PARA UMA REUNIÃO
DO CONSELHO PASTORAL
“Não podemos ir em frente com métodos que julgámos eficazes, com improvisações
pastorais, com ritmos de pura contenção, com procedimentos de fácil conservação. É
necessário colocar-se à escuta do futuro” (T. BELLO, Omelie e scritti quaresimali, 20/03/1983).
SERGIO LANZA, Per una riunione del Consiglio Pastorale, in “Servizio della Parola”
2001/327, pg. 33-43.
Não é inútil recordar, de forma sintética, alguns elementos substanciais tendo em vista
os Conselhos na vida pastoral da Igreja. Estes elementos constituem a grelha
criteriológica de fundo, a partir da qual se articulam e na qual se verifica a correcta e
profícua realização da actividade desses mesmos Conselhos.
REFERÊNCIAS FUNDAMENTAIS
1. O Conselho Pastoral é sinal e instrumento de uma Igreja que se compreende
como comunhão e fraternidade
O Conselho Pastoral reflecta a imagem dessa Igreja e também contribui, e muito, para
a criar. A raiz trinitária (communio), teológica (caritas), cristológica (diakonia) e
pneumatológica (charisma) permanece uma exortação abstracta e frustrante se não
encontra, nas realidades históricas da vivência eclesial, formas concretas – pelo
menos tendenciais – de realização: a Igreja edifica-se e age eficazmente apenas na
reciprocidade. A realização desta perspectiva nos Conselhos Pastorais não é
automática.
Uma re-união pode tornar-se – e frequentemente acontece – uma des-união, ou fixarse numa reciprocidade bloqueada. Isto depende de factores objectivos (as
modalidades com que o Conselho é constituído, é convocado e é conduzido) e/ou
subjectivos (as atitudes do membros), acerca dos quais voltaremos a falar.
2. O Conselho Pastoral é lugar da corresponsabilidade eclesial
Não se trata, na realidade, de um órgão com funções meramente organizativas; nem
de uma estrutura delineada segundo os critérios da democracia representativa (onde
os membros eleitos representam aqueles de quem receberam o voto); e muito menos
uma elite eclesial (um grupo de super leigos). Trata-se antes de uma realidade
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expressiva da responsabilidade testemunhal dos crentes diante de Deus em favor e
ao serviço da comunidade, para a sua edificação e missão.
Tal responsabilidade eclesial, de facto, não é responsabilidade de um ou de poucos,
mas toca a todos, de um modo diverso e articulado. Não funda – como às vezes
retoricamente se afirma – uma ministerialidade universal – mas dá figura à
fraternidade eclesial: “Na Igreja realiza-se uma forma de fraternidade recíproca e um
activo cuidado do outro, enquanto que ela constituiu a comunidade dos crentes que
juntos descobrem a iniciativa gratuita da universal convocação da humanidade para a
comunhão com Deus”.
3. O Conselho Pastoral é figura da visibilidade e comunicação eclesial
Na sociedade da informação, as realidades incapazes de se inserir significativamente
nos circuitos da comunicação estão fatalmente destinadas a desaparecer.
O Conselho Pastoral não só pode integrar as formas tradicionais (avisos no final da
Eucaristia, boletins paroquiais), mas permite também uma comunicação eclesial
menos marcada pela figura clerical. Pode, portanto, levar a voz e as iniciativas da
comunidade cristã ao debate cultural e social, superando a imagem difundida, que
produz marginalidade e subvalorização / deformação (por exemplo, uma paróquia
como agência de serviços).
Cada reunião do Conselho Pastoral deveria ter uma ressonância no território, de
modo a fugir à classificação de fenómeno voltado apenas para questões internas;
capaz, pelo contrário, de enfrentar as problemáticas da vida das pessoas do território
(naturalmente sob o específico perfil da visão crente e não ingerindo-se em âmbitos
que não são da competência de um organismo pastoral).
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PARA UMA REUNIÃO DO CONSELHO PASTORAL
1. A escolha dos membros do Conselho
Trata-se de um aspecto muito delicado, dado que, em rigor, todos os baptizados
poderiam reivindicar esse direito. Alguns critérios:
 Interesse pela missão da Igreja.
 Crentes e praticantes.
 Baptizados.
 Dispostos a seguir um curso de formação.
 Disponibilidade de tempo.
 Dispostos (e capazes de!) trabalhar com outros.
2. Atitudes e formação
No plano subjectivo, trata-se do modo como cada indivíduo considera a sua missão de
membro do Conselho. Alguns vêm-na como participação forte na condução da
comunidade e sentem-se investidos desse poder (e às vezes até adjudicam as
tarefas). Outros colocam-se num plano mais prático: dar o próprio contributo para se
tudo se possa desenrolar de uma maneira adequada e satisfatória. Outros ainda
sentem-se chamados a dar o contributo aos Pastores; não procuram a ribalta, mas
trabalham para que os presbíteros sejam aliviados de tarefas que não lhes são
próprias. Outros dão muita importância às reuniões e à partilha; outros privilegiam os
momentos de espiritualidade.
Dificilmente os membros escolhidos para um Conselho Pastoral receberam uma
formação que lhes permita desenvolver imediatamente, de forma idónea, o mandato
recebido. Antes de avançar com a agenda de reuniões do Conselho é necessária uma
fase de preparação, para que os membros tomem consciência daquilo a que foram
chamados. Tal formação tem, antes de mais, carácter espiritual. Porque o aconselhar
na Igreja é dom do Espírito: em quanto dom, não se pode presumir tê-lo, mas deve-se
pedi-lo na oração.
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No plano objectivo, isto conduz a considerar toda a actividade do Conselho (e não
apenas alguns momentos) como espiritual.
3. A consulta
 São inimigos da consulta a condescendência, o paternalismo, o favoritismo:
bloqueiam a abertura e a espontaneidade da comunicação.
 A consulta exige tempo (ao passo que a pastoral tem sempre pressa). O
levantamento das opiniões dá espessura e figura à igreja local, afastando o
perigo de que esta se reduza a um recipiente mais ou menos passivo e
executivo.
 A consulta deve ser usada para os problemas mais importantes: não se deve
perder tempo e energias para coisas de menor importância (frustração de
quem não tem tempo a perder...).
 Todos devem ser envolvidos e todos devem poder exprimir-se.
 A consulta não é uma recolha de pareceres ao acaso, como as gotas da
chuva, mas uma verdadeira análise conduzida com profundidade e rigor.
4. Dificuldades
“Hoje tais organismos parecem passar por um momento de cansaço. É oportuna uma
reflexão comum que ajude a clarificar quais são os obstáculos mais relevantes que
impedem a vitalidade de tais organismos. De facto, também a eles é confiada a
missão de dar expressão histórica à reencontrada proximidade entre os diferentes
componentes, individuais e colectivos, de uma única Igreja” (CONFERÊNCIA EPISCOPAL
ITALIANA, Insieme per un cammino di riconciliazione, 70; ECEI 3/2245).
“A ideia da actuosa participatio (participação activa) demonstrou ser fecunda muito
para além da liturgia. A Igreja pôde ser experimentada como uma communio. Cresceu
na consciência de que todos somos Igreja. Hoje, duas décadas depois do fim do
concílio, o entusiasmo de então dissipou-se em grande parte. No seu lugar aparece
sempre o desencanto e a desilusão, e também em parte a amargura. Os textos do
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Concílio e da sua eclesiologia de comunhão não foram superados, aliás podemos
levantar a hipótese de que a verdadeira recepção do concílio comece, ou pelo menos
deveria começar, hoje” (WALTER KASPER, Teologia e Chiesa, Queriniana, Brescia 1989, 286).
4.1. O momento da decisão. Constitui um dos pontos críticos na vida dos Conselhos.
Debilitado por uma concepção distorcida que considera o “aspecto consultivo” como
se fosse um parecer qualquer, é frequente a atitude que desvaloriza e restringe a fase
da decisão, e se pode omite-a. Com frequência, a questão é colocada de forma
errada. “De facto, muitos consideram que os conceitos de deliberativo e consultivo,
que provêm da experiência jurídica própria das comunidades civis, possa vir a ser
aplicado à estrutura singularíssima da Igreja. Mas não é assim. Os documentos do
Magistério, mesmo que por comodidade recorram aos termos deliberativo e
consultivo, no entanto, advertem significativamente que a consulta no Conselho
Pastoral é de todo particular. O voto consultivo não é um mero acessório, mas parte
integrante e constitutiva do processo do qual nasce o juízo da autoridade” (E. CORECCO,
Parlamento ecclesiale o diaconia sinodale?, in ID., Scritti per una teoria generale del diritto canónico,
CUSL, Milano 1989, 162).
É o próprio Papa a recordar, a propósito do Sínodo dos Bispos que, em caso de
unanimidade, as suas decisões assumem “um peso qualitativo que supera o aspecto
simplesmente formal do voto consultivo” (JOÃO PAULO II, Al consiglio della Segreteria Generale
del Sinodo dei Vescovi, 30 aprile 1983, 4, in Insegnamenti di Giovanni Paolo II, VI, 1, 1105).
Trata-se do aconselhar na Igreja, função de primeiro relevo, que anima e orienta a
projectualidade pastoral:
 A melhor modalidade não é a de proceder à votação para encontrar uma
maioria; esta modalidade reflecte realidades diferentes da realidade eclesial.
 Escuta e diálogo são atitudes fundamentais.
 Escuta do Espírito; da Tradição (e até talvez das tradições); dos peritos (que
fornecem pareceres, o que deve ser distinguido da missão consultiva do
próprio Conselho); dos membros do Conselho; a escuta das gentes...
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Só em casos graves o presbítero poderá opor-se à maioria (can 127,2.2).
Consenso não equivale a simples acordo; consenso não equivale a maioria;
consenso não equivale a unanimidade; exprime a comunhão onde se
conjugam em unidade as legítimas diversidades.
4.2. Gerir os conflitos. Os conflitos são inevitáveis... Um Conselho Pastoral perde a
sua função e torna-se insensato se não enfrenta os conflitos. Isso comporta “aprender
a litigar”; passar da demonização à valorização do conflito como momento de
crescimento e também de iluminação. Palavras como irritação, litígio, contraposição,
falhanço, incompreensão, tensão, dificuldade aparecem na narrativa pastoral do
Conselho e colocam em evidência o inevitável esforço que implica um efectivo
funcionamento do Conselho.
– A ausência de conflitos (ou pelo menos de questões debatidas) numa comunidade
não é sintoma de boa saúde: mostra o desinteresse, ou falta de relação entre as
diferentes realidades e forças que agem no âmbito da vida eclesial (paróquia –
movimentos).
– A presença de conflitos não resolvidos positivamente é igualmente sintoma de
patologias:
 Pouca atitude do pastor em exercer a missão de leadership (liderança);
tendência para querer fazer prevalecer a própria posição; é necessário um
novo estilo de leadership eclesiástica: estilo participativo, capaz de favorecer
a expressão de todos e de cada um; evitar a leadership “directiva” que
anuncia as decisões e pede adesão e colaboração; ao contrário, estilo
consultivo, capaz de decidir, mas pede indicações e sugestões.
 Remoção do conflito (ver acima).
 Generalização dos problemas: as causas são remetidas para fenómenos
gerais, como a secularização ou a indiferença religiosa.
 Personalização dos problemas: se tivéssemos outro pároco... outro bispo.
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Institucionalização dos problemas: são indicados como responsáveis as
estruturas, apelando-se à incapacidade organizativa, falta de competência...,
ou da Hierarquia (Serviços Diocesanos, Arciprestado, Braga...).
A tipologia das discussões: “Tipo Paulo”: temperamento forte que não gosta
de mimetizar-se. “Tipo apocalíptico”: tudo ou nada. “Tipo retórico”: argumenta
minuciosamente de múltiplas formas… “Tipo criativo”: segue os próprios
percursos nos quais encontra os opositores. “Tipo investigador”: nunca
decide.
Às vezes acontece, no âmbito eclesial, a tendência a demonizar teoricamente ou a
remover praticamente o conflito. É certo que a conflitualidade não pertence ao
projecto originário do Criador, mas é antes um sinal emergente do desequilíbrio
original. Mas esta situação, no entanto, não desfigura a tal ponto a realidade humana
que esta deva ser totalmente rejeitada. Nela pelo contrário, estão presentes
elementos positivos e factor de resgate.
Eis porque os conflitos não devem ser mitologicamente consagrados mas nem sequer
demonizados. Iludir o conflito nunca ajuda a reencontrar-se. Traça uma invisível
cortina de incomunicabilidade, que falseia cada relação.
Também a comunidade cristã conhece o conflito. Também nela os conflitos podem
tornar-se motivo de aprofundamento e de crescimento. Ou de regressão autoritária ou
de trágica divisão, quando não são completamente compreendidos, quando não se
activam aquelas estruturas de participação que são capazes de transformar o conflito
em factor de crescimento: “A contestação enquanto se exprime, não é pois uma coisa
negativa, porque representa sempre, uma forma de diálogo e de comunicação,
embora não óptima. Muito mais negativa, pelo contrário, é a falta de comunicação, o
descuido, o desinteresse, o andar cada um por sua própria conta” (cfr. WALTER KASPER,
Teologia e Chiesa, cit., 289).
A comunidade cristã não se contenta em gerir diplomaticamente as divisões. Não
aceita escapatórias ou atalhos (reconciliações estratégicas ou através da
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subordinação). Percorre o caminho difícil da verdade. O conflito não se supera
removendo-o, mas enfrentando-o.
O QUE O CONSELHO ESPERA DE UM PÁROCO
 Que se envolva totalmente, sem se tornar o homem que toca todos os
instrumentos.
 Que tenha uma competência adequada.
 Que tenha uma visão pastoral e a exprima.
 Que seja capaz de sustentar e encorajar.
 Que reconheça o empenho (e sacrifício) do leigos que participam,
oferecendo muitas vezes o seu tempo livre ou familiar.
 Que seja um homem de comunhão e servidor da unidade.
O QUE O PÁROCO ESPERA DE UM CONSELHO
 Que não se limite aos bons conselhos, mas assuma efectivamente as
responsabilidades pastorais.
 Que não se limite a questões práticas, burocráticas e económicas.
 Que esteja disposto a percorrer itinerários formativos para saber responder
adequadamente às próprias responsabilidades.
 Que não se fragmente em representação de uma parte (o CP não é formado
por representantes de partes).
 Que tenha uma função crítica e esteja disposto a deixar-se criticar.
 Que em cada reunião esteja predisposto a um momento “bem servido” de
aprofundamento espiritual.
 Que os seus membros sejam testemunhas e não apenas eleitos.
5. Algumas regras mínimas
 Dar tempo ao tempo.
 Começar pontualmente.
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Terminar pontualmente.
Ser claro nos objectivos.
Decidir a duração.
Estabelecer as prioridades.
Evitar os monólogos.
Envolver a todos.
Aprender a escutar.
Preparar um lugar confortável.
Cuidar da disposição dos participantes.
Discernimento. O discernimento primeiro e originário está ligado a dinâmica própria
do acto de fé: É uma leitura cristológica da realidade, debaixo da influência do
Espírito. O discernimento aparece assim, desde o início, retirado do equívoco de uma
interpretação desbotada e restrita, que o associa à prudência humana ou, ainda mais
baixo, ao bom senso comum. Sem retirar nada a capacidade humana (mas advertindo
a sua perigosa mistura de positividade e negatividade), Paulo afirma claramente a
natureza carismática do discernimento, a sua especificidade cristã de dom do Espírito.
Por isso o “discernimento dos espíritos” (1ªCoríntios 12,10), isto é, a capacidade de
distinguir os carismas autênticos, não diminui mas qualifica o empenho humano.
Embora colocando em evidência factores e elementos de valor, que ajudam a evitar a
dispersão empírica, a delineação proposta tem um carácter indicativo e pedagógico.
Além disso, as indicações e “regras” para o discernimento comunitário não são
garantia de sucesso, mas apenas disposição humanamente positiva para a acção livre
do Espírito. É Ele, de facto, a “causa eficiente” do discernimento.
Colocado como está sob o signo e sob a acção do Espírito, todo o processo de
discernimento é acção de oração. E, no entanto, a expressão da oração tem
momentos que devem ser assinalados como mais relevantes e explícitos.
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POSSÍVEL ITINERÁRIO DE DISCERNIMENTO EM COMUM
1.º Momento: Formulação da questão, avaliação comum da sua relevância e
pertinência pastoral (do que dependerá a prossecução, ou não, do trabalho;
apresentação dos vários aspectos do problema (com eventual participação e
integração de peritos, etc.), para não cair debaixo da repreensão: “Tu vias muitas
coisas, mas sem as entenderes, tinhas os ouvidos abertos, mas não as
compreendias” (Isaías 42,20).
2.º Momento: A disposição partilhada de se colocar diante de Deus, para procurar de
coração disponível e aberto a Sua vontade – presente desde o início – faz-se oração
pessoal e comunitária, de forma explicita (Actos dos Apóstolos 4,24; 10,9 ss; 13,2).
3.º Momento: Reflexão pessoal, em comum; não é uma contradição
(pessoal/conjunto) mas uma modalidade específica: o silêncio e a concentração
pessoal são enriquecidos pela presença e partilha de todos; isto exprime
simultaneamente uma valência antropológica e uma verdade do Espírito.
4.º Momento: Partilha e permuta sobre a questão em causa; não se trata antes de
mais de um debate, mas de uma escuta atenta, em clima de fraternidade e de oração
(a dimensão pneumática e comunional do discernimento torna-se assim uma escolha
metodológica precisa); eventuais aperfeiçoamentos e debates sobre as motivações
chegam num segundo momento, para que não se sobreponha a “carne” ao “espírito”;
mas é essencial que, numa primeira fase (que pode também prolongar-se no tempo
se não se criam as condições idóneas), se evite toda a forma (directa ou indirecta) de
discussão – confronto das opiniões.
5.º Momento: A decisão. Não acontece com o critério maioritário, mas segue o
caminho da eclesialidade e encontra, portanto, a própria modalidade específica de
realização segundo a fisionomia das diferentes realidades eclesiais de discernimento
(informal, conselho pastoral, presbiteral, capitulo monástico, etc.) e a natureza das
questões: lembrando que, às vezes, o discernimento impõem “não discernir” (não por
um certo jogo diplomático ou por cobardia, mas quando, por exemplo, é necessária
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uma nova e mais abundante iluminação ou quando uma decisão não estritamente
necessária acabasse por colocar em grave dificuldade e perigo a unidade ou, pelo
menos, a harmonia da comunidade). Porque a comunidade não é apenas o sujeito
activo do discernimento, mas é também o lugar onde ele acontece e a sua “medida”
teológica. A Igreja, lugar de comunhão, colhe nos acontecimentos o evento que dá
significado e direcção ao tempo. Por isso, “no cristianismo o tempo tem uma
importância fundamental” (JOÃO PAULO II, Tertio Millennio Adveniente, n.º 10).
A consistência de um projecto
 Objectivos: são determinados depois da leitura teológica da realidade e a
decisão pastoral que se segue; não repetem os princípios e valores
fundamentais, mas concretizam-nos em relação à situação específica; podem
ser gerais (não genéricos) ou intermédios. Exemplo: apresentados os
indicadores que a comunidade paroquial deve assumir no seu contexto
próprio, procura-se captar quais os aspectos que são mais ou menos
carentes, quais são mais ou menos partilhados, quais são mais ou menos
facilmente realizáveis, para estabelecer objectivos realistas e reais.
 Etapas: o projecto determina os tempos de realização e prevê contextuais
verificações; esta cronologia temporal tem um carácter mais estendido no
projecto, e mais próximo e calendarizado na programação.
 Actores: Determinam-se as competências a estimular e/ou valorizar (a boa
vontade não basta, pelo contrário o seu excesso estraga) em referência às
reais disponibilidades da comunidade paroquial; com atenção também à mais
ampla rede da vida da zona ou da diocese; e com a advertência a valorizar
os recursos presentes no território e frequentemente esquecidos.

Meios e instrumentos: São especificados com cuidado, mas sem cair em
perfeccionismos tecnocráticos; também estes são escolhidos não segundo
uma perspectiva ideal, mas tendo em consideração as reais possibilidades
da comunidade.
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Download

para uma reunião do conselho pastoral