EDUCAÇÃO JUP — ABRIL 2011 EDUCAÇÃO “Não somos uma geração à rasca, somos um país à rasca!” —Francisco Mota – AEFLUP CERCA DE 600 ALUNOS DO ENSINO SUPERIOR DA ACADEMIA DO PORTO MANIFESTARAM-SE NA SEDE DA DIRECÇÃO-GERAL DO ENSINO SUPERIOR NO DIA 24 DE MARÇO, MOSTRANDO-SE REVOLTADOS COM O PROCESSO DE BOLONHA E CORTES NAS BOLSAS. A manifestação do Dia do Estudante pretendia levar a Lisboa "mais de cinco mil alunos". As expectativas do presidente da Federação Académica do Porto, Luís Rebelo, no dia anterior à manifestação, apontavam para a presença de cerca de 1000 estudantes do Porto. Apesar de a FAP ter disponibilizado alimentação e transporte gratuitos, a adesão não foi o que se esperava. "A manifestação ficou abaixo das expectativas. Penso que terá a ver com a queda do governo, não há efectivamente um governo contra quem contestar", admitiu Luís Rebelo. Já Francisco Mota, presidente da AEFLUP, considera que “o problema está na nossa geração. Somos passivos.” A intenção do protesto era levar os alunos a assinar o livro de reclamações da Direcção Geral do Ensino Superior. Organizou-se uma fila, à porta da DGES, e distribuíram-se senhas pelos estudantes que subiram – três a três – para escrever no livro. O objectivo inicial era o de tirar cerca de mil senhas, objectivo que não foi inteiramente conseguido, por falta de tempo e desmobilização antecipada dos estudantes. No final da tarde, Luís Rebelo revelava que tinham sido feitas apenas cerca de 300 assinaturas. Os alunos estavam conscientes da razão pela qual saíram às ruas de Lisboa numa manifestação que apelava ao fim de Bolonha e melhores condições sociais. A questão das bolsas era o que mais preocupava os manifestantes. Com palavras de ordem como "Bolonha Não!" e "Bolsas sim! Propinas não!" os estudantes fizeram-se ouvir em frente à DGES. Além da Academia do Porto, a mais representativa, estiveram também presentes a Universidade de Évora, com cerca de 90 alunos, a Universidade do Minho, com cerca de 70, seguindo-se em menor número as Universidades de Aveiro e Trás-os-Montes e Alto Douro. A Universidade de Lisboa foi a que menos precisou de tomar medidas de mobilização. A estudante de Direito da Universidade do Porto, Irma Magalhães, soube recentemente que era bolseira este ano, mas admite que, 98€ são insuficientes para cobrir os custos de alojamento, transporte e alimentação. A falta de subsídios do Estado está a afectar os seus estudos já que “os livros que precisamos para estudar são muito caros e por isso recorremos maioritariamente às fotocópias, que mesmo não sendo permitidas por causa da questão dos direitos de autor, é a única forma que temos para estudar”, revela a aluna. Tiago Costa é estudante da Faculdade de Ciências e está neste momento a receber o valor mínimo da bolsa, encontrando-se ainda no estado de transição. “Apesar do curso de Geologia que frequento não exigir grandes custos a nível de material, o mês de Março foi marcado por grandes dificuldades uma vez que ainda só recebi uma prestação da bolsa”, refere o aluno. Tiago diz ainda que apesar de trabalhar e de ter o apoio dos pais, estes meses têm requerido grande gestão financeira. Esta acção de protesto, aprovada numa Assembleia Geral da Academia do Porto com apenas uma abstenção, foi proposta no Encontro Nacional de Direcções Associativas (ENDA) que decorreu em Coimbra no dia 13 de Março. A acção de protesto na porta da DGES foi aprovada com cerca de 40 votos a favor, 6 contra e 6 abstenções. O presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia do Porto, Ricardo Costa, lembra que o objectivo não é “fazer do dia do estudante o dia da Acção Social”, mas sendo que se trata de um problema que afecta, cada vez mais, a vida académica de uma geração, as direcções associativas concordaram em dar ênfase ao problema da acção social neste dia. Outras academias, como é exemplo a Academia de Coimbra, optaram por fechar as faculdades. Os alunos que se deslocaram a Lisboa consideraram Joana Borges e Raquel Teixeira FBAUP FCNAUP FADEUP FAUP O número de bolseiros da Universidade do Porto sofreu uma grande quebra este ano. Com esta infografia, verificamos visualmente as diferenças dos dois anos lectivos e, o número de estudantes que este ano se viu sem apoios. Estes dados foram retirados das listas fornecidas pelos SASUP (12 de Abril de 2010 e 1 de Março de 2011). Em algumas faculdades, como a Faculdade de Letras e a Faculdade de Engenharia, as diferenças são bastante evidentes. Relembramos, contudo, que estes dados ainda se encontram em actualização. Ainda podem vir a sofrer alterações, visto que alguns processos estão ainda em análise por falta de documentos ou revisão de candidatura, e vários requerimentos foram submetidos nos 1@MQD¸JNɝ?@ɝ>¸´Jɝ1J>D<Gɝhɝ1<M<ɝ+<MLP@Nɝ e Júlia Rocha FPCEUP ICBAS FFUP FMDUP FDUP FMUP FEP FLUP FEUP FCUP > BOLSAS DE ESTUDOS 2011 EM NÚMEROS que esta acção de protesto na DGES era suficientemente forte para que as suas vozes se fizessem ouvir, reconhecendo como drástica a medida tomada pela Academia coninbricense: “Ninguém tem o direito de impedir quem quer ter aulas de o fazer!”, reforça Adrian Pérez, estudante da Faculdade de Letras da UP. O presidente da FAP explica que, quando são apresentadas queixas no Livro de Reclamações, a DGES – organismo não político – se vê obrigada por lei a dar resposta a todas as questões levantadas. Assim, a maioria do Movimento Associativo considera que se tratou de uma “acção de sensibilização” que trará resultados a médio prazo. O presidente da AEFCUP, Cláudio Carvalho, admite que a sua Associação foi a que votou pela abstenção na Assembleia da Academia do Porto porque considera que “a moção poderia eventualmente conter outros pontos que não só a acção social”. No entanto, reconhece que a “Federação Académica tem vindo a reivindicar outras questões desde o financiamento do ensino superior até aos estágios profissionais, de uma forma mais abrangente”. Ao fim de 10 anos, a FAP saiu à rua. Apesar de acção de protesto ter tido uma adesão que não foi ao encontro das expectativas do Movimento Associativo, Luís Rebelo, presidente da FAP, sublinha que “o Porto trouxe mais de metade das pessoas que cá se deslocaram e nesse sentido a FAP tem que se dar por satisfeita.”hHenrique Figueiredo, Londres é uma das melhores e mais cosmopolitas cidades do mundo. Aterrar aqui é assustador, mas ao mesmo tempo excitante. Estar rodeada de tudo o que alguma vez imaginei: grandes edifícios, famosos monumentos, o West End, os museus e todos os marcos da cidade deixaram-me de boca aberta. O que não se pode esquecer é que uma cidade não é apenas o que a faz famosa, e mesmo Londres tem partes que por vezes vão parecer mais pequenas do que o local de onde viemos. Foi o que me aconteceu, vim parar a North London que é exactamente o oposto do Londres que toda a gente ouve falar. Esta parte da cidade parece retirada de um filme sobre o operariado inglês dos anos 80, não há muitas pessoas glamourosas a correr de um lado para o outro mas sim pessoas mais velhas que já não trabalham e têm tempo para tudo; pequenos negócios familiares e muitos emigrantes de várias partes do mundo. É um ambiente muito diferente daquele que pensava encontrar mas, sem dúvida acolhedor. Todos aqueles estereótipos que pensava encontrar, desapareceram pouco e pouco. E agora consigo mesmo pesar em Londres a minha casa. Conhecer pessoas novas é, na minha opinião a maior e melhor parte da experiência Erasmus. Algumas universidades atribuem-nos um 'buddy'. Não foi o meu caso mas isso não me parou. O que eu decidi fazer foi conhecer as pessoas que moravam comigo. O grande desafio dos primeiros dias num novo lugar é conhecer o maior número de pessoas possível e manter uma certa ligação com elas, tentar realmente conhecê-las. Em Londres (ou pelo menos na minha universidade) não há nenhum tipo de organização para os alunos Erasmus talvez, porque muitas pessoas do estrangeiro vem já para esta cidade para estudar sem ligação a qualquer programa. Por isso, aqui vive-se uma experiência muito diferente porque depende de nós decidir o que queremos fazer e o que queremos ser. Na minha experiência, a parte académica acaba por ficar um pouco em segundo plano porque tenho apenas 4 disciplinas e muito poucas aulas. Mas quando aqui cheguei tive oportunidade de escolher as minhas próprias cadeiras (obviamente têm de ter equivalência às do meu curso: Ciências da Comunicação) mas deu-me a oportunidade de fazer escolhas tendo em conta os meus interesses e o que pretendo fazer no futuro por isso tenho agora uma aula de Produção Televisiva com todo os tipos de novas tecnologias existentes no mercado, algo que nunca teria se estivesse em Portugal. Erasmus é uma experiência que fica para vida e estou confiante de que vou voltar a Inglaterra e reencontrar os amigos que ADUɝK<M<ɝOJ?<ɝ<ɝQD?<ɝh texto e fotografia Marta Gomes (estudante da FLUP em Londres) 09