Série: “A URGÊNCIA DO APOCALIPSE”
Grupos Pequenos Batista Gênesis
Autor Pr. Harry Tenório
Lição 2 – UMA REVELAÇÃO QUE PRODUZ CONSOLO E SEGURANÇA
Texto:
(Apocalipse 2.8) – “Ao anjo da igreja de Esmirna escreva: Estas são as palavras daquele que é o primeiro
e o último, que morreu e tornou a viver”.
Ponto Saliente
“Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está sobre nós por toda a vida. O choro pode durar
uma noite, mas a alegria vem pela manhã”.
Salmos 30.5
Considere
 O cristão tem a revelação de Deus ao seu dispor.
 Se pouco é revelado é porque poucos buscam revelação.
 A revelação nos traz segurança e produz consolo e alegria na tribulação.
Desenvolvimento
Durante o período em que Paulo ficou em Éfeso na sua terceira viagem evangelística, os habitantes da
Ásia ouviram o evangelho de Jesus (Atos 19.10). Pedro incluiu os habitantes da Ásia entre os destinatários
de sua primeira carta (1 Pedro 1.1). É bem possível que a igreja em Esmirna, uma cidade situada
aproximadamente 65 km ao norte de Éfeso, esteja incluída nestas citações. Mas, a primeira vez que ela é
identificada por nome é nas citações no Apocalipse. Por isso, não temos informações específicas sobre esta
igreja, além dos quatro versículos desta carta ao anjo da igreja em Esmirna. O pouco que sabemos é
positivo. Esta carta elogia e encoraja, sem oferecer nenhuma crítica dos cristãos em Esmirna.
Esmirna significa mirra. A mirra é a resina perfumada produzida pela árvore de mesmo nome ao ser ferida.
A mirra é usada na produção de perfume. Foi também um componente do óleo da unção, na época de
Moisés e um dos presentes levados pelos magos ao menino Jesus. A substância tornou-se símbolo de
amargura e sofrimento.
O nome daquela cidade da Ásia Menor era bastante adequado à realidade da igreja que ali se encontrava:
um povo sofredor que, em meio às aflições, exalava o bom perfume de Cristo.
Ao Anjo da Igreja em Esmirna (Apocalipse 2.8-11):
É importante observar que Deus respeita a hierarquia no apocalipse, quando em todas as cartas as igrejas
ela é dirigida ao pastor, que aqui leva o título de “anjo da igreja”.
A igreja em Esmirna (8):
Transformando Vidas Através do Amor
Hoje conhecida com Izmir, a terceira maior cidade da Turquia e o segundo mais
importante porto do país, Esmirna era uma cidade antiga de uma região habitada durante milhares de
anos antes de Cristo. A antiga cidade foi destruída pelos lídios em 600 a.C. e reconstruída pelos gregos no
final do 4º século a.C. A cidade ganhou nova vida, e pode ser descrita como uma cidade que morreu e
tornou a viver. Aqui vai uma identidade forte entre esta cidade e o Senhor. Na abertura da carta a igreja de
Esmirna, ele se identifica como o que morreu e reviveu. A ressurreição de Cristo, portanto, é uma das
convicções atribuídas a esta carta, e um dos elementos pilares do cristianismo. Por isto se identifica na
abertura como princípio e o fim (o que começa e termina, ou o que abre e fecha), o que morreu e
ressuscitou. A revelação produz consolo, o recado implícito aqui é o da força. Ao lembrar sua ressurreição
o Senhor desejava mostrar que não havia fracassado diante da morte. Sendo fiéis, teriam a mesma sorte, a
mesma esperança (8).
Durante o domínio romano, Esmirna se tornou um centro de idolatria oficial, conhecida como Guardião do
Templo (grego, neokoros). Foi a primeira cidade da Ásia a construir um templo para a adoração da cidade
(deusa) de Roma (195 a.C.). Em 26 d.C., foi escolhida como local do templo ao imperador Tibério. Foram
descobertas imagens na praça principal da cidade de Posêidon (deus grego do mar) e de Deméter (deusa
grega da ceifa e da terra).
Na época do Novo Testamento, Esmirna provavelmente tinha uma população de aproximadamente
100.000. Por ser um porto excelente, facilitando o comércio entre a Ásia e a Europa, era uma cidade
próspera.
Conheço a tua tribulação e pobreza (mas tu és rico) (9):
O evangelho tem sido apresentado de uma forma romântica e enganosa nos dias atuais. Hoje, muitas
pessoas têm um conceito fantasioso sobre o cristianismo, como se este garantisse um paraíso na terra. E,
lógico, isto é um plano de Satanás para deixar a igreja sem revelação profética do seu papel na terra. Com
esta doutrina impregnada no coração, o cristão não se prepara para os combates e as batalhas espirituais
que surgirão. Desprevenidos, cristãos assim se tornam alvo fácil do inimigo. Por isto, não raro podemos
encontrar cristãos sem esperança, sem alegria, embriagados por um evangelho que não o capacitou para
“lutar e vencer”, quando esta é a verdadeira face do cristianismo. A bíblia nos compara a sal da terra e luz
do mundo (Mt 5.13-14), e este papel é incômodo. Por si só ele já produz a necessidade de uma mudança
no ambiente onde estamos, e isto certamente produz reações, rejeições e combates tanto no plano
humano como espiritual. Satanás não perde terreno sem reagir, mas o importante é que temos uma
palavra profética de vitória sobre ele.
Aquela igreja, como tantas outras, conhecia muito bem o trabalho árduo, a tribulação e a pobreza, embora
fosse espiritualmente rica. A riqueza material não é, em si mesma, maligna, mas o erro está em colocá-la
em evidência, tornando-a prioritária, como se o simples aceitar a mensagem do evangelho estivesse a ela
vinculado. É o que acontece com a falsa doutrina da prosperidade. Certamente, alguns crentes atuais, se
vivessem naquela época, pediriam sua transferência para a congregação de Laodicéia que era uma igreja
rica.
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Jesus vê o sofrimento de seus seguidores. Da mesma maneira que ele se compadeceu
dos angustiados na terra durante o seu ministério (veja Marcos 1.41), ele olhou com compaixão para
aqueles que sofriam em Esmirna. Mesmo assim, ele não os poupou de toda a dor, como veremos no
versículo 10. A palavra “tribulação”, aqui, significa pressão que vem de fora.
Apesar de morarem numa cidade próspera, os cristãos em Esmirna eram pobres. Provavelmente sofriam
discriminação por causa da fé, e assim se tornaram pobres. É bem possível, também, que tivessem
sacrificado seus recursos em prol do evangelho, como os macedônios fizeram para ajudar os irmãos
necessitados alguns anos antes (veja 2 Coríntios 8.1-9). Mas a pobreza material não tem importância
quando há riqueza espiritual (veja 3 João 2). A situação dos discípulos em Esmirna era muito melhor do que
a da igreja em Laodicéia, que se achava rica apesar de sua pobreza espiritual (Ap 3.17).
Pausa para reflexão:
 Se Deus hoje lhe aparecesse e lhe desse o direito de escolha entre duas oportunidades, a primeira
de ser muito rico e não ser cheio do Espírito Santo, a outra ser pobre mais ser cheio do Espírito
Santo de Deus, qual seria escolha?
A blasfêmia dos falsos judeus (9):
Blasfemar é praguejar, falar mal. A blasfêmia aqui está associada à perseguição dos falsos Judeus, que
produzindo difamação contra os cristãos, foram chamados de falsos judeus. Ao investirem contra os
cristãos da igreja primitiva, deixaram de ser verdadeiros judeus e descendentes espirituais de Abraão (veja
João 8.39-47; Romanos 2.28-29), eram servos de Satanás, o principal mentiroso e acusador dos fiéis (1.:910; João 8.44).
Não temas as coisas que tens de sofrer o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós (10):
No meio da carta, aparece Satanás. Gostaríamos que seu nome não estivesse ali, assim como não
queremos considerar a possibilidade de sua interferência ou intromissão em nossas vidas. Alguns irmãos
até imaginam que possam estar muito distantes da ação do inimigo, apenas por estarem desenvolvendo o
cristianismo. Entretanto, somos soldados, estamos numa guerra espiritual, e a proximidade do inimigo não
nos deve parecer estranha. O Diabo lançaria alguns daqueles cristãos na prisão. Pode parecer incrível que
ele possa fazer algo assim na vida do crente, mas, nesse caso, o fator determinante é a permissão divina
em função dos seus propósitos soberanos. O texto não está se referindo à prisão espiritual, mas natural.
Naquele tempo, o imperador romano estava perseguindo a igreja, prendendo os cristãos e matando
muitos deles.
Esse quadro é bastante contrário à cosmovisão de alguns crentes hoje, que baseados num conceito
distorcido de batalha espiritual, supõem que repreendendo Satanás possam resolver todos os problemas
da vida. Existem casos em que a repreensão é apropriada, como nas possessões demoníacas, por exemplo.
Precisamos, porém, estar conscientes de que algumas situações são determinadas por Deus e não poderão
ser evitadas ou interrompidas. Lembremo-nos da história de Jó que, por permissão divina, foi afligido pelo
inimigo. Lembremo-nos da perseguição sofrida por José, pelos irmãos, pela esposa de Potifar, da
escravidão e a cadeia pelas quais teve que passar antes do cumprimento das promessas. Porém, o
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importante é que há muito consolo e esperança para o cristão que sofre. O último estágio de todos os que
sofrem na presença de Deus e guardam sua fidelidade a ele, é sempre apoteótico. A alegria e a vitória
irromperão, e isto é tão certo como o clarear da alva a cada manhã.
O conforto oferecido por Jesus não é o livramento do sofrimento. Ele anima os discípulos em Esmirna a
não desistirem diante das tribulações que certamente viriam. Covardes não têm esperança em Cristo (Ap
21.8). Pessoas que fogem da sua responsabilidade diante de Jesus por medo de sofrer não são dignas da
comunhão com ele. Pessoas que ensinam que o servo fiel será próspero e livre de sofrimentos nesta vida,
não acreditam nas palavras que Jesus mandou à igreja em Esmirna! O diabo é visto como a fonte da
perseguição. Alguns seriam presos, provavelmente aguardando julgamento e possível morte.
Para seres postos à prova, e tereis tribulação de dez dias (10)
O efeito da tribulação seria o de provar a fé desses cristãos. A sua lealdade a Cristo seria testada sob
ameaças de morte. Mas a perseguição não continuaria para sempre. Dez dias sugere um tempo curto mas
completo. Seria uma provação completa, mas teria um fim.
Por ter vínculos tão fortes com a idolatria oficial de Roma, Esmirna se tornou uma cidade perigosa para os
cristãos. Esta carta fala sobre perseguições que viriam. Até décadas depois do Apocalipse, perseguições
atingiram seguidores de Cristo na cidade.
Pausa para reflexão:
O propósito da tribulação - Estamos diante de um aspecto que não pode ser plenamente compreendido ou
explicado. Contudo, podemos propor algumas reflexões sobre os propósitos da tribulação. Paulo disse que
a tribulação produz paciência, experiência e esperança (Rm.5.3-4). As situações difíceis que enfrentamos
têm por objetivo nos ensinar muitas lições e desenvolver em nós virtudes e habilidades que, de outra
forma, não teríamos. O atleta levanta pesos cada vez maiores afim de desenvolver seus músculos, sua
força e sua resistência. Da mesma forma, os desafios da vida podem nos tornar experientes, capazes e
maduros, com uma alma segura e vigorosa. Estes resultados não podem ser alcançados por quem vive
fugindo ou interrompendo seus exercícios.
Sabemos também que a tribulação revela quem é o falso cristão e quem é o verdadeiro, assim como, na
parábola de Jesus, a tempestade testou os alicerces das duas casas.
Na igreja de Esmirna havia uma mistura, conforme percebemos no texto. A tribulação seria a prova. Dali
sairiam os vencedores e os derrotados. Os falsos blasfemariam contra Deus, mas os verdadeiros
permaneceriam fiéis. O Senhor já sabe quem é trigo e quem é joio. Entretanto, a prova é necessária para o
auto-conhecimento e para o testemunho diante do mundo. Ser fiel enquanto tudo vai bem não causa
nenhum impacto nos ímpios. Todavia, se somos fiéis nas piores situações, então nosso testemunho se
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reveste de uma força impressionante. Tal testemunho também fará calar o próprio Satanás que, conforme
lemos no livro de Jó, vive nos observando e aguardando para assistir nossa infidelidade e nosso fracasso.
Sê fiel até à morte (10): O fim desta perseguição, para alguns, poderia ser a própria morte. Mesmo assim,
deveriam ser fiéis. Às vezes, arrumamos qualquer desculpa para não fazer algo que Deus pede. Mas nada,
nem a nossa própria vida, deve ser mais importante do que a nossa fidelidade a Deus.
E dar-te-ei a coroa da vida (10):
Até aqui Jesus vinha lançando uma palavra de consolo para a igreja, mas agora ele lança uma palavra de
segurança. Teremos vida eterna com Deus. O prêmio está anunciado, o nosso principado está próximo.
Aqui ele faz uma associação interessante, os ganhadores de uma prova no atletismo, por exemplo,
recebem uma coroa na cabeça, ele também nos promete uma, significando o prêmio da vida eterna. A
coroa da vida vem de Deus, o único que pode dar a vida (veja João 5.26; 14.6; 1 João 1.1-2). Aqueles que
amam a vinda de Jesus receberão a coroa da justiça (2 Timóteo 4:8).
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (11):
É uma palavra de chamamento que revela a urgência do chamado. Precisamos ouvir o que o Espírito Santo
diz a igreja.
O vencedor (11):
Aqui temos a aliança de compromisso entre Jesus e sua igreja. Seu compromisso está reservado aos
vencedores. Com quem não vence ele não tem compromissos.
De nenhum modo sofrerá dano da segunda morte (11):
Está aqui a mais espetacular segurança do cristão (20.6,14; 218). Os perseguidores poderiam até causar a
primeira morte, poderiam até produzir algum dano, mas os fiéis não sofrerão a segunda morte (veja
Mateus 10.28).
Conclusão
Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o discípulo de Jesus. Além das perseguições
pelos judeus, eles enfrentavam uma ameaça organizada pelo império e por outras religiões. A idolatria
oficial produzia uma profunda aversão aos cristãos, já que aufere muito lucro os beneficiários dela pela
venda de imagens e indulgências. Para vencer esta tentação, teriam que acreditar no poder daquele que já
venceu a morte. Mesmo se morressem, a vida eterna estaria garantida somente se mantivessem sua
confiança no eterno Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”.
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