_____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 1 Índice Índice __________________________________________________________________ 1 Introdução _____________________________________________________________ 2 Síntese Teórica _________________________________________________________ 3 --- A Importância da Formação e a Valorização dos Conhecimentos --- Conceito de Juventude Abordagem Metodológica ______________________________________________ 7 --- Apresentação do Tema, dos Conteúdos e Fontes de Informação --- Onde e Quando se Realizaria esta Acção de Formação --- Público-Alvo --- A Pertinência, Actualização e Contributos desta Acção de Formação --- Métodos,Técnicas, Materiais Pedagógicos e Actividades a Desenvolver --- Avaliação Conclusão ____________________________________________________________ 21 Bibliografia ___________________________________________________________ 22 Anexos _______________________________________________________________ 23 _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 2 Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Psicopedagogia pertencente ao currículo da licenciatura em Sociologia. Entre as várias opções propostas pela docente da disciplina, optei pela hipótese de organizar uma Acção de Formação. Esta Acção de Formação que pruponho tem como tema Técnicas de Procura de Emprego e é destinada aos jovens universitários a terminar a sua licenciatura e com o objectivo de capacitá-los para que desenvolvam uma procura eficaz de emprego/estágio (curricular/profissional). A pertinência e utilidade desta Formação reside, na minha opinião, em vários factores: a cada vez mais difícil entrada no mercado de trabalho/vida activa; a ausência em muitas faculdades do conceito de tutoria, o que deixa os jovens um pouco ao abandono quando se aproxima o final da licenciatura; e também, porque tenho sentido essa necessidade duma Formação deste tipo por parte dos meus colegas. Mais do que uma Acção de Formação imposta seria primordialmente um acompanhamento feito aos jovens nesta fase de vida tão decisiva para eliminar sentimentos de ansiedade que estão sempre presentes num momento tão importante das suas vidas. A metodologia utilizada por mim para desenvolver este trabalho foi fundamentalmente uma análise da bibliografia fornecida pela docente da disciplina e por mim conseguida, bem como uma consulta de sites da internet relacionados com esta temática. O trabalho encontra-se então estruturado em 5 partes, sendo elas: a introdução; uma síntese teórica (reflexão a cerca da importância da formação e a crescente valorização do conhecimento nos dias de hoje e sobre o conceito de juventude); a abordagem metodológica (apresentação e descrição de toda a minha Acção de Formação, as suas características e como se desenvolveria bem como a sua pertinência e actualização); a conclusão (a natureza e o alcance do que foi analisado e a sua fundamentação teórica; os potenciais prolongamentos em termos de activação do desenvolvimento psicológico e de Educação de Adultos); e, por último, os anexos (dois exemplos de questionários a aplicar no ínicio e no final da Acção com vista a uma avaliação). _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 3 Síntese Teórica A Importância da Formação e a Valorização dos Conhecimentos A vontade de aprender é tão velha como o homem, mas nunca se valorizou e estimulou tanto o desejo de aprender como nos dias que correm, “o que é, repentinamente passa ao que era; o presente vertiginosamente cai no passado.”1 Todos nós sentimos uma necessidade de refazer permanentemente o nosso equilíbrio individual, desenvolvimento de social e institucional competências técnicas, que só é possível operacionais e a partir humanas. do É a aprendizagem que facilita a mudança e um estado de abertura ao mundo. Deste modo, torna-se um imperativo alargar a formação a todas as áreas do saber e as todas as fases da vida. Nunca foi tão correcto dizer “o saber não ocupa lugar” e é importante “aprender até morrer”. A aprendizagem não se deve circunscrever a uma só etapa da vida, nem a um determinado conteúdo ou espaço, isto é, “aprendemos em todas as circunstâncias, em todas as idades, em todos os locais e com todas as pessoas que tenham a capacidade de comunicar uma mensagem ou de exercer alguma influência sobre nós: família, amigos, vizinhos, colegas... aprende-se vivendo e vive-se aprendendo.”2 Como é referido por M. Lesne, “a literatura pedagógica já admite que a educação de um indivíduo é um processo que se desenrola ao longo da sua vida, mesmo quado a formação social a que ele pertence se não encarrega dela de forma organizada, pelo próprio jogo de interacções que ele mantém com o seu meio natural e social.”3 A formação de adultos tem precisamente o grande objectivo de capacitar as pessoas para poderem progredir numa vida de cidadania geral, consolidando saberes 1 Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação, Lisboa, Multinova; pág 24. 2 Idem; pág. 80. 3 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 21. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 4 de base, aumentando competências, capacitando para o confronto com as exigências complexas de análise e comunicação bem como ensinando atitudes de flexibilidade, adaptabilidade, criatividade, tolerância, capacidade de ouvir... Os indivíduos procuram realizar uma acção de formação e instruir-se sobre uma dada matéria, com o objectivo de colmatar uma determinada necessidade, pretendem ultrapassar uma barreira para assim chegar a um objectivo final. Lesne diz-os precisamente que “uma das características especiais da formação de adultos... consiste em ser organizada sob a forma de acções, ou seja, sob forma de respostas específicas e parciais a problemas mais gerais, de ordem económica, social, cultural, postos por organizações, grupos, pessoas.”4 Embora os adultos tenham inúmeras motivações que os fazem procurar uma acção de formação, existem igualmente muitas dificuldades e receios que têm de enfrentar quando a decidem realizar. Estas dificuldades prendem-se com estereótipos existentes na sociedade que assentam na ideia de que o envelhecimento conduz a uma diminuição acentuada das capacidades de aprendizagem. Isto faz com que o adulto se questione e seja questionado pelos outros se realmente é capaz de realizar uma acção de formação. Esta dúvida pessoal relaciona-se com a ideia muito difundida que envelhecimento significa necessariamente diminuição acentuada das capacidades de aprendizagem. As principais vítimas deste estereótipo são exactamente os indivíduos das faixas etárias mais elevadas e o problema agrava-se pois os mesmos tendem a desanimar rapidamente ao mais pequeno obstáculo na formação, ou a auto-excluir-se por acharem que já não têm capacidade para acompanhar as mudanças em curso. A psicologia do desenvolvimento ao longo da vida que surge por volta dos anos 60/70 trouxe grandes contributos nestas áreas pois o seu objectivo é precisamente: “a descrição, a explicação e a organização dos processos desenvolvimentais ao longo da vida desde o nascimento até à morte” (Baltes, Reese e Lipsitt, 1980). 4 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 37. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 5 Conceito de Juventude Sendo a minha formação destinada a uma população de jovens adultos (universitários), como vou explicar de seguida, considero importante fazer uma breve introdução ao conceito de Juventude. Trata-se de uma realidade social e historicamente recente se a considerarmos como é entedida nos dias de hoje. É após o séc. XVIII que começou a verificar-se uma certa promoção da juventude no seio de uma sociedade onde a burguesia modificou progressivamente a sua atitude face à sua própria descendência. A importância crescente da especialização tecnológica levou também a um prolongamento da aprendizagem dos indivíduos que deixou de ser feita na família sendo transferida para instituições especializadas, precedendo a entrada no mundo dos adultos, o que veio ter reflexos importantantíssimos no reconhecimento da categoria juventude. Do ponto de vista das autoras do livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento, foi principalmente “com a explosão demográfica do pós-guerra e com os movimentos de contestação, reivindicação e expressão juvenil dos anos 60/70 que emerge o fenómeno demográfico e sociológico da juventude. A partir de então, a juventude torna-se não só campo privilegiado da intervenção política mas também objecto de interesse científico.”5 Actualmente, vemos vários factores que levam ao surgimento de novas investigações no âmbito da juventude, entre os quais: o aumento do desemprego juvenil e a precarização do mercalho de trabalho (o ingresso em empregos que oferecem ou conduzem directamente a salários e ao estatuto de adulto torna-se um processo mais demorado). Neste ponto considero importante a perspectiva de Pais (1990),citado por Brigitte Detry e Ana Cardoso, “se, no final dos anos 60, a juventude era um «problema», na medida em que era definida como protagonista de uma crise de valores e de conflito de gerações essencialmente situado sobre o terreno dos 5 Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 26. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 6 comportamentos éticos e culturais, a partir da década de 70, os «problemas» de emprego e de entrada na vida activa tomaram progressivamente a dianteira nos estudos sobre a juventude”.6 Desde cedo os jovens sentem a ameaça do desemprego e da falta de perspectivas profissionais. Surge então uma nova questão social, “(...) o prolongamento da etapa escolar deixou, então, de ser vivido na esperança da quase certeza de um futuro assegurado, para ser vivido na inquietação e na incerteza de uma ocupação profissional à medida dos sonhos e desejo.”7, o que acarreta várias consequências negativas. A entrada dos jovens na vida adulta é um fenómeno que abarca dimensões múltiplas, sendo as mais significativas na perspectiva de Brigitte Detry e Ana Cardoso: a profissional, a matrimonial e a residencial e também a de consumo. “É, no entanto, inegável a importância da dimensão profissional, estando muitas vezes dela dependente a concretização das restantes.” 8 As dificuldades verificadas actualmente na obtenção de um emprego seguro impossibilita aos jovens a independência económica, prolongando o tempo de qualificação e formação e assim também a dependência familiar e residencial. É neste aspecto que considero a minha formação em Técnicas de Procura de Emprego extremamente adequada e pertinente. Como é referido no livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento “(...) pelo facto de estarem inactivos os indivíduos são privados dos «ritmos colectivos da vida».”9 Podendo enveredar por caminhos mais fáceis que, no entanto, podem ser os mais problemáticos. Todas estas questões que referi e que são extremamente actuais devem ser pensadas e resolvidas pelas instâncias compentes caso contrário estes jovens de que falo resultarão em adultos com graves problemas, pois “quando o passado se caracteriza por uma acumulação de insucessos, a capacidade de imaginar o futuro, definir e arquitectar projectos fica comprometida”.10 6 Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 28. 7 Idem; pág. 29. 8 Idem; pág. 30. 9 Idem; pág. 93. 10 Idem; pág. 117. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 7 Abordagem Metodológica Apresentação do Tema, dos Conteúdos e Fontes de Informação O tema da minha Acção de Formação seria então Técnicas de Procura de Emprego, sendo o objectivo geral dotar os formandos de ferramentas e competências que lhes seriam úteis a quando a sua procura de emprego ou estágio (curricular ou profissional). A Formação compreenderia 6 grandes módulos, teria a duração de 6 semanas e seria estruturada da seguinte forma: Módulo 1 (3 horas) Organizar o Plano de Acção Conhecer o Mercado de Trabalho Módulo 2 (3 horas) Anúncios de Emprego o Onde procurar anúncios o Analisar os anúncios o Responder a anúncios Módulo 3 (3 horas) Currículos o O que são e para que servem o Quando e como utilizá-los o O que devem conter o Como organizá-los e redigi-los Módulo 4 (3 horas) Cartas de Apresentação e de Candidatura o O que são e o que devem conter o Quando utilizá-las Módulo 5 (3 horas) Candidaturas Espontâneas candidatura espontânea) o O que são o Para que servem o Como redigi-los o A quem dirigi-los (o próprio anúncio de emprego/carta de _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 8 Módulo 6 (3 horas) Entrevistas de Emprego o O que são e quais os objectivos o Como preparar-se o Como comportar-se o Aspectos que poderão ser abordados o Auto-avaliação da própria entrevista As minhas principais fontes de informação seriam: o Instituto de Emprego e Formação Profissional; os Centros de Emprego; Univas; sites da Internet relacionados com estas temáticas; bem como, bibliografia relacionada com o assunto. Fontes estas que seriam, na totalidade, transmitidas também aos formandos pois o meu objectivo é que se tornem pessoas autónomas e independentes para o pós-formação. Não me interessa mantê-los dependentes, as pessoas só podem voar quando lhes é dado espaço para abrirem as suas asas... Onde e Quando se Realizaria esta Acção de Formação A ideia seria que esta Acção de Formação tivesse lugar na própria universidade onde se encontra o meu público-alvo e tivesse a duração de 6 semanas que seriam obrigatoriamente no II semestre do 3º Ano se a duração da Licenciatura fosse de 4 anos ou no 4º Ano caso esta fosse de 5 anos. Isto porque, se a ideia da Formação é dotar os Jovens universitários das competências essenciais para uma eficaz procura de emprego parece ter lógica que esta ocorra neste período de tempo que antecede o final da Licenciatura e a procura de uma instituição para a realização do Estágio Curricular. A minha formação seria uma inovação, tendo em conta a perspectiva de Garant, M. In Bonami (1996), ou seja, seria a introdução voluntária de uma prática nova num estabelecimento escolar com vista a uma melhor eficácia na resposta a um problema percepcionado no meio, que neste caso seria a questão das dificuldades inerentes à empregabilidade. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 9 Público-Alvo Definir correctamente a quem se destina a Acção de Formação é deveras importante pois, “a actividade formativa não começa com o animador, mas com os formandos. Ao animador compete dar um passo em frente, por vezes decisivo, mas sempre a partir das etapas percorridas pelo grupo”.11 Tudo o que desenvolverei na minha Acção terá em conta o perfil destes indivíduos que são portadores de saberes que lhes conferem uma cultura própria. Ainda que de forma muito genérica já mencionei qual seria o meu público-alvo. Seriam então os jovens universitários prestes a terminar a sua licenciatura, ou seja, a frequentar o 3º Ano caso o Curso tenha 4 anos de duração ou o 4º se este tiver 5 anos de duração. Trata-se então de uma população com um elevado nível de conhecimentos e informada, que se interessa por meios de comunicação que proporcionam a aquisição de determinados conhecimentos, preferências que complementam a sua aprendizagem escolar (programas informativos e culturais, filmes, séries, jornais...). Estes indivíduos são também bastante estimulados devido à própria escolaridade mas também ao fácil acesso a meios que contribuem para um treino constante das funções intelectuais. Pela minha percepção estes jovens estão prestes a entrar para o mercado de trabalho, mas verifica-se que na sua grande maioria não dominam as técnicas de procura de emprego, ferramentas que precisarão a curto prazo, daí também a pertinência que julgo ter a minha formação. A Pertinência, Actualização e Contributos desta Acção de Formação Como nos diz Levinton, citado por Schiller, há para cada idade um desenvolvimento psicológico específico. No seu estudo, Schiller defende a existência 11 Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação. Lisboa, Multinova; pág. 162. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 10 de 6 tarefas de desenvolvimento que devem ser realizadas entre o fim da Escola Secundária e o final da década dos 20 anos dos indivíduos, são elas: deixar, externamente e internamente, a família de origem: do ponto de vista físico, financeiro e psicológico (conquistar também uma autonomia afectiva; outras referências afectivas para além dos pais); negociar a tensão entre criar e explorar uma estrutura de vida estável; projectar um “sonho” e dar-lhe espaço na estrutura de vida (um sonho é um guia para o mundo dos adultos); estabelecer uma relação com um ‘tutor’ (alguém mais experiente na sua área) que irá confirmar o sonho do jovem adulto e guiá-lo no seu início de carreira (motivação); empenho na carreira (início na carreira); estabelecer uma relação de amor: implicando normalmente casamento e família (há uma espécie de ‘relógio social’/pressão social que ‘empurra’ para este tipo de desenvolvimento psicológico nestas idades). Outros autores ainda, SHARIF, M., MAYSELESS, O. etal. (2004), por sua vez, estudam de forma mais aprofundada a variável: a forma como os jovens adultos vivem a separação da casa dos pais. Consideram, nos seus estudos, 3 variáveis: lidar com a transição para fora da família de origem; a capacidade de estabelecer uma relação intíma; e, desenvolver um sentido de eficácia individual. Isto é, se na altura de se autonomizarem da casa dos pais ficarem com uma recordação positiva, as 3 variáveis correrão bem. Todas estas questões estão relacionadas com o porquê, a adequabilidade e pertinência da minha prosposta de formação que visa exactamente dotar os jovens adultos prestes a acabar a sua licenciatura de técnicas de procura de emprego. Está assim relacionada com os vários pontos acima referidos: uma fase em que os jovens começam a pensar na independência relativamente à família de origem; a exploração e criação de uma estrutura de vida estável; auxílio na prossecução do sonho na estrutura de vida; encorporaria um pouco o papel abstracto de tutoria e acompanhamento nesta tentativa de desenvolvimento de um sentido de eficácia individual. Cada vez mais, nos dias de hoje, as questões da transição para a vida activa tornam-se problemáticas e pertinentes e um devido acompanhamento mostra-se indispensável, se não queremos ver os nossos jovens adultos frustrados e a vivenciar uma série de experiências passadas conotadas de sentimentos negativos associados à vida laboral. Cada vez mais verificamos nas nossas universidades um reflexo do individualismo característico da sociedade de hoje. A perspectiva individual predomina _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 11 e logo, as pessoa tenderão a sentir-se menos apoiadas e tendem a resolver as situações de modo mais independente, sofrendo assim da necessidade de um acompanhamento relacionado com o conceito de ‘tutor’. As questões relacionadas com a transição e as questões de futuro merecem cada vez mais a nossa preocupação e atenção. Principalmente no que respeita à entrada na vida activa que se não for conseguida porá em risco muitas das outras etapas de desenvolvimento. Como nos diz Brigitte Detry e Ana Cardoso, “num contexto de compressão do emprego juvenil, o prolongamento da etapa escolar deixou, então, de ser vivido na esperança da quase certeza de um futuro assegurado, para ser vivido na inquietação e na incerteza de uma ocupação profissional à medida dos sonhos e desejos.”12 Se por um lado há uma incitação e desejo pela independência e pela autonomia, por outro, acrescem as dificuldades dos jovens em alcançar uma estabilização da vida profissional o que prolonga a vida escolar e torna mais díficil a constituição do próprio lar. Como é referido no livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento, o retardamento da entrada na vida activa bem como um prolongamento do tempo de formação e qualificação traz consigo várias consequências, destaco: a não coincidência entre a maior aposta na formação e as reais possibilidades de uma inserção durável no mercado de trabalho; o incremento de experiências negativas/instáveis/precárias de contacto com o mercado de trabalho; e, a discrepância entre uma relação com o mercado de trabalho e o querer assumir determinadas responsabilidades para atingir um verdadeiro estatuto de adulto. Todos este factores conduzirão os jovens a um elevado estado de frustração, pode ocasionar uma regressão no que respeita à vida activa ou ainda, e mais grave, conduzir os indivíduos à prática de condutas mais desviantes. Considero assim que esta formação seria uma mais-valia tanto para a Faculdade em questão como para o público-alvo, para os empregadores e até para o próprio formador. Não haveria um choque de interesses ao contrário do que muitas vezes acontece que os pedidos e interesses não coincidem uns com os outros. 12 Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 29. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 12 E é precisamente nestes pontos que reside a modernidade na minha formação: no realismo dos seus objectivos; na identificação clara e precisa dos seus destinatários; na oportunidade dos seus conteúdos; e, na adequação dos seus métodos. A não credibilidade da formação deve-se, em muitos casos, à sua incapacidade de responder às necessidades sentidas pelos formandos. Como salienta a filosofia Kung Fu: o que se sabe não tem valor em si mesmo. O valor está no que se faz com o que se sabe! O formando precisa de saber o por quê (a causa), o para quê (a utilidade) e o como (o método) do que faz ou aprende. Para assim, ter capacidade para resolver os problemas pelos quais se depara. Qualquer indivíduo adulto só procura uma acção de formação se esta lhe oferecer a resolução de um determinado problema da vida quotidiana, a fim de promover uma melhoria da sua qualidade de vida, para que assim possa “participar em pé de igualdade na vida democrática”. É a funcionalidade aplicativa dos conteúdos propostos que faz com que os adultos procurem uma acção de formação, para que possam posteriormente aplicar na realidade a matéria aprendida, atingindo assim o objectivo a que se tinham proposto, a fim de ultrapassarem determinadas dificuldades. Um dos meus objectivos primordiais com esta Acção de Formação é precisamente auxiliar estes jovens prestes a terminar a sua licenciatura nas formas de preparação do seu futuro. Espero que no final da formação eles tenham adquirido sós ou em grupo, novos conhecimentos, qualificações, atitudes ou comportamentos que contribuam para o desenvolvimento integral das suas personalidades; tenham adquirido, retido e sejam capazes de usar conhecimentos no âmbito das áreas curriculares definidas. A importância e pertinência desta formação está exactamente no facto de capacitar e desenvolver atitudes que permitam uma melhor integração profissional e uma participação mais activa e consciente no próprio mercado de trabalho. Outra componente da minha formação seria também um certo acompanhamento destes jovens na sua procura activa de estágios curriculares que permitem exactamente facultar aos alunos a aquisição de experiência profissional e o desenvolvimento de competências relacionais em contexto de trabalho; bem como, fomentar a inter-acção da escola com as empresas e organizações laborais, de modo a _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 13 possibilitar a adequação dos conteúdos, curriculares e métodos de ensino às necessidades e exigências do mundo de trabalho e, simultaneamente, a promover o reconhecimento das qualificações dos jovens por parte do mercado de emprego. Seria assim, principalmente, uma questão de apoio à transição para a vida activa e promoção da empregabilidade. A razão de ser desta Formação parte exactamente do pressuposto de que os jovens aprendam algo e que sejam capazes de recordar e aplicar mais tarde aquilo que aprenderam. Métodos, Técnicas, Materiais Pedagógicos e Actividades a Desenvolver A palavra método traduz um caminho ou um processo racional para atingir um determinado fim, ou seja, utilizar um determinado método supõe uma análise prévia dos objectivos que se pretendem atingir, as situações a enfrentar, assim como os recursos e o tempo disponíveis e as várias alternativas possíveis. Trata-se pois de uma acção planeada, baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente conhecidos. São os métodos que dão sentido a qualquer percurso pedagógico, o princípio de organização das operações efectuadas para realizar a acção de formação. Como é referido no livro Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos de Lesne, “(...) « uma maneira de agir própria para se chegar, num caso particular, a um resultado pedagógico».”13 Os métodos e as técnicas permitem aos formadores comunicar. Contudo, não existe um único método pedagógico estanque e especifico para os adultos. Segundo Malglaive, “... uma estrutura de formação é uma realidade viva, em movimento, evolutiva.”14 A escolha dos meios pedagógicos (métodos ou técnicas) fazse em condições determinadas de realização. “Um mesmo meio pedagógico pode, assim, servir vários fins ou produzir efeitos contraditórios ou inesperados.” 15 Não há uma verdade eterna e universal. 13 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 11. 14 Malglaive, G. (1995). Ensinar adultos. Porto Editora; pág. 24 15 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 16. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 14 Lesne enuncia 3 modos de trabalho pedagógico, os quais passo a descrever de forma muito sucinta. O primeiro modo de trabalho pedagógico apresentado por Lesne é o chamado MTP1 em que a pessoa em formação é sobretudo considerada como objecto de socialização e caracteriza-se por ser do tipo transmissivo e de orientação normativa. Trata-se da pedagogia dita ‘tradicional’ ou ‘clássica’, nas suas formas mais extremas em que “a relação formador-pessoas em formação é entendida, vivida e concebida como uma relação dissimétrica: saber, nos primeiros; não-saber correspondente, nos outros (...).” 16 A lógica é o formador de um lado e as pessoas em formação do outro. Como refere Lesne, há uma valorização do saber teórico e cumulativo em detrimento do saber prático. Outra característica importante é o facto de levar “a procedimentos quantitativos de controlo das aquisições, que tentam medir, para o reduzirem, o desvio entre o modelo proposto pelo formador e o modelo devolvido pela pessoa em formação (...)”. 17 O MTP1 atravessa três grandes tipos de métodos: afirmativos/demonstrativos; métodos interrogativos; e, métodos ditos activos. “Por ele se exerce uma acção que visa impor esquemas de pensamento e de acção instituídos, uma integração intelectual nos modelos de saber ou de organização do saber propostos pelo formador.” 18 O autor refere ainda qua a ausência de exercício deste modo de trabalho pedagógico é sociologicamente impossível. O segundo modo de trabalho referido pelo mesmo autor é chamado MTP2 segundo o qual a pessoa é sobretudo considerada como sujeito da sua própria socialização, actor social e caracteriza-se principalmente por ser do tipo incitativo e de orientação pessoal. As pedagogias postas em acção centram-se em tudo o que possa fazer surgir ou tornar a pessoa sujeito da sua própria formação. Como refere Lesne, “... ela considera as pessoas em formação mais como «educando-se» ou «formando-se» que como «ensinados» ou «formados». As incitações desenvolvidas centram-se nas pessoas em formação, na sua qualidade de indivíduos dotados ou susceptíveis de autonomia ... operam ao nível das intenções, dos móbeis, 16 Idem; pág. 49. Idem; pág. 57. 18 Idem; pág. 75. 17 _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 15 das disposições, das potencialidades diversas das pessoas em formação.” 19 Deste modo, coloca totalmente em causa o saber da pedagogia clássica (memorização de conhecimentos ou sequências de gestos técnicos; conhecimentos gerais, abstractos e compartimentados) valorizando sim o desenvolvimento das funções mentais, a ginástica mental. O formador deixa de ser o único intermediário entre um saber e as pessoas em formação. Os formandos deverão organizar-se para que tenham acesso directo ao saber. As pessoas não precisam senão de si próprias e de um efeito apenas de catalisador do formador. “O formador procura fazer nascer um saber-adquirir, um saber-mudar, um saber-informar-se, mais do que comunicar um saber estabelecido. Visa fazer emergir um potencial de aquisição do saber e não fazer adquirir um corpo constituído de conhecimentos. A determinante (...)” sua personalidade constitui um instrumento de formação 20 Quanto ao poder a ideia consiste em pôr nas mãos dos formandos tudo o que é possível entregar-lhes. O terceiro modo de trabalho pedagógico é apelidado de MTP3, a pessoa é sobretudo considerada como um agente de socialização, agente determinado mas também determinante, e centra-se na inserção social do indivíduo. Lesne considera-o o mais apropriado à condição de adulto que os outros MTP na medida em que “(...) as pessoas em formação são sobretudo consideradas como agentes sociais, susceptíveis de intervir ao nível da capacidade que toda a sociedade possui de agir sobre o seu próprio funcionamento.” 21 “Na perspectiva do MTP3, a formação dirige-se, pois, a agentes sociais concretos, que ocupam lugares concretos em estruturas sociais concretas, que caracterizam grupos humanos reais e concretos, ou seja, enraízados na história.” 22 Existem poucos casos de aplicações em que o MTP3 se revele dominante. O desenvolvimento desejado do MTP3 exige condições que nem sempre estão reunidas. No caso mais específico da minha Acção de Formação não posso dizer que optava por um deles em detrimento dos outros dois. Penso que os três se 19 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 78. 20 Idem; pág. 110. 21 Idem; pág. 152. 22 Idem; pág. 156. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 16 complementam e que se conseguir conciliá-los trarei bem mais benefícios para os formandos e para a própria formação em si. Não nego, contudo, que seria mais fiel ao MTP1 e MTP2. Mas, o que importaria realmente era a adequação destas práticas aos objectivos pedagógicos. Lesne, inclusive, alerta para o seguinte: “(...) se efectivamente se excluem como práticas isoladas, por outro lado, raramente se utilizam sozinhos. São, muitas vezes, precedidos ou seguidos por outros meios pedagógicos em que surgem diferentes modalidades de acção pedagógica.” 23 Para facilitar a aprendizagem iria procurar criar as condições certas para tal, favorecendo o acesso à informação, dando tempo e liberdade aos formandos para aprender, usando métodos de explicação ‘passo a passo’, tendo sempre em consideração a auto-estima dos indivíduos, e utilizando sempre metodologias de ensino e estratégias de aprendizagem que permitam aos formandos tornarem-se aprendizes competentes. Os adultos, de um modo geral, aprendem melhor quando têm fortes motivações para tal; assumem a responsabilidade da sua aprendizagem; aprendem melhor têm pistas de estudo que vão de encontro às suas necessidades e interesses; valorizam a informação que lhes é útil (segundo os estudos da memória, se uma informação tem pouco interesse para nós, passados 18 seg. já não nos lembramos de 82%); valorizam a informação relacionada com as suas expectativas e experiências anteriores; e, exigem um feedback positivo sobre a sua “performance”. Iria então desenvolver actividades que interessassem realmente aos formandos em questão. Nomeadamente o recurso a artigos de jornal, poesia, prosa e tentando codificar para os dois domínios: verbal e visual, pois se trabalharmos com os dois hemisférios ao mesmo tempo memorizamos melhor. Tentando sempre fugir a materiais que não tivessem sentido para eles para que a memorização não ficasse comprometida. Escolheria métodos e técnicas bem como materiais pedagógicos que utilizassem os sentidos como avenidas que dão acesso ao cérebro. Sabemos que nós aprendemos na maior parte pela vista (cerca de 83%) e que nos recordamos cerca de 90% daquilo 23 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 220. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 17 que dizemos e simultaneamoente fazemos. Tendo em mente estes aspectos utilizaria os instrumentos mais adequados. Outra das técnicas que também utilizaria se bem que uma única vez pelo seu grau de elevada complexidade seria a dinâmica de grupo (Kurt Lewin), não só para os elementos se conhecerem uns aos outros mas principalmente a si próprios. Sempre cumprindo as fases essenciais para que esta decorra da melhor forma e surta os efeitos desejados, principalmente: estabelendo um ambiente de segurança, democrático em que nenhuma ideia é deixada de fora para que os participantes mostrem um pouco daquilo que são, se abram ao grupo; o princípio do feedback que é básico para o funcionamento da dinâmica de grupo, é fundamental comunicar aos outros o que pensamos deles o que implica mudança de comportamentos; e por último, mas não menos importante, a síntese dos elementos que foram vivenciados. Esta técnica ajudaria os elementos a conhecerem-se melhor, as suas melhores qualidades bem como algumas questões que podem melhorar nos seus comportamentos o que seria uma mais valia na sua procura de emprego. Tendo em conta o tipo de conteúdos a transmitir iria promover bastante os trabalhos práticos bem como técnicas de trabalho em grupo, debates sobre documentos audiovisuais, explosão de ideias (“brainstorming”) e estudo de casos. Isto porque a união da prática-teoria é a relação motora da animação e da motivação. Segundo Lesne, “(...) articulação real da teoria e da prática com vista a aumentar, simultaneamente, a capacidade de apropriação cognitiva do real e a capacidade de agir sobre o real, e articulação assumida na própria acção de formação.” 24 Na maior parte das vezes os trabalhos seriam desenvolvidos em grupo pois mostra ser a técnica mais adequada no caso da aprendizagem conceptual e na resolução critiva de problemas. O trabalho em grupo e a interacção que lhe está subjacente proporciona o confronto de ideias e os elementos envolvidos cooperam activamente na procura de soluções e ao serem confrontados com pontos de vista diferentes dos seus, repensam os seus, criticam-os e analisam-os novamente de forma mais objectiva. E torna-se 24 Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 202. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 18 importante também porque, cada vez mais, as organizações valorizam o trabalho em equipa. As sessões seriam assim fundamentalmente baseadas em pedagogias activas. E, com vista a formar um plano de trabalho pluridisciplinar e de articulação com outras actividades pessoais e culturais promoveria ainda a utilização do telefone para determinados contactos; redacção de cartas formais; elaboração de anúncios de emprego; resolução de problemas apresentados em fichas; realização de pesquisas na Internet. Proporcionaria também visitas a Centros de Emprego, Univas e ao próprio IEFP bem como a visita às sessões de profissionais destas instituições e profissionais da área de Sociologia com vista a um aconselhamento aos jovens com base nas suas experiências pessoais e profissionais. Como é referido no livro Construção do Futuro e Construção do Conhecimento, se bem que noutro contexto, “a resolução de problemas, em situações de comunicação oral, permitiu a aquisição de competências ligadas à manutenção de uma conversa: manter o contacto perceptivo, uso das fórmulas de delicadez e de alguns lugares comuns, descobertas de temas de conversa, finalização da conversa.”25 O jovem está inserido no contexto sócio-económico e cultural que o condiciona. Tem uma história pessoal, pertence a um grupo social e tem referências culturais que determinam os seus problemas e as suas necessidades. Assim, o processo educativo deve integrar as diversas experiências vividas pelos jovens reconhecendo-as como um valor educativo efectivo ou potencial. Isto é, as situações de aprendizagem devem, por isso, ter em conta: o reconhecimento da importância dos valores culturais e vivências pessoais dos participantes; as suas experiências passadas; deve dar-se prioridade a métodos que assegurem a todo o momento a participação de cada um dos formandos no processo educativo. recorrendo, sempre que possível, a documentos autênticos. A evocação à experiência passada é importantíssima pois, como refere Amâncio da Costa Pinto na sua exposição “Implicações escolares dos estudos de memória”, “o actual conhecimento de uma pessoa não só influencia a aprendizagem de novos conhecimentos e informações pelo aprendiz, mas também o modo como o material será organizado para retenção e recuperação futura”26, mais ainda, “(...) o processamento da informação é ainda mais profundo e o grau de retenção mais 25 Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian; pág. 26. 26 Amâncio da Costa Pinto; Implicações escolares dos estudos de memória; pág. 38. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 19 elevado, se os materiais a serem recordados forem analisados e associados em relação à personalidade do sujeito que os estuda ou a episódios por ele vivenciados (Pinto, 1991).”27 Assim sendo, a opção por um ou outro método pode ter profundas consequências sobre a memória a longo prazo. Os métodos mais adequados passam precisamente pelo formando ser capaz de reformular um texto ou discurso por palavras próprias, elaborar sumários, formar imagens mentais, criar analogias com conhecimentos prévios ou situações do dia a dia, pensar, avaliar e criticar a informção de acordo com o conhecimento de que é portador. “Sabe-se no entanto que os professores, que conseguirem na organização das suas aulas envolver activamente os estudantes na apresentação e discussão dos temas escolares, estão a criar um contexto rico para que a aprendizagem ocorra. Este ambiente enriquecedor proporciona a criação de uma representação qualitativamente superior do conhecimento escolar. É superior porque está associada a episódios singulares e reporta-se à personalidade do aluno, proporcionando uma aprendizagem mais duradoura e por conseguinte mais resistente ao esquecimento.”28 A minha Acção de Formação seria então primordialmente bidireccional: formaríamos equipa, aprenderíamos em equipa, dialogaríamos, cooperaríamos, seríamos activos, pensaríamos juntos e juntos atingiríamos a verdade. Avaliação A avaliação também é importantíssima e não poderia ser esquecida, “só através da avaliação é possível saber o que se passou naquele grupo, naquele tempo e naquele espaço (...)”.29 Mas atenção, não seria uma avaliação com o objectivo de apurar o que os formandos não sabem e julgá-los por isso. Consistiria fundamentalmente, em aferir a 27 Costa Pinto, A. (1998).”Implicações escolares dos estudos de memória humana”. Psicopedagogia , Educação e Cultura, 1997, I, 1.; pág. 40. 28 Idem; pág. 44. 29 Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação. Lisboa, Multinova; pág. 245. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 20 validade dos objectivos da aprendizagem e das estratégias para os atingir, conduzindo-os a uma melhoria. Os objectivos primordiais desta avaliação seriam fundamentalmente: verificar em que medida estariam a ser atingidas as metas ou objectivos da aprendizagem; comprovar a adequação dos conteúdos e métodos aos formandos; rediagnosticar novas necessidades de aprendizagem; introduzir reajustamentos às falhas detectadas; fortalecer as motivações dos formandos para aprender; redefinir novos itinerários de aprendizagem caso se mostrasse necessário. Como enuncia J. M. Barbier (1990), “a avaliação não é recolher a informação, mas é trocar a informação para fazer surgir o sentido”. Assim realizaria uma avaliação diagnóstica ou inicial (para organizar os trabalhos ao nível individual e grupal, para que cada formando se situe conscientemente ao nível dos seus conhecimentos, e se responsabilize pelo seu processo de aprendizagem) , uma formativa ou contínua, uma avaliação sumativa ou 30 final e uma avaliação dos próprio formador feita pelos formandos . A avaliação 31 diagnóstica é bastante importante na medida em que “os alunos apresentam à partida níveis de conhecimento extracurriculares diversificados, a maior parte deles obtidos nos meios de comunicação social, conversas de família e grupos de amigos. É importante que o professor tenha em conta os diferentes tipos de conhecimento prévio de que os alunos são portadores, quando inicia a abordagem de um novo tema ou capítulo, de forma a proporcionar uma integração mais consistente dos novos conhecimentos na memória daquilo que os alunos já sabem.”32 Como nos diz Paulo da Trindade Ferreira, “(...) a avaliação é uma oportunidade para os formandos se aperceberem daquilo que aprenderam, para quê aprenderam, e da forma como aprenderam.”.33 Trata-se de colocar o indivíduo em situação de ser capaz de estudar e solucionar, com os outros, os seus problemas numa perspectiva de auto-formação e auto–avaliação. 30 Ver anexo I. Ver anexo II. 32 Costa Pinto, A. (1998).”Implicações escolares dos estudos de memória humana”. Psicopedagogia , Educação e Cultura, 1997, I, 1; pág. 42. 33 Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação. Lisboa, Multinova; pág. 265. 31 _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 21 Conclusão Em jeito conclusivo gostaria de reforçar o objectivo primordial desta Formação: capacitar os jovens universitários, prestes a terminar a sua licenciatura, das competências necessárias a uma eficaz procura de emprego. Penso, como já referi, que seria uma mais-valia para ambas as partes envolvidas neste processo: os formandos, as faculdades, as organizações empregadoras e até para o próprio formador (que também aprende, não deve ser considerado o ‘senhor soberano’ do saber). E deste modo, pela sua pertinência e actualização e pelo seu carácter de inovação, atrevo-me mesmo a dizer que deveria ser uma hipótese a considerar devido aos seus potenciais contributos ao nível do desenvolvimento psicológico e de Educação de Adultos ou, neste caso, de jovens adultos. Considero também importante frisar que todos os elementos presentes nesta proposta de intervenção que fiz foram devidamente fundamentados teoricamente com o recurso a autores e estudiosos da área de educação de adultos e psicopedagogia. Não posso, no entanto, terminar sem deixar uma ressalva! Seria fundamental não deixar passar para os formandos a imagem de que toda a procura de emprego resulta infalivelmente num acto conseguido e feliz, ou seja, a obtenção de uma óptima colocação. Nos dias de hoje a situação não está fácil e é fundamental que os indivíduos em questão tenham essa noção. Caso contrário, passado algum tempo da Acção de Formação poderiam sentir-se frustrados e revoltados em relação a tudo o que lhes foi dito. Tratar-se-ia então de prepará-los para o positivo e para o negativo sem lhes ocultar a verdadeira realidade, isto é, sem os iludir. _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) 22 Bibliografia Ferreira, Paulo da Trindade (2003). Guia do Animador, animar uma actividade de formação, Lisboa, Multinova. Lesne, M. (1984). Trabalho Pedagógico e Formação de Adultos, elementos de análise, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. Detry, B. E Cardoso, A. (1996).Construção do Futuro e Construção do Conhecimento. Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian. Costa Pinto, A. (1998).”Implicações escolares dos estudos de memória humana”. Psicopedagogia , Educação e Cultura, 1997, I, 1. Malglaive, G. (1995). Ensinar Adultos, Porto Editora. Schiller, R. A. (1998). “The Relationship of developmental tasks to life satisfaction , moral reasoning and occupational attainment at age 28”, Journal of Adult Development, vol. V, nº4. Sharif, M., Mayseless, O. e tal (2004). “Adolescent’s attachment representations and developmental tasks in emerging adulthood”. Developmental Psychology, Vol. 40, nº3. Sites Consultados Site do ministério da educação sobre: ensino recorrente, pré-aprendizagem e PRODEP. http://scholar.google.com Site do Instituto de Emprego e Formação Profissional _____________________________ Acção de Formação (Técnicas de Procura de Emprego) Anexos 23