WASTE TO ENERGY: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL PARA O BRASIL? 01/10/2015 FIESP São Paulo/SP PNRS E O WASTE-TO-ENERGY Definições do Artigo 3º - A nova ordenação básica dos processos Resíduos Sólidos •Material descartado proveniente de atividade humana. Destinação Final •A reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético. Rejeito Disposição Final •São os resíduos depois de esgotadas todas as possibilidade de tratamento e recuperação. •Disposição Final em Aterro Sanitário dos Rejeitos. Ordem de prioridades do Artigo 9º Não Geração Redução Reutilização Reciclagem Tratamento Disposição Art. 9o Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. § 1o Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental. ROTAS TECNOLÓGICAS Waste-to-Energy: 1.480 plantas em operação pelo mundo conforme dados da WTERT. Mass Burn: Queima direta dos resíduos sem a necessidade de preparação dos mesmos. Queima sobre Grelha. Tecnologia mais amplamente utilizada no mundo. Combustível Derivado de Resíduos (CDR): Queima de resíduos processados e homogeneizados. Queima em suspenção ou sobre grelha. Gaseificação/Pirolise/Plasma: São tecnologias ainda em fase de desenvolvimento. Já existem referências pelo mundo, mas não são tecnologias totalmente dominadas e comprovadas. POTENCIAL TOTAL REGIÃO MUNICÍPIOS Geração de Resíduos (ton/ano) Waste-to-Energy Potência (MW) Geração (MWh/ano) SUDESTE 228 19.667.322 1.324 7.946.393 SUL 139 4.387.894 295 1.772.887 CENTRO-OESTE 60 3.222.113 217 1.301.864 NORTE 15 1.851.864 125 748.228 NORDESTE 80 6.520.858 439 2.634.690 TOTAL 522 35.650.051 2.401 14.404.061 Somente as regiões metropolitanas do país possuem escala suficiente para implantação deste tipo de tecnologia, regiões com mais de um milhão de habitantes em sua maioria, assim foi calculado a partir de dados reais de geração de resíduos em cada uma desta localidades o potencial de geração de energia através dos resíduos. O potencial total calculado é de 2,4 GW (1,85% da matriz nacional), com uma geração anual de 14.400 GWh (2,74% da geração total). A fator de disponibilidade deste tipo de energia é superior a 80% e tem como característica principal a geração distribuída próxima aos consumidores. PLANEJAMENTO DE IMPLEMENTAÇÃO REGIÃO Implantação (WtE) Waste-to-Energy Potência Geração (MW) (MWh/ano) SUDESTE 30% 397 2.383.917,8 SUL 30% 89 531.866 CENTRO-OESTE 15% 33 195.280 NORTE 15% 19 112.234 NORDESTE 20% 88 526.938 TOTAL 26% 625 3.750.236 A partir dos dados coletados junto as empresas integrantes da ABRELPE e dos projetos que atualmente estão em desenvolvimento no país, prevemos que nos próximos 10 anos possam entrar em operação 26% dos empreendimentos de WtE totalizando, aproximadamente 0,6 GW de potencia instalada e 3.750 GWh de geração anual. Para a implantação deste potencial é estimado a realização de investimentos na ordem de 9,4 bilhões de Reais nos próximos 10 anos no setor. COMPARATIVO A seguir apresentamos um rápido comparativos entre a energia gerada a partir de resíduos sólidos urbanos e outras energias renováveis. Tecnologia PCH Solar Fotovoltaica Eólica Biomassa Geração Pura Biomassa Cogeração Plena (Sucroalcooleiro) WtE Geração Pura Biogás Geração Pura CAPEX R$ 5.500/kW a R$ 7.000/kW R$ 5.500/kW a R$ 6.000/kW R$ 3.600/kW a R$ 4.200/kW R$ 2.800/kW a R$ 3.500/kW R$ 3.800/kW a R$ 4.500/kW R$ 12.000/kW a R$ 15.000/kW R$ 2.800 /kW a R$ 3.400/kW OPEX Combustível Fator de capacidade 0,8% a 1,0% zero 45% - 80% 0,8% a 1,0% zero 16% a 18% 0,8% a 1,0% zero 32% a 40% 3,0% a 5,0% 3,0% a 4,0% 5,0% a 7,0% 12,0% a 17,0% R$ 60,00/MWh a R$ 130,00/MWh R$ 20,00/MWh a R$ 35,00/MWh -R$ 150,00/MWh a -R$ 200,00/MWh zero Perfil de Geração Diurno e Noturno Predominantemente no período húmido Diurna intermitente Conforme condições meteorológicas Diurno e Noturno Predominantemente no período seco 75% a 85% Flat 60% a 65% Flat - Safra 65% a 85% Flat 85% a 90% Flat COMPARATIVO Apesar do WtE possuir CAPEX aparente alto em relação as outras fontes, o WtE possui alguns diferenciais importantes: - O combustível é uma fonte de receita equivalente a aprox. R$ 175,00/MWh; - O fornecimento de combustível e constante e não sobre sazonalidade expressiva; - A energia é gerada próximo ao centro de carga, o que reduz muito as perdas e a necessidade de investimentos em transmissão; BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA Geração na base no centro de carga Redução expressiva dos gases do efeito estufa, em até 0,75 ton de CO2eq por MWh gerado Externalidades ambientais positivas: Eliminação dos lixões É uma solução adequada para destinação final de resíduos nos grandes centros urbanos Redução do transporte de resíduos Aumento da vida útil dos aterros sanitários Diversificação da matriz energética BARREIRAS PPAs de longa duração com preços adequados para viabilização dos projetos de WtE. Leilões de energia específicos e recorrentes, de forma a trazer estabilidade para os desenvolvedores de projetos (mesmo preço da fotovoltaica >300R$/MWh). Contratos de concessão da destinação de resíduos de forma a garantir o fluxo de resíduos. Curva de aprendizagem das tecnologias. É necessário criar volume de projetos que viabilize à indústria nacional reduzir os custos de investimentos; Paridade de incentivos com as outras fontes de energia renovável; Compreensão da sociedade e das entidades sociais sobre o papel do Waste-toEnergy na cadeia da gestão de resíduos. Não competitividade com a reciclagem, mas sim a complementação. CONCLUSÃO O Waste-to-Energy é viável no Brasil, mesmo na conjuntura atual, mas sua aplicação depende da se estabelecer contratos de PPP e leilões específicos de forma pragmática e constante. As PPPs hoje são um tendência de mercado e os atuais leilões de energia fotovoltaica, demonstra a capacidade do governo em contratar energia a preços adequados ao Waste-to-Energy. Desta forma a viabilidade do WtE depende diretamente do governo tomar uma posição consistente e enxergar o WtE como solução de dois problemas latentes do pais: Gestão de Resíduos e Energia Elétrica. QUEM Alexandre Citvaras Consultor de desenvolvimento de novos negócios do Grupo Foxx/Haztec. Responsável pelo Projeto URE Barueri, primeira Unidade Waste-to-Energy em implantação no Pais. O Projeto se encontra na fase final para obtenção da LI. Já possui financiamento aprovado (CEF e IFC) e contrato de PPA por 15 anos. Parceiro tecnológico Keppel Seghers.