EXISTE UMA DIFERENÇA ENTRE ENSINAR RESPONSABILIDADE AOS NOSSOS FILHOS E FAZER DELES NOSSOS
SERVOS.
“Certa noite, quando eu estava na casa de alguém para uma
reunião, percebi a filha deles, de doze anos, dando um telefonema
que claramente era para a mãe. Quando ela terminou aquela
chamada, a mãe pediu que fizesse outro telefonema. Quando
terminei minha reunião, perguntei à mãe por que a filha estava
fazendo aquelas chamadas. Ela respondeu que achava que isso
ajudava a filha a adquirir responsabilidade. Eu disse à mãe que pelo
que pude ver, a menos que ela sofra de um problema para falar e
portanto seja incapaz de dar o telefonema, se ela pedir a uma
criança para fazer uma chamada que evidentemente é sua, o que ela
está ensinando é como transferir responsabilidades.
Estudos mostram como as crianças se sentem quando seus pais lhes dão responsabilidades: Quando os
pais lhes pedem para fazer diferentes tarefas – um telefonema, ir a uma loja, etc. – e o serviço é em prol da
criança ou para a família como um todo, isso ensina responsabilidade à criança. Quando a tarefa é claramente
para a conveniência do pai ou da mãe, a criança se sente usada e isso ensina transferência de responsabilidade.
No futuro, estas crianças simplesmente pedirão aos irmãos mais novos para fazerem as tarefas por elas. Essa
experiência lhes ensina que os mais velhos e mais fortes têm permissão para explorar os mais jovens e mais
fracos.
Existe diferença entre o tema "responsabilidade versus escravidão". Primeiro, quando uma criança é
solicitada a fazer alguma coisa pela família, por exemplo, se todos tomam parte, ela não se sente usada; se há
uma festa e você pede a cada filho para dedicar algum tempo e fazer algo, isso é considerado como esforço em
comum. Mesmo quando há tarefas domésticas, se elas forem divididas com alguma justiça a criança geralmente
as fará sem ressentimento. Se meninos e meninas na família estão em escolas com horários diferentes, e os
meninos ajudam quando estão em casa e as meninas fazem sua parte quando estão disponíveis, as crianças
sentem que isso é justo e não reclamam.
Em segundo lugar, é importante fazer as crianças sentirem que não são apenas doadores, mas também
receptores da ajuda com a qual espera-se que contribuam. Por exemplo, quando você pede a uma criança
maior para ajudar a mais nova nas tarefas escolares, você pode também prometer à mais velha que a ajudará
com o dever quando a menor estiver na cama e a casa estiver mais quieta. Isso ensina que o mais forte ajuda o
mais fraco, e os maiores ajudam os menores.
Em terceiro lugar, os pais precisam tratar os filhos como filhos – não como substitutos dos cônjuges.
Uma mulher não pode dizer: "Meu marido chega em casa tarde e não pode me ajudar, então meus adolescentes
me ajudarão no lugar dele." Há muitos anos, quando os pais saíam para a guerra ou para trabalhar distante de
casa, eles diziam aos filhos pequenos: "agora você é o homem da casa" ou "tome conta de sua mãe". Uma
criança de seis anos não consegue lidar com esta responsabilidade, e hoje nem uma de 16 anos consegue fazer
isso. Um pai que pede e espera que um filho faça o trabalho de um adulto está se aproveitando.
Nada disso nega o fato de que podemos esperar que nossos filhos ajudem em tempos de crise – em
caso de doença, gravidez ou tragédia, Deus não o permita. Mas mesmo em tempos como esses, quando um pai
sente a necessidade de dar responsabilidade adicional a uma criança, isso não deve ser feito de maneira
ditatorial, mas sim como um pedido com uma explicação. Um pai pode dizer ao filho: "Eu sei que isso não é
sua responsabilidade, mas esta é a ajuda que precisamos agora. – um ato de bondade – o filho ajudar o pai.
Em conclusão, quando pedimos aos nossos filhos para ajudarem, devemos nos perguntar:
1) De quem é o trabalho que estou pedindo à criança para fazer?
2) Estou dando esta tarefa à criança para ensinar responsabilidade ou estou me esquivando à minha própria ?
Um pai que pode responder estas perguntas sinceramente dizendo que está fazendo isso pelo bem da criança,
estará de fato ensinando responsabilidade a seus filhos.
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Ensinando Responsabilidades