SESSÃO DE MEDITAÇÃO 6ª-Feira, 25-11-2011: a Atenção Plena nas Sensações Nota do Núcleo “E como é que, no que respeita às sensações, ele permanece contemplando as sensações, monges? Nisto, quando sente uma sensação agradável, ele sabe ‘Sinto uma sensação agradável’; quando sente uma sensação desagradável, ele sabe ‘Sinto uma sensação desagradável’; quando sente uma sensação neutra, ele sabe ‘Sinto uma sensação neutra’. Quando sente uma sensação mundana agradável, ele sabe ‘Sinto uma sensação mundana agradável’; quando sente uma sensação não mundana agradável, ele sabe ‘Sinto uma sensação não mundana agradável’; quando sente uma sensação mundana desagradável, ele sabe ‘Sinto uma sensação mundana desagradável’; quando sente uma sensação não mundana desagradável, ele sabe ‘Sinto uma sensação não mundana desagradável’; quando sente uma sensação mundana neutra, ele sabe ‘Sinto uma sensação mundana neutra’; quando sente uma sensação não mundana neutra, ele sabe ‘Sinto uma sensação mundana neutra’ Deste modo, no que respeita às sensações, ele permanece contemplando as sensações internamente ... externamente ... tanto internamente como externamente. Ele permanece contemplando a natureza do surgir … do cessar ... tanto do surgir como do cessar nas sensações. A consciência de que ‘há sensação’ estabelece-se nele apenas na medida necessária para o mero conhecimento e atenção plena contínua. E ele permanece independente, não se apegando a nada no mundo. É assim que, no que respeita às sensações, ele permanece contemplando as sensações.” satipaṭṭhāna sutta (MN10) - Anālayo, satipaṭṭhāna: The Direct Path to Realization “A contemplação das sensações é uma prática meditativa com um potencial considerável. Este potencial baseia-se no método simples, mas engenhoso, de direccionar a atenção consciente para as primeiras fases do surgimento de agrados e desagrados, notando claramente se a experiência do momento presente é sentida como ‘agradável’, ‘desagradável’ ou nem um nem outro. Assim, contemplar as sensações significa literalmente saber como nos sentimos, e isto com uma tal iminência que a luz da atenção plena está presente antes do começo de reacções, projecções ou justificações no que concerne ao modo como nos sentimos. (…) A distinção entre sensações mundanas (…) e não mundanas (…) diz respeito à distinção entre sensações relacionadas com a ‘carne’ (…) e sensações relacionadas com a renúncia. Esta dimensão adicional gira em torno de uma avaliação das sensações baseada, não na sua natureza afectiva, mas no contexto ético onde surgem. O ponto principal introduzido aqui é a consciência de que uma sensação em particular possa estar relacionada com o progresso ou o regresso na via. (…) Com a ajuda desta sêxtupla classificação, esta dimensão ética manifesta-se, revelando em particular a relação das sensações com a activação de uma tendência mental latente para a luxúria, irritação ou ignorância. (…) A relação condicional entre as sensações e tais tendências mentais é de importância central, visto que por activar estas tendências latentes, as sensações podem levar ao despontar de reacções mentais prejudiciais. (…) Uma característica saliente das sensações é a sua natureza efémera. A contemplação sustida nesta natureza efémera e impermanente pode assim tornar-se num poderoso instrumento para se desenfeitiçar delas.” - Anālayo, satipaṭṭhāna: The Direct Path to Realization