Sociedade Brasileira de Química (SBQ) Eletrodeposição de Filmes Finos da Liga CoNi. I. Influência da Presença de Gly em um Banho de Sulfato. * Luidgi Giordano (IC), André de C. Frank (PG), Paulo T.A. Sumodjo (PQ) [email protected] Instituto de Química da Universidade de São Paulo. CP. 26077. 05513-970 São Paulo, SP. Palavras Chave: Eletrodeposição, Filmes Finos, Ligas Magnéticas, glicina, Ligas de Cobalto e Níquel. Introdução Resultados e Discussão Utilizou-se uma solução aquosa de CoSO4 e NiSO4 2+ com concentração total de íons metálicos ([M total] = 2+ 2+ -1 [Co ] + [Ni ]) igual a 0,5 mol L , em pH 2 e em temperatura ambiente, na ausência e presença de -1 Gly (1,0 mol L ). Efetuou-se uma deposição galvanostática sobre latão por 10 min com aplicação -2 de densidade de corrente de 50 mA cm . A Figura 1 mostra a variação da composição da liga CoNi em 2+ função da concentração de Co em relação à concentração total de íons metálicos no banho. Ao se comparar os valores dos potenciais de o 2+ redução dos dois metais, E (Co |Co) = -0,28 V, o 2+ E (Ni |Ni) = -0,23 V, espera-se que o níquel seja o componente majoritário na liga. Contudo, pelos resultados obtidos, nota-se que, independentemente da presença de Gly, e em toda faixa de concentrações relativas dos íons metálicos na solução, o teor de Co na liga é sempre maior que o correspondente na solução. Por exemplo, sem Gly, 2+ quando há apenas 10% de [Co ] em relação à 2+ [M total] no banho, há mais de 30% de Co na liga. Esta discrepância torna-se ainda maior quando se analisa a solução contendo Gly, em que há a presença de 70% de Co na liga quando há apenas 10% em solução. Tal comportamento é o que foi denominado por Brenner de codeposição anômala, em que o metal menos nobre (neste caso, o Co) deposita-se preferencialmente em relação ao mais 36a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química 100 teor de Co no filme (% em mol) Metais e ligas metálicas na forma de filmes finos são muito utilizados na indústria eletrônica de ponta. Ligas magnéticas à base de cobalto, como CoNi, destacam-se por serem menos propensas à corrosão. A eletrodeposição destaca-se como método na fabricação de tais materiais. Contudo, para uma boa deposição, frequentemente é necessária a presença de outras substâncias, conhecidas como “aditivos”, além dos íons metálicos na solução. Os aditivos modificam os mecanismos de deposição e, consequentemente, as características do depósito. Este trabalho compara a eletrodeposição da liga CoNi, em condições galvanostáticas, a partir de um banho de sulfato na presença e ausência de glicina (Gly). 80 60 sem glicina com glicina 40 20 0 20 40 60 2+ 80 100 2+ [Co ] na solução (% em mol em relação a [M ]) total Figura 1. Gráfico da composição de uma liga CoNi 2+ em função da porcentagem molar de Co no banho 2+ (em relação a M total) e da presença de Gly. nobre (neste caso, o Ni)1. Há várias explicações propostas para tal fenômeno, sempre relacionadas ao mecanismo de deposição, seja pela formação de hidróxido dos metais (proposta A) ou pela diferença na velocidade de adsorção dos mesmos (proposta B). A Gly pode atuar como acentuadora da codeposição anômala, seja por sua capacidade tamponante, alterando o mecanismo de acordo com a proposta A, ou através da sua complexação com 2+ 2+ os íons Ni e Co , alterando as suas velocidades de adsorção, de acordo com a proposta B. A Figura 1 mostra ainda que o aumento da 2+ porcentagem de [Co ] na solução provoca a inibição da deposição de Ni, o que é acentuado na presença de Gly. A inibição total da deposição de Ni 2+ 2+ ocorre para [Co ]/[M total] ≥ 80% na ausência de 2+ 2+ Gly e para [Co ]/[M total] ≥ 40% em sua presença. Conclusões Pode-se afirmar que, nas condições experimentais empregadas, a codeposição anômala da liga CoNi ocorre em toda faixa de concentrações utilizada. A presença de Gly acentua este fenômeno. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq e à FAPESP pelas bolsas e auxílio recebidos. 1 A. Brenner, Electrodeposition of Alloys, Vol.1 e 2, Academic Press Inc., New York (1963).