Divisão Sócio-Espacial e Mobilidade Residencial:
reprodução ou alteração das fronteiras espaciais?
Luciana Corrêa do Lago
IPPUR/UFRJ
Buscou-se avaliar no presente artigo1 a relação entre o padrão de segregação sócioespacial na metrópole do Rio de Janeiro e os principais fluxos populacionais em direção
à e no interior da região, nos anos 80 e 90. Parte-se do pressuposto que tais
deslocamentos expressam a dinâmica urbana, na qual o mercado imobiliário/fundiário é
visto como elemento condicionador e orientador da mobilidade espacial ao produzir
condições de acessibilidade à metrópole.
A análise parte das mudanças e permanências no perfil social das áreas que
conformam o espaço hierarquizado da metrópole, focando particularmente os
fenômenos da auto-segregação das elites e da diversificação social nas áreas periféricas
e examina, com base no volume e no perfil da população que se deslocou em direção a
essas áreas, em que medida tais deslocamentos alteraram ou reproduziram a divisão
sócio-espacial existente.
1. Apresentação do tema
O fenômeno da mobilidade espacial2, entendido aqui como importante componente
do processo de organização social e, específicamente, da dinâmica urbana, perpassa
toda a discussão atual em torno das alterações na estrutura social e espacial, nos países
centrais e periféricos. Numa dimensão mais ampla, a crise e a restruturação econômica
mundial têm se traduzido em nova motivação e no redirecionamento dos deslocamentos
espaciais dos trabalhadores, que ultrapassam as fronteiras regionais e nacionais. Nesse
sentido, a mobilidade é um elemento chave de análise do papel das cidades na
emergência da economia global. Na dimensão urbana, a formação dos enclaves
residenciais, sejam guetos, favelas ou condomínios de alta renda, assim como os
processos de periferização, no caso latinoamericano, e de suburbanização, nos países
centrais, acionam, cada qual, dinâmicas de expulsão e atração populacional específicas
que, por sua vez, interferem na reestruturação espacial em curso. É nessa perspectiva
que o presente artigo incorpora na análise sobre as mudanças na estrutura sócio-espacial
de uma grande metrópole brasileira, os deslocamentos populacionais, intra-urbanos e
inter-regionais, inerentes a essas mudanças. Tem-se, portanto, como pressuposto a
1
Esse trabalho foi desenvolvido no âmbito do Projeto Observatório de Políticas Urbanas e Gestão
Municipal (IPPUR/UFRJ – FASE), e contou com a participação, na área de programação estatística e de
geoprocessamento, dos pesquisadores Carlos Sartor, Peterson Pacheco, Giovanna Catão e Paulo Azevedo.
2
A noção de mobilidade espacial tem um sentido mais amplo que a de migração, englobando tanto os
deslocamentos de longa distância, referentes às migrações, quanto os de curta distância, referentes à
mobilidade residencial. O que a define é a mudança de uma localização no espaço: o lugar de residência
(BASSAND & BRULHARDT, 1980).
interação entre estruturas3 e processos socioespaciais que, aqui, estão relacionados
prioriatariamente à dinâmica urbana.
Outro pressuposto refere-se à associação, quase sistemática, da mobilidade espacial
à mobilidade social. Os movimentos migratórios em direção aos centros urbanos estão
normalmente relacionados à mudança de emprego e de posição na estrutura social, que
pode ser ascendente ou descendente. A mobilidade intra-urbana, por sua vez, está
fortemente associada a uma mobilidade social, que além da dimensão objetiva atrelada
às condições socioeconômicas dos que se deslocam, contém forte conotação subjetiva
relativa à divisão simbólica do espaço urbano e a determinados valores. Nesse caso é
grande a complexidade da análise, em função da diversidade e da subjetividade dos
indicadores de ascensão ou descensão social relacionados à mobilidade residencial
intra-urbana. Com efeito, a passagem da situação de inquilino à de proprietário é, na
sociedade brasileira, vista como mobilidade ascendente, entretanto, se essa passagem
estiver vinculada ao deslocamento espacial do núcleo para a periferia, a admissão da
ascensão social deve, no mínimo, ser relativizada em função do lugar da periferia na
hierarquia espacial urbana.
Na presente análise, o fenômeno da mobilidade espacial é visto como indissociável
do padrão de segregação urbana. Se a dinâmica urbana condiciona e induz os
deslocamentos residenciais, esses últimos, por sua vez, alteram o padrão de segregação. A
mobilidade espacial é incorporada na análise como um processo inerente à estruturação do
espaço urbano e não como objeto de estudo em si. Nesse sentido, a quantificação e a
qualificação dos fluxos em direção à e no interior da metrópole informam sobre a
dinâmica de crescimento e segmentação do espaço urbano e permitem avaliar, por
exemplo, em que medida o vínculo estrutural entre pobreza urbana, migração e favela se
mantém, ou, em que medida a expansão dos setores sociais médios na periferia se deve ao
maior dinamismo local ou à mobilidade residencial desses setores em busca da casa
própria.
2. As alterações no padrão de segregação socioespacial
A presente análise tem como ponto de partida a estrutura socioespacial da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro4. Através de uma análise fatorial por correspondência,
utilizando-se os perfis sócio-ocupacionais5 das 219 áreas em que foi desagregada a
metrópole, chegou-se a oito tipos socioespaciais: superior, médio superior, médio,
médio inferior, operário, popular operário, popular, popular periférico. Como pode-se
3
A idéia de “estrutura”, ou mesmo de “padrão”, expressa uma certa estabilidade ou cristalização da
realidade, que varia segundo as diferentes esferas da vida social. Assim, a estrutura familiar e a estrutura
ocupacional, por exemplo, são mais estáveis que o padrão de produção habitacional. A mobilidade
espacial será, aqui, analisada tendo-se como ponto de partida e de chegada os padrões de segregação
sócio-espacial consolidados em determinados momentos históricos (em 1980 e 1991). (LAGO, 2000)
4
A proposta teórico-metodológica de análise da estrutura socioespacial aqui utilizada foi desenvolvida
pelos professores Edmond Preteceille e Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, com a colaboração da autora, no
âmbito do programa de cooperação entre o Centre Sociétés et Cultures Urbaines (CSU) e o IPPUR/UFRJ.
5
Para o perfil sócio-ocupacional das áreas foram utilizadas oito categorias de trabalhadores: 1. Elite
Dirigente (empresários e executivos do setor público e privado); 2. Elite Intelectual (profissionais de nível
superior); 3. Pequena Burguesia (pequenos empregadores do serviço e comércio); 4. Classe Média
(empregados em ocupações de rotina, supervisão, segurança, ensino básico e técnicos); 5. Proletariado
Terciário (prestadores de serviço e comerciários); 6. Operariado (trabalhadores da indústria e construção
civil); 7. Sub-proletariado (trabalhadores domésticos, ambulantes e biscateiros) e 8. Categoria de
agricultores.
2
ver na tabela 1, todos os tipos apresentam um perfil socialmente heterogêneo, mas com
clara diferenciação, entre si, quanto ao peso de cada uma das categorias de
trabalhadores. Vale dizer, que o (maior ou menor) grau de heterogeneidade social das
áreas é um indicador que nos permite avaliar o processo de segregação espacial, sem, no
entanto, esgotar sua compreensão. A escala espacial é outro fator relevante nesse tipo de
estudo, através do qual se pode relacionar distância física e distância social. É pertinente
se pensar nas favelas da zona sul do Rio de Janeiro, que apresentam um grau de
homogeneidade sócio-ocupacional relativamente alto, como áreas segregadas em
relação ao seu entorno mais imediato: nesse caso a distância social é acompanhada pela
proximidade física. Por outro lado, áreas com o mesmo perfil das favelas citadas,
localizadas na periferia metropolitana, só podem ser pensadas como espaços
segregados, numa outra escala, ou seja, em relação ao núcleo metropolitano: nesse caso,
ocorre simultaneamente, distância física e social (mapa1).
O princípio que norteia esse estudo é o de que a estrutura socioespacial da
metrópole está relacionada diretamente às formas de acessibilidade à moradia,
majoritariamente via mercado6 e, em menor escala, via poder público. As alterações e
permanências dessa estrutura ao longo dos anos 80 serão analisadas, a seguir, tendo-se
em vista algumas tendências da dinâmica imobiliária no período.
A primeira constatação, ao se comparar os dados de 1980 e 1991, é a elevada
estabilidade da estrutura socioespacial no período. Os impactos sociais da crise
econômica, em particular a redução do operariado industrial, tiveram rebatimento
generalizado em todas as áreas da metrópole, variando apenas em intensidade.
Tabela 1: Perfil sócio-ocupacional dos tipos socioespaciais na Região Metropolitana do Rio de
Janeiro; 1991
Tipo socioespacial
das áreas
Superior
Médio Superior
Médio
Médio Inferior
Operário
Popular Operário
Popular
Popular Periférico
RMRJ
Elite
Dirig.
5,8%
1,0%
0,3%
0,2%
0,1%
0,0%
0,0%
0,2%
0,7%
Perfil sócio-ocupacional das
pessoas ocup.
Elite Peqna Classe Opera- Proletar. SubAgri- Total
Intelec. Burg. Média riado Terciár. proletar. cultor Ocup.
26,2% 7,4% 31,1% 4,3%
13,5%
11,2% 0,6% 100%
15,7% 7,1% 39,3% 9,5%
19,8%
7,2% 0,4% 100%
7,5% 6,3% 40,3% 13,7%
24,6%
6,8% 0,5% 100%
3,8% 5,0% 31,3% 21,8%
27,7%
9,5% 0,7% 100%
1,3% 3,9% 19,1% 31,0%
29,6%
14,2% 0,8% 100%
1,1% 3,7% 15,5% 32,1%
28,3%
17,8% 1,4% 100%
1,5% 3,2% 17,5% 21,4%
35,2%
20,2% 1,0% 100%
1,5% 4,3% 13,6% 30,6%
24,2%
19,7% 5,8% 100%
7,1% 5,2% 27,3% 21,1%
25,2%
12,2% 1,1% 100%
Fonte: Censo Demográfico de 1991; tabulação Observatório/IPPUR/UFRJ.
Observando as alterações no perfil sócio-ocupacional das 219 áreas que
compõem a metrópole, chegou-se a três tendências significativas: elitização,
6
Considera-se como mercado imobiliário, tanto o mercado formal de compra e venda e aluguel, quanto o
mercado informal, com suas diferentes formas de ilegalidade, desde a aquisição, numa favela, do direito
de uso de uma área, até a compra de um lote irregular na periferia ou num condomínio na Barra da Tijuca.
3
diversificação social e proletarização7, responsáveis por mudanças, numa reduzida
escala espacial, no padrão de segregação do Rio de Janeiro (mapa 2).
Uma primeira tendência refere-se à elitização da população residente em áreas
com significativa intervenção do capital imobiliário, responsável pelas mudanças de uso
do espaço. Tal tendência é verificada (i) em áreas consolidadas já valorizadas, como
Botafogo (na zona sul do Rio de Janeiro), (ii) em novas áreas de expansão que se
integraram à malha urbana através de grandes empreendimentos de incorporação
imobiliária, sendo Barra da Tijuca, Itaipú (em Niterói) e Freguesia (na região de
Jacarepaguá, contígua à Barra) os casos mais evidentes8 e, ainda, (iii) em áreas
consolidadas menos valorizadas, como Engenho de Dentro (no subúrbio do Rio de
Janeiro) e Bairro de Fátima (próximo ao centro de Niterói). Nessas áreas, a elitização foi
marcada pelo aumento significativo no peso da elite intelectual e, em menor grau, da
classe média (com exceção dos empregados de escritório) e pela diminuição relativa dos
prestadores de serviço, trabalhadores domésticos e operários da construção civil.
A tendência à elitização de Botafogo, Itaipú e Freguesia e os investimentos
imobiliários a ela associados devem ser entendidos numa conjuntura de estagnação e
elitização da própria produção empresarial, que, até o início dos anos 80, havia se
caracterizado não só pela criação da nova fronteira de expansão na Barra da Tijuca, mas
pela desconcentração das atividades dos grandes incorporadores em direção a alguns
bairros suburbanos, alterando o padrão socioeconômico local. Com a crise do SFH, a
produção das grandes empresas voltou a se concentrar no núcleo. A outra fronteira foi
Itaipú, onde a expansão imobiliária empresarial sofreu um forte estímulo, a partir dos
anos 70, com a construção da ponte Rio-Niterói.
Uma segunda tendência refere-se à diversificação social de áreas localizadas na
periferia, associada à “entrada” de novos empreendimentos imobiliários e,
consequentemente, a mudanças no padrão habitacional local. Verifica-se essa tendência
nos centros de Campo Grande (zona oeste do Rio de Janeiro) e de Nova Iguaçu e no
Bairro 25 de Agosto (em Caxias), onde o aumento mais significativo ocorreu nas
categorias médias de supervisão e de ensino e na pequena burguesia, mas sem grandes
alterações no elevado peso do proletariado dos serviços e comércio. É interessante
notar, que nessas localidades a tendência à diversificação foi acompanhada por taxas de
crescimento populacional próximas de zero. Ou seja, há uma mudança de uso do espaço
urbano, sem adensamento.
As mudanças no padrão habitacional de determinadas áreas na periferia estão
associadas, em certa medida, à expansão de alternativas habitacionais voltadas para os
segmentos sociais médios, na forma de condomínios horizontais e verticais, em áreas
onde o baixo valor da terra tem viabilizado a compra do imóvel. Esse fenômeno poder
ser visto na zona oeste do município do Rio de Janeiro, onde começou a se expandir, a
partir do final da década de 70, uma nova forma de produção fundiária associada à
7
Entende-se como processo de (i) elitização, o aumento na participação das elites ou da pequena
burguesia juntamente com a queda na participação do proletariado ou do sub-proletariado; (ii)
diversificação social, a queda na participação do operariado ou do sub-proletariado e o aumento tanto da
classe média, pequena burguesia ou elite intelectual quanto do proletariado; (iii) proletarização, a queda
na participação do operariado e o aumento do proletariado ou do sub-proletariado.
8
O ritmo de crescimento dessas áreas de expansão foi bastante intenso na década de 80: Itaipú de 12% e
Freguesia de 2,5% (IBGE, 1991).
4
incorporação imobiliária. O resultado são loteamentos produzidos para os setores médios
da população com algum acúmulo de capital e capacidade de endividamento.
Indícios deste mesmo fenômeno de transformação das relações de produção do
espaço periférico foram também observados nos municípios de Nova Iguaçu, Caxias, São
João de Meriti e Nilópolis. Estudo de Furlanetto et alii (1987) apontou tendências de
renovação espacial nesses municípios: por um lado, a “heterogeneização da periferia”,
especialmente na área central de Nova Iguaçu e, por outro, a presença de incorporadores
atuando nessas áreas, justamente as dotadas de infraestrutura urbana (água, luz, esgoto,
asfalto, etc.)9.
Verificou-se, ainda, o processo de diversificação social em áreas operárias
periféricas – Vila São Luiz (em Caxias), Posse (em Nova Iguaçu), Vila Rosali (em São
João de Meriti) e Guapimirim (Magé) – onde a diminuição do operariado industrial foi
acompanhada pelo aumento da classe média, da pequena burguesia e, em menor escala,
dos ambulantes. Trata-se, aqui, de localidades com mudanças pouco evidentes no
ambiente construído e com baixas taxas de crescimento populacional, na década.
Inversamente à anterior, a terceira tendência é caracterizada pela proletarização
de áreas operárias, com a diminuição do operariado industrial e aumento relativo dos
prestadores de serviços, trabalhadores domésticos e ambulantes e, em pequena escala,
da pequena burguesia. Nesse caso, é pouco provável que as mudanças no perfil social
local estejam relacionadas à mobilidade espacial; o mais provável é ter ocorrido, entre a
população residente, a precarização das condições de trabalho, com a saída do setor
industrial para o de comércio e serviços. Identifica-se essa tendência nas favelas na zona
suburbana do Rio de Janeiro.
3. A mobilidade espacial na estruturação social do espaço metropolitano
A década de 80 foi marcada pela redução do movimento migratório no país,
redução essa que, pelos dados da Contagem 96, se manteve nos anos 90. O ritmo crescente
dos deslocamentos populacionais verificado nos anos 60 e 70 havia sido motivado, entre
outros fatores, pela modernização do campo em parceria com a concentração da
propriedade fundiária e pela expansão industrial nas grandes áreas urbanas. Na Região
Metropolitana do Rio de Janeiro, a queda do crescimento populacional nos anos 80, foi
decorrente sobretudo da diminuição dos fluxos migratórios em direção à metrópole que,
vale lembrar, já vinham decrescendo desde a década de 70. Com efeito, no período 197080, a metrópole havia recebido 758 mil migrantes vindos de fora da região, número este
que caiu para 573 mil entre 1980 e 1991, ou seja, um decréscimo de 24%10. Estudos
referentes à Região Metropolitana de São Paulo apontam o mesmo fenômeno, o que exige
uma compreensão mais abrangente dos efeitos da crise sobre as grandes metrópoles
brasileiras, que vá além das especificidades do Rio de Janeiro. Em outras palavras, o
menor poder de atração exercido pela metrópole fluminense nos anos 80 não se deveu
apenas às particularidades do esvaziamento econômico da região mas à reconfiguração do
9
Uma característica desse processo de renovação nos municípios periféricos é a altíssima concentração
dos novos empreendimentos imobiliários em áreas restritas no centro do município ou do distrito. Estudo
sobre a produção imobiliária empresarial em Nova Iguaçu mostrou que, do total de edifícios residenciais
construídos entre 1980 e 1994, 80% estavam localizados na área central do município.
10
O crescimento demográfico continuou em queda nos anos 90 (0,8% ao ano, contra 1%, na década de
80). No entanto, os dados da Contagem 96 não permitem calcular o total de imigrantes de fora da
metrópole, apenas de fora do Estado do Rio de Janeiro.
5
papel econômico das grandes metrópoles num período marcado não só pela crise mas por
alterações estruturais no modelo de acumulação (LAGO, 2000).
Uma mudança importante de ser observada foi a redução, entre 1980 e 1991, no
peso dos imigrantes11 da década em relação à população total: em todos os tipos
socioespaciais a participação dos imigrantes caiu, com menor intensidade apenas nas áreas
de tipo popular periférico, cuja população imigrante da década de 80 representava, em
1991, 18,7% do total dos residentes. Para a metrópole como um todo, a queda na
participação dos imigrantes foi de 16% (imigrantes entre 1970 e 1980) para 10,2%
(imigrantes entre 1980 e 1991). Em 1996, os imigrantes que entraram entre 1991 e 1996,
representavam 4% da população metropolitana, evidenciando uma relativa estabilidade da
participação entre a década de 80 e a primeira metade da década de 90.
A queda, nos anos 80, no volume de migrantes em direção à metrópole do Rio de
Janeiro teve como principal fator a retração do fluxo de nordestinos: 201 mil (cerca de 18
mil por ano) na década de 80, contra 339 mil (cerca de 34 mil por ano), na década anterior,
ou seja, uma diminuição, em termos absolutos, de 40%. Nos anos 90, entraram 86 mil
nordestinos (cerca de 17 mil por ano), um volume, em média, próximo ao da década
anterior. Os fluxos oriundos das demais regiões e, sobretudo, do sudeste, excluindo o
estado do Rio de Janeiro, também sofreram queda na última década, no entanto, o impacto
foi menor em função do menor volume de migrantes. A diminuição dos deslocamentos
inter-regionais foi em parte compensada pelo aumento significativo dos migrantes
vindos do interior do próprio estado: se na década de 70 a metrópole recebeu 99 mil
migrantes do interior, na década de 80, esse número pulou para 169 mil12. Com efeito, a
vinda de menos 140 mil nordestinos para a região metropolitana teve como
contrapartida a entrada de mais 70 mil interioranos do próprio estado do Rio de Janeiro.
Na década de 70, os fluxos do interior do estado representavam 12,2% do total de fluxos
migratórios na metrópole, enquanto na última década este percentual foi de 16,8%.
3.1. Crescimento e saldo migratório segundo a tipologia socioespacial
Os indicadores de crescimento demográfico e de participação dos imigrantes da
década de 80 entre os residentes evidenciam áreas de expansão e atratividade tanto de
tipo superior e médio, quanto de tipo operário e popular periférico. De uma maneira
geral, no entanto, as áreas de perfil médio e superior, mesmo aquelas localizadas na
Baixada Fluminense, apresentaram perda absoluta de população13 (tabela 3 e Mapa 3).
No caso das zonas sul e norte do Rio de Janeiro, a tendência à elitização foi
acompanhada pelo processo de expulsão de parte dos residentes. Já na zona central e
adjacências, ocorreu a tendência à proletarização junto com a expulsão (mapa 4). A
Barra da Tijuca, algumas áreas de Jacarepaguá e Itaipú (em Niterói) se destacam das
demais áreas superiores, por apresentarem elevadas taxas de crescimento e, no caso da
Barra da Tijuca e Itaipú, alto percentual de migrantes de fora do município: 16% e 22%
11
Estamos considerando como migrantes tanto os que vieram de outras regiões para a metrópole, quanto
aqueles que se deslocaram no interior da metrópole, mudando de município.
12
A Contagem não permite esse cálculo para os anos 90.
13
Os dados da Contagem 96 mostraram uma tendência à redução da perda populacional na zona sul do
Rio de Janeiro entre 1991 e 1996, cuja taxa de crescimento, na década de 80, foi em torno de -2% ao ano,
passando nos anos 90 para próximo de zero.
6
dos residentes em 1991, respectivamente. Nessas áreas, o processo de elitização se deu a
partir da atração de novos residentes (mapa 4).
Tabela 3: População migrante que se deslocou para e no interior da Região Metropolitana do Rio de
Janeiro - Década de 80
Região de origem dos fluxos populacionais - Década 80
das áreas de
NE
SE
Interior RMRJ Demais Total
Total
% migr./
destino
RJ
regiões Migr. Migr. pop. total
Superior
22,7% 23,1% 19,4%
15,1% 19,6% 100% 111.874
13,2%
Rio de Janeiro
27,8% 26,3%
17,4%
5,4%
23,1% 100% 86.384
12,1%
Niterói
5,6% 12,4%
26,2%
48,0%
7,7% 100% 25.490
19,7%
Médio Superior
24,2% 19,8% 18,4%
24,6% 13,0% 100% 97.116
8,1%
Rio de Janeiro
31,8% 24,7%
16,2%
10,5%
16,9% 100% 68.435
6,9%
Niterói
4,6% 8,6%
24,7%
58,6%
3,5% 100% 23.828
16,7%
Baixada Fluminense
12,2% 5,9%
19,5%
56,7%
5,8% 100%
4.853
8,1%
Médio
31,0% 17,6% 17,1%
24,6%
9,7% 100% 62.173
5,7%
Rio de Janeiro
36,8% 20,6%
16,0%
15,2%
11,4% 100% 50.683
5,0%
Niterói
7,3% 4,4%
24,3%
60,1%
3,8% 100%
4.970
13,8%
Baixada Fluminense
4,2% 3,9%
20,1%
71,0%
0,7% 100%
6.520
15,4%
Médio Inferior
18,2% 10,5% 15,3%
50,9%
5,0% 100% 181.930
8,0%
Rio de Janeiro
33,9% 20,4%
16,7%
19,7%
9,4% 100% 67.012
4,8%
Baixada Fluminense
9,4% 5,5%
14,5%
68,4%
2,2% 100% 68.906
12,9%
Periferia Norte
8,7% 3,8%
14,6%
70,1%
2,9% 100% 46.012
13,6%
Operário
23,4% 8,5% 14,9%
51,0%
2,3% 100% 188.626
10,4%
Rio de Janeiro
33,0% 21,6%
15,0%
22,7%
7,7% 100% 15.021
5,2%
Niterói
9,9% 5,4%
31,9%
50,5%
2,3% 100%
1.926
7,9%
Favela
58,4% 14,0%
14,7%
9,7%
3,1% 100% 36.001
7,8%
Baixada Fluminense
12,9% 5,7%
13,0%
67,2%
1,2% 100% 107.749
13,3%
Periferia Norte
16,1% 5,3%
18,9%
56,9%
2,8% 100% 23.556
12,5%
Periferia Sul
6,0% 5,1%
31,0%
56,9%
1,0% 100%
4.372
12,0%
Popular Operário
16,4% 6,9% 15,6%
59,3%
1,9% 100% 184.899
13,0%
Rio de Janeiro
25,0% 24,4%
19,9%
22,4%
8,3% 100%
6.411
5,1%
Favela
64,3% 12,8%
9,6%
8,7%
4,6% 100% 14.976
9,3%
Baixada Fluminense
11,3% 5,9%
15,4%
65,9%
1,5% 100% 129.657
14,2%
Periferia Norte
13,0% 4,5%
18,2%
63,2%
1,1% 100% 33.855
15,6%
Popular
46,4% 8,3% 17,1%
25,5%
2,6% 100% 22.558
7,3%
Niterói
25,2% 4,0%
24,4%
43,5%
2,9% 100%
4.432
8,5%
Favela
57,3% 9,5%
12,9%
17,6%
2,7% 100% 15.904
6,8%
Baixada Fluminense
11,3% 8,3%
32,5%
46,7%
1,3% 100%
2.222
9,4%
Popular Periférico
7,8% 6,4% 19,5%
64,2%
2,0% 100% 148.813
18,7%
Niterói
6,7% 7,4%
18,9%
65,5%
1,6% 100% 17.480
24,1%
Favela
43,0% 12,1%
14,4%
18,9%
11,6% 100%
4.163
8,5%
Baixada Fluminense
7,7% 7,7%
20,0%
62,3%
2,3% 100% 52.799
15,2%
Periferia Norte
6,0% 3,9%
23,6%
65,8%
0,7% 100% 48.174
24,8%
Periferia Sul
6,6% 7,0%
12,4%
71,2%
2,9% 100% 26.197
20,0%
RMRJ
19,8% 11,6% 16,8%
45,7%
6,1% 100% 997.989
10,2%
Fonte: Censo Demográfico de 1991; tabulação Observatório/IPPUR/UFRJ.
Tipo socioespacial
Cresc.
anual
-0,2%
-0,4%
1,6%
0,4%
0,3%
1,3%
-0,6%
-0,5%
-0,6%
-0,2%
-0,4%
0,8%
0,8%
0,5%
1,4%
1,6%
3,2%
-1,3%
1,7%
1,1%
2,0%
1,7%
2,6%
4,2%
7,0%
1,7%
3,2%
0,3%
-0,8%
0,5%
1,0%
2,9%
3,4%
10,2%
2,2%
3,5%
2,1%
1,0%
As áreas de tipo popular operário e popular periférico conformaram, nos anos
80, os grandes eixos de expansão metropolitana, com taxas de crescimento acima de
2,5% ao ano (mapa 3). Uma diferença relevante diz respeito ao peso dos migrantes de
fora do município nas diferentes áreas. Aquelas localizadas no Município do Rio de
Janeiro, seja na zona oeste ou nas favelas suburbanas, periféricas e da Barra da Tijuca,
expandiram-se graças aos deslocamentos internos ao município. A participação dos
7
migrantes, nesse caso, ficou abaixo de 10%. É interessante observar que nas favelas da
zona sul e norte da cidade a taxa de crescimento foi menor, ficando em média, em torno
de 1% ao ano14. As demais áreas de expansão, localizadas nos municípios periféricos da
metrópole, apresentaram elevado peso dos imigrantes de fora do município, valendo
destacar o Município de Itaboraí, onde cerca de 30% dos residentes, em 1991, eram
migrantes da década (tabela 3). A maior parte dessas áreas não apresentaram mudanças
em seus perfis sociais, valendo destacar apenas Itaboraí que sofreu um aumento das
categorias sociais mais inferiores e, por outro lado, Maricá e Mangaratiba, cuja
expansão foi acompanhada pela tendência à diversificação social, com aumento relativo
de categorias sociais médias (mapa 4).
3.2. A origem dos fluxos segundo a tipologia socioespacial das áreas de destino
Considerando a totalidade dos imigrantes metropolitanos, no período 80-91, a
principal região de origem destes foi a própria metrópole, de onde vieram cerca de 46%
dos imigrantes, seguida pela região nordeste, onde esse percentual foi de cerca de 20%.
No entanto, essa distribuição pela origem dos migrantes apresenta variação segundo os
diferentes tipos socioespaciais e, no interior de cada tipo, segundo a localização das
áreas. A primeira evidência é que, independentemente do tipo social da área, o
município do Rio de Janeiro se destaca como área de atração dos nordestinos. Com
efeito, desde as áreas de tipo superior até as de tipo popular periférico, todas aquelas
localizadas no Rio de Janeiro, incluindo favelas e não-favelas, tiveram o Nordeste como
principal região de origem dos seus migrantes. Apenas as áreas de Copacabana, Barra
da Tijuca, Tijuca e Jacarepaguá apresentaram um maior contingente de imigrantes
vindos de outros estados do sudeste. O que variou foi o grau dessa predominância dos
nordestinos entre as áreas de favela e as demais: nas favelas, de 43% a 64% dos
migrantes da década eram nordestinos, enquanto nas demais áreas do município esse
percentual variou de 25% a 37% (tabela 3 e mapa 5). Cabe observar, entretanto, que
embora os imigrantes que se dirigiram para as favelas, nos anos 80, continuassem sendo
predominantemente nordestinos, a participação desses nordestinos, e dos migrantes em
geral, no incremento populacional das áreas de favela foi pequena: os migrantes
representaram apenas 30% do incremento, na década de 80, de 245 mil pessoas nas
áreas de favela do município do Rio de Janeiro.
Uma segunda evidência refere-se à predominância dos migrantes
intrametropolitanos em todas as áreas localizadas fora da cidade do Rio de Janeiro,
independentemente do perfil social da área. Apenas nas áreas de tipo superior e popular
em Niterói o percentual de imigrantes intrametropolitanos ficou abaixo de 50% (tabela 3
e mapa 5). Esses deslocamentos no interior da própria metrópole concentraram-se em
dois tipos de fluxos: um primeiro, predominante mas com decréscimo nos anos 80,
oriundo do município do Rio de Janeiro em direção às áreas de tipo médio operário,
operário, popular operário e popular periférico e outro, da Baixada Fluminense para
essas mesmas áreas, que apresentou aumento no seu peso. O primeiro caso é, em grande
parte, a clássica mobilidade “núcleo-periferia”15 e o segundo, os deslocamentos de mais
curta distância no interior da própria periferia. Foi visto, anteriormente, que algumas
14
Entre 1991 e 1996, houve um aumento significativo na taxa de crescimento demográfico nas favelas da
zona sul: em torno de 2,5% ao ano.
15
Não se enquadra nesse caso o fluxo do Rio de Janeiro em direção à Niterói (especialmente para Itaipú),
composto, majoritariamente, pelas camadas médias e superiores.
8
áreas periféricas apresentaram, em 1991, um perfil mais diferenciado socialmente, com
aumento relativo das camadas médias, simultaneamente a uma queda no crescimento
demográfico. Outras áreas, por sua vez, se proletarizaram com elevado ritmo de
crescimento. Nesse sentido, o aumento dos deslocamentos no interior da própria
periferia pode ser explicado, em parte, pela valorização e consequente expulsão dos
segmentos mais pauperizados de algumas áreas.
4. Correspondência entre o perfil social do migrante e o de sua área de destino
A relação entre mobilidade espacial e estruturação urbana diz respeito ao volume
e origem dos fluxos e ao perfil social dos migrantes. Já vimos que as áreas localizadas
no município do Rio de Janeiro, independentemente do tipo socioespacial, receberam
predominantemente migrantes vindos do nordeste. Em todas essas áreas, o perfil sócioocupacional dos migrantes nordestinos se caracterizava pelo alta participação das
categorias proletárias ou sub-proletárias. Uma distinção relevante é o maior peso do
sub-proletariado nas áreas de tipo superior e médio superior, em relação às demais áreas
da cidade. De fato, entre os migrantes do nordeste que se dirigiram para as áreas de tipo
superior do município do Rio de Janeiro, 37,7% eram sub-proletários (trabalhadores
domésticos em sua maioria) e 31,1% eram proletários do terciário, um perfil muito
distinto daquele característico da própria área (gráfico 1). Essa entrada de migrantes
sub-proletários e proletários nas áreas de tipo superior se contrapõe, de uma certa
forma, ao processo de elitização (que como já foi visto, efetivamente ocorreu) desse tipo
socioespacial. Pode-se concluir que o contingente de sub-proletários que saíram do tipo
superior, na década de 80, foi bastante expressivo e muito acima do contingente que
entrou. Por outro lado, a entrada desse contingente de migrantes evidencia a
permanência, nessas áreas, de mecanismos de acesso à moradia das classes populares
externos às favelas16.
Gráfico 1
P e rfil s óc io-oc upa c iona l da popula ç ã o oc upa da e dos m igra nte s do norde s te
Ár e a s de tipo s upe rior no M unic ípio do RJ - 1 9 9 1
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
Po p u l. o cu p ad a = 336.041
M ig r an te d o NE = 26.280
A g r ic u lto r
S u b - p r o le t.
Pr o le t.Te r c .
O p e r a r ia d o
Cla s s e Mé d ia
Pe q n a B u r g .
Elite In te le c .
0%
Elite Dir ig .
5%
Po p . o c u p a d a
Mig r a n te NE
16
É importante se relativizar a idéia de que a presença de trabalhadores domésticos nessas áreas se deve
ao fato de residirem no domicílio do patrão: cerca de 40% desses trabalhadores não residiam no domicílio
do patrão (Censo Demográfico de 1991).
9
Entre os nordestinos que foram para as favelas de tipo operário (localizadas no
subúrbio da cidade) 42,2% eram proletários do terciário e 33,9%, operários, um perfil
semelhante ao da área de destino (gráfico 2); e entre aqueles que se dirigiram para as
favelas de tipo popular (localizadas na zona sul e norte da cidade), 59,7% eram
proletários do terciário, evidenciando um perfil mais proletário do que o verificado para
as áreas como um todo (essa categoria equivalia à 37% dos ocupados) e onde a
participação da classe média e da pequena burguesia era mais elevada: 28% dos
ocupados, residentes nas favelas da zona sul, eram de categorias médias, enquanto que
entre os migrantes nordestinos que chegaram nessas áreas na década de 80, esse
percentual era de 6% (gráfico 3).
Gráfico 2
P e rfil s óc io-oc upa c iona l da popula ç ã o oc upa da e dos m igra nte s do norde s te
Fa ve la s de tipo ope rá rio no M unic ípio do RJ - 1 9 9 1
60%
50%
40%
30%
20%
Po p u l. o cu p ad a = 171.126
A g r ic u lto r
S u b - p r o le t.
Pr o le t.Te r c .
O p e r a r ia d o
Cla s s e Mé d ia
Elite In te le c .
Elite Dir ig .
0%
Pe q n a B u r g .
10%
Po p . o c u p a d a
Mig r a n te NE
M ig r an t e s d o NE = 10.210
Gráfico 3
P e rfil s óc io-oc upa c iona l da popula ç ã o oc upa da e dos m igra nte s do norde s te
Fa ve la s de tipo popula r no M unic ípio do RJ - 1 9 9 1
60%
50%
40%
30%
20%
Po p u l. o cu p ad a = 86.984
M ig r an te s d o NE = 5.212
A g r ic u lto r
S u b - p r o le t.
Pr o le t.Te r c .
O p e r a r ia d o
Cla s s e Mé d ia
Pe q n a B u r g .
Elite In te le c .
0%
Elite Dir ig .
10%
Po p . o c u p a d a
Mig r a n te NE
O perfil sócio-ocupacional dos migrantes intrametropolitanos aponta, de uma
maneira geral, uma certa correspondência com o perfil das áreas de destino, ou seja, os
10
deslocamentos intrametropolitanos reproduzem a estrutura socioespacial da metrópole
do Rio de Janeiro. (Gráfico 3 e 4). Pode-se inferir que a tendência à diversificação
social das áreas periféricas de perfil operário e popular operário, particularmente na
Baixada Fluminense, estaria mais fortemente relacionada à ascenção social dos próprios
residentes do que à migração de fora do município. Vale observar no gráfico 4 que os
migrantes intrametropolitanos que foram residir nas áreas mais populares de São
Gonçalo e Itaboraí (principal eixo de expansão metropolitana) tinham um perfil sócioocupacional um pouco mais elevado do que da população como um todo, no que diz
respeito ao percentual da classe média.
Gráfico 3
P e rfil s óc io-oc upa c iona l da popula ç ã o oc upa da e do m igra nte intra m e tropolita no
Áre a s do tipo ope rá rio na Ba ix a da Flum ine ns e - 1 9 9 1
35%
30%
25%
20%
15%
10%
Po p u l. o cu p ad a = 289.665
A g r ic u lto r
S u b - p r o le t.
Pr o le t.Te r c .
O p e r a r ia d o
Cla s s e Mé d ia
Pe q n a B u r g .
Elite Dir ig .
0%
Elite In te le c .
5%
Po p . o c u p a d a
Mig r a n te In tr a me tr o p .
M ig r an te in tr am e tr . = 31.108
Gráfico 4
P e rfil s óc io-oc upa c iona l da popula ç ã o oc upa da e do m igr a nte intr a m e tropolita no
Áre a s do tipo popula r pe rifé ric o na P e rife ria Nor te (S ã o Gonç a lo e Ita bor a í) - 1 9 9 1
35%
30%
25%
20%
15%
10%
Po p u l. o cu p ad a = 68.543
M ig r an te in tr am e tr . = 12.124
A g r ic u lto r
S u b - p r o le t.
Pr o le t.Te r c .
O pe r a r ia d o
Cla s s e Mé d ia
Pe q n a B u r g .
Elite In te le c .
0%
Elite Dir ig .
5%
Po p . o c u p a d a
Mig r a n te In tr a me tr o p .
11
Por fim, um outro fluxo que merece ser destacado, por tender à elevar o perfil
social da área, refere-se aos migrantes intrametropolitanos que se deslocaram para a
áreas de tipo médio inferior em São Gonçalo, áreas essas que sofreram na década um
processo de diversificação social (gráfico 5). Se do total dos trabalhadores residentes
nessas áreas cerca de 33% eram da classe média, entre os trabalhadores migrantes da
década esse percentual foi de 42%.
Gráfico 5
P e rfil s óc io-oc upa c iona l da popula ç ã o oc upa da e do m igra nte intra m e tropolita no
Áre a s do tipo m é dio infe rior na P e rife ria Norte (S ã o Gonç a lo) - 1 9 9 1
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
Po p u l. o cu p ad a = 128.118
M ig r an te in tr am e tr . = 14.899
A g r ic u lto r
S u b - p r o le t.
Pr o let.Te r c .
O p e r a r ia d o
Cla s s e Mé d ia
Pe q na B ur g .
Elite Dir ig .
0%
Elite In te le c .
5%
Po p . o c u p a da
Mig r a n te In tr a me tr o p .
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12
MAPA 1
13
MAPA 2
14
MAPA 3
15
MAPA 4
16
MAPA 5
17
18
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