_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
1
Índice
Índice __________________________________________________________________ 1
Introdução _____________________________________________________________ 2
Síntese Teórica _________________________________________________________ 3
--- A Importância da Formação e a Valorização dos Conhecimentos
--- Conceito de Juventude
Abordagem Metodológica ______________________________________________ 7
--- Apresentação do Tema, dos Conteúdos e Fontes de Informação
--- Onde e Quando se Realizaria esta Acção de Formação
--- Público-Alvo
--- A Pertinência, Actualização e Contributos desta Acção de Formação
--- Métodos,Técnicas, Materiais Pedagógicos e Actividades a Desenvolver
--- Avaliação
Conclusão ____________________________________________________________ 21
Bibliografia ___________________________________________________________ 22
Anexos _______________________________________________________________ 23
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
2
Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Psicopedagogia
pertencente ao currículo da licenciatura em Sociologia.
Entre as várias opções propostas pela docente da disciplina, optei pela hipótese
de organizar uma Acção de Formação.
Esta Acção de Formação que pruponho tem como tema Técnicas de Procura de
Emprego e é destinada aos jovens universitários a terminar a sua licenciatura e com o
objectivo
de
capacitá-los
para
que
desenvolvam
uma
procura
eficaz
de
emprego/estágio (curricular/profissional).
A pertinência e utilidade desta Formação reside, na minha opinião, em vários
factores: a cada vez mais difícil entrada no mercado de trabalho/vida activa; a ausência
em muitas faculdades do conceito de tutoria, o que deixa os jovens um pouco ao
abandono quando se aproxima o final da licenciatura; e também, porque tenho sentido
essa necessidade duma Formação deste tipo por parte dos meus colegas.
Mais do que uma Acção de Formação imposta seria primordialmente um
acompanhamento feito aos jovens nesta fase de vida tão decisiva para eliminar
sentimentos de ansiedade que estão sempre presentes num momento tão importante
das suas vidas.
A
metodologia
utilizada
por
mim
para
desenvolver
este
trabalho
foi
fundamentalmente uma análise da bibliografia fornecida pela docente da disciplina e
por mim conseguida, bem como uma consulta de sites da internet relacionados com
esta temática.
O trabalho encontra-se então estruturado em 5 partes, sendo elas: a introdução;
uma síntese teórica (reflexão a cerca da importância da formação e a crescente
valorização do conhecimento nos dias de hoje e sobre o conceito de juventude); a
abordagem metodológica (apresentação e descrição de toda a minha Acção de
Formação, as suas características e como se desenvolveria bem como a sua pertinência
e actualização); a conclusão (a natureza e o alcance do que foi analisado e a sua
fundamentação teórica; os potenciais prolongamentos em termos de activação do
desenvolvimento psicológico e de Educação de Adultos); e, por último, os anexos (dois
exemplos de questionários a aplicar no ínicio e no final da Acção com vista a uma
avaliação).
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
3
Síntese Teórica
A Importância da Formação e a Valorização dos
Conhecimentos
A vontade de aprender é tão velha como o homem, mas nunca se valorizou e
estimulou tanto o desejo de aprender como nos dias que correm, “o que é,
repentinamente passa ao que era; o presente vertiginosamente cai no passado.”1
Todos nós sentimos uma necessidade de refazer permanentemente o nosso
equilíbrio
individual,
desenvolvimento
de
social
e
institucional
competências
técnicas,
que
só
é
possível
operacionais
e
a
partir
humanas.
do
É
a
aprendizagem que facilita a mudança e um estado de abertura ao mundo.
Deste modo, torna-se um imperativo alargar a formação a todas as áreas do
saber e as todas as fases da vida. Nunca foi tão correcto dizer “o saber não ocupa
lugar” e é importante “aprender até morrer”.
A aprendizagem não se deve circunscrever a uma só etapa da vida, nem a um
determinado conteúdo ou espaço, isto é, “aprendemos em todas as circunstâncias, em
todas as idades, em todos os locais e com todas as pessoas que tenham a capacidade
de comunicar uma mensagem ou de exercer alguma influência sobre nós: família,
amigos, vizinhos, colegas... aprende-se vivendo e vive-se aprendendo.”2 Como é
referido por M. Lesne, “a literatura pedagógica já admite que a educação de um
indivíduo é um processo que se desenrola ao longo da sua vida, mesmo quado a
formação social a que ele pertence se não encarrega dela de forma organizada, pelo
próprio jogo de interacções que ele mantém com o seu meio natural e social.”3
A formação de adultos tem precisamente o grande objectivo de capacitar as
pessoas para poderem progredir numa vida de cidadania geral, consolidando saberes
1
Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação, Lisboa, Multinova;
pág 24.
2
Idem; pág. 80.
3
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 21.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
4
de base, aumentando competências, capacitando para o confronto com as exigências
complexas de análise e comunicação bem como ensinando atitudes de flexibilidade,
adaptabilidade, criatividade, tolerância, capacidade de ouvir...
Os indivíduos procuram realizar uma acção de formação e instruir-se sobre uma
dada matéria, com o objectivo de colmatar uma determinada necessidade, pretendem
ultrapassar uma barreira para assim chegar a um objectivo final. Lesne diz-os
precisamente que “uma das características especiais da formação de adultos... consiste
em ser organizada sob a forma de acções, ou seja, sob forma de respostas específicas
e parciais a problemas mais gerais, de ordem económica, social, cultural, postos por
organizações, grupos, pessoas.”4
Embora os adultos tenham inúmeras motivações que os fazem procurar uma
acção de formação, existem igualmente muitas dificuldades e receios que têm de
enfrentar quando a decidem realizar.
Estas dificuldades prendem-se com estereótipos existentes na sociedade que
assentam na ideia de que o envelhecimento conduz a uma diminuição acentuada das
capacidades de aprendizagem. Isto faz com que o adulto se questione e seja
questionado pelos outros se realmente é capaz de realizar uma acção de formação.
Esta dúvida pessoal relaciona-se com a ideia muito difundida que envelhecimento
significa necessariamente diminuição acentuada das capacidades de aprendizagem. As
principais vítimas deste estereótipo são exactamente os indivíduos das faixas etárias
mais elevadas e o problema agrava-se pois os mesmos tendem a desanimar
rapidamente ao mais pequeno obstáculo na formação, ou a auto-excluir-se por
acharem que já não têm capacidade para acompanhar as mudanças em curso.
A psicologia do desenvolvimento ao longo da vida que surge por volta dos anos
60/70 trouxe grandes contributos nestas áreas pois o seu objectivo é precisamente: “a
descrição, a explicação e a organização dos processos desenvolvimentais ao longo da
vida desde o nascimento até à morte” (Baltes, Reese e Lipsitt, 1980).
4
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 37.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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Conceito de Juventude
Sendo a minha formação destinada a uma população de jovens adultos
(universitários), como vou explicar de seguida, considero importante fazer uma breve
introdução ao conceito de Juventude. Trata-se de uma realidade social e historicamente
recente se a considerarmos como é entedida nos dias de hoje.
É após o séc. XVIII que começou a verificar-se uma certa promoção da juventude
no seio de uma sociedade onde a burguesia modificou progressivamente a sua atitude
face à sua própria descendência.
A importância crescente da especialização tecnológica levou também a um
prolongamento da aprendizagem dos indivíduos que deixou de ser feita na família
sendo transferida para instituições especializadas, precedendo a entrada no mundo
dos adultos, o que veio ter reflexos importantantíssimos no reconhecimento da
categoria juventude.
Do ponto de vista das autoras do livro Construção do Futuro e Construção do
Conhecimento, foi principalmente “com a explosão demográfica do pós-guerra e com
os movimentos de contestação, reivindicação e expressão juvenil dos anos 60/70 que
emerge o fenómeno demográfico e sociológico da juventude. A partir de então, a
juventude torna-se não só campo privilegiado da intervenção política mas também
objecto de interesse científico.”5
Actualmente, vemos vários factores que levam ao surgimento de novas
investigações no âmbito da juventude, entre os quais: o aumento do desemprego
juvenil e a precarização do mercalho de trabalho (o ingresso em empregos que
oferecem ou conduzem directamente a salários e ao estatuto de adulto torna-se um
processo mais demorado).
Neste ponto considero importante a perspectiva de Pais (1990),citado por
Brigitte Detry e Ana Cardoso, “se, no final dos anos 60, a juventude era um
«problema», na medida em que era definida como protagonista de uma crise de
valores e de conflito de gerações essencialmente situado sobre o terreno dos
5
Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 26.
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6
comportamentos éticos e culturais, a partir da década de 70, os «problemas» de
emprego e de entrada na vida activa tomaram progressivamente a dianteira nos
estudos sobre a juventude”.6 Desde cedo os jovens sentem a ameaça do desemprego e
da falta de perspectivas profissionais.
Surge então uma nova questão social, “(...) o prolongamento da etapa escolar
deixou, então, de ser vivido na esperança da quase certeza de um futuro assegurado,
para ser vivido na inquietação e na incerteza de uma ocupação profissional à medida
dos sonhos e desejo.”7, o que acarreta várias consequências negativas.
A entrada dos jovens na vida adulta é um fenómeno que abarca dimensões
múltiplas, sendo as mais significativas na perspectiva de Brigitte Detry e Ana Cardoso:
a profissional, a matrimonial e a residencial e também a de consumo. “É, no entanto,
inegável a importância da dimensão profissional, estando muitas vezes dela
dependente a concretização das restantes.”
8
As dificuldades verificadas actualmente
na obtenção de um emprego seguro impossibilita aos jovens a independência
económica, prolongando o tempo de qualificação e formação e assim também a
dependência familiar e residencial. É neste aspecto que considero a minha formação
em Técnicas de Procura de Emprego extremamente adequada e pertinente.
Como é referido no livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento
“(...) pelo facto de estarem inactivos os indivíduos são privados dos «ritmos colectivos
da vida».”9 Podendo enveredar por caminhos mais fáceis que, no entanto, podem ser
os mais problemáticos.
Todas estas questões que referi e que são extremamente actuais devem ser
pensadas e resolvidas pelas instâncias compentes caso contrário estes jovens de que
falo resultarão em adultos com graves problemas, pois “quando o passado se
caracteriza por uma acumulação de insucessos, a capacidade de imaginar o futuro,
definir e arquitectar projectos fica comprometida”.10
6
Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 28.
7
Idem; pág. 29.
8
Idem; pág. 30.
9
Idem; pág. 93.
10
Idem; pág. 117.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
7
Abordagem Metodológica
Apresentação do Tema, dos Conteúdos e
Fontes de Informação
O tema da minha Acção de Formação seria então Técnicas de Procura de
Emprego, sendo o objectivo geral dotar os formandos de ferramentas e competências
que lhes seriam úteis a quando a sua procura de emprego ou estágio (curricular ou
profissional).
A Formação compreenderia 6 grandes módulos, teria a duração de 6 semanas e
seria estruturada da seguinte forma:
Módulo 1 (3 horas)
Organizar o Plano de Acção
Conhecer o Mercado de Trabalho
Módulo 2 (3 horas)
Anúncios de Emprego
o Onde procurar anúncios
o Analisar os anúncios
o Responder a anúncios
Módulo 3 (3 horas)
Currículos
o O que são e para que servem
o Quando e como utilizá-los
o O que devem conter
o Como organizá-los e redigi-los
Módulo 4 (3 horas)
Cartas de Apresentação e de Candidatura
o O que são e o que devem conter
o Quando utilizá-las
Módulo 5 (3 horas)
Candidaturas Espontâneas
candidatura espontânea)
o O que são
o Para que servem
o Como redigi-los
o A quem dirigi-los
(o
próprio
anúncio
de
emprego/carta
de
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8
Módulo 6 (3 horas)
Entrevistas de Emprego
o O que são e quais os objectivos
o Como preparar-se
o Como comportar-se
o Aspectos que poderão ser abordados
o Auto-avaliação da própria entrevista
As minhas principais fontes de informação seriam: o Instituto de Emprego e
Formação Profissional; os Centros de Emprego; Univas; sites da Internet relacionados
com estas temáticas; bem como, bibliografia relacionada com o assunto. Fontes estas
que seriam, na totalidade, transmitidas também aos formandos pois o meu objectivo é
que se tornem pessoas autónomas e independentes para o pós-formação. Não me
interessa mantê-los dependentes, as pessoas só podem voar quando lhes é dado
espaço para abrirem as suas asas...
Onde e Quando se Realizaria esta
Acção de Formação
A ideia seria que esta Acção de Formação tivesse lugar na própria universidade
onde se encontra o meu público-alvo e tivesse a duração de 6 semanas que seriam
obrigatoriamente no II semestre do 3º Ano se a duração da Licenciatura fosse de 4
anos ou no 4º Ano caso esta fosse de 5 anos.
Isto porque, se a ideia da Formação é dotar os Jovens universitários das
competências essenciais para uma eficaz procura de emprego parece ter lógica que
esta ocorra neste período de tempo que antecede o final da Licenciatura e a procura de
uma instituição para a realização do Estágio Curricular.
A minha formação seria uma inovação, tendo em conta a perspectiva de Garant,
M. In Bonami (1996), ou seja, seria a introdução voluntária de uma prática nova num
estabelecimento escolar com vista a uma melhor eficácia na resposta a um problema
percepcionado no meio, que neste caso seria a questão das dificuldades inerentes à
empregabilidade.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
9
Público-Alvo
Definir correctamente a quem se destina a Acção de Formação é deveras
importante pois, “a actividade formativa não começa com o animador, mas com os
formandos. Ao animador compete dar um passo em frente, por vezes decisivo, mas
sempre a partir das etapas percorridas pelo grupo”.11 Tudo o que desenvolverei na
minha Acção terá em conta o perfil destes indivíduos que são portadores de saberes
que lhes conferem uma cultura própria.
Ainda que de forma muito genérica já mencionei qual seria o meu público-alvo.
Seriam então os jovens universitários prestes a terminar a sua licenciatura, ou seja, a
frequentar o 3º Ano caso o Curso tenha 4 anos de duração ou o 4º se este tiver 5 anos
de duração.
Trata-se então de uma população com um elevado nível de conhecimentos e
informada, que se interessa por meios de comunicação que proporcionam a aquisição
de determinados conhecimentos, preferências que complementam a sua aprendizagem
escolar (programas informativos e culturais, filmes, séries, jornais...). Estes indivíduos
são também bastante estimulados devido à própria escolaridade mas também ao fácil
acesso a meios que contribuem para um treino constante das funções intelectuais.
Pela minha percepção estes jovens estão prestes a entrar para o mercado de
trabalho, mas verifica-se que na sua grande maioria não dominam as técnicas de
procura de emprego, ferramentas que precisarão a curto prazo, daí também a
pertinência que julgo ter a minha formação.
A Pertinência, Actualização e Contributos
desta Acção de Formação
Como nos diz Levinton, citado por Schiller, há para cada idade um
desenvolvimento psicológico específico. No seu estudo, Schiller defende a existência
11
Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação. Lisboa, Multinova;
pág. 162.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
10
de 6 tarefas de desenvolvimento que devem ser realizadas entre o fim da Escola
Secundária e o final da década dos 20 anos dos indivíduos, são elas: deixar,
externamente e internamente, a família de origem: do ponto de vista físico, financeiro
e psicológico (conquistar também uma autonomia afectiva; outras referências afectivas
para além dos pais); negociar a tensão entre criar e explorar uma estrutura de vida
estável; projectar um “sonho” e dar-lhe espaço na estrutura de vida (um sonho é um
guia para o mundo dos adultos); estabelecer uma relação com um ‘tutor’ (alguém mais
experiente na sua área) que irá confirmar o sonho do jovem adulto e guiá-lo no seu
início de carreira (motivação); empenho na carreira (início na carreira); estabelecer uma
relação de amor: implicando normalmente casamento e família (há uma espécie de
‘relógio social’/pressão social que ‘empurra’ para este tipo de desenvolvimento
psicológico nestas idades).
Outros autores ainda, SHARIF, M., MAYSELESS, O. etal. (2004),
por sua vez,
estudam de forma mais aprofundada a variável: a forma como os jovens adultos vivem
a separação da casa dos pais. Consideram, nos seus estudos, 3 variáveis: lidar com a
transição para fora da família de origem; a capacidade de estabelecer uma relação
intíma; e, desenvolver um sentido de eficácia individual. Isto é, se na altura de se
autonomizarem da casa dos pais ficarem com uma recordação positiva, as 3 variáveis
correrão bem.
Todas estas questões estão relacionadas com o porquê, a adequabilidade e
pertinência da minha prosposta de formação que visa exactamente dotar os jovens
adultos prestes a acabar a sua licenciatura de técnicas de procura de emprego. Está
assim relacionada com os vários pontos acima referidos: uma fase em que os jovens
começam a pensar na independência relativamente à família de origem; a exploração e
criação de uma estrutura de vida estável; auxílio na prossecução do sonho na estrutura
de vida; encorporaria um pouco o papel abstracto de tutoria e acompanhamento nesta
tentativa de desenvolvimento de um sentido de eficácia individual.
Cada vez mais, nos dias de hoje, as questões da transição para a vida activa
tornam-se problemáticas e pertinentes e um devido acompanhamento mostra-se
indispensável, se não queremos ver os nossos jovens adultos frustrados e a vivenciar
uma série de experiências passadas conotadas de sentimentos negativos associados à
vida laboral. Cada vez mais verificamos nas nossas universidades um reflexo do
individualismo característico da sociedade de hoje. A perspectiva individual predomina
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
11
e logo, as pessoa tenderão a sentir-se menos apoiadas e tendem a resolver as
situações de modo mais independente, sofrendo assim da necessidade de um
acompanhamento relacionado com o conceito de ‘tutor’.
As questões relacionadas com a transição e as questões de futuro merecem
cada vez mais a nossa preocupação e atenção. Principalmente no que respeita à
entrada na vida activa que se não for conseguida porá em risco muitas das outras
etapas de desenvolvimento.
Como nos diz Brigitte Detry e Ana Cardoso, “num contexto de compressão do
emprego juvenil, o prolongamento da etapa escolar deixou, então, de ser vivido na
esperança da quase certeza de um futuro assegurado, para ser vivido na inquietação e
na incerteza de uma ocupação profissional à medida dos sonhos e desejos.”12
Se por um lado há uma incitação e desejo pela independência e pela autonomia,
por outro, acrescem as dificuldades dos jovens em alcançar uma estabilização da vida
profissional o que prolonga a vida escolar e torna mais díficil a constituição do próprio
lar.
Como é referido no livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento,
o retardamento da entrada na vida activa bem como um prolongamento do tempo de
formação e qualificação traz consigo várias consequências, destaco: a não coincidência
entre a maior aposta na formação e as reais possibilidades de uma inserção durável no
mercado de trabalho; o incremento de experiências negativas/instáveis/precárias de
contacto com o mercado de trabalho; e, a discrepância entre uma relação com o
mercado de trabalho e o querer assumir determinadas responsabilidades para atingir
um verdadeiro estatuto de adulto.
Todos este factores conduzirão os jovens a um elevado estado de frustração,
pode ocasionar uma regressão no que respeita à vida activa ou ainda, e mais grave,
conduzir os indivíduos à prática de condutas mais desviantes.
Considero assim que esta formação seria uma mais-valia tanto para a Faculdade
em questão como para o público-alvo, para os empregadores e até para o próprio
formador. Não haveria um choque de interesses ao contrário do que muitas vezes
acontece que os pedidos e interesses não coincidem uns com os outros.
12
Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 29.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
12
E é precisamente nestes pontos que reside a modernidade na minha formação:
no realismo dos seus objectivos; na identificação clara e precisa dos seus
destinatários; na oportunidade dos seus conteúdos; e, na adequação dos seus
métodos. A não credibilidade da formação deve-se, em muitos casos, à sua
incapacidade de responder às necessidades sentidas pelos formandos. Como salienta a
filosofia Kung Fu: o que se sabe não tem valor em si mesmo. O valor está no que se
faz com o que se sabe!
O formando precisa de saber o por quê (a causa), o para quê (a utilidade) e o
como (o método) do que faz ou aprende. Para assim, ter capacidade para resolver os
problemas pelos quais se depara.
Qualquer indivíduo adulto só procura uma acção de formação se esta lhe
oferecer a resolução de um determinado problema da vida quotidiana, a fim de
promover uma melhoria da sua qualidade de vida, para que assim possa “participar em
pé de igualdade na vida democrática”.
É a funcionalidade aplicativa dos conteúdos propostos que faz com que os
adultos procurem uma acção de formação, para que possam posteriormente aplicar na
realidade a matéria aprendida, atingindo assim o objectivo a que se tinham proposto, a
fim de ultrapassarem determinadas dificuldades.
Um dos meus objectivos primordiais com esta Acção de Formação é
precisamente auxiliar estes jovens prestes a terminar a sua licenciatura nas formas de
preparação do seu futuro.
Espero que no final da formação eles tenham adquirido sós ou em grupo, novos
conhecimentos, qualificações, atitudes ou comportamentos que contribuam para o
desenvolvimento integral das suas personalidades; tenham adquirido, retido e sejam
capazes de usar conhecimentos no âmbito das áreas curriculares definidas.
A importância e pertinência desta formação está exactamente no facto de
capacitar e desenvolver atitudes que permitam uma melhor integração profissional e
uma participação mais activa e consciente no próprio mercado de trabalho.
Outra
componente
da
minha
formação
seria
também
um
certo
acompanhamento destes jovens na sua procura activa de estágios curriculares que
permitem exactamente facultar aos alunos a aquisição de experiência profissional e o
desenvolvimento de competências relacionais em contexto de trabalho; bem como,
fomentar a inter-acção da escola com as empresas e organizações laborais, de modo a
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
13
possibilitar a adequação dos conteúdos, curriculares e métodos de ensino às
necessidades e exigências do mundo de trabalho e, simultaneamente, a promover o
reconhecimento das qualificações dos jovens por parte do mercado de emprego.
Seria assim, principalmente, uma questão de apoio à transição para a vida activa
e promoção da empregabilidade.
A razão de ser desta Formação parte exactamente do pressuposto de que os
jovens aprendam algo e que sejam capazes de recordar e aplicar mais tarde aquilo que
aprenderam.
Métodos, Técnicas, Materiais Pedagógicos e
Actividades a Desenvolver
A palavra método traduz um caminho ou um processo racional para atingir um
determinado fim, ou seja, utilizar um determinado método supõe uma análise prévia
dos objectivos que se pretendem atingir, as situações a enfrentar, assim como os
recursos e o tempo disponíveis e as várias alternativas possíveis. Trata-se pois de uma
acção planeada, baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente
conhecidos. São os métodos que dão sentido a qualquer percurso pedagógico, o
princípio de organização das operações efectuadas para realizar a acção de formação.
Como é referido no livro Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos de Lesne, “(...) «
uma maneira de agir própria para se chegar, num caso particular, a um resultado
pedagógico».”13 Os métodos e as técnicas permitem aos formadores comunicar.
Contudo, não existe um único método pedagógico estanque e especifico para os
adultos. Segundo Malglaive, “... uma estrutura de formação é uma realidade viva, em
movimento, evolutiva.”14 A escolha dos meios pedagógicos (métodos ou técnicas) fazse em condições determinadas de realização. “Um mesmo meio pedagógico pode,
assim, servir vários fins ou produzir efeitos contraditórios ou inesperados.”
15
Não há
uma verdade eterna e universal.
13
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 11.
14
Malglaive, G. (1995). Ensinar adultos. Porto Editora; pág. 24
15
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 16.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
14
Lesne enuncia 3 modos de trabalho pedagógico, os quais passo a descrever de
forma muito sucinta.
O primeiro modo de trabalho pedagógico apresentado por Lesne é o chamado
MTP1 em que a pessoa em formação é sobretudo considerada como objecto de
socialização e caracteriza-se por ser do tipo transmissivo e de orientação normativa.
Trata-se da pedagogia dita ‘tradicional’ ou ‘clássica’, nas suas formas mais extremas
em que “a relação formador-pessoas em formação é entendida, vivida e concebida
como uma relação dissimétrica: saber, nos primeiros; não-saber correspondente, nos
outros (...).”
16
A lógica é o formador de um lado e as pessoas em formação do outro.
Como refere Lesne, há uma valorização do saber teórico e cumulativo em
detrimento do saber prático. Outra característica importante é o facto de levar “a
procedimentos quantitativos de controlo das aquisições, que tentam medir, para o
reduzirem, o desvio entre o modelo proposto pelo formador e o modelo devolvido pela
pessoa em formação (...)”.
17
O MTP1 atravessa três grandes tipos de métodos: afirmativos/demonstrativos;
métodos interrogativos; e, métodos ditos activos.
“Por ele se exerce uma acção que visa impor esquemas de pensamento e de
acção instituídos, uma integração intelectual nos modelos de saber ou de organização
do saber propostos pelo formador.”
18
O autor refere ainda qua a ausência de exercício deste modo de trabalho
pedagógico é sociologicamente impossível.
O segundo modo de trabalho referido pelo mesmo autor é chamado MTP2
segundo o qual a pessoa é sobretudo considerada como sujeito da sua própria
socialização, actor social e caracteriza-se principalmente por ser do tipo incitativo e de
orientação pessoal. As pedagogias postas em acção centram-se em tudo o que possa
fazer surgir ou tornar a pessoa sujeito da sua própria formação.
Como refere Lesne, “... ela considera as pessoas em formação mais como
«educando-se» ou «formando-se» que como «ensinados» ou «formados». As incitações
desenvolvidas centram-se nas pessoas em formação, na sua qualidade de indivíduos
dotados ou susceptíveis de autonomia ... operam ao nível das intenções, dos móbeis,
16
Idem; pág. 49.
Idem; pág. 57.
18
Idem; pág. 75.
17
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
15
das disposições, das potencialidades diversas das pessoas em formação.”
19
Deste
modo, coloca totalmente em causa o saber da pedagogia clássica (memorização de
conhecimentos ou sequências de gestos técnicos; conhecimentos gerais, abstractos e
compartimentados) valorizando sim o desenvolvimento das funções mentais, a
ginástica mental.
O formador deixa de ser o único intermediário entre um saber e as pessoas em
formação. Os formandos deverão organizar-se para que tenham acesso directo ao
saber. As pessoas não precisam senão de si próprias e de um efeito apenas de
catalisador do formador.
“O formador procura fazer nascer um saber-adquirir, um saber-mudar, um
saber-informar-se, mais do que comunicar um saber estabelecido. Visa fazer emergir
um potencial de aquisição do saber e não fazer adquirir um corpo constituído de
conhecimentos.
A
determinante (...)”
sua
personalidade
constitui
um
instrumento
de
formação
20
Quanto ao poder a ideia consiste em pôr nas mãos dos formandos tudo o que é
possível entregar-lhes.
O terceiro modo de trabalho pedagógico é apelidado de MTP3, a pessoa é
sobretudo considerada como um agente de socialização, agente determinado mas
também determinante, e centra-se na inserção social do indivíduo. Lesne considera-o o
mais apropriado à condição de adulto que os outros MTP na medida em que “(...) as
pessoas em formação são sobretudo consideradas como agentes sociais, susceptíveis
de intervir ao nível da capacidade que toda a sociedade possui de agir sobre o seu
próprio funcionamento.”
21
“Na perspectiva do MTP3, a formação dirige-se, pois, a agentes sociais
concretos, que ocupam lugares concretos em estruturas sociais concretas, que
caracterizam grupos humanos reais e concretos, ou seja, enraízados na história.”
22
Existem poucos casos de aplicações em que o MTP3 se revele dominante. O
desenvolvimento desejado do MTP3 exige condições que nem sempre estão reunidas.
No caso mais específico da minha Acção de Formação não posso dizer que
optava por um deles em detrimento dos outros dois. Penso que os três se
19
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 78.
20
Idem; pág. 110.
21
Idem; pág. 152.
22
Idem; pág. 156.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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complementam e que se conseguir conciliá-los trarei bem mais benefícios para os
formandos e para a própria formação em si. Não nego, contudo, que seria mais fiel ao
MTP1 e MTP2. Mas, o que importaria realmente era a adequação destas práticas aos
objectivos pedagógicos.
Lesne, inclusive, alerta para o seguinte: “(...) se efectivamente se excluem como
práticas isoladas, por outro lado, raramente se utilizam sozinhos. São, muitas vezes,
precedidos ou seguidos por outros meios pedagógicos em que surgem diferentes
modalidades de acção pedagógica.”
23
Para facilitar a aprendizagem iria procurar criar as condições certas para tal,
favorecendo o acesso à informação, dando tempo e liberdade aos formandos para
aprender, usando métodos de explicação ‘passo a passo’, tendo sempre em
consideração a auto-estima dos indivíduos, e utilizando sempre metodologias de
ensino e estratégias de aprendizagem que permitam aos formandos tornarem-se
aprendizes competentes.
Os adultos, de um modo geral, aprendem melhor quando têm fortes motivações
para tal; assumem a responsabilidade da sua aprendizagem; aprendem melhor têm
pistas de estudo que vão de encontro às suas necessidades e interesses; valorizam a
informação que lhes é útil (segundo os estudos da memória, se uma informação tem
pouco interesse para nós, passados 18 seg. já não nos lembramos de 82%); valorizam
a informação relacionada com as suas expectativas e experiências anteriores; e,
exigem um feedback positivo sobre a sua “performance”.
Iria então desenvolver actividades que interessassem realmente aos formandos
em questão. Nomeadamente o recurso a artigos de jornal, poesia, prosa e tentando
codificar para os dois domínios: verbal e visual, pois se trabalharmos com os dois
hemisférios ao mesmo tempo memorizamos melhor. Tentando sempre fugir a
materiais que não tivessem sentido para eles para que a memorização não ficasse
comprometida.
Escolheria métodos e técnicas bem como materiais pedagógicos que utilizassem
os sentidos como avenidas que dão acesso ao cérebro. Sabemos que nós aprendemos
na maior parte pela vista (cerca de 83%) e que nos recordamos cerca de 90% daquilo
23
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 220.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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que dizemos e simultaneamoente fazemos. Tendo em mente estes aspectos utilizaria
os instrumentos mais adequados.
Outra das técnicas que também utilizaria se bem que uma única vez pelo seu
grau de elevada complexidade seria a dinâmica de grupo (Kurt Lewin), não só para os
elementos se conhecerem uns aos outros mas principalmente a si próprios. Sempre
cumprindo as fases essenciais para que esta decorra da melhor forma e surta os
efeitos
desejados,
principalmente:
estabelendo
um
ambiente
de
segurança,
democrático em que nenhuma ideia é deixada de fora para que os participantes
mostrem um pouco daquilo que são, se abram ao grupo; o princípio do feedback que é
básico para o funcionamento da dinâmica de grupo, é fundamental comunicar aos
outros o que pensamos deles o que implica mudança de comportamentos; e por
último, mas não menos importante, a síntese dos elementos que foram vivenciados.
Esta técnica ajudaria os elementos a conhecerem-se melhor, as suas melhores
qualidades
bem
como
algumas
questões
que
podem
melhorar
nos
seus
comportamentos o que seria uma mais valia na sua procura de emprego.
Tendo em conta o tipo de conteúdos a transmitir iria promover bastante os
trabalhos práticos bem como técnicas de trabalho em grupo, debates sobre
documentos audiovisuais, explosão de ideias (“brainstorming”) e estudo de casos. Isto
porque a união da prática-teoria é a relação motora da animação e da motivação.
Segundo Lesne, “(...) articulação real da teoria e da prática com vista a
aumentar, simultaneamente, a capacidade de apropriação cognitiva do real e a
capacidade de agir sobre o real, e articulação assumida na própria acção de
formação.”
24
Na maior parte das vezes os trabalhos seriam desenvolvidos em grupo pois
mostra ser a técnica mais adequada no caso da aprendizagem conceptual e na
resolução critiva de problemas.
O trabalho em grupo e a interacção que lhe está subjacente proporciona o
confronto de ideias e os elementos envolvidos cooperam activamente na procura de
soluções e ao serem confrontados com pontos de vista diferentes dos seus, repensam
os seus, criticam-os e analisam-os novamente de forma mais objectiva. E torna-se
24
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 202.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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importante também porque, cada vez mais, as organizações valorizam o trabalho em
equipa.
As sessões seriam assim fundamentalmente baseadas em pedagogias activas. E,
com vista a formar um plano de trabalho pluridisciplinar e de articulação com outras
actividades pessoais e culturais promoveria ainda a utilização do telefone para
determinados contactos; redacção de cartas formais; elaboração de anúncios de
emprego; resolução de problemas apresentados em fichas; realização de pesquisas na
Internet. Proporcionaria também visitas a Centros de Emprego, Univas e ao próprio
IEFP bem como a visita às sessões de profissionais destas instituições e profissionais
da área de Sociologia com vista a um aconselhamento aos jovens com base nas suas
experiências pessoais e profissionais.
Como é referido no livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento,
se bem que noutro contexto, “a resolução de problemas, em situações de comunicação
oral, permitiu a aquisição de competências ligadas à manutenção de uma conversa:
manter o contacto perceptivo, uso das fórmulas de delicadez e de alguns lugares
comuns, descobertas de temas de conversa, finalização da conversa.”25
O jovem está inserido no contexto sócio-económico e cultural que o condiciona.
Tem uma história pessoal, pertence a um grupo social e tem referências culturais que
determinam os seus problemas e as suas necessidades. Assim, o processo educativo
deve integrar as diversas experiências vividas pelos jovens reconhecendo-as como um
valor educativo efectivo ou potencial. Isto é, as situações de aprendizagem devem, por
isso, ter em conta: o reconhecimento da importância dos valores culturais e vivências
pessoais dos participantes; as suas experiências passadas; deve dar-se prioridade a
métodos que assegurem a todo o momento a participação de cada um dos formandos
no processo educativo. recorrendo, sempre que possível, a documentos autênticos. A
evocação à experiência passada é importantíssima pois, como refere Amâncio da Costa
Pinto na sua exposição “Implicações escolares dos estudos de memória”, “o actual
conhecimento de
uma
pessoa
não
só
influencia
a
aprendizagem
de
novos
conhecimentos e informações pelo aprendiz, mas também o modo como o material
será organizado para retenção e recuperação futura”26, mais ainda, “(...) o
processamento da informação é ainda mais profundo e o grau de retenção mais
25
Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste
Gulbenkian; pág. 26.
26
Amâncio da Costa Pinto; Implicações escolares dos estudos de memória; pág. 38.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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elevado, se os materiais a serem recordados forem analisados e associados em relação
à personalidade do sujeito que os estuda ou a episódios por ele vivenciados (Pinto,
1991).”27
Assim sendo, a opção por um ou outro método pode ter profundas
consequências sobre a memória a longo prazo. Os métodos mais adequados passam
precisamente pelo formando ser capaz de reformular um texto ou discurso por
palavras próprias, elaborar sumários, formar imagens mentais, criar analogias com
conhecimentos prévios ou situações do dia a dia, pensar, avaliar e criticar a informção
de acordo com o conhecimento de que é portador.
“Sabe-se no entanto que os professores, que conseguirem na organização das
suas aulas envolver activamente os estudantes na apresentação e discussão dos temas
escolares, estão a criar um contexto rico para que a aprendizagem ocorra. Este
ambiente enriquecedor proporciona a criação de uma representação qualitativamente
superior do conhecimento escolar. É superior porque está associada a episódios
singulares e reporta-se à personalidade do aluno, proporcionando uma aprendizagem
mais duradoura e por conseguinte mais resistente ao esquecimento.”28
A minha Acção de Formação seria então primordialmente bidireccional:
formaríamos equipa, aprenderíamos em equipa, dialogaríamos, cooperaríamos,
seríamos activos, pensaríamos juntos e juntos atingiríamos a verdade.
Avaliação
A avaliação também é importantíssima e não poderia ser esquecida, “só através
da avaliação é possível saber o que se passou naquele grupo, naquele tempo e naquele
espaço (...)”.29
Mas atenção, não seria uma avaliação com o objectivo de apurar o que os
formandos não sabem e julgá-los por isso. Consistiria fundamentalmente, em aferir a
27
Costa Pinto, A. (1998).”Implicações escolares dos estudos de memória humana”. Psicopedagogia , Educação e
Cultura, 1997, I, 1.; pág. 40.
28
Idem; pág. 44.
29
Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação. Lisboa, Multinova;
pág. 245.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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validade dos objectivos da aprendizagem e das estratégias para os atingir,
conduzindo-os a uma melhoria.
Os objectivos primordiais desta avaliação seriam fundamentalmente: verificar
em que medida estariam a ser atingidas as metas ou objectivos da aprendizagem;
comprovar a adequação dos conteúdos e métodos aos formandos; rediagnosticar
novas necessidades de aprendizagem; introduzir reajustamentos às falhas detectadas;
fortalecer as motivações dos formandos para aprender; redefinir novos itinerários de
aprendizagem caso se mostrasse necessário. Como enuncia J. M. Barbier (1990), “a
avaliação não é recolher a informação, mas é trocar a informação para fazer surgir o
sentido”.
Assim realizaria uma avaliação diagnóstica ou inicial (para organizar os
trabalhos
ao
nível
individual
e
grupal,
para
que
cada
formando
se
situe
conscientemente ao nível dos seus conhecimentos, e se responsabilize pelo seu
processo de aprendizagem)
, uma formativa ou contínua, uma avaliação sumativa ou
30
final e uma avaliação dos próprio formador feita pelos formandos
. A avaliação
31
diagnóstica é bastante importante na medida em que “os alunos apresentam à partida
níveis de conhecimento extracurriculares diversificados, a maior parte deles obtidos
nos meios de comunicação social, conversas de família e grupos de amigos. É
importante que o professor tenha em conta os diferentes tipos de conhecimento prévio
de que os alunos são portadores, quando inicia a abordagem de um novo tema ou
capítulo, de forma a proporcionar uma integração mais consistente dos novos
conhecimentos na memória daquilo que os alunos já sabem.”32
Como nos diz Paulo da Trindade Ferreira, “(...) a avaliação é uma oportunidade
para os formandos se aperceberem daquilo que aprenderam, para quê aprenderam, e
da forma como aprenderam.”.33 Trata-se de colocar o indivíduo em situação de ser
capaz de estudar e solucionar, com os outros, os seus problemas numa perspectiva de
auto-formação e auto–avaliação.
30
Ver anexo I.
Ver anexo II.
32
Costa Pinto, A. (1998).”Implicações escolares dos estudos de memória humana”. Psicopedagogia ,
Educação e Cultura, 1997, I, 1; pág. 42.
33
Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação. Lisboa,
Multinova; pág. 265.
31
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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Conclusão
Em jeito conclusivo gostaria de reforçar o objectivo primordial desta Formação:
capacitar os jovens universitários, prestes a terminar a sua licenciatura, das
competências necessárias a uma eficaz procura de emprego.
Penso, como já referi, que seria uma mais-valia para ambas as partes envolvidas
neste processo: os formandos, as faculdades, as organizações empregadoras e até
para o próprio formador (que também aprende, não deve ser considerado o ‘senhor
soberano’ do saber).
E deste modo, pela sua pertinência e actualização e pelo seu carácter de
inovação, atrevo-me mesmo a dizer que deveria ser uma hipótese a considerar devido
aos seus potenciais contributos ao nível do desenvolvimento psicológico e de Educação
de Adultos ou, neste caso, de jovens adultos.
Considero também importante frisar que todos os elementos presentes nesta
proposta de intervenção que fiz foram devidamente fundamentados teoricamente com
o recurso a autores e estudiosos da área de educação de adultos e psicopedagogia.
Não posso, no entanto, terminar sem deixar uma ressalva! Seria fundamental
não deixar passar para os formandos a imagem de que toda a procura de emprego
resulta infalivelmente num acto conseguido e feliz, ou seja, a obtenção de uma óptima
colocação. Nos dias de hoje a situação não está fácil e é fundamental que os indivíduos
em questão tenham essa noção. Caso contrário, passado algum tempo da Acção de
Formação poderiam sentir-se frustrados e revoltados em relação a tudo o que lhes foi
dito. Tratar-se-ia então de prepará-los para o positivo e para o negativo sem lhes
ocultar a verdadeira realidade, isto é, sem os iludir.
_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego)
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Bibliografia
Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de
formação, Lisboa, Multinova.
Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise,
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian.
Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento.
Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian.
Costa Pinto, A. (1998).”Implicações escolares dos estudos de memória humana”.
Psicopedagogia , Educação e Cultura, 1997, I, 1.
Malglaive, G. (1995). Ensinar Adultos, Porto Editora.
Schiller, R. A. (1998). “The Relationship of developmental tasks to life satisfaction ,
moral reasoning and occupational attainment at age 28”, Journal of Adult
Development, vol. V, nº4.
Sharif, M., Mayseless, O. e tal (2004). “Adolescent’s attachment representations and
developmental tasks in emerging adulthood”. Developmental Psychology, Vol. 40, nº3.
Sites Consultados
Site do ministério da educação sobre: ensino recorrente, pré-aprendizagem e PRODEP.
http://scholar.google.com
Site do Instituto de Emprego e Formação Profissional
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Anexos
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