4ª Assembleia Luso Espanhola de Geodesia e Geofísica 4ª Asemblea Hispano Portuguesa de Geodesia y Geofisica Figueira da Foz 2004 1 Monotorização do sinal eléctrico gerado pelo fluxo de seiva de uma árvore Monotorization of the electrical signal generated by a tree Alunos da disciplina de Prospecção Geofísica I: S. S. Cardoso(1), L. B. Carrondo(1), J. M. Marques(1), P. N. Narciso(1), M. J. Rocha(1), I. N. Rodrigues(1), M. Vargas(1), T. Viegas(1); Responsáveis pela disciplina: F. A. Monteiro Santos (1), R. T. Luzio (Prática)(1) Apoio técnico: A. Soares (1) (1) Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, [email protected] SUMMARY In the scope of the Geophysical Prospection I course (graduation in Geophysics), we intent to study the electrical signal recorded in a standing tree. Eight electrodes were installed at two different levels in a tree (Eucalyptus Globulus) situated in the campus of Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. The electrodes are guided according to the main cardinal points (N, S, E, W). The data will be collected continuously from November 2003 (using a data-logger that registers values every minute) and will continue at least until October 2004. Test results will be presented here. The final results will be available in October 2004, corresponding to the annual fluctuations of the electric signals. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Prospecção Geofísica I, da licenciatura em Ciências Geofísicas da FCUL. Um dos objectivos desta disciplina é a elaboração de dois trabalhos de semestre, onde os alunos concebam, instalem e monotorizem duas experiências propostas pelos responsáveis da disciplina. Neste caso foi proposto estudar as variações interanuais do sinal eléctrico gerado pelo fluxo de seiva de uma árvore. Verificou-se em experiências anteriores (Koppán et al. (1998)) que o campo electromagnético natural da Terra (com uma variação horizontal de algumas dezenas de mV/km) é fortemente distorcido na vizinhança de uma árvore. Uma vez que as árvores, juntamente com outras fontes de ruído podem criar problemas na aplicação dos métodos telúrico e magneto-telúrico, concentrou-se a atenção no problema dos processos eléctricos que ocorrem no interior do tronco da árvore. Morat et al.(1994) registaram diferenças de potencial eléctrico no tronco de uma castanheira-da-Índia (Aesculus Hippocastanum) utilizando eléctrodos inseridos em dois níveis diferentes. Observaram uma variação quase-sinusoidal durante o Verão, com uma amplitude de 10 mV e um período de 1 dia. No fim do Outono esta variação desapareceu. Uma hipótese para justificar este fenómeno é a variação diária do alto conteúdo iónico do fluxo de seiva, devida à evapotranspiração diária das folhas da árvore. Koppán et al. (2000) registaram, ao longo de dois anos, diferenças de potencial eléctrico no tronco de um carvalho da Turquia (Quercus cerris), de forma semelhante à experiência anterior, utilizando oito eléctrodos inseridos, quatro a quatro (correspondentes aos lados S, W, N e E) em dois níveis diferentes do tronco. As variações diárias registadas foram semelhantes às registadas por Morat et al. (1994), indicando uma flutuação anual característica e apresentando quer em 1998 quer em 1999, um mínimo entre Novembro e Março, e dois máximos: o primeiro no final de Março/princípio de Abril e o segundo no final de Junho/princípio de Julho. O primeiro pico parece estar relacionado com a intensificação dos processos de transporte no interior da árvore e o segundo pode corresponder a um máximo de transpiração ou seja a um máximo na intensidade do fluxo da seiva. Relativamente aos trabalhos anteriores introduzimos algumas alterações ao nível da inserção e isolamento dos eléctrodos (que passam a estar colocados no interior do tronco em vez de estarem à superfície); a distância do data-logger à árvore foi diminuída (comparando a Koppán e al.(1998) e a Koppán e al.(2000)), tendo sido instalado junto à árvore juntamente com a fonte de alimentação (duas baterias de 12V). A espécie de árvore escolhida (Eucalyptus Globulus) é inédita neste tipo de estudo, sendo o seu porte muito superior ao das árvores utilizadas nos estudos anteriormente referidos. Esta espécie é muito frequente em Portugal, sendo por isso interessante a sua monitorização. 2. METODOLOGIA Foram instalados oito eléctrodos no tronco de um eucalipto (Eucalyptus Globulus) com uma altura e um perímetro aproximados de 15 m e 1.5 m, respectivamente. Foram colocados quatro eléctrodos em cada um dos dois níveis diferentes, nível 1 e nível 2 (a 1 m e a 3 m do solo, respectivamente), orientados segundo os pontos cardeais principais (N, S, E, W), como representado na figura 1. Figura 1 – Localização dos eléctrodos no tronco da árvore (Layout of the electrodes at the trunk of the tree ). Os eléctrodos são parafusos de aço inoxidável (tendo um comprimento de 2.8 cm e um diâmetro de 0.5 cm) e foram colocados dentro da árvore. Para tal foi feito um furo cilíndrico perpendicular à face do tronco com cerca de 2 cm de profundidade, o parafuso foi instalado no interior deste e posteriormente preencheu-se o furo com massa isolante epoxy. Este método teve como objectivo assegurar uma boa superfície de contacto e um bom isolamento do exterior. As diferenças de potencial são medidas entre os eléctrodos no tronco e uma terra comum no solo. Para esta terra foram consideradas duas hipóteses: a) um eléctrodo igual aos outros instalado na base do tronco ou b) um eléctrodo não polarizável instalado no solo junto à árvore; após alguns dias de teste optou-se pelo eléctrodo não polarizável por apresentar um registo mais estável. Os valores são registados num data-logger (Campbell CR10) que se encontra junto à árvore dentro de uma caixa estanque. O data-logger regista um valor por minuto que corresponde a uma média de seis valores, recolhidos a uma taxa de amostragem de 10s. 3. RESULTADOS PRELIMINARES Durante o mês de Outubro foi efectuada toda a instalação do equipamento necessário para que se inicie a monotorização do sinal eléctrico da árvore a partir de Novembro de 2003. Na fase de instalação foram efectuados os necessários testes ao equipamento de modo a garantir um correcto registo do sinal. Na figura 2 é apresentado um registo de 24h para os eléctrodos Este e Oeste do nível 2 (a 3 m do solo). Este registo, embora correspondente à fase 20 15 10 5 [mV]0 -5 W3m E3m -10 -15 0 200 400 600 1/2 dia 800 1000 11200 dia Figura 2 – Diferença de potencial observada durante a fase de testes para os eléctrodos Este e Oeste a 3 m (22/10/2003). (Voltage observed during the test phase for the East and West electrodes at 3 m (22/10/2003)). de intalação, apresenta alguma semelhança com os dados observados por Koppán et al. (2000), o que poderá ser uma boa indicação em relação à instalação realizada. 4. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos Serviços Técnicos da FCUL as facilidades concedidas durante a fase de instalação do equipamento. 5. REFERÊNCIAS Morat, P., Le Mouël, J. L., and Granier, A. (1994): "Electric potential on a tree. A measurement of the sap flow". R. Acad. Sci. Paris, Sciences de la vie., 317, 98-101. Koppán, A., Szarka, L. and Wesztergom, V. (1998): "Temporal variation of electrical signal recorded in a standing tree". Acta Geod. Geoph. Hung., 34, 169-180. Koppán, A., Szarka, L. and Wesztergom, V. (2000): "Annual fluctuation in amplitudes of daily variations of electrical signals mesuared in the trunk of a standing tree". C. R. Acad. Sci. Paris, Sciences de la vie/ Life Sciences, 323, 559-563.