Nadja Nara Barbosa Pinheiro
UMA CASA COM PAREDES DE CRISTAL:
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0016169/CA
A clínica psicanalítica no ambulatório hospitalar
Tese de Doutorado
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Clínica do Departamento de Psicologia da PUC -Rio,
como parte dos requisitos parciais para a obtenção do título de
Doutor em Psicologia Clínica.
Orientador: Junia de Vilhena
Rio de Janeiro
Dezembro de 2003
Pinheiro, Nadja Nara Barbosa
Uma casa com paredes de cristal: a clínica
psicanalítica no ambulatório hospitalar / Nadja
Nara Barbosa Pinheiro; orientador: Junia de
Vilhena. – Rio de Janeiro : PUC, Departamento de
Psicologia, 2003.
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0016169/CA
171 f. : il. ; 30 cm
Tese (doutorado) – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Departamento de
Psicologia.
Inclui referências bibliográficas.
1. Psicologia – Teses. 2. Psicanálise. 3.
Clínica psicanalítica. 4. Psicoterapia ambulatorial.
I. Vilhena, Junia de. II. Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro. Departamento de
Psicologia. III. Título.
CDD: 150
Nadja Nara Barbosa Pinheiro
“Uma casa com paredes de cristal: A clínica
psicanalítica no ambulatório hospitalar”
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0016169/CA
Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do
grau de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Clínica do Departamento de Psicologia do
Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC -Rio.
Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Profª Junia de Vilhena
Orientadora
Departamento de Psicologia - PUC-Rio
Prof.Sergio de Souza Brasil Silva
Universidade Castelo Branco - RJ
Prof. Edson Luiz André de Sousa
Instituto de Psicologia - UFRGS
Profª. Silvia Maria Abu-Jamra Zornig
Departamento de Psicologia – PUC-Rio
Profª. Ana Maria Nicolaci-da-Costa
Departamento de Psicologia – PUC-Rio
Prof. Paulo Fernando Carneiro de Andrade
Coordenador Setorial de Pós-Graduação e
Pesquisa do Centro de Teologia e
Ciências Humanas – PUC-Rio
Rio de Janeiro,
/
/
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Ao meu pai,
por me ensinar a amar as letras,
os livros e o conhecimento.
À minha mãe,
por me ensinar a amar.
Agradecimentos
A Luiz Adonis Pinheiro, por dividir comigo um sobrenome, a criação de três filhos e 27
anos de nossas vidas.
À minha filha Thais, e seu organizado olhar médico, por me trazer, sempre, de volta à vida.
E viver nela comigo!
Ao meu filho Julio, e seu coração generoso, por me acompanhar,com prazer,
em meus
devaneios filosóficos.
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Ao meu filho Felipe, e sua alma independente, por não me deixar esquecer que o amor é
feito de liberdade.
Às amigas:
Mônica e Jacqueline, companheiras de graduação, por escolherem estar ao meu lado por
tantos anos.
Luiza e Anna Paula,companheiras da academia, por estarem tão presentes em minha vida,
com amor, carinho e amizade.
Nancy, por me abrir, generosamente, as portas do hospital, mas, principalmente, por se
tornar, a partir daí,uma amiga querida.
Maria Vitória Mamede Maia, pela paciente e eficiente revisão do texto, pelo carinho e pela
amizade.
Aos professores:
Junia de Vilhena, pela dedicada, precisa, generosa e carinhosa orientação teórica. Por ter
acolhido meu projeto de pesquisa, com confiança, sem termos trabalhado juntas
anteriormente, e por me fazer prosseguir nos momentos de pura paralisação e angústia.
Sergio de Souza Brasil, que me acompanha desde a graduação, por ter dividido comigo seu
vasto, precioso e admirável conhecimento. Por ter me ensinado a importância do rigor
teórico, e, mais ainda, a responsabilidade ética implícita na prática da psicologia.
Ainda:
À Puc-Rio, por ter tornado, através de seu sistema de bolsas de estudo, possível a realização
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desse trabalho.
Aos entrevistados, por me receberem e darem vida à minha tese.
Ao meu analista, Jeremias Ferraz, por me ajudar a perceber que, a despeito das dores,
caminhar é possível.
Resumo
Pinheiro, Nadja Nara Barbosa; Vilhena, Junia; Uma casa com paredes de cristal: a clínica
psicanalítica no ambulatório hospitalar.Rio de Janeiro, 2003. p. Tese de Doutorado.
Instituto de Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
O objetivo principal de nosso estudo foi o de promover uma reflexão sobre os
atendimentos psicanalíticos desenvolvidos nos ambulatórios hospitalares. Partimos do
princípio
que
a
dinâmica
hospitalar
(re)produz
a
interpenetração
público/privado
característica da atualidade. Assim, pensar as relações entre o público, o privado e a
psicanálise perpassa a construção da tese como um todo. Analisou-se as relações entre o
público e o privado na antiguidade grega, no transcorrer do século XIX e na atualidade.
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Dessa análise, promoveu-se uma correspondência entre os modos de relação estabelecidos
entre público e privado no século XIX e a clínica particular, assim como público/privado
na atualidade e a clínica ambulatorial. Para especificar os elementos organizadores da
clínica ambulatorial, cinco psicanalistas foram entrevistados. A análise das entrevistas nos
permitiu destacar, como características principais do campo clínico ambulatorial, a
visibilidade extrema, a transitoriedade e o campo transferencial complexo estruturado a
partir de elementos subjetivos e ambientais. A perspectiva da clínica winnicottiana foi
tomada como alternativa possível na condução desses processos analíticos, na medida em
que esta nos permite propor um trabalho transformador no qual o paciente encontra
possibilidades de agir, de uma forma criativa, tanto sobre a realidade subjetiva quanto sobre
o mundo que o cerca.
Unitermos:
Psicanálise; Clínica Psicanalítica; Psicoterapia ambulatorial; Público e privado.
Abstract
Pinheiro, Nadja Nara Barbosa; Vilhena, Junia (Advisor) A crystal wall house:
psychoanalytic clinic at hospitals. Rio de Janeiro, 2003. p. Doctorate Thesis- Instituto de
Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
The primary purpose of this thesis is to analyze the psychoanalytic clinics, which
exist in general hospitals. It is the author’s hypothesis that the close interpenetration
between the public and the private spheres is reflected in such practice and determinant as
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far as the difficulties and obstacles are concerned.
The relationships between the public and the private spheres from the Greek
antiquity, to the present time are analyzed pointing out the correspondence between the
increase of privacy and the birth of the psychoanalytical private clinic.
To classify the organizing elements of such clinic five psychoanalysts were
interviewed. The analysis of the interviews allowed to highlight, as main characteristics of
the field, the high visibility, transitiveness and the complex transference field, which
emerges from subjective and environmental elements.
Winnicott´s theoretical framework was suggested as a possible alternative for a
creative and effective clinic in such environments.
Key-words
Psychoanalysis;
private.
Psychoanalytic
clinic;
Ambulatory
psychotherapy;
Public
and
SUMÁRIO
1. Introdução
8
2. Sobre os conceitos de público e privado: perspectivas histórica,
social e cultural.
16
2.1 A política da Antiguidade: o público, o privado e o exercício da
cidadania.
20
2.2 Encontros e desencontros na modernidade: os domínios
público/privado e construção da subjetividade.
26
2.2.1 O campo social dividido: entre o público e o privado.
27
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2.2.2 Processos de consolidação da privacidade: onde os domínios
se tocam.
29
2.2.3 A sobreposição dos imaginários público e privado: onde os
domínios se interpenetram
32
2.3 A contemporaneidade translúcida: público/privado e a
subjetividade objetivada.
38
2.3.1 Baudrilard e as sociedades de consumo: visibilidade e invasão
da privacidade.
39
3. Sobre a emergência da psicanálise: ou a face pública de
dramas privados
46
3.1 Entre os séculos XIX e XX: A Modernidade em Viena.
49
3.1.1 A revolução de 1848 na França.
52
3.1.2 Os reflexos da revolução de 1848 na Áustria.
54
3.1.3 A instauração da crise.
57
3.2 Público/privado e regulação social: a subjetividade clivada.
59
3.3 Os primeiros casos freudianos: a intimidade observada.
71
3.3.1 A emergência da teoria e da clínica psicanalíticas.
72
4 Psicanálise e ambulatório hospitalar: cenário privado, porém
público.
80
4.1 Psicoterapia nas instituições: reflexões teóricas e clínicas
84
4.2 Para uma re-descrição do cenário analítico: hospital e
visibilidade.
99
4.3 A seção de psicologia do HFAG: um exemplo de organização
translúcida.
108
5 A clínica psicanalítica no ambulatório hospitalar
118
5.1 Considerações Metodológicas: sobre a análise do discurso como
instrumento de pesquisa.
120
5.2 Configurações do campo: O trabalho no ambulatório e no
consultório são iguais.... quer dizer.... só que diferentes...
124
5.2.1 Aí sim, você consegue sair da visibilidade do sintoma orgânico
e começar uma metaforização deles....
127
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5.2.2 Aqui no ambulatório tudo é rápido, você quase não tem tempo
pra pensar....
129
5.2.3 No hospital os pacientes não vão ter ônus, mas também não
vão ter bônus! É muita desvalorização!
131
5.2.4 Eu só consegui deitar um paciente... não sei... aquele divã é
uma coisa estranha... de repente fica fora do lugar.....
134
5.3 Especificidades da clínica psicanalítica no ambulatório hospitalar:
O seu trabalho aqui fica muito exposto... acontece tudo muito
rápido ... aqui acontece coisas “do arco da velha”!
136
5.3.1 No hospital a visibilidade é total. Seu trabalho fica muito
exposto....
137
5.3.2 A instituição é uma passagem... um tempo que se fica lá.
139
5.3.3 Aqui é engraçado, tem pacientes que todo mundo conhece a
história deles... todo mundo já atendeu!
141
5.4 Para uma configuração da clínica ambulatorial.
142
6 Conclusão
153
7 Referências bibliográficas
163
Anexo: Roteiro da entrevista
165
Lista de figuras
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Figura 1 – Alegoria da Escultura. Gustav Klimt,1889.
08
Figura 2 - O Teatro de Taormina. Gustav Klimt, 1888.
15
Figura 3 - O Beijo. Gustav Klim, 1907/1908.
45
Figura 4 - Morte e Vida. Gustav Klimt, 1911/1915.
79
Figura 5 - A Virgem. Gustav Klimt, 1913.
117
Figura 6 - Avenida Scholoss Kammer Park. Gustav K limt, 1912.
152