércio extrabloco. A dependência da soja Ainda que a soja seja pouco cultivada na UE – e atenda 100% da demanda dos Países-Membros – o seu cultivo tem importantes implicações econômicas e políticas. A UE é autossuficiente na produção de óleo vegetal, mas não produz o suficiente para a produção de alimentos para criação de animais, sendo a maior importadora mundial de farelo de soja e segunda maior importadora de soja em grãos. tos proteicos, principalmente farelo de soja para a pecuária. Dado o crescimento de produção limitado, a UE continuará a ser um forte importador líquido de sementes oleaginosas, refeições de proteínas e óleos vegetais (principalmente soja, farelo de soja e óleo de palma). Os óleos vegetais (incluindo o óleo de algodão, óleo de palma, óleo de semente de palma e óleo de coco) são utilizados para consumo humano, para uso industrial e para a produção de biodiesel. Participação nas Importações Totais da U.E Complexo Soja 2012 2013 2014 Em 2014, as importações de soja e tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja, somadas, corresponderam por 98% (€ 12,7 bilhões) do valor total importado em produtos que compõem o complexo soja. O Brasil foi o maior fornecedor desses produtos, possuindo aproximadamente 43% desse mercado no Bloco. Brasil 46,7% 42,0% 42,2% Argentina 24,5% 20,9% 24,0% EUA 9,6% 15,6% 15,8% Índia 1,0% 1,9% 1,5% China 0,4% 0,6% 0,7% Top 5 82,2% 81,0% 84,1% Segundo relatório da Comissão Europeia sobre as perspectivas para o mercado agrícola - 2014-2024, há expectativa de queda da produção de soja na UE, pois a Romênia abandonou o cultivo da soja GM ao aderir ao Bloco. Subtotal (€ bilhões) 10,9 10,7 10,9 Total (€ bilhões) 13,2 13,2 13,0 A UE deverá importar anualmente 24,4 milhões de toneladas de alimen- Fonte: Eurostat Elaboração: SRI/CNA Nota: Foram considerados produtos do complexo soja as seguintes linhas tarifárias do sistema harmonizado: 120100, 120110,120190,120810,150710,150790 e 230400. UE - Brasil O saldo da balança comercial brasileira do agronegócio com a UE tem alcançado valores superiores aos US$ 18,0 bilhões nos últimos anos. Recentemente, porém, ele tem apresentado desaceleração. Com exportações de US$ 21,0 bilhões e importações de US$ 3,1 bilhões, o saldo do setor foi de US$ 18,3 bilhões em 2014. A queda no valor do saldo comercial se deu 5 principalmente devido ao aumento do valor das importações brasileiras de produtos europeus. Em 2014, a UE foi o segundo princi- Edição 18 - Março de 20156 Informativo União Europeia pal destino do agronegócio brasileiro, tendo sido responsável por 22,1 % do valor total exportado pelo setor. O Bloco comprou US$ 22 bilhões do total de US$ 97 bilhões das exportações brasileiras do agronegócio. O complexo soja (US$ 7,67 bilhões), com o farelo (US$ 4,5 bilhões) e a soja em grãos (US$ 3,2 bilhões), correspondeu por 36% do valor das exportações brasileiras para a UE no ano. O café foi o segundo produto mais exportado (US$ 3,46 bilhões), seguido pelos produtos florestais (US$ 3,06 bilhões), tendo sido este valor concentrado nas exportações de celulose (US$ 2,1 bilhões). A UE comprou US$ 593 milhões em carne bovina in natura, US$ 958 milhões em carne de frango industrializada e US$ 259 milhões em carne bovina industrializada. Por outro lado, a UE exportou para o Brasil, em 2014, US$ 3,1 bilhões em produtos do agronegócio. Os produtos florestais (US$ 690 milhões) foram as principais exportações, concentradas, principalmente, em papeis (US$ 596 milhões). O Brasil importou US$ 140 milhões em vinhos e US$ 111 milhões em Uísque, bebidas com maior valor agregado. O azeite de oliva representou 92% das importações dos produtos oleaginosos (US$ 309 milhões), enquanto as azeitonas (US$ 45 milhões) e as batatas preparadas (US$ 139,3 milhões) corresponderam a 69% do valor das importações dos produtos hortícolas (US$ 270 milhões). Para o acumulado em 2015 (janeiro e fevereiro) a UE já importou do Brasil US$ 2,7 bilhões em produtos do agronegócio. O Bloco foi destino de 25,3% das exportações brasileiras do setor no período. Saldo comercial Brasil-União Europeia Fonte: Agrostat/MAPA Elaboração: SRI/CNA Nota: *Os valores para 2015 foram calculados para o acumulado entre janeiro e fevereiro. INFORMATIVO UNIÃO EUROPEIA é elaborado mensalmente pelo Escritório de Representação da CNA em Bruxelas, Bélgica. Reprodução permitida desde que citada a fonte. 6 CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF (61) 2109-1419 | [email protected]