RELATO DE CASO: MEDICAMENTO “NOVO”, AGORA COM DUAS CÁPSULAS!?
PAPEL DO FARMACÊUTICO NA EFICÁCIA TERAPÊUTICA
CASE REPORT: “NEW” DRUG, NOW WITH TWO CAPSULES!? PHARMACIST'S
ROLE IN THE THERAPY EFFECTIVENESS
Ruy Roberto Porto Ascenso Rosa
Mestrando em Farmacologia/Universidade Federal de Santa Catarina
Ex-Farmacêutico Diretor Técnico do Hospital Vitória em Timon
Bacharel em Farmácia pela Faculdade Santo Agostinho
RESUMO
Objetivo: Descrever possíveis erros de medicação, ocorridos dentro de um ambiente
hospitalar durante a administração de cápsulas de Foraseq®, além de explicitar os benefícios
que a orientação farmacêutica à equipe de enfermagem traz aos pacientes. Métodos: Trata-se
de uma pesquisa de natureza aplicada, descritiva e ex-post-facto realizada entre agosto de
2014 a fevereiro de 2015 em um hospital do município de Teresina-PI. Resultados: Foi
possível realizar a conscientização da equipe de saúde, mediante a intervenção farmacêutica e
tomando por base o uso do Foraseq®, quanto à utilização das novas tecnologias aplicadas no
desenvolvimento dos novos fármacos que foram padronizados ao hospital. Conclusão: Como
o aperfeiçoamento dos medicamentos auxilia o tratamento farmacológico, constatou-se a
necessidade de uma correta orientação, geralmente por parte do profissional farmacêutico,
através da orientação farmacêutica, às pessoas que farão uso deles e verificou-se a
importância da intervenção farmacêutica dentro do ambiente hospitalar, obtendo-se, assim,
uma maior eficácia aos tratamentos.
Palavras-chaves: Asma, Serviço de Farmácia Hospitalar, Hospitalização, Preparações
Farmacêuticas, Tecnologia Farmacêutica, Auxiliares de Enfermagem.
ABSTRACT
Aim: In order to describe possible medication errors that may occur within a hospital
environment during the administration of Foraseq®'s capsules, beyond explain the benefits
that the pharmaceutical guidance to the nursing team brings to patients. Methods: This is a
research of nature applied, descriptive and ex-post-facto conducted between August 2014 to
February 2015 in a hospital of the city of Teresina, PI, Brazil. Results: It was possible to
perform a awareness of the health team, through pharmaceutical intervention based the use of
Foraseq®, in other words, it showing the correct use a new technology apllied to the
development of new drugs which have been standardized in the hospital Conclusion: As the
improvement of drugs may help improve the treatment of various symptoms, was perceived
that there a need a correct orientation, usually by the pharmacist, using the pharmaceutical
guidance, to those who will use them. So, verified the importance of pharmaceutical
intervention in the hospital environment, which provides a more effective to the
pharmacological treatment.
Keywords: Asma, Pharmacy Service, Hospital, Hospitalization, Pharmaceutical Preparations,
Technology, Pharmaceutical, Nurses' Aides.
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de novos fármacos fundamenta-se em novos conhecimentos
adquiridos com base nos resultados das pesquisas científicas. Porém, no desenvolvimento de
um novo medicamento, nem sempre temos um novo produto farmacêutico, mas percebemos
apenas uma reformulação de um medicamento já existente no mercado.
Esta afirmação é verificada quando compreendemos que “o processo de descoberta e
desenvolvimento de fármacos é complexo, longo e de alto custo”, já que o mesmo está
profundamente ligado às inovações científicas e tecnológicas disponíveis, ou seja, a cada dia
temos um melhor aperfeiçoamento das terapêuticas adotadas na cura ou profilaxia das
patologias já conhecidas e das que estão emergindo atualmente1.
Este aperfeiçoamento de medicamentos, acima citado, já sofreu fortes críticas devido à
postura que muita das vezes é adotada pela indústria farmacêutica ao anunciarem como uma
nova descoberta o aperfeiçoamento de um fármaco já existente; sendo que, muita das vezes,
este aperfeiçoamento não adiciona nenhuma melhora significativa ao tratamento outrora
desempenhado pelo medicamento já existente no mercado.
Esta situação não é uma novidade, pois, há vinte anos, já se alertava sobre essa
“maquiagem” feita aos medicamentos como forma de aumentar as vendas. Pesquisas
comprovam isso ao demonstrar que somente entre os anos 1940 e 1960 a indústria
farmacêutica obteve grandes avanços, ampliando a variedade de medicamentos disponível;
porém, após esse período, observa-se uma letargia no processo de descobrimento de fármacos
com avanço terapêutico significativo, sendo popularmente denominados de me-too2.
Essa denominação, me-too, é entendida pela ANVISA como aquele “medicamento que,
embora seja apresentado como inovador, não acrescenta nenhum benefício claro [...] em
relação a outros medicamentos já registrados”, isso quando comparado os perfis de eficácia e
segurança dos dois3.
O processo de desenvolvimento de fármacos é classificado em duas etapas: descoberta
e desenvolvimento. Na descoberta são realizados estudos de identificação e otimização de
moléculas com potencial efeito farmacológico no organismo, as quais poderão seguir para a
próxima etapa. No desenvolvimento a molécula é estudada a nível clínico e, caso demonstre
bons resultados, poderá ser introduzida no mercado como um novo fármaco, sendo
monitorado através da farmacovigilância4.
O presente artigo parte da seguinte interrogação: de que forma o aperfeiçoamento de
medicamentos já existentes pode interferir no tratamento do paciente, no que concerne ao
aperfeiçoamento de um medicamento que modifica a sua apresentação? Assim objetivou-se
descrever possíveis erros de medicação, ocorridos dentro de um ambiente hospitalar durante a
administração de cápsulas de Foraseq®, além de explicitar os benefícios que a orientação
farmacêutica à equipe de enfermagem traz aos pacientes.
2 MÉTODOS
Este artigo é um relato de caso baseado em uma das intervenções farmacêuticas
ocorridas dentro de um ambiente hospitalar. Frente à situação que ocasionou a intervenção
constatou-se a necessidade de estendê-la a todos os envolvidos direta e indiretamente nos
processos. Assim, foi possível perceber os resultados provocados pela intervenção e,
adicionalmente, analisar dados que pudessem explicar as ocorrências.
Portanto, trata-se de uma pesquisa que, quanto à natureza, é caracterizada como
pesquisa aplicada, pois a mesma buscou gerar novos conhecimentos úteis a pratica da Atenção
Farmacêutica através da resolução de um problema específico. Quanto aos objetivos, é uma
pesquisa descritiva por descrever fatos e fenômenos ocorridos dentro do ambiente hospitalar
que podem interferir no tratamento farmacológico dos pacientes internados5-6.
Quanto aos procedimentos, trata-se de uma pesquisa ex-post-facto, onde se buscou
investigar possíveis relações de causa e efeito entre o problema identificado, a intervenção
realizada e os seus frutos. Para a escolha deste procedimento deve-se ressaltar que, por se
tratar de uma ocorrência em um ambiente hospitalar envolvendo os pacientes, não seria viável
realizar um estudo experimental6. Assim, realizou-se esta aproximação da realidade a fim de
fornecer subsídios para futuras intervenções farmacêuticas, além de instigar os profissionais
farmacêuticos a prestar orientações aos colegas da equipe de saúde quanto à correta utilização
dos medicamentos.
O Hospital onde foi realizado o estudo é um hospital particular e localiza-se no centro
do município de Teresina, oferecendo serviços ambulatoriais, de urgência, exames médicos,
de internação, cirurgias diversas e uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O setor de
Farmácia Hospitalar é composto pela Farmácia Central, outras três farmácias satélites (Centro
Cirúrgico Geral, Centro Cirúrgico Urológico e UTI) e uma Central de Abastecimento
Farmacêutico.
Embora o hospital já tenha 42 anos de prestação de serviços, o mesmo sofreu um
processo de mudança na sua administração sendo totalmente reformulada sua gestão e
estrutura, o que o caracteriza como um hospital novo, porém com muitos empregados da
gestão anterior preservados. Assim o estudo reflete um pouco da realidade deste primeiro ano
do hospital após mudança.
A Farmácia Central atende a seis postos de enfermagem perfazendo um total de 88
apartamentos, além do setor de urgência (30 leitos), hemodinâmica e os outros setores de
exame. Adotando o sistema individualizado para realizar a distribuição de medicamentos,
dispensando-os em quantidade suficiente para atender a prescrição médica eletrônica por um
período de 24 horas.
Os dados utilizados referem-se a relatórios emitidos pelo sistema eletrônico da
farmácia sobre o consumo do Foraseq® no período de janeiro de 2014 a fevereiro de 2015 e as
observações e intervenções realizadas no período de agosto de 2014 a fevereiro de 2015
realizadas pelo farmacêutico.
Para a análise dos dados utilizaram-se as bulas dos medicamentos obtendo-se todas as
informações técnicas necessárias, para questões onde a bula não fornecia informações
utilizaram-se as mais recentes publicações disponíveis.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO
As Doenças Respiratórias Crônicas (DRC) aparecem entre as principais causas de
morte e, por prejudicar a capacidade física dos seus acometidos, figuram como um grande
problema de saúde pública7. Frente a este dado verificou-se que no primeiro ano de
funcionamento do hospital estudado houve grande aumento no número de internados que
apresentaram algum tipo de DRC em seu diagnóstico a partir do segundo semestre, o que foi
pode ser verificado através do Gráfico 1, onde observa-se que a sazonalidade desses eventos é
praticamente no último trimestre do ano.
Gráfico 1 – Consumo mensal do medicamento Foraseq® dentro de um hospital com 88 leitos,
100
80
60
40
20
fev./15
jan./15
dez./14
nov./14
out./14
set./14
ago./14
jul./14
jun./14
maio/14
abr./14
mar./14
fev./14
0
jan./14
Quantidade de doses consumidas
por dose do medicamento (duas cápsulas) no período de jan./14 a fev./15. Teresina, 2015.
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados coletados na pesquisa.
Um estudo que buscou avaliar a associação entre as variáveis ambientais e as doenças
respiratórias constatou a relação do aparecimento dos sintomas da Asma com períodos
chuvosos e os sintomas de Bronquite com períodos secos8. Assim a grande prescrição e
consequente consumo do medicamento Foraseq® durante os meses outubro, novembro e
dezembro são explicados pelo fato destes meses compreenderem o período mais quente e com
baixa umidade do ar no município de Teresina-PI, período estes popularmente conhecido
como o B-R-O Bró (denominação oriunda da última sílaba comum aos meses que compõe o
período)9.
A asma consiste na inflamação crônica das vias aéreas inferiores ocasionando a
obstrução do fluxo aéreo, seus sintomas são recorrentes, porém, na maioria das vezes,
reversível. Pode ser desencadeada tanto por fatores extrínsecos como por fatores intrínsecos.
Ao torna-se crônica ela provoca o espessamento da membrana basal do epitélio brônquico
tornando-os mais sensíveis à irritação que, quando associado com a contração do tecido
muscular liso que os envolvem, leva à ocorrência das crises10.
No município de Teresina, a taxa de prevalência de asma em crianças de seis e sete
anos é superior a 20% e que na sua forma grave chega a 6,3%; ao passo que os casos não
diagnosticados ultrapassam os 13%11. Entretanto no Brasil a prevalência entre crianças é em
torno de 10%10.
Já conforme o livro GOLD, a Doença Obstrutiva Pulmonar Crônica é uma doença
comum, prevenível e tratável que possui como principal característica uma persistente
limitação do fluxo aéreo estando geralmente associada a uma resposta inflamatória crônica,
tanto nas vias aéreas como nos pulmões, decorrente da exposição a partículas ou gases
nocivos7.
O tratamento dessas DRC acima relatadas pretende obter e manter o controle das
manifestações clinicas e funcionais, para tanto se faz necessário evitar a exposição aos
agentes irritativos associada à utilização de medicamentos. Frequentemente, os atuais
tratamentos disponíveis permitem o completo controle da patologia; porém, nem sempre é
fácil uma boa adesão ao tratamento farmacológico devido aos seguintes fatores: efeitos
adversos, interação com outros medicamentos e o custo do tratamento já que este é contínuo12.
Atualmente a farmácia hospitalar do caso em estudo trabalha com a padronização dos
medicamentos conforme as patologias e, sempre que possível, disponibiliza para cada
medicamento de marca o seu correspondente genérico. No entanto, para a implantação desta
padronização, diversos medicamentos foram acrescentados, retirados e, até mesmo,
substituídos por outros de acordo os critérios adotados durante a padronização.
Assim, após o processo de transição da antiga administração para a atual, conforme
Tabela 1, a farmácia passou a disponibilizar os seguintes medicamentos para o tratamento das
DRC:
Tabela 1 – Medicamentos padronizados na Farmácia Hospitalar para o tratamento das
Doenças Respiratórias Crônicas (DRC). Março/2015.
Medicamentos de Marca
®
Adren 1mg/1Ml
®
Aerolin Gotas 0,4mg/mL
®
Aerolin Spray 100mcg
®
Aminofilina IV/IM 24mg/mL
®
Correspondente Genérico
Adrenalina 1mg/1mL
Sulfato de Salbutamol Gotas 0,4mg/mL
Sulfato de Salbutamol Spray 100 mcg
-
Atrovent 0,25 mg/Ml
Brometo de Ipratrópio 0,25 mg/mL
®
Bamifix 300mg
Cloridrato de Bamifilina 300mg
®
Cloridrato de Bamifilina 600mg
Berotec 5 mg/mL
Bromidrato de Fenoterol 5 mg/mL
Clenil® A 400 mcg/mL
Diproprionato de beclometasona 400 mcg/mL
Bamifix 600mg
®
®
Foraseq 12/400 mcg
®
Fumarato de formoterol di-hidratado + budesonida (12/400 mcg)
Singulair 4mg
Montelucaste de Sódio 4 mg CP
Singulair® Baby 4mg
Montelucaste de Sódio 4 mg ENV
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados coletados na pesquisa.
Entre os medicamentos apresentados na Tabela 1 acima se observam: medicamentos
de uso adulto e os de uso pediátrico, variáveis apresentações e diversas vias de administração,
isso se deve à possibilidade de se tornar possível abranger os diversos tipos de tratamentos
que podem ser necessários aos pacientes.
Um medicamento de interesse, também apresentado na Tabela 1, e que foi adicionado
à padronização do hospital é o Foraseq®, o qual acabou por substituir o Alenia® anteriormente
utilizado no hospital e não adicionado à padronização.
Neste ponto nos deparamos com a causa dos erros detectados durante o estudo, pois
como o corpo de técnicos de enfermagem em sua maioria foi conservado muitas das técnicas
no momento em que iam realizar a administração do Foraseq® enganosamente o administrava
da mesma maneira que costumavam fazer com o Alenia®, ou seja, administrando só uma das
cápsulas e, geralmente, a que mais se assemelhava visualmente com a cápsula do Alenia®.
Além disso, tinha-se o fato de que, por se tratar de um medicamento com nova
tecnologia, inclusive algumas particularidades no que se refere ao modo de administração,
mesmo entre as técnicas de enfermagem novatas era possível verificar a reprodução do erro,
pois não detinham o conhecimento acerca da correta administração do medicamento e
seguiam orientações das mais experientes. Para entendermos o prejuízo que a falta da devida
atenção, quanto à forma de administração que o medicamento requer, pode causar ao
tratamento do paciente é necessário verificar as seguintes premissas:
O formoterol pertence ao grupo dos broncodilatadores ou beta-agonistas de longa
duração, enquanto a budesonida pertence ao grupo dos corticosteróides e desempenha ação
anti-inflamatória. A administração concomitante dessas duas substâncias, por apresentar efeito
aditivo na redução dos dois principais sintomas da asma e da bronquite obstrutiva crônica,
possui importante papel para o efetivo tratamento dessas enfermidades13-14.
O Alenia® possui como princípios ativos o fumarato de formoterol di-hidratado e a
budesonida (12/400 mcg), acondicionados em uma única cápsula gelatinosa13. O Foraseq®,
por sua vez, também possui os mesmos princípios ativos do Alenia® em igual concentração
(12 mcg de fumarato de formoterol di-hidratado e 400 mcg de busonida), porém as duas
substâncias encontram-se acondicionadas como pó seco para inalação em cápsulas gelatinosas
separadas sendo necessária a administração das duas cápsulas para se obter a dose necessária
ao tratamento14. Assim, têm-se a seguinte situação, apresentada na Figura 1:
Figura 1 – Esquema do tratamento farmacológico das Doenças Respiratórias Crônicas (DRC)
e efeitos quando comparado os medicamentos Alenia® e Foraseq®. Março/2015.
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados coletados na pesquisa.
Assim através da análise da Figura 1 percebemos que, de acordo com a bula do
Foraseq®, a proposta de duas cápsulas consiste em, primeiramente, proporcionar a abertura
das vias aéreas para posteriormente ser inalado o anti-inflamatório, o qual possuirá uma maior
área de atuação já que os brônquios não estarão mais tão obstruídos, isto facilita o efeito antiinflamatório nos brônquios mais distais, no que se refere a efeito local14. Este efeito demora
um pouco mais quando administrado o Alenia®, pois este desempenha sua ação antiinflamatória ao mesmo tento em que busca desobstruir os brônquios, chegando mais devagar
aos brônquios mais distais com relação aos proximais.
Contudo, em nível de resolução dos sintomas todos dois conseguem desempenhar a
mesma função.
Pois se observa que estudos comprovam a equivalência farmacêutica
existente entre o Alenia® e o Foraseq®, ou seja, o simples fato de confundir um medicamento
com o outro, desde que administrados de forma correta, não traria tanto prejuízo, porém o que
se observou com os casos que chegaram à Farmácia Central era que, algumas vezes, o
pensamento errôneo sobre os dois acabava por impedir a correta administração do Foraseq ®,
prejudicando assim a eficácia da terapia farmacológica deste15.
A literatura relata que a utilização de um glicocorticóide inalatório é o principal
tratamento utilizado tanto para a manutenção como para a profilaxia da asma através do efeito
anti-inflamatório e que a associação de um beta-2-agonista adrenérgico de longa ação resulta
no melhor controle desta asma patologia, além de com reduzir os adversos em longo prazo16-17.
Assim, ao realizar a administração do Foraseq® baseada na administração do Alenia ®,
ou seja, administrar somente uma cápsula das duas cápsulas, o tratamento torna-se ineficiente,
pois, se for administrada somente a cápsula de formoterol, ocorrerá somente a
broncodilatação, enquanto a inflamação permanecerá sem o devido tratamento; ao passo que a
administração somente da budesonida implicará somente numa resposta anti-inflamatória que,
por sua vez, não será tão eficiente devido a menor área de atuação da droga através da
inalação aos brônquios obstruídos já que estes se encontram contraídos devido à ação dos
mediadores inflamatórios.
3.1 Intervenção farmacêutica
A intervenção farmacêutica ocorreu em duas etapas simultâneas. A primeira consistiu
num processo de ensino sobre a correta utilização do medicamento através de uma palestra
em cada posto de enfermagem com as técnicas e enfermeiras e com o auxiliares de farmácia,
inclusive abordando a importância da ordem de administração das cápsulas, onde ao final de
cada palestra reforçava-se o compromisso da farmácia com a prestação contínua de
informações sobre o uso de todo e qualquer medicamento, além dos materiais medico
hospitalares e contrastes, onde poderia estar entrando em contato com o farmacêutico a
qualquer hora para sanar possíveis dúvidas.
Já a segunda etapa consistiu em fracionar as doses de Foraseq®, ou seja,
acondicionavam-se as duas cápsulas do medicamento, Figura 2, em um mesmo invólucro de
plástico transparente, o qual desempenha a função de embalagem secundária. Em uma dos
lados do invólucro adicionava-se uma etiqueta autocolante com informações sobre o nome do
medicamento, concentração, lote e validade. Dentro desta embalagem secundária era
acrescentado um informativo de como deveria ser realizada a administração do medicamento,
Figura 3, o qual era de fácil entendimento e rápida leitura. Este informativo ficava visível
mesmo com a embalagem secundária do medicamento lacrada.
Figura 2 – Informações disponibilizadas na parte posterior dos blisters (embalagem primária)
do medicamento Foraseq® com as respectivas informações. Março/2015.
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados disponíveis na internet.
Figura 3 – Frente e verso do informativo adicionado à embalagem secundária durante
fracionamento do medicamento Foraseq® e o adesivo autocolante. Agosto/2014.
Fonte: Elaboração própria, agosto/2014.
Legenda :* número retirado para preservar o anonimato do hospital.
Assim, o medicamento era dispensado pela farmácia conforme demonstra a Imagem 1,
a fim de prevenir futuros erros.
Imagem 1 – Medicamento Foraseq® fracionado pela Farmácia Hospitalar. Agosto/2014.
Fonte: Arquivo pessoal, agosto/2014.
4 CONCLUSÃO
Conclui-se que o aperfeiçoamento de medicamentos já existentes ajuda no tratamento
farmacológico desde que este aperfeiçoamento seja bem compreendido por aqueles que farão
uso. Assim, o profissional farmacêutico está habilitado a difundir estes conhecimentos tanto à
população como aos outros profissionais da saúde.
Os principais erros de medicação associados com novas apresentações ocorrem,
geralmente, quando se modifica a concentração, a apresentação e até mesmo a via de
administração de um medicamento já conhecido pela população. No ambiente hospitalar, a
intervenção farmacêutica é uma prática muito útil na redução de erros medicamentosos, sendo
imprescindível que haja a interação entre os profissionais de saúde.
Espera-se que este estudo consiga sensibilizar, nos profissionais farmacêuticos, a
necessidade da implantar do Centro de Informações de Medicamentos. Sugere-se que futuros
estudos busquem estudar outras possíveis falhas durante a administração dos medicamentos
no ambiente hospitalar e suas implicações ao tratamento farmacológico.
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