Durabilidade de uma casa de madeira Entre os diversos materiais destinados à construção civil, do ferro ao concreto armado, passando pelo plástico e o fibrocimento, somente a madeira reúne qualidades incomparáveis sob muitos aspectos, sobretudo o da sustentabilidade, para a construção que integra Homem e meio ambiente. Existe uma aliança primordial entre o Homem, a árvore e a destinação utilitária que a partir dela criou. Nos países europeus e da América do Norte, com forte tradição no uso da madeira como material de construção, os grandes centros populacionais desenvolveram-se com base nas construções de madeira, realizadas por artesãos habilidosos. Hoje, na maioria dos países, a construção tradicional se desenvolve em grandes massas de concreto e aço, descuidando-se, em muitos casos, do conforto térmico, muito especialmente do conforto acústico, além do aspecto ambiental. Mas também é atual a preocupação com o meio ambiente e com as mudanças climáticas que dominam as discussões nos fóruns de âmbito mundial. A Análise de Ciclo de Vida (LCA), principal ferramenta usada na aferição da sustentabilidade de um material, comprova de maneira convincente as vantagens ambientais das construções em madeira sobre alternativas como aço, concreto, plástico, entre outras. Entretanto, muita confusão tem sido produzida com relação ao uso de recursos florestais, como resultado do esforço de marketing feito pelas indústrias que fabricam produtos oriundos de fontes extrativistas, não renováveis. Elas tentam, equivocadamente, demonstrar que esses materiais apresentam vantagens ecológicas sobre a madeira. Entre os inconvenientes que mais têm sido apontados nas construções de madeira, que seriam responsáveis pela sua suposta menor durabilidade, estão o ataque de agentes biológicos (fungos e insetos) e a ação do fogo. Mas felizmente preconceitos não resistem a fatos. Segundo o pesquisador P.I. Morris (3) não foi difícil prever que o CCA proporcionaria uma vida útil satisfatória às madeiras, por ocasião de sua introdução nas normas americanas (AWPA – American Wood Protection Association – 1960), uma vez que já havia sido testado em campo durante 30 anos. Hoje em dia, continua Morris, novos produtos são adotados, em normas americanas, com base em três anos de ensaios de campo ou, o que é mais surpreendente, na Europa são aprovados com base apenas em ensaios de laboratório. Segurança ao fogo - A inflamabilidade e a resistência ao fogo não são determinadas exclusivamente pela composição química dos materiais, mas pelas proporções e pela relação da espessura. É curioso que o aço não inflama, mas a palha de aço é inflamável. Assim como o ferro pulverizado em contato com o ar apresenta propriedades explosivas. O risco de desabamento de um edifício em chamas é maior com materiais que não sejam madeira. A elevação da temperatura não tira a resistência da madeira. Ao contrário, até a aumenta um pouco devido retirada de umidade que induz uma contração da madeira. Por isso ocorre a contenção do fogo durante algum tempo. Esta resistência da madeira é de grande importância porque diminui a possibilidade de desabamento do imóvel. Em contrapartida, estruturas metálicas conduzem calor, tornam-se rapidamente incandescentes e dilatam. Esta reação do material conduz rapidamente ao desabamento. Outro fator a ser considerado é o papel dos produtos de madeira no ciclo de carbono da Terra, que normalmente não é levado em conta pela indústria de construção civil. As árvores convertem em madeira o CO2 da atmosfera, um dos mais importantes indutores do aquecimento global, permanecendo em sua estrutura. É o maior concentrador de carbono do planeta. As 1 folhosas (eucalipto, por exemplo) armazenam 325-450 kg de carbono por metro cúbico; coníferas (como pinus) armazenam cerca de 250 kg de carbono por metro cúbico (4). Outro dado interessante: um hectare de floresta de Pinus, crescendo a uma taxa anual de 10 m³/ha (hemisfério norte) absorverá o carbono de uma coluna de ar, situada acima dessa área, com uma altura de 1,4 km, a cada ano. Produtos de madeira sólida, como peças de mobiliário, peças estruturais, sequestrarão quantidades expressivas de carbono do ar, aliviando a emissão de gases que propiciam o efeito estufa e que são decorrentes da queima de combustíveis fósseis. Dados sobre durabilidade e sustentabilidade, transferidos para o Brasil, confirmam as boas perspectivas para a indústria da construção civil de base florestal local. Há condições reais de atender a demanda habitacional existente com intensa participação da madeira de reflorestamento tratada. O Brasil tem cerca de seis milhões de hectares plantados com árvores dos gêneros Eucalyptus sp e Pinus sp, concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Esse material de reflorestamento também dispõe de certificações, como garantia de procedência correta. Sol abundante→ crescimento rápido→ ciclo curto→ elevado potencial de sequestro de carbono, são os termos de uma equação que, aliada ao uso de técnicas corretas de produção e de utilização, asseguram um empreendimento empresarial bem-sucedido. Tecnologia vai a campo - Como as madeiras de reflorestamento não possuem, em geral, as mesmas características físico-mecânicas ou de durabilidade aos agentes biológicos apresentadas por algumas madeiras tropicais de crescimento lento, há necessidade do emprego de tecnologia correta para que delas se obtenha condições similares de desempenho e durabilidade. A norma brasileira ABNT NBR-7190 - Estruturas de Madeira, introduz as Categorias de Uso para utilização da madeira em função dos níveis de agressividade do meio ambiente a que estarão expostas. Como o texto normativo estava muito longo optou-se por transferir esse conceito para um novo projeto de norma, já em consulta pública na ABNT (Projeto nº 31:000.15-001-Preservação de Madeiras – Sistema de Categorias de Uso). Este novo documento explicitará as formas corretas de preservação da madeira para cada classe de uso, para que se obtenha a melhor relação custo/benefício para um processo construtivo. Estão previstos tratamentos preservativos que cobrem todas as classes de utilização, como os chamados processos industriais, realizados sob pressão em autoclave. A Montana química S.A., líder no mercado nacional de produtos para preservação de madeiras, dispõe de ampla linha de produtos preservativos e de acabamento preservativo, cujas características técnicas e de uso estão descritas em seu site www.montana.com.br. Fatores que favorecem o uso da madeira de reflorestamento tratada: Pressão ecológica restritiva ao uso de madeiras nativas tropicais; Menor consumo de energia na produção de madeira em relação ao concreto, alvenaria, aço, alumínio, plásticos; Ciclo curto de exploração, aumentando o potencial de sequestro de CO2 da atmosfera; Queda dos mitos sobre deficiências da madeira explorados pela concorrência; Normas nacionais para produtos de madeira; Mais e melhores conhecimentos silviculturais e de tecnologia na industrialização da madeira; Demanda reprimida em função do número de pessoas que buscam melhor qualidade de vida. Artigo do Dr. Ennio Lepage, consultor técnico da Montana Química S.A. BIBLIOGRAFIA (1) O’CONNOR, J. – Survey on actual service lives for North American Buildings – Presented at Woodframe Housing Durability and Disaster Issues Conference, Las Vegas – USA. 9p. 2004. (2) O’CONNOR, J. and DANGERFIELD, J. – The Environmental Benefits of Wood Construction – Forintek-Canada Corp. 6. p. 2005. (3) MORRIS, P.I. – Service Life Prediction Based on Hard Data. – Forintek-Canada Corp. 9p. 2006. (4) Victoria Association of Forest Industries. The Environmental Impacts os Building Material. Austrália. 21 p. 2006 2