PROJETANDO SUA CASA DE PRAIA
Ed.11
Olá, eu sou o arquiteto Jeferson Bunder, e estou nesta edição
especial de casas de praia da revista Decoração Prática, para dar
algumas dicas e abordar sobre este tema tão interessante que
desperta a atenção de todas as pessoas que vivem no stress das
grandes metrópoles e que sonham em ter uma bela casa ou até
mesmo um pequeno chalé em frente ao mar, para fugir da
agitação de todo dia.
Ter uma casa no litoral, para passar temporadas ou apenas finais
de semana e feriados significa relaxar, reunir-se à família e aos
amigos, curtir a natureza, o que é muito bom, porém ter a oportunidade de aliar tudo isso ao conforto, comodidade e praticidade
que uma casa pode oferecer é melhor ainda. Para que isso possa
ocorrer, em primeiro lugar, contratar um bom profissional para
desenvolver o seu projeto é imprescindível, pois ele é quem dará
todas as coordenadas especificas para este tipo de construção em
particular.
Porém aqui estou, como um profissional, para abordar sobre
algumas questões inerentes a construção que poderão enriquecer
as discussões e questionamentos entre você e seu arquiteto no
momento do planejamento da sua casa de praia. Quando pensamos em executar uma casa na região litorânea devemos lembrar de
uma série de coisas que farão desta construção uma casa sólida,
prática e confortável.
O que seria uma casa sólida?
Ao contrário do que muita gente poderia imaginar, solidez é
diferente de excesso, solidez é necessário e o excesso é perigoso.
Quantas vezes já ouvimos pessoas dizerem: “-eu prefiro pecar pelo
excesso a falta, minhas colunas são mais grossas, minhas vigas
maiores e as ferragens em maior quantidade do que a especificada....” Este tipo de situação é um grande equívoco pois além de
onerar a obra desnecessariamente pode inclusive prejudicá-la, até
mesmo pelo simples fato da edificação ficar com o seu peso
próprio muito superior ao previsto em projeto.
Nas construções litorâneas temos uma característica peculiar com
relação às fundações, pois normalmente o solo é muito arenoso, e
o nível do lençol freático é muito próximo à superfície, onde
podemos encontrar água com algumas dezenas de centímetros de
escavação. Isto faz com que as fundações litorâneas residenciais
normalmente possuam características diferenciadas das
construções convencionais em terrenos mais argilosos, como os de
outras regiões, possibilitando assim a execução do radié, que nada
mais é do que um contra-piso armado. Para compreendermos de
forma mais simplificada e objetiva, como o terreno é mole e
arenoso, construímos uma “plataforma de concreto armado” para
“flutuarmos” sobre o solo, como um barco por exemplo. Desta
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maneira podemos evitar o deslocamento da estrutura, evitando
inconvenientes de trincas e rachaduras, o que é característico em
construções mal planejadas nestas regiões.
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Com relação às piscinas o cuidado deve ser redobrado, pois o que
foi citado acima também vale para este tipo de construção, só que
de maneira oposta, pois a piscina deve ficar enterrada no solo e
devemos impedir a sua “flutuação”, e isto normalmente ocorre
quando fazemos a sua manutenção, onde retiramos a água e ela
tende a subir, provocando trincas e rachaduras em sua estrutura
além de separar-se do deck.
Outra curiosidade que poderia comentar é o fato da construção
estar exposta a ventos úmidos com grande quantidade de sal, o
que nos leva a ter um cuidado todo especial com a ferragem da
estrutura, que facilmente pode corroer. Para evitarmos este fato, o
que certamente comprometeria a estabilidade da edificação,
devemos elaborar um recobrimento com argamassa/ concreto
com bastante critério sem deixar qualquer possibilidade de ferros
em exposição na estrutura.
No segundo item mencionado, uma casa prática, o que seria uma
casa prática?
Uma casa prática, é uma casa de fácil manutenção onde possamos
usufruir sem nos preocuparmos, ou nos cercarmos de cuidados de
onde estamos pisando, sentando ou colocando a mão. A sujeira
existe sempre, porém existe um limite suportável entre o ato de
sujar e a limpeza, limite este que é diferente, visualmente falando.
Por exemplo: - o limite razoavelmente suportável de limpeza de
uma superfície clara é muito menor do que o de uma superfície
escura. Aqui já temos um primeiro critério para uma casa prática.
Isto não significa que vamos sair por ai pintando tudo de marrom,
mesmo porque, além de funcionalismo, gostamos também de
ambientes aconchegantes e agradáveis, e para isto precisamos
equilibrar as cores através de contrastes e analogias.
A cor branca e o vidro só serão maravilhosos se estiverem impecavelmente limpos e brilhando, o que também não significa
ausência total de cores claras e transparências. Evitar tecidos em
demasia, madeira como base de acabamentos ajuda bastante a
eliminar a sensação de ambientes quentes e úmidos, dê preferência ao couro, a tecidos emborrachados ou impermeáveis. Pisos
resistentes, laváveis e frios como ardósias, cerâmicas e lajotas e
paredes com tintas laváveis são também interessantes para ambientes descontraídos e despojados. Se desejar mais requinte,
mármores, granitos e porcelanatos, além de texturizações acrílicas
em paredes formam novas opções.
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E o conforto, o que é ter conforto numa casa de praia?
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Quando vamos ao litoral, esperamos encontrar muito sol e muito
calor, porém dentro de nossa casa queremos uma brisa fresca,
ambientes ventilados com temperaturas agradáveis. Ter tudo isso
é perfeitamente possível, e existe uma gama enorme de critérios
que devem ser adotados no momento do posicionamento da casa
(implantação) com relação a sua iluminação e ventilação. O primeiro critério normalmente utilizado, que também é o mais conhecido, é aquele onde as aberturas voltadas para o sol da manhã serão
sempre mais apreciadas, porem este é apenas um critério de
vários. A relação existente entre as aberturas e seu posicionamento nos ambientes é de fundamental importância para determinar o
movimento, a direção e a velocidade da circulação do ar.
Por tanto quando seu arquiteto determina tamanho, formato e
tipo de aberturas (para cima ou para baixo, para um lado ou
outro), não é só a estética que esta sendo considerado e sim o seu
bem estar dentro de cada ambiente, com temperatura agradável e
brisa suave. Se existir a possibilidade da existência de pé direito
alto, ou a criação de forros isolantes entre o telhado e o ambiente,
criando um colchão de ar intermediário, melhor pois este procedimento funciona como um isolante térmico, fazendo com que não
ocorram mudanças bruscas de temperatura dentro de sua casa.
Superfícies muito grandes de vidros expostas ao sol também não e
aconselhável para regiões quentes litorâneas, pois além dos
ventos úmidos carregados de sal sujando-os o tempo todo, ele
também provoca o efeito estufa, aquecendo em demasia o ambiente interno.
Claro que tudo isso, estou comentando a titulo de curiosidade,
pois jamais uma obra deve ser feita sem o acompanhamento dos
profissionais pertinentes às áreas especificas, mas como havia dito
no inicio, espero ter contribuído e enriquecido seus conhecimentos e aguçado ainda mais sua vontade de possuir ou melhorar a
qualidade daquela casa de praia tão sonhada.
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Planejando sua casa de praia.