Apesar de ser uma categoria plural e heterogênea, a contribuição dos trabalhadores técnico-administrativos em educação para a consecução dos objetivos da Universidade vem sendo, historicamente, considerada de forma secundária, homogênea e quantitativamente, ou seja, como um meio necessário para atingir determinados fins, quais sejam o ensino, a pesquisa e a extensão. Essa constatação, na prática, irá fazer com que o servidor sofra uma perda de referenciais de inclusão no cotidiano institucional e que o seu trabalho não tenha, um significado tangível, não percebendo uma relação objetiva e causal entre o que fazem o os objetivos institucionais.Essa exclusão também é parte do processo de constituição da própria Universidade e das relações de poder que se constituem em seu interior. A partir dos anos 80, no contexto do processo de redemocratização do Brasil, os servidores da área de educação e os técnico-administrativos em particular, buscam reestruturar suas entidades de caráter associativo para um papel mais sindical e propositivo, formulando questões a respeito da questão educacional no país e do papel que cabe às Universidades para a superação do enorme débito social, político e econômico deixado como herança do governo autoritário do período anterior.Nesse processo, havia igualmente a compreensão de que era indispensável formalizar instrumentos que, sistematizando as concepções do movimento, pudessem também se constituir em orientadores estratégicos dos embates internos e externos às Universidades. Elabora-se então – de forma coerente e articulada - um projeto para a universidade - Universidade Cidadã para os Trabalhadores - e um projeto de carreira dos trabalhadores em educação. Tendo como principal referência teórica o ativista e comunista Antonio Gramsci, o projeto, se apropriando de conceitos do marxista italiano como grupos subalternos, hegemonia, estado ampliado, intelectuais orgânicos, suas implicações e conexões,pretende uma compreensão da forma particular de constituição do corpo de servidores técnicoadministrativos em educação da UFMG e suas consequências para os desdobramentos posteriores, tanto na compreensão de seu papel, na construção de sua identidade, na disputa de projetos, como na (possível) superação de sua subalternidade. Se propõetambém a investigar como o segmento dos trabalhadores técnico-administrativos em educação da UFMG buscou, historicamente, se legitimar como sujeito do processo de construção da Universidade, a partir das reflexões que fizeram sobre o seu trabalho e o significado deste, a partirdas reflexões, críticas, diagnósticos, propostas feitas pelos servidores sobre o seu próprio trabalho e o significado deste e identificar se esta produção garante legitimidade a estes trabalhadores, de modo a que se insiram na instituição universitária de forma a que esta os reconheça como sujeitos do processo de ensino, pesquisa, extensão e da própria administração da organização.