CREPÚSCULO VERMELHO Uma reunião de Bombeiros aposentados. Uma homenagem promovida pelos Bombeiros em atividade. Perfilados, lá estavam eles novamente, como tantas vezes. Aguardavam, como outras tantas, em vigília, o soar do alarme. E ele soou de novo. Pareceu tão igual. Mas desta vez foi diferente. O que era para ser apenas uma simulação de um aviso de incêndio, foi uma senha. Uma senha que abriu as comportas de uma represa. Ao som do alarme juntaram-se as sirenes e as luzes da viaturas postadas à sua frente. E o tempo parou. E um turbilhão de lembranças, emoções e saudades extravasou da alma de cada um. Durante aqueles poucos segundos as lembranças fluíram livres e indóceis, impelidas pelo cenário arquitetado. Corações constritos, gargantas oprimidas, lágrimas contidas e umas poucas disfarçadas. Foi quase uma viagem no tempo. Sim seus companheiros estavam ali. E como deve ter sido bom revê-los, trocar abraços, lembranças e palavras amigas. Mas faltou um abraço, faltou uma palavra amiga, para um amigo especial. Certamente único e especial para todos. Para o amigo comum, fiel escudeiro, para sempre único e verdadeiro: o caminhão vermelho. Por que ele também estava lá, um pouco mais renovado, é bem verdade, mas era, em essência, o mesmo caminhão vermelho de sempre. Se é exagero dizer que faltou um abraço e até uma conversa com esse amigo maior, talvez não seja exagero admitir que intenções, emoções e sentimentos dessa ordem tenham acontecido. Verdade dessa ordem, se neste dia ocorreu nunca saberemos. Certeza dessa ordem talvez só no futuro, por experiência própria, poderemos revelar. Álvaro Maus Ten Cel BM