DESENVOLVIMENTO DE UMA MÁQUINA AUTOMÁTICA PARA CORTE DE MICROTUBOS PARA IRRIGAÇÃO Ângelo José Soares de Vasconcelos1, Ceres Duarte Guedes Cabral de Almeida2, Luciano Soares da Silva3, Edval José Pinheiro Santos4 Introdução Para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável no Brasil é imprescindível realizar investimentos nos setores que possam produzir tecnologias inovadoras e de baixo custo. A irrigação é um dos tratos culturais indispensáveis ao aumento da produtividade e proporciona melhoria da qualidade dos frutos. O método de irrigação localizada se adapta bem à diversas culturas, entre elas, hortaliças e frutíferas. Emissores do tipo microtubo, de tamanho variado, possui baixo custo de confecção/instalação, assim quando bem dimensionados, podem ser utilizados em sistemas localizados, obtendo-se razoáveis níveis de uniformidade de distribuição de água. Essa técnica proporciona ao produtor uma capacidade competitiva no comércio agrícola. Atualmente, os sistemas de irrigação com microtubos são instalados e montados com os microtubos cortados manualmente com auxílio de um estilete e uma fita métrica. Estes recursos possibilitam a incidência de erros, tanto instrumental como operacional. Daí a necessidade de se desenvolver uma máquina de corte para microtubos, com base em um equipamento já existente para corte de cabos e fios. As máquinas disponíveis no mercado têm um circuito eletrônico que recebe apenas um comando por vez, em termos de comprimento a cortar, o que não atende as necessidades da irrigação, já que tem-se um tamanho de microtubo diferente para cada planta numa mesma linha lateral. Portanto, o ideal seria que a máquina cortasse sequencialmente todos os microtubos de cada linha lateral. Este projeto objetiva adaptar e avaliar uma máquina de corte já existente no mercado para corte e identificação de microtubos utilizados em sistema de irrigação localizada (gotejamento e microaspersão). Este equipamento reduzirá tempo e custo na confecção e instalação dos emissores em campo, o que proporcionará maior uso destes sistemas. O diferencial 1 desta máquina será em atender ao comando do software, que enviará diversos tamanhos de microtubos de cada linha lateral. Além disso, a máquina indicará a localização de instalação do emissor, através de uma identificação inserida no microtubo. Os diferentes comprimentos de microtubos, para cada planta, dependerá da sua localização no campo, em termos de topografia e pressão no ponto de inserção do emissor. Material e métodos Na adaptação da máquina de corte será utilizado um sistema microcontrolado para sua automação. O sistema constará de um hardware programável subdividido em três partes: o cartão processador, o cartão comunicação serial RS232 e cartão interface de potência, o qual é constituído pelo circuito interface de processamento de dados e dos circuitos drives de acionamento dos dois motores de passos O sistema apresentará interface com o usuário através de um teclado e um mostrador de cristal líquido. A taxa de aquisição será de 1000 amostras s-1 e o armazenamento dos dados será feito em memória Flash de 2 Mbits. Este sistema também possibilitará comunicação digital serial RS232 com um microcomputador tipo PC para análise e programação dos dados processados. A programação dos cortes dos microtubos serão feitas pelo teclado e mostradas em display gráfico, mediante programação por software com especificação de 1 a 60 cm na precisão de corte, no qual irá interferir de forma direta no acionamento dos motores de passos que darão o deslocamento preciso, correspondente aos dados programáveis para o corte. No software está prevista a programação dos comprimentos dos microtubos por planta e linhas de irrigação referente a cada projeto de irrigação, onde as medidas poderão ser impressas em relatório que deverá Graduando em Engenharia Agrícola e Ambiental, Departamento de Tecnologia Rural, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de Medeiros, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900 . E-mail: [email protected] 2 Professora do Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas – CODAI, Universidade Federal Rural de Pernambuco, AV: Francisco Correia, 643, São Lourenço da Mata, PE, CEP 64735-000. E-mail: [email protected] 3 Engenheiro Agrícola e Ambiental. E-mail: [email protected] 4 Professor Adjunto do Departamento de Eletrônica e Sistemas, Universidade Federal de Pernambuco, Rua Acad. Hélio Ramos s/n (Sala 408) Cid. Universitária - Recife, PE - Caixa-Postal: 7800, CEP 50670-000 Apoio financeiro: UFRPE/PRPPG/REUNI ________________ ter a especificação do projeto com a localização de cada emissor no campo. O módulo interface será responsável pela interação do processamento dos dados programados e acionamento dos motores de passo, através dos circuitos drives, para a execução dos cortes precisos dos microtubos, bem como a identificação do projeto de irrigação, linha, planta e medida de comprimento com seis caracteres (Ex. P1L1P112 ), projeto 1, linha 1, planta 1 e 12cm. O sistema de funcionamento da máquina automática para corte de microtubos para irrigação está representado em forma de fluxograma na Figura 1. Já na Figura 2 é mostrado o diagrama em blocos, do hardware do sistema microcontrolado da referida máquina. A avaliação da eficiência da máquina será realizada através de um experimento instalado no Colégio Agrícola Dom Agostinho Ikas (CODAI)/Campus Senador José Ermírio de Morais da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Duas linhas laterais de irrigação serão instaladas sendo uma em nível e outra em declive. Será realizado o levantamento topográfico da área, antes da montagem do experimento de campo, para conhecimento das cotas exatas em cada ponto onde será implantado a cultura. Dimensionamento do sistema de irrigação (linhas laterais e emissores) Programas computacionais foram desenvolvidos para calcular o comprimento dos microtubos usados como gotejador (SOUZA, [1]) ou como emissor do microaspersor (ALMEIDA, [2]). De posse destes programas é possível listar os tamanhos dos microtubos de cada linha lateral de irrigação. Para gotejamento o comprimento do microtubo será definido com base na equação 01, proposta por Souza [1]. A vazão do emissor adotado neste experimento será de 2 L/h. H 64 4 L Q 16 Q2 16 K Q 2 2 g d 4 2 2 g d 4 2 2 g d 4 (01) Onde: ν = viscosidade cinemática da água, m2 s-1; L = comprimento do microtubo, m; Q = vazão, m3 s-1; d = diâmetro, m. No dimensionamento do sistema de microaspersão com microtubos serão utilizadas as equações 02 e 03 definidas por Almeida et al. [3] para microtubos com diâmetro interno de 1,0 e 1,5 mm, respectivamente. L=0,1005 H – 9,5853 (02) L=0,1202 H – 9,8863 (03) Sendo: L: comprimento do microtubo, cm e H: pressão no ponto de inserção do emissor, kPa Agradecimentos A Universidade Federal Rural de Pernambuco, pela oportunidade e financiamento através do edital Universal Rural 2009 essencial para a execução do projeto. Referências [1] SOUZA, R.R.M. Modelagem, desenvolvimento de software para dimensionamento, e avaliação de sistemas de irrigação por gotejamento com microtubos. Piracicaba, 2005, 100p, Tese de Doutorado. ESALQ/USP. [2] ALMEIDA, C.D.G.C.; BOTREL, T.A; SMITH, R.S. Characterization of the microtube emitters used in a novel micro-sprinkler. Irrigation Science, v. 27, p. 209–214, 2009. [3] ALMEIDA, C.D.G.C. Microaspersor com microtubos: um novo conceito hidráulico na irrigação localizada. Piracicaba, 2008, 97p, Tese de Doutorado. ESALQ/USP. Inicio Requerimentos de sistema Especificações de sistema Particionamento de hardware e software Projeto de hardware Projeto de software Modularização de hardware Macros Procedures Rotinas Integração de hardware Integração de software Integração do sistema Verificação Fim Figura 1. Fluxograma para o desenvolvimento do sistema da máquina automática para corte de microtubos para irrigação Cartão Processador Figura 2. Diagrama em blocos do Hardware.