Comportamento Microestrutural de Barreiras Compactadas para Contenção de Lixiviados Ácidos Amanda Lange Salvia Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Brasil, [email protected] Juliana Grazziotin Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Brasil, [email protected] Rafael de Souza Tímbola Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Brasil, [email protected] Eduardo Pavan Korf Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Brasil, [email protected] Pedro Domingos Marques Prietto Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, Brasil, [email protected] RESUMO: A contaminação de solos e águas por resíduos ácidos é uma realidade constante, foco de grande preocupação ambiental. Ao percolar pelo perfil do solo, estes contaminantes acabam perturbando a sua estrutura, podendo aumentar a condutividade hidráulica de barreiras compactadas de fundo de aterros para contenção destes resíduos. Mesmo com a adição de cimento Portland, que representa uma técnica para neutralizar o pH e reter os contaminantes, este aumento da condutividade pode ocorrer, por isto a necessidade de estudos do ponto de vista microestrutural, frente à percolação de contaminantes ácidos ao longo do tempo. Este trabalho objetiva a avaliação do comportamento microestrutural de um solo argiloso residual compactado, com a adição de cimento Portland, através da determinação da porosidade, para fins de aplicação em barreiras impermeáveis de fundo em aterros de resíduos sólidos industriais e de mineração, quando percolado por lixiviado ácido e submetido à influência de carga estática vertical. O comportamento microestrutural é avaliado pela determinação da porosidade das amostras, antes e depois de serem submetidas a ensaio de condutividade hidráulica de longa duração, com percolação de ácido sulfúrico 2%. As amostras obtidas dos corpos de prova ensaiados foram encaminhadas à análise de tomografia computadorizada e à porosimetria para avaliação da distribuição e dimensão dos poros. Os resultados prévios dos ensaios indicam que há redução da porosidade das camadas dos corpos de prova, em comparação com o valor teórico inicial. PALAVRAS-CHAVE: Cimento Portland, Condutividade Hidráulica de Longa Duração, Porosidade, Drenagem Ácida de Mineração, Solo Argiloso, Solo-cimento. 1 INTRODUÇÃO Águas residuárias provenientes da lixiviação de resíduos industriais e de mineração são importante fonte de impacto ambiental, principalmente devido a sua constituição ácida, o que pode acarretar em efeitos tóxicos aos organismos expostos e sua cadeia alimentar. O fato de estas águas residuárias possuirem pH ácido representa um grande agravante, pelo motivo de oferecerem elevada mobilidade a seus contaminantes dissolvidos e seu principal destino ser o solo. Além disso, em muitos casos essa disposição é realizada de forma inadequada, sem a utilização de técnicas de engenharia que proporcionem adequada contenção e tratamento dos poluentes (YONG et al. 1992; DANIEL, 1993; REPETTO, 1995; OGA, 1996; CARDOSO e CHASIN, 2001; COSTA, 2002; WOWK e MELO, 2005; RANA, 2006). Considerando os potenciais problemas causados devido a percolação de lixiviados ácidos em solos compactados, faz-se necessário o estudo de alternativas viáveis do ponto de vista tecnológico, ambiental e econômico, capazes de garantir a mitigação do fluxo desses poluentes no subsolo, buscando identificar uma condição ideal de durabilidade estrutural e de contenção química e física. Sob o ponto de vista reativo e de retardo dos contaminantes, alguns materiais tem sido estudados recentemente, com o objetivo de auxiliar o solo na retenção de contaminantes. Dentre os principais estudos encontrados na literatura, pode-se citar o uso de calcáreo, cimento Portland, cinzas e bentonita, seja na forma de mistura ou aplicação individual em solos compactados (BRODERICK e DANIEL, 1990; FAVARETTI et al., 1994; HUECKEL et al., 1997; WU e LI, 1998; WANG e TAO; 2004; JESUS et al., 2008; NOBRE et al., 2007; AMADI, 2011). A aplicação de compostos reativos à barreiras impermeáveis objetiva proporcionar ao solo maior durabilidade, resistência mecânica e a intempéries. Estes sistemas apresentam processos físicos, biofísicos, bioquímicos e geoquímicos que atuam como mecanismos capazes de retardar os contaminantes que os permeiam (PRIM et al. 2003). A adição de cimento Portland a este tipo de barreira resulta no aumento do pH e também das reações de sorção de metais do contaminante, buscando reduzir sua propagação para as águas subterrâneas. Estudos de Lemos (2006) e Knop (2007) comprovam que a adição de cimento Portland contribui na atenuação de contaminantes, diminuindo a sua mobilidade, reduzindo a condutividade hidráulica das barreiras e melhorando, assim, a capacidade da barreira em controlar ao mesmo tempo as componentes difusiva e advectiva do transporte de contaminantes. Embora muitos estudos abordem o comportamento de barreiras compactadas quando submetidas à ação de contaminantes, são poucos os que exploram os aspectos microestruturais dos materiais componentes das barreiras e quais modificações ocorrem ao longo do processo de percolação do contaminante. Estes aspectos microestruturais referem-se principalmente à porosidade do solo compactado, que pode ser determinada através de duas técnicas: porosimetria e tomografia. A técnica de determinação da porosidade por intrusão de mercúrio (PIM) é muito vantajosa, pois fornece a densidade, distribuição do tamanho, volume dos poros e área específica do material. Além disso, o ensaio de porosimetria fornece curvas como a de acúmulo de volume intrudido na amostra e a de distribuição dos diferentes diâmetros de poros, em que é possível obter, para um determinado diâmetro de poro, as porcentagens, em relação ao volume de vazios total da amostra, dos poros de diâmetro maior ou menor que o considerado (MCDONNEL & WALSH, 1988; OLIVEIRA, 2006; YOUNG, 2010). Já a técnica de tomografia computadorizada (µ-CT) tem sido utilizada para os seguintes fins: medir a densidade e porosidade do solo, a distribuição e tamanho dos poros, determinação da constituição mineral, entre outros. Além disso, esta técnica é não destrutiva, o que possibilita avaliar modificações temporais da estrutura do solo em uma mesma amostra, o que não é possível com técnicas tradicionais. (OLSEN et al., 1999; MOONEY, 2002; PIRES et al., 2005; FERNANDES et al., 2007; FOURIE, et al., 2007; TAINA et al., 2012; LUO et al., 2008; ALLAIRE et al., 2009; KÖHNE et al., 2009; PIRES et al., 2010; ANDERSON e LIU, 2011; ILLMAN et al., 2011). Neste contexto, este trabalho apresenta o objetivo de avaliar o comportamento microestrutural de um solo argiloso compactado, com a adição de cimento Portland, através da determinação da porosidade, para fins de aplicação em barreiras impermeáveis de fundo em aterros de resíduos sólidos industriais e de mineração. 2 METODOLOGIA 2.1 Materiais 2.1.1 Solo de estudo O solo utilizado para este estudo foi coletado no campo experimental de Geotecnia da Universidade de Passo Fundo (UPF), localizado na cidade de Passo Fundo/RS, sul do Brasil. As coordenadas geográficas do local de coleta de solo são: S 28º 13’ 35,7”; W 52° 23’ 14,46” em uma altitude de 698 m. O solo de estudo é um material residual de basalto e pertence à província geológica do planalto rio-grandense, segundo a geologia do Rio Grande do Sul, e à bacia do Paraná segundo a geologia do Brasil (BERTORELLI & HARALYI, 1998), que recebeu derrames vulcânicos de basalto, no período mesozóico sobre um pacote de rochas sedimentares. Segundo Streck et. al., (2008) a classificação pedológica é de um Latossolo Vermelho Distrófico húmico (unidade Passo Fundo). Estes solos são muito profundos, drenados e altamente intemperizados, apresentando uma sequência de horizontes A-Bw-C, em que Bw é do tipo latossólico. Por serem muito intemperizados tem predomínio de caulinita e óxidos de ferro, o que lhes proporciona baixa CTC (< 17 cmol.kg-1), acentuada acidez e baixo estoque de nutrientes. A caracterização química e geotécnica quanto aos índices físicos e granulometria do horizonte B deste solo está apresentada na Tabela 1. Os resultados permitem verificar o baixo teor de matéria orgânica, o alto teor de argila e o pH ácido. A área superficial específica (ASE) encontrada foi de 33,86 m².g-1 e permite caracterizar o solo como um material Caulinítico, próximo da faixa sugerida por Yong et. al. (1992). Vale destacar também que a composição da fração areia é formada por quartzo. Tabela 1. Caracterização geotécnica e química do Solo em estudo. Parâmetro Valor Argila (%) 67 Silte (%) 5 Areia (%) 28 Limite de Liquidez (%) 53 Limite de Plasticidade (%) 42 Índice de Plasticidade 11 Peso específico real dos grãos 26,70 (kN/m³) Umidade Natural (%) 34,62 Peso específico natural (kN/m³) 16,30 Índice de Vazios 1,19 Grau de Saturação (%) 75,70 Porosidade (%) 54 pH (H2O) 5,00 Matéria Orgânica (%) 0,80 CTC (cmolc/dm³) 12,50 Permeabilidade (m/s) 1,39x10-5 ASEinterna+externa (m2/g) 33,86 *Área Superficial Específica 2.1.2 Cimento Os teores de cimento Portland utilizados foram de 0, 1 e 2% em relação à massa seca, uma concentração comumente utilizada na prática e que não representaria um investimento econômico muito alto. O cimento é composto de clínquer e adições. A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABPC, 2002) apresenta a sua composição como sendo de 95-100% de clínquer e gesso e 0-5% de material carbonático. 2.1 Métodos O comportamento microestrutural foi avaliado pela determinação da porosidade das amostras, antes e depois de serem submetidas à ensaio de condutividade hidráulica de longa duração realizados por Tímbola (2014), percolando ácido sulfúrico em concentração volumétrica de 2%. Também foram realizados ensaios brancos, apenas com a percolação de água destilada. Tímbola (2014) realizou ensaios de condutividade hidráulica de longa duração com percolação até estabilização da condutividade hidráulica, com pelo menos 10 volumes de vazios. Segundo seu planejamento, adotou faixas das variáveis de teor de cimento e peso específico, de acordo com as Tabela 2, o que caracterizou um experimento fatorial 2k, sem pontos axiais. Tabela 2. Planejamento experimental. Corpo de Peso específico de Teor de Prova compactação cimento (%) (CP) (kN/m³) 1 0 15,5 2 1 15,0 3 1 15,0 4 0 14,5 5 1 15,0 6 2 15,5 7 1 15,0 8 2 14,5 Por limitação de tempo, foram realizadas análises com determinados corpos de prova até o momento, com o intuito de verificar amostras ensaiadas com e sem a percolação de contaminante. Os resultados apresentados são preliminares, já que os ensaios ainda estão em andamento. Tem-se resultados dos CPs 1, 4, 6 e 8 “brancos” e dos CPs 2, 3 e 5 com percolação do contaminante. Os corpos de prova ensaiados pelo autor foram, na sequência, seccionados em 3 camadas (denominadas Superior, Meio e Inferior, considerando fluxo descendente). Como preparação para as análises microestruturais, as amostras de cada camada do corpo de prova foram segmentadas em formato prismático, com dimensões aproximadas de 2,0 cm x 0,7 cm x 0,7 cm. Estas amostras foram preservadas da umidade em dessecador e acondicionadas em recipiente fechado com silicagel durante o transporte até o laboratório de análise. Segundo Martínez (2003) e McDonnell e Walsh (1988), o método de porosimetria visa determinar o espectro de dimensões dos poros, injetando-se mercúrio sob pressão crescente em uma amostra de solo previamente seca e submetida à vácuo e medindo-se o volume de líquido penetrante em função da pressão aplicada. Já a tomografia computadorizada de raios-x baseia-se na absorção/transmissão de raios-x, onde as distintas partes de uma amostra absorvem a radiação de forma diferente. A análise de porosimetria foi realizada na Universidade de São Paulo, no laboratório de Caracterização Tecnológica do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo, com um porosimetro Autopore IV – Marca Micrometrics, enquanto que o procedimento de tomografia foi realizado no laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em um microtomógrafo de raios-x, modelo 1172, marca Skycan. Para a análise de porosimetria, inicialmente introduziu-se a amostra em um porta-amostra com selante para mantê-la presa. Este é inserido no equipamento para a análise, com pressão zerada (vácuo). O processo de intrusão de mercúrio na amostra se dá, então, em duas etapas, uma de baixa pressão e outra de alta pressão, buscando atingir mesoporos e microporos, respectivamente. O ensaio fornece resultados de volume de mercúrio intrudido em relação ao teor de material presente nos corpos de prova. O diâmetro dos poros é determinado através de relação entre o diâmetro dos poros e a pressão aplicada. Na análise de tomografia, a amostra foi inserida em um porta-amostra baseado em uma haste fixada à amostra, de modo a evitar qualquer movimento desta durante a análise. Em seguida, a haste com a amostra foi inserida ao microtomógrafo para realização da análise, que é dividida em 3 fases: (1) Aquisição de dados; (2) Reconstrução da imagem; (3) Parametrização e Modelagem. A etapa de parametrização foi realizada com o auxílio do software CTan®, em que foi considerada uma região de interesse que resultou em um volume analisado de cerca de 100 mm³, subdividido em cerca de 60 sessões. Para realização da parametrização, o software realiza um tratamento da imagem a partir de uma binarização, utilizando diferentes tons de cinza visualizados e por segmentação do limiar de tons correspondentes. Por este processo de binarização o software realiza a quantificação do volume de sólidos, volume de cimento, volume de poros observados e da consequente porosidade do material. 3 Amostras CP1B 0 % cimento, 15,5 kN/m3 CP4B 0 % cimento, 14,5 kN/m3 CP6B 2 % cimento, 15,5 kN/m3 CP8B 2 % cimento, 14,5 kN/m3 Porosidade das amostras moldadas 0,412 0,446 0,425 0,462 Amostras Superiores Porosidade Teórica 0,356 0,392 0,368 0,394 PIM 0,341 0,383 0,385 0,408 µ-CT 0,345 0,389 0,381 0,402 Limiar 68 62 65 69 RESULTADOS E DISCUSSÕES Amostras Meio A análise dos diâmetros dos poros das amostras ensaiadas, de acordo com a análise de porosimetria (PIM), indica que estes estão dentro da faixa de microporos, segundo classificação de Metha e Monteiro (1993), em torno de 12 ηm. Já a distribuição do diâmetro dos poros, segundo a técnica de tomografia (µ-CT), variou de 20 µm a 30 µm. Em comparação com a PIM, pode-se dizer que a µ-CT abrangeu em sua análise apenas a fração de macroporos, desconsiderando, portanto, o diâmetro dos poros equivalente aos microporos. Na técnica de tomografia, é realizada binarização e segmentação binária, buscando definir-se o limiar de tons de cinzas que corresponde, por exemplo, aos poros. As Tabelas 4 e 5 apresentam os resultados de porosimetria para os CPs “branco” e com percolação de contaminate, respectivamente. Estas tabelas apresentam os resultados das análises de µ-CT e PIM, também em comparação com os valores teóricos, sendo apresentado o limiar de tons de cinza considerado para calibração. Tabela 4: Análise da porosidade por µ-CT em relação à porosidade obtida por PIM, para amostras Branco Amostras Peso específico seco das amostras moldadas (kN/m3) CP1B 0 % cimento, 15,5 kN/m3 15,69 CP4B 0 % cimento, 14,5 kN/m3 14,79 CP6B 2 % cimento, 15,5 kN/m3 15,35 CP8B 2 % cimento, 14,5 kN/m3 14,36 Porosidade Teórica 0,367 0,366 0,366 0,411 PIM 0,356 0,386 0,366 0,404 µ-CT 0,358 0,384 0,361 0,407 Limiar 67 66 68 71 Amostras Inferiores Porosidade Teórica 0,389 0,426 0,374 0,394 PIM 0,387 0,409 0,382 0,359* µ-CT 0,384 0,405 0,376 0,393* Limiar 66 62 72 63* *Valor calibrado, conforme valor teórico, devido disparidade entre os valores de porosidade e limiar. Tabela 5: Análise da porosidade por µ-CT em relação à porosidade obtida por PIM, para CPs 2, 3 e 5 Amostras CP2 1 % CP3 1 % CP5 1 % cimento, 15 cimento, 15 cimento, 15 kN/m3 kN/m3 kN/m3 Peso específico seco das amostras moldadas (kN/m3) 14,5 14,1 14,7 Porosidade das amostras moldadas 0,458 0,443 0,449 Amostras Superiores Porosidade Teórica 0,545 0,532 0,581 PIM 0,42 0,406 0,397 µ-CT 0,241 0,228 0,25 Limiar 52 49 49 Amostras CP2 1 % CP3 1 % CP5 1 % cimento, 15 cimento, 15 cimento, 15 kN/m3 kN/m3 kN/m3 Amostras Meio Porosidade Teórica 0,509 0,526 0,538 PIM 0,376 0,364 0,384 µ-CT 0,268 0,232 0,212 Limiar 63 62 60 Amostras Inferiores Porosidade Teórica 0,499 0,521 0,426 PIM 0,355 0,383 0,307 µ-CT 0,189 0,223 0,174 Limiar 54 56 61 Ainda pela Tabela 4, observa-se redução da porosidade em todas as camadas, em comparação à porosidade das amostras moldadas, o que pode acontecer devido modificações sofridas ao longo do ensaio, em decorrência da aplicação de carga estática vertical, por exemplo. Observa-se também que, de maneira geral, os valores de PIM obtidos apresentaram-se próximos, mas um pouco abaixo dos valores teóricos das amostras. Isso pode ter ocorrido devido limitação da técnica uma vez que não se atingiu por completo a fração de microporos das amostras. Destaca-se que foram obtidos valores maiores de porosidade para menores valores peso especifico, com variação dos limiares de 62 a 72. A Tabela 5 expressa os mesmo resultados, porém para os corpos de prova com percolação de ácido. Os resultados de porosidade mostram que este parâmetro apresenta redução após a percolação do contaminante e em comparação as amostras “branco”, como esperado. Além disso, esta redução apresenta maior magnitude para as amostras ensaiadas pela técnica de tomografia quando comparada com os valores teóricos e de porosimetria. Uma das possíveis explicações para esta diferença entre tomografia e porosimetria é que esta última técnica pode provocar o aumento do tamanho dos poros ao serem preenchidos por produtos de reações químicas entre o contaminante e as partículas de solo-cimento. Outra possível razão é o fato da análise de tomografia avaliar somente a fração de macroporos, o que pode representar uma limitação da técnica. O valor de limiar para estas amostras variou de 49 a 63, sendo menor justamente em função dos valores de porosidade menores. Além disso, verificaram-se maiores valores de porosidade para as amostras superiores e menores valores para as inferiores, mas ainda não há aspectos conclusivos para discutir estas mudanças. Tímbola (2014) obsevou redução da condutividade hidráulica ao longo do tempo em seus ensaios com percolação de contaminante, quando comparada aos ensaios “brancos”. Este fato corrobora os resultados desta pesquisa, sendo esta redução de condutividade consequencia da redução dos índices de vazios no corpo de prova. 4 CONCLUSÃO Os resultados prévios dos ensaios permitem concluir que há redução da porosidade de todas as camadas dos corpos de prova, em comparação com o valor teórico inicial, após a percolação de contaminante. Isto possivelmente ocorreu devido à hidratação do cimento e ocupação de parte do volume dos poros com os seus produtos, bem como devido a recalques na amostra com a aplicação de carga estática vertical e reação com o contaminante. Tal redução de porosidade foi mais expressiva para a técnica de tomografia quando comparada à técnica de porosimetria. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPQ (Proc. n. 486340/2011-2, 309105/2011-0 e 486506/20134), CAPES e FAPERGS (Proc. n. 10/0030-9 e 11/2041-4) pelo suporte financeiro para o desenvolvimento das pesquisas. REFERÊNCIAS Allaire, S. E.; Roulier, S.; Cessna, A. J. 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