Painel: Redes de Valor-Connecting People and Organizations Orador: Oded Grajew Moderador: José Alberto de Carvalho, RTP “José Alberto de Carvalho, Director de Informação da RTP, iniciou a apresentação desta sessão referindo a metáfora muito poderosa que tem dominado o paradigma no jornalismo televisivo nos últimos 40 anos, a imagem do planeta Terra, a fotografia da nossa casa a partir do espaço. É a imagem que faz parte dos logótipos de centenas de estações de Televisão em todo o mundo e que, no fundo, revela a ambição de quem faz a informação: estar em toda a parte, ser omnipresente, ao mesmo tempo que nos diz” It´s a small world”. Mas, agora e como responsável da informação está a ser pensada uma outra metáfora, que corresponda melhor aquilo que é o mundo actual. Um mundo em rede, conectado, mais público, mas também mais subterrâneo, mais complexo, mais rico, mais partilhado, mais difícil de analisar. E a proposta é uma simples folha de árvore: podemos ir de uma ponta à outra desta folha por milhões de caminhos diferentes, sem nunca nos repetirmos e sem nunca esgotarmos todas as possibilidades. É uma imensa rede, que fornece e suscita um novo caminho de cada vez. Uma rede! De seguida, José Alberto Carvalho iniciou a apresentação de Oded Grajew, que conta no seu “curriculum” a actividade empresarial, associativa, e ainda de conselheiro político, mas também e sobretudo como dinamizador do Fórum Social Mundial. Actualmente é Responsável pela Fundação Ethos. Oded Grajew, veio falar-nos de “Redes de Valor - Ligando Pessoas e Organizações, ele que é um homem que acredita na mudança. Oded Grajew começou por sublinhar que a sociedade não está a levar muito a sério o que os cientistas não param de alertar, ou seja, se não mudarmos as nossas atitudes o mundo corre o risco de extinção. Chegámos a um ponto em que o mundo está insustentável, não apenas a nível ambiental, mas também económico e social. Mas, nós todos temos a responsabilidade de agir, porque temos a informação e sabemos o que pode acontecer se continuarmos com este modelo de desenvolvimento. É um modelo competitivo, de uma sociedade sem limites, que associa o consumo de bens e serviços à felicidade. Todo o mundo quer ser feliz, “Se eu consumir vou ser feliz”. Este modelo levou-nos a um Planeta sem Limites. A actual crise financeira é um exemplo significativo de como fechamos os olhos ao modelo de desenvolvimento e aos estragos daqui decorrentes a nível económico e social. Mas, nós, diante da actual situação, temos obrigação, temos a responsabilidade ética de alertar sobre os riscos que corremos. Alertar. Mostrar caminhos. Ainda estamos a tempo de criar um modelo de desenvolvimento sustentável. Temos de mudar a cultura, os valores, a visão do mundo. Para Oded Grajew o sector empresarial tem um grande papel a desempenhar, como força para mudar o actual modelo, transformando a gestão tradicional numa gestão socialmente responsável. Mudando a visão de curto prazo, para médio e longo prazo. As empresas devem associar-se em rede não só para serem parceiras no desenvolvimento sustentável, como também, usando o seu poder e a sua influência, em ligação com a sociedade civil, agirem junto dos Governos, para que estes inscrevam nas suas agendas metas de sustentabilidade. É uma rede poderosa que obriga os Governos a agir. Como, por exemplo, a acção das empresas no Brasil, associadas do Instituto Ethos, que obrigou o Governo a definir e a assumir metas para o desenvolvimento sustentável. As empresas têm de ter coragem para mudarem o mundo. O que está em jogo são as gerações futuras. É o momento de fazer escolhas. É o momento de tomar decisões. É agora. Todos nós, os media, mas especialmente o sector empresarial tem de fazer as escolhas certas. Ler os sinais e olhar o que está à nossa volta.” Ana Fisher- Relatora – 21 de Outubro 2010 Painel: Comunicação, Media e Sustentabilidade Oradores: Christian Toennesen - Partner of Acona; Ricardo Garcia- Jornalista do Jornal Público; Ricardo António-Partner Ethical; Dora Palma - Sustentabilidade Empresarial Rock in Rio Moderadora: Susana Carvalho- Presidente da APAP “Gastámos dinheiro que não tínhamos, em coisas que não precisávamos, para criar impressões que não duram, junto de pessoas que não nos interessam”. Tim Jackson, autor de Prosperity without Growth Dizem os especialistas que a paz e o ambiente são os grandes desafios do séc. XXI, tal como as guerras e as revoluções o foram no séc. XX, estas últimas sobretudo em busca de um ideal de mudança. Por enquanto só podemos viver num único planeta, que teve um desenvolvimento económico, social e tecnológico ímpar nos últimos 250 anos, e ainda mais acelerado nos últimos 30, o que originou uma explosão demográfica que vai continuar. O modelo actual em que vivemos está a ruir, mas isto não é novidade: já Keynes dizia ao presidente Roosevelt à época, que ele tinha dois problemas para resolver: o do desemprego e a necessidade de refazer um novo modelo económico. O que mudou essencialmente de lá para cá, numa síntese, foram o aumento exponencial da população e a velocidade de destruição do planeta. Hoje somos 6 biliões de pessoas e estima-se que em 2050 sejamos mais 3 biliões, sendo que temos que mudar radicalmente de paradigma porque o actual modelo não será efectivamente sustentável, nem de um ponto de vista económico, nem social, nem muito menos ambiental. E isto significa que temos todos que nos preservar, temos que nos entender, temos que co-habitar. Ou seja, colaborar. E a propósito de colaboração, faço aqui uma breve nota sobre o sentido das palavras que se vai adulterando ao longo dos tempos e por isso é curioso revisitarmos de vez em quando o seu significado etimológico. O significado original da palavra competir, por exemplo, é “strive together”, ou seja, colaborar. E daí a importância do tema chave deste Fórum – Redes de Valor. Todos precisamos de todos, todos fazemos parte de um enorme ecossistema de seres vivos, onde o planeta e o homem convivem em ciclos permanentes de harmonia e de conflito, numa rede complexa de interdependências, através da sua maior riqueza, que é a sua diversidade. Às vezes esquecemo-nos que fazemos parte integrante da natureza e que o homem tem aqui um papel fundamental para o seu equilíbrio e regeneração, afinal para o seu bem estar. É aqui que a comunicação assume um papel importante na desconstrução, descodificação e simplificação destes temas tão complexos. Do Homo Habilis, há 2 milhões de anos, ao séc. XXI ou ao séc. XXX, aquilo que sempre uniu e vai continuar a unir o ser humano para que a sua vida faça sentido, é a sua necessidade de comunicar, de contar histórias, de criar assunto, quaisquer que sejam a linguagem e o formato do momento. As palavras-chave na comunicação do séx. XXI são a conectividade e a interactividade. O que distingue a Web 2.0 da Web. 1.0 é precisamente a ligação e a partilha da informação e do conhecimento entre as pessoas e o seu papel como actores intervenientes e activos nesta nova narrativa. A RSO e a Sustentabilidade, embora para muitos ainda sejam buzzwords, deixaram de ser temas etéreos ou de moda, para passarem a fazer parte do nosso quotidiano, têm que ser incorporadas no novo modelo que estamos à procura e a começar a desenhar. Para que continuemos a criar riqueza e crescimento, mas de uma forma diferente, mais inclusiva, mais equitativa, com uma visão de longo prazo. Neste painel discutimos e partilhámos ideias e factos na área da comunicação, quer nos media, quer na comunicação corporativa, quer comercial, onde se inserem os eventos ou a publicidade. Não só no seu papel e no tipo de serviço que prestam aos seus públicos, mas também na forma como estão a incorporar esses valores nas suas próprias empresas. Percebemos qual o seu papel no trilátero política, empresas e consumidores: a responsabilidade social e a sustentabilidade na política e nas políticas públicas e no resgatar da confiança por parte dos cidadãos, na reputação e valor das marcas, nas novas formas de fazer negócios, na emergência do consumidor-cidadão através da informação e opinião para a necessária mudança de comportamentos. Conclusões de Susana Carvalho (moderadora) e Sofia Barros – Relatora – 21 de Outubro 2010 Painel: Business and Biodiversity- Empresas, Investidores e Biodiversidade Oradores: Anabela Isidoro- ICNB; Francisco Parada- REN; João Sarmento- Refer; Sílvia Mesquita- Bio3 Moderador: Vasco Trigo, RTP “ICNB: O que é Biodiversidade? Biodiversidade é o suporte de vida ao ser humano. O que é o ICNB e o que faz? O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade é uma rede de valor e conhecimento com 56 empresas aderentes e com programas de incremento da biodiversidade. A adesão das empresas é voluntária e a forma como interpretam os seus impactos na biodiversidade e os projectos que desenvolvem, são de sua própria vontade. REN: A actividade da REN tem impacto na biodiversidade devido à sua actividade a nível de electricidade, gás e toda a vertente onde interage com o ambiente a nível de estradas, estruturas de alta tensão ou outras. O lema é “Bad for Biodiversity is often bad for business” e como tal ,a REN quer por vontade própria integrar a biodiversidade na sua actividade a 3 níveis: - Minimizar impactos ambientes da sua actividade; - Medidas compensatórias - até ao momento foram aplicados 3 milhões de euros em diversas medidas para compensar a biodiversidade nas linhas do Alqueva, do Douro, de Sines e do Tunes; - Medidas voluntárias – através da reconversão da ocupação do uso do solo na faixa de protecção ao plantar outro tipo de árvores e espécies; através da protecção da avifauna – foram instaladas 1242 plataformas para aves, 3700 equipamentos de disuassão de poiso para aves, protecção do sobro e azinho no Alentejo; - Novas formas de comunicação e sensibilização – projecto “webcegonhas”, série televisiva “A vida no condonhinho” Refer: Aplica o modelo de B&B – Business and Biodiversity através do princípio da compensação voluntária. A Refer tem 2800 km de linha ferroviária em exploração, 50% da rede está electrificada. De forma a conjugar o modelo B&B na sua actividade aplica-o em 3 fases distintas da sua actividade: - Avaliação dos impactos; - Investigação e desenvolvimento de soluções que visem prever, minimizar e compensar impactes; - Acções através de diversos projectos: 1 – Continuum ecológico – Assenta num projecto de investigação no âmbito do qual a Refer comparticipará a constituição de uma cátedra convidada; 2 – Recuperação de uma salina no estuário do Sado – Compreende a recuperação ecológica de uma salina de modo a contribuir para sustentar as espécies de avifauna que povoam o vale do Sado; 3 – Promoção da Floresta Autóctone – Este projecto tem por objectivo promover a plantação de árvores da floresta autóctone Portuguesa através da associação da Refer ao programa “Criar bosques 2008” da Quercus, tendo-se formalizado o protocolo de colaboração no final do ano de 2008; Bio3: A biodiversidade apresenta um leque de desafios e oportunidades para as empresas. A Bio3 é especialista na conservação, ordenamento e gestão da biodiversidade entre outros serviços. Este é o ano internacional da biodiversidade e aparenta-se como um “turinig point” na sensibilização para a biodiversidade.” Tiago Nascimento – Relator – 21 de Outubro 2010 Painel: Powering a Value Energy Chain Oradores: Rod Janssen- Membro do Conselho da ECEEE- European Council for an Energy Efficient Economy; Luís Fernandes- RNAE- Associação das Agências de Energia e Ambiente- Rede Nacional; Vera Saraiva- Agência Municipal Energia Sintra Moderador: Luís Silva, ADENE “A sessão consistiu fundamentalmente na apresentação de três Organismos que têm vindo a desenvolver acções relacionadas com o tema tratado na sessão: a ECEEE- European Council for an Energy Eficient Economy, a Associação Nacional de Agencias de Energia e Ambiente e a Agencia Municipal de Energia de Sintra. Para além da exposição com algum detalhe das missões e estratégias que as diversas Organizações apresentadas prosseguem no âmbito da sua actividade, e da explicitação de acções que têm vindo a desenvolver no domínio energético e da responsabilidade social pode, à guisa de conclusão, destacar-se a importância que todas elas deram ao funcionamento em rede, considerado como um instrumento poderoso de incremento de valor, quer nas acções relacionadas com a procura constante de melhoria da eficiência energética quer na óptica de agentes preocupados no desenvolvimento de uma cultura de responsabilidade social. A ultima oradora apresentou dois projectos concretos representativos do que as Agencias de Energia e Ambiente poderão desenvolver no domínio da auto sustentabilidade energética e na recuperação de bairros sociais degradados. Trata-se dos projectos em implementação pela Agencia Municipal de Energia de Sintra nos bairros de Mira Sintra e Pego Longo (Belas). O primeiro foca-se fundamentalmente no desenvolvimento de acções, visando a auto sustentabilidade energética do bairro, e o segundo visa a recuperação de um bairro muito degradado procurando-se com ele igualmente uma diminuição substancial da sua pegada de Carbono.” Albertino Santana – Relator – 21 de Outubro 2010 Painel: Global Change, Governance and Value Network Oradores: Nelson Lourenço- Reitor Univ. Atlântica e Presid. European Alliance on Global Change Research Committees; Paulo Ferrão- Responsável MIT Portugal; Amalio de Marichalar- Conde de Ripalda, Presid. Foro Soria 21 Moderador: André Magrinho, AIP-CE “O painel decorreu em formato tradicional de apresentações. O moderador indicou as linhas gerais do que se esperava do painel e dos oradores focando que existe um Desafio Global que se prende com as mudanças climáticas. Fez referência à Agenda XXI sobre mudanças climáticas globais. Nelson Lourenço, da Universidade Atlântica, dedicou a sua peça oratória à Mudança Global e Governança, Mitigação e Adaptação. Na sua perspectiva, a mudança global exige uma reflexão sobre os ecossistemas com repercussão no crescimento, na equidade (social) e na preservação ambiental. Estes três elementos se se equilibram geram sustentabilidade. Focou em seguida dois pontos centrais: a mitigação e a adaptação. No primeiro, trabalha-se sobre as causas das mudanças ambientais e no segundo sobre os efeitos ou impactos das alterações ambientais. Por fim, referenciou o tópico da Governança que, na sua perspectiva, é cada vez mais uma acção de cidadania, para o centrar no Sistema Terra. Na Governança os problemas globais alcançam resolução nas respostas (g)locais. Citou a China como caminho para a liderança na Eco eficiência. Paulo Ferrão do MIT Portugal, fez um improviso estruturado partindo da premissa de que o Mundo é finito (em especial para os produtos que consumimos) e posicionado dois Cenários. No primeiro é preciso impedir o consumo (mesmo “à força”) e no segundo num olhar global para o Mundo, retornando ao eco sistema fechado com citação da metáfora da Ecologia industrial. Logo, temos que mudar. Na sua perspectiva um caminho é alterar o paradigma da oferta do consumo energético. O que já mudou, por exemplo, é o acesso à comunicação e à informação. Tornamo-nos cidadãos conscientes e bem informados, cada vez mais. Voltou ao paradigma da oferta de consumo energético para apresentar a ideia de que nem sempre o “consumir mais é a solução, quando se apresenta um pico de necessidade na rede. Pode ser o inverso: - desligar da Rede equipamentos momentaneamente (p.ex electrodomésticos). Concluiu afirmando que na sua perspectiva a solução passa pela dinâmica das redes de Conhecimento. Don Amalio de Marichalar, presidente do Foro Soria 21 (www.forodesoria.org) para o Desenvolvimento Sustentável. “O Foro Soria 21 tem vindo a promover conferências de nível internacional dedicadas à sustentabilidade não só na área ambiental mas em todas os âmbitos da actividade humana. A cidade de Soria (Numancia) está considerada pelas Nações Unidas Centro Mundial do Desenvolvimento Sustentável. Abordou o tema do painel de uma forma global de um ponto de vista de estratégia, focando em: • Desenvolvimento Sustentável e Globalização • Vantagens e Inconvenientes • Foro Soria 21 para Desarrollo Sostenible • Conclusões Europeias para o Fórum RIO+20 em 2012” Na sua perspectiva é preciso levar os processos de globalização da economia, que tão fortemente influenciar a evolução das sociedades a outro patamar. Trata-se de corrigir os desequilíbrios entre países ricos e pobres. Mas também entre a natureza e a humanidade. Uma tarefa quimérica, mas que é inevitável. A província de Soria fornece sabedoria histórica, o pragmatismo crítico e entusiasmo de seu povo. Soria representa o local versus global. Além disso, Soria tem desenvolvido inúmeras iniciativas, dia a dia, que estão contribuindo para o desenvolvimento sustentável, o que representa uma marca de renome no mundo em relação a esta questão. É também a primeira província que adere à Carta da Terra, tanto a sociedade civil e institucional como o seu todo. Para promover a candidatura e trabalhar de forma constante, foi criado Soria 21 Fórum de Desenvolvimento Sustentável, uma associação aberta para a iniciativa pública e privada. Soria 21 Fórum tem como objectivo criar um quadro adequado intelectual para esta grande empresa global em colaboração com várias universidades, fomento à pesquisa e pós-graduandos, uma plataforma de informação e um debate científico em curso sobre Desenvolvimento Sustentável. É preciso continuar a trabalhar com os princípios da Agenda 21, continuar a implementar a Agenda 21 em seus diversos setores, e distribuir a todas as ordens da Carta da Terra. . O moderado, no final, fez a síntese frisando que são as Pessoas quem pode tornar possível o desenvolvimento. Que o século se iniciou com as TIC, a serem o motor da novidade e da mudança, que se observa uma migração do conceito de Soberania para o de Governança. Que a Formação e a Qualificação são essências nessa mudança e no papel dos povos e que Portugal pode assumir um papel relevante na transferência destas experiência e saberes para África, criando soluções para que os problemas se coloquem a partir dos Países emergentes e não pela oferta dos Países desenvolvidos.” Etelberto Lopes da Costa – Relator – 21 de Outubro 2010 Ética nos Negócios, Confiança e Redes de Valor Parceria EBEN – European Business Ethics Network – PT; Jorge Rodrigues – Professor ISCAL; Artur Lami – Vice Presidente IPAD; João José Fernandes – Director Geral OIKOS; Jorge Carvalho – Presidente da Softfinança Moderador: Fernando Ribeiro Mendes – Professor ISEG/UTL Painel Multistakeholders (academia, negócios, sector público, ONG) um exemplo por si só, da importância do trabalho em rede. Contexto actual é de suspeita, de falta de confiança. Os valores são a base da confiança. Como ligar a criação de valor com os valores? o Com ferramentas de auxílio à tomada de decisão dos gestores (códigos de conduta, criação de uma cultura organizacional ética) o Parcerias e trabalho em rede entre o 3º sector e empresas que partilham valores, e procuram criar valor. O sucesso destas iniciativas depende da criação de regras claras e transparentes, evitando práticas do tipo "green washing". o Procurar elos da rede de valor que se reunam por força dos valores que partilham, e da confiança que têm. o A partilha de valores e o assumir dos valores leva também à criação de valor. Conclusões finais “Não sendo uma reunião do G20 ou uma cimeira ambiental, o que se passou no 4º Fórum RSO e Sustentabilidade da AIP foi uma verdadeira mostra de talento, de conhecimento e de diversidade, através da troca de experiências, com a vontade expressa de apontar e partilhar caminhos e soluções para um futuro mais promissor. Nas conferências plenárias ou nas sessões paralelas, demonstraram-se inúmeros exemplos de boas práticas com resultados extraordinários quando várias entidades, empresas, comunidades, grupos, cidadãos comuns, se unem em torno de um objectivo comum. Hoje somos mais de 6 mil milhões de habitantes e as estimativas apontam para que em 2050 sejamos 9 mil milhões. Enfrentamos desafios tremendos como a escassez de água, de alimentação ou de energia. Temos por enquanto um único planeta habitável, que é finito, logo o crescimento não pode ser infinito e por isso a Terra é o maior dos bens públicos a preservar. As palavras-chave retidas ao longo do dia, através das mais de cinco dezenas de oradores e moderadores, oriundos de oito países, sendo vitais para a mudança do modelo actual e absolutamente transversais a todos os sectores da economia, foram a Educação, a Colaboração e a Mobilização. Educação A necessidade de uma profunda reflexão e reforma sobre a escola, o formato e o tipo de ensino, a acessibilidade, a formação, a media literacy, o cruzamento de saberes, não só em Portugal mas à escala global. Há que aproveitar em pleno o melhor recurso natural que temos – o talento -, essa sim, uma matéria-prima infinita, inesgotável. A educação como desígnio nacional e global, constituindo talvez a verdadeira resposta a todos os desafios que se nos colocam agora e no futuro. Colaboração A capacidade de cooperar de modo espontâneo e voluntário, a ética e a confiança como valores fundacionais a resgatar, sendo bens intangíveis e dos quais não se pode fazer outsourcing ou atribuir um valor de mercado. É necessária uma revolução profunda das mentalidades e dos valores. Quando se fala em futuro, pensa-se imediatamente na tecnologia, que é fundamental, mas ela só funciona se estiver verdadeiramente elencada em comportamentos e atitudes. O grande desafio será a conciliação entre valor e valores - separar o valor monetário dos valores em que acreditamos. A importância da colaboração em redes, das mais diversas: na energia, nas cidades, no empreendedorismo – juntando conhecimento, tecnologia e comportamentos. No futuro haverá escassez de conhecimento especializado e localizado e o empreendedorismo é uma das soluções verdadeiramente eficazes para resolver o problema do desemprego. Mobilização Vivemos até agora num modelo de crescimento sem limites, de competição, da obsessão do curto prazo, que previligia o consumo, indissociado da felicidade, a qual parece só se alcançar através de uma acumulação permanente e exponencial de bens e serviços. Será que a RSO e a Sustentabilidade se podem constituir como os catalizadores para um novo ideal de mobilização positivo, contribuindo para a criação de um novo modelo económico, social e ambiental? A História, a experiência, o planeta, já nos deram sinais suficientes para invertermos rapidamente o modelo de vida que desenvolvemos; que nos trouxe a riqueza, o conforto, a saúde, mas que neste momento está em rota de colisão com o futuro. Temos que nos reeducar olhando para o médio e longo prazos, conseguindo riqueza, sim, trabalho, sim, felicidade e bem estar, sim. Temos a possibilidade de contar uma nova história, criar uma nova narrativa, mobilizando todos os actores da sociedade, heróis e seguidores, para que as futuras gerações nos possam recordar com orgulho, uma cultura preservada na memória colectiva e nas camadas geológicas do planeta. Muito mais do que o medo, a culpa ou a vergonha, que só conduzem à inércia, fuga para a frente ou mesmo negação, precisamos de acreditar em atributos como a esperança, a paixão, a coragem, a resiliência e o empowerment como verdadeiros agentes da vontade e da acção. É urgente avançar. O planeta agradece.” Susana Carvalho – Presidente da APAP