Coletivo Universidade Pública em Movimento Programa de trabalho para mandato no quadriênio 2015-2019 Sumário Apresentação....................................................................................................................2 Ensino, Pesquisa e Extensão............................................................................................4 Inovação no contexto da Educação.......... .......................................................................7 Gestão de Pessoas............................................................................................................9 Técnico-Administrativos(as)...........................................................................................10 Hospital das Clínicas......................................................................................................12 Assistência Estudantil....................................................................................................14 Infraestrutura, Planejamento e Administração Institucional..........................................15 Segurança.......................................................................................................................16 Acessibilidade................................................................................................................17 Meio Ambiente e Sustentabilidade................................................................................17 Expansão e Interiorização..............................................................................................18 Órgãos Suplementares- NRTVU...................................................................................19 Colégio de Aplicação.....................................................................................................19 Editora............................................................................................................................20 Incentivo à Cultura.........................................................................................................20 Direitos Humanos e Movimentos Sociais......................................................................21 Sistema Integrado de Bibliotecas...................................................................................22 Estatuto...........................................................................................................................23 Funcionamento Noturno da Universidade......................................................................24 Humanização como critério de nossa Internacionalização.............................................25 1 Apresentação A vinculação histórica do Coletivo UNIVERSIDADE PÚBLICA EM MOVIMENTO, formado por docentes, técnico-administrativos (as) e estudantes, com as pautas das lutas sociais no âmbito da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, foram determinantes para a proposição de uma chapa que represente e defenda o projeto de universidade do Coletivo nas eleições para Reitoria da UFPE em 2015. Temos como eixo de nossa proposta uma concepção republicana e democrática de universidade, fundamentada na necessidade de uma profunda transformação da sociedade, e como reflexo disto, nosso programa político foi construído de maneira coletiva e plural, recebendo proposições e demandas da comunidade universitária e mantendo a concepção de universidade que defendemos desde o nosso PRIMEIRO MANIFESTO1. Nosso programa tem como característica a sua contínua construção, mantendo a coerência e agregando novas contribuições. Apresentamos nosso projeto não como fórmulas abstratas ou demagógicas, como se os problemas existentes fossem simplesmente uma “questão de gestão”, mas como uma concepção de instituição realmente pública, tentando entender a universidade real com todos os seus problemas: financiamento, falta de autonomia, culto ao mito tecnocrático, resultados imediatos etc. Temos a crítica como valor central, propositivo e a responsabilidade de propor uma alternativa que represente um grande salto de qualidade para a nossa UFPE. Nesse contexto eleitoral, visando o próximo reitorado, a limitação da discussão em torno do tema gestão não avança devidamente na direção de uma universidade pública e democrática, pois a supõe como uma questão apenas de gerência, de técnica administrativa, como se fosse descolada das injunções e das escolhas políticas. Não adianta sermos uma universidade pública e de espírito cada vez mais privado. O modelo privatista de gestão aponta para resultados imediatos com aparência de melhorias. No entanto, o que, de fato ele promove é a competição entre os docentes, estudantes e técnico-administrativos (as) inibindo o trabalho coletivo e solidário. O Hospital das Clínicas, agora administrado pela empresa pública de direito privado chamada 1 Acessar http://universidadepublicaemmovimento.blogspot.com.br/2015/01/manifesto-universidadepublica-em.htmln para conhecer os princípios norteadores que irão permear todos os eixos do programa apresentado a seguir. 2 EBSERH, é um dos exemplos da lógica privatista, que necessita ser combatida e superada. Devemos ter bem claro que a universidade pública deve buscar defender a carreira docente e dos técnicos (as), pelo Regime Jurídico Único, como forma de manutenção de seu caráter republicano. Contrapomo-nos à diminuição de direitos que vem ocorrendo com os (as) trabalhadores (as) em geral, a exemplo, da Medida de Provisória 664/15 que retira direitos dos (as) aposentados (as) e pensionistas. Assim, a autonomia universitária, uma garantia consagrada na Constituição Federal em seu artigo 207, deve ser defendida com firmeza diante desse processo de fragilização das relações de trabalho que estamos vivendo no serviço público. A visão tecnicista não está preocupada em entender as contradições da realidade em que a Universidade se encontra, o que a transforma em um projeto institucional cada vez mais conservador. A nossa candidatura, situada no campo progressista e apresentada por pessoas comprometidas com as transformações sociais, visa pautar questões fundamentais que propiciem condições favoráveis à construção de um projeto de universidade republicana, democrática e atenta à realidade social. Nesse sentido, nosso programa resulta numa proposição coletiva. Portanto, não se trata da apresentação do programa de um candidato, mas de um conjunto de agentes atentos e interessados nos destinos da instituição. A crise: partir da realidade para construir um programa A falta de recursos nas universidades federais, no segundo semestre do ano passado, já era sentida concretamente. No dia 20 de janeiro do corrente ano saiu o Decreto Federal 8.389/15 que externa publicamente o corte orçamentário no serviço público. Uma simples reforma de um banheiro, bolsas para estudantes, pagamentos de serviços, não foram realizadas. Infelizmente, o quadro continua o mesmo. Todos esses cortes estão em acordo com uma política de austeridade no serviço público. Para enfrentar essa crise (ou para salvar a economia, um ente quase independente da existência real das pessoas), restringem-se as despesas com educação e direitos na área do trabalho e previdência. No caso, o reajuste fiscal proposto é a continuidade da política de valorização do grande capital especulativo e de enxugamento do Estado. Junto a este corte temos também um ataque à carreira, com a inconstitucional diminuição no cálculo para as futuras pensões, por exemplo. Não podemos aceitar as regras de que o superávit fiscal é algo prioritário em detrimento da educação e de outros 3 direitos sociais. Assim, nosso programa está tomando em séria consideração esse elemento: a falta de recursos. Necessitamos, especialmente nesse caso, uma maior transparência da chegada de recursos para definirmos prioridades junto à comunidade acadêmica. Além disso, necessitamos constituir um projeto altivo frente ao MEC, autônomo em sua essência, cobrando do Governo Federal a inteireza de recursos necessários para os desafios postos para as universidades públicas federais, em especial, à UFPE. Além disso, as universidades federais, em conjunto com as entidades da sociedade civil e dos movimentos sociais, necessitam urgentemente enfrentar essa política de cortes no serviço público, de forma firme e transparente. I- ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Os pilares fundamentais da Universidade - o Ensino, a Pesquisa e a Extensão- são indissociáveis da missão de formar cidadãos (ãs) construtores de conhecimento, capazes de pensar e agir para uma efetiva transformação social. Compreendemos que estes pilares são inerentes à perspectiva da construção de uma universidade pública, preocupada em identificar questões e apontar soluções para problemas que afetam a sociedade. O ensino de graduação e de pós-graduação vem se distanciando desta missão, diante da força da lógica produtivista que tem ganhado espaço na universidade. É necessário que a universidade concentre esforços para não perder sua base de formação que é o ensino conjugado à pós-graduação, à pesquisa e à extensão. A pesquisa deve ser estimulada em todos ambientes da Universidade e em todos os níveis, da graduação à pós-graduação, sem preconceitos ou deferências epistemológicas. Neste sentido, defendemos que o fundamento essencial da pesquisa no âmbito da UFPE deva ser a busca pela qualidade e pela transformação social. Como consequência desse fundamento, e não como fim, buscaremos o reconhecimento nacional e internacional. Compreendemos, ainda, que a internacionalização deve ser pautada nas relações humanas entre nações e povos, e no papel que o conhecimento exerce no seu progresso e não na hierarquização das instituições ou dos ditames mercadológicos, a fim de reconhecer as diferenças, mas sem reforçar as desigualdades. A extensão também tem sido afetada pelo modelo que direciona suas práticas para as exigências do mercado e não para as demandas sociais. Nesse sentido, temos acompanhado a existência de uma extensão movida pela venda de serviços, pelo 4 assistencialismo e, não raras vezes, transformada em um ponto de distribuição de recursos. Defendemos que a extensão universitária deve ser um espaço estratégico de elaboração de questões teóricas e práticas colocadas pela sociedade, como por exemplo, a mobilidade urbana, a questão fundiária no campo e na cidade, a questão energética, a violência contra a mulher, a produção artístico-cultural. Propostas: ENSINO Valorizar o ensino na graduação e sua relação com a pesquisa e a extensão; Buscar uma unidade orgânica entre a graduação e pós-graduação; Valorizar o estágio curricular como ferramenta importante para a formação; Fomentar condições e debater com cada área o número máximo de estudantes por sala de aula, conforme as especificidades das disciplinas existentes; Incentivar a formação permanente e plural para o corpo docente; Acompanhar os (as) alunos (as) que ingressam na universidade por meio das cotas a fim de ajudá-los a enfrentar os aspectos que podem dificultar a sua permanência na instituição; Analisar o novo modelo de ingresso na universidade, o SISU, identificando o seu impacto na gestão acadêmica e na missão social da universidade; Apoiar a institucionalização da experiência pedagógica do Curso Intercultural Indígena, buscando criar melhores condições de sua efetivação; Desenvolver um programa de aperfeiçoamento do ensino médio junto com o Governo do Estado, levando em conta as deficiências identificadas no curso de graduação; Desenvolver, junto com a comunidade universitária, um plano de acompanhamento e aprimoramento da qualidade de ensino, inclusive na definição dos critérios de avalição da qualidade. PESQUISA: Disseminar e incentivar a realização de pesquisas na graduação e pós-graduação, bem como nos órgãos constituintes da UFPE, inclusive com a criação de uma equipe de consultoria permanente, valorizando o papel dos grupos de pesquisa; 5 Criar mecanismos de incentivo à pesquisa para novos e jovens pesquisadores, sobretudo considerando o movimento recente de expansão e interiorização da universidade, assim como a abertura de novos ambientes de pesquisa; Defender a primazia do público nas pesquisas realizadas no âmbito da UFPE; Oportunizar o diálogo e troca de experiência de pesquisadores de diferentes programas de pós-graduação e de diferentes centros acadêmicos, valorizando a cooperação intrainstitucional; Fortalecer a cooperação externa, regional, nacional e internacional; Criar um Fórum permanente entre as coordenações de graduação/ pós-graduação com autonomia; Apoiar as revistas e periódicos científicos da UFPE e propor a criação de novas publicações; Ampliar a articulação entre a editora universitária e a Propesq; Incentivar a participação de técnicos (as), docentes e discentes em eventos científicos; Desenvolver uma política de informação do patrimônio da universidade, de forma transparente, inclusive para aqueles adquiridos pelos editais externos, promovendo a solidariedade entre os grupos de pesquisa; Ampliar o comitê de ética, com a participação dos três segmentos, para dar conta das especificidades das diferentes áreas de conhecimento; Realizar audiências públicas para definição do planejamento anual da PROPESQ, incorporando a comunidade universitária neste processo; Realizar Encontros Universidade-Sociedade, espaços nos quais movimentos sociais e o público em geral possam expressar preocupações temáticas que sirvam de estímulo ao planejamento de atuação dos grupos de pesquisa. 6 EXTENSÃO: Conceber a extensão como um espaço estratégico de estudo e diálogo com as organizações da sociedade e movimentos sociais; Incentivar os diferentes cursos de graduação para que busquem uma maior aproximação com as políticas de extensão; Garantir que a comunidade extra-acadêmica participe cada vez mais de conselhos e fóruns da Universidade, principalmente em assuntos que dizem respeito à sociedade em geral, como segurança pública, opressões sociais, acessibilidade; Assumir a participação nas várias questões e problemas levantados pela sociedade hoje (por exemplo, a Refinaria Abreu e Lima, Ocupe Estelita, crise ambiental) promovendo a possibilidade de a UFPE garantir os meios para que estes temas sejam mais discutidos pelo conjunto da comunidade universitária; Potencializar a Rádio e a TV universitárias como espaço público de comunicação e para difusão acadêmica da UFPE; Criar uma feira itinerante que leve aos diferentes espaços sociais o que é produzido pela UFPE; Valorizar as atividades de extensão nos critérios de avaliação dos três segmentos; Elaborar planos anuais de extensão junto com a comunidade universitária e sociedade civil definindo critérios e procedimentos de apoio à realização da atividade de extensão. II- INOVAÇÃO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO A filosofia corrente da inovação no Brasil se baseia em conceitos utilitaristas: os produtos devem ser entregues em menos tempo, com menor custo, sem prejudicar sua “qualidade”. Em princípio, não desconsideramos a importância desses conceitos, mas defendemos sua aplicação numa filosofia socialmente referenciada. A Lei de Incentivo à 7 Inovação2, por exemplo, sequer menciona qualquer tipo de apoio ou suporte a licenças livres, restringindo sua atuação à propriedade intelectual, que tem uma natureza muita mais restritiva. Como as universidades públicas são um dos centros deste tipo de inovação no Brasil, essa filosofia tem impregnado cada vez mais o meio acadêmico, distanciando a universidade pública da sociedade. Além disso, acreditamos que a inovação não se restrinja a novos produtos: deve fundamentar-se na criação ou na recriação de produtos ou processos já existentes aplicados a diferentes contextos e contemplando os diversos tipos de conhecimentos, inclusive os saberes populares. Por fim, recursos e metodologias informacionais devem se constituir como complementares no processo da formação acadêmica, reforçando a ação presencial como estratégia no processo formativo. Propostas: Capacitar a Diretoria de Inovação e Empreendedorismo (DINE) a respeito de licenças livres; Incentivar processos criativos de diversos tipos de conhecimento no cumprimento das funções sociais diversas. 1. Tecnologia da informação A ampliação do acesso, por parte da população em geral, às novas tecnologias de informação e comunicação nos últimos decênios trouxe novos desafios para a sociedade e a Universidade em especial. Um destes desafios diz respeito à infraestrutura que não comporta a demanda da comunidade na utilização dos serviços informacionais e comunicacionais. Por outro lado, a universidade tem o papel de desenvolver a infraestrutura não simplesmente comprando pacotes tecnológicos externos e fechados, pois estes não garantem a médio e longo prazo a solução de nossos problemas. Neste aspecto, é preciso incentivar o Software Livre na UFPE, pois a escolha de softwares proprietários resulta em mais gastos financeiros, além de retirar a liberdade dos usuários de adaptar o programa às suas necessidades, devido à natureza fechada das licenças. Outro desafio colocado é a necessária democratização do controle dos processos informacionais. Por exemplo, não podemos conceber que o sistema SIGA esteja acima 2 Link para acessar: 2006/2004/Lei/L10.973.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 8 das necessidades reais de estudantes, professores (as) e técnicos (as). Precisamos, neste sentido, reelaborar uma nova cultura democrática dos sistemas informacionais. Propostas: Substituir softwares proprietários - como Microsoft Windows, Microsoft Office, Adobe Photoshop - por softwares livres gratuitos que realizam as mesmas tarefas com a mesma qualidade. Aumentar a confiabilidade dos servidores de rede da UFPE; Realizar seminários de conscientização sobre software livre em todos os órgãos da UFPE; Promover a utilização de software livre por meio de especificações nas licitações. III. GESTÃO DE PESSOAS O caráter educativo da universidade vai além do ensino em sala de aula, devendo incluir como sujeitos todos os segmentos da comunidade. Nesse sentido, as atividades administrativas e de gestão também devem ser entendidas enquanto processos formativos. A gestão de pessoas, na visão do nosso coletivo, supõe a criação de mecanismos de participação que ampliem a discussão e a tomada de decisões estratégicas em todas as instâncias deliberativas - Plenos dos Departamentos, colegiados, fóruns, conselhos etc. Além disso, a defesa de uma universidade democrática e pública, tal qual o nosso Coletivo reivindica, implica a adoção de modelos de gestão em que a qualificação profissional e a qualidade de vida e saúde do trabalhador sejam prioridades. Propostas: Rever os contratos de prestação de serviço da instituição a fim de garantir melhores condições de trabalho e a eficiência no atendimento das demandas da Universidade; 9 Acompanhar o quadro terceirizado, sobretudo os serviços gerais e a segurança, levantando demandas e oferecendo formação para o trato com a comunidade universitária; Atuar no sentido da criação de uma creche totalmente vinculada à UFPE, para os filhos dos discentes e servidores da Universidade, inclusive os terceirizados; Reestruturar a dinâmica do serviço de ouvidoria para o (a) servidor (a) (técnicos (as) e professores/as) e estudantes, onde se possa denunciar de maneira segura e com a garantia de apuração e adoção de medidas, eventuais situações de constrangimento e assédio; Aprimorar a Política de Atenção a Saúde do (a) Servidor (a) realizada pelo NASS, em especial, no que se tratar de doenças ocupacionais. IV. TÉCNICO – ADMINISTRATIVOS (AS) A participação de todos os segmentos, no caso específico dos (as) técnicoadministrativos(as), é primordial para que se construa uma universidade democrática, formadora em todas as suas práticas. A categoria técnica vem sendo alijada dos lugares de decisão, subvalorizada por uma hierarquização universitária que coloca os docentes nos cargos de patamar mais alto. Nem nas decisões que envolvem diretamente os (as) TAEs (por exemplo, a jornada de 30 horas, a questão do ponto eletrônico, EBSERH entre outros) são levadas em consideração as reivindicações da categoria. A própria composição dos conselhos superiores distancia o papel do (a) técnico (a) da concepção do projeto educativo. A construção de conselhos deliberativos, de forma paritária, dará um salto de qualidade expressiva com a participação ativa da categoria. Propostas: Estimular a participação dos (as) técnicos (as), inclusive através de eleições, nos cargos em que há pouca ocupação por esse segmento, como por exemplo, nas coordenações dos cursos, direções de centros e pró-reitorias; 10 Incentivar a criação e funcionamento dos Conselhos Técnico-Administrativos (CTAs), nos centros e outros órgãos, garantindo a ampla divulgação das atividades desses CTA's por meios oficiais de comunicação da UFPE; Intensificar a transparência nos processos de realocação interna de pessoal, com definição de critérios objetivos e com a participação dos representantes dos CTAs; Intensificar a defesa de concursos via RJU nos cargos da categoria, reduzindo o quadro de terceirizados; Garantir o efetivo exercício da atividade sindical; Aprimorar a política de capacitação e formação continuada para os (as) técnicoadministrativos (as) da UFPE sob uma perspectiva democrática e crítica; Estimular a política de formação e intensificar a transparência nas concessões de licenças para Mestrado e Doutorado em outras IFES, assim como apresentação de trabalhos acadêmicos em Encontros, congressos etc. 30 Horas Semanais com turnos ininterruptos A jornada de 30 horas semanais com turnos ininterruptos na UFPE não deve ser entendida como um privilégio, mas sim como um direito, propiciando a melhoria da qualidade de vida e dos serviços prestados pelos (as) técnicos (as). Essa política beneficia também professores (as) e estudantes que precisam das atividades técnicoadministrativas nos seus locais de trabalho por um período de pelo menos 12 horas ininterruptas. Proposta: Realizar uma política progressiva de abertura e incentivo à adesão às 30 horas em todos os setores da UFPE; Propiciar o debate em torno do tema e dar autonomia para que os (as) trabalhadores (as), em cada local de trabalho, possam avaliar e se organizar coletivamente para cumprir esta jornada de trabalho. 11 Controle de Frequência A questão entre o controle de frequência eletrônico e/ou por escrito, frequentemente, vem sendo colocada para discutir a responsabilidade e a produção satisfatória nos serviços técnico-administrativos. Neste aspecto, não advogamos o ponto eletrônico como a melhor forma de controle de frequência, pois não fomenta o devido compromisso no trabalho, servindo apenas como controle de entrada e saída. Propostas: Defender, no seio da comunidade universitária, o controle social no trabalho, como forma de melhoria do comprometimento com o serviço público; Abrir debates entre a comunidade acadêmica sobre qualidade, responsabilidade e trabalho satisfatório no serviço público, para além da questão do controle eletrônico de entrada e saída; Consultar a categoria técnico-administrativa, através dos CTA’s (Conselhos de Técnico-Administrativos), sobre o melhor formato de controle de frequência nos locais de trabalho. V. HOSPITAL DAS CLÍNICAS: PROCESSO DE TRANSIÇÃO DO HC/EBSERH PARA HC/UFPE PÚBLICO E DEMOCRÁTICO. É possível e necessário resgatar o HC como hospital universitário da UFPE, de caráter público e democrático! Nossa posição contrária à EBSERH e em defesa do caráter público do Hospital das Clínicas vem muito antes desse momento eleitoral, pois está presente no histórico do nosso coletivo. Em 25 de novembro de 2013 foi lançado um manifesto em Defesa do Hospital. Entre as assinaturas estão o nome de Daniel Rodrigues e de Bianca Queiroga. Em defesa do seu caráter público, no Conselho Universitário poucas vozes se levantaram de forma altiva, denunciando esse processo nocivo ao HC. A concessão da gestão de nosso hospital universitário à EBSERH, empresa regida pela Lei das Sociedades Anônimas, representa um grave ataque à autonomia universitária e faz parte de um processo de privatização, além de deslocar a sua 12 especificidade central: ser um hospital público acadêmico. A entrada da EBSERH contribui para a quebra de nossa carreira em toda a universidade. Os contratos celetistas são um processo dramático, contrário ao fortalecimento do SUS e apenas uma ponta do iceberg da precarização do trabalho regido pelo RJU. Em 2013, a decisão da UFPE em aderir à EBSERH ganhou contornos antidemocráticos, o que nos leva a concluir que a lógica da atual administração do HC o desqualifica para a sua principal missão: a de formar recursos humanos capazes de enfrentar o desafio da assistência e da administração em um sistema na dimensão do SUS. Com a concessão da gestão para a EBSERH temos acompanhado o surgimento de muitos e novos problemas, sobretudo em relação aos (às) antigos (as) servidores (as), lotados no hospital, mas contratados pelo RJU, muito dos quais foram desviados de antigas funções e submetidos a uma lógica patronal de administração privada. Ante o exposto, defendemos que o HC/UFPE deve recobrar o seu caráter de hospital público, da gestão à assistência prestada aos seus usuários e usuárias. Todas as medidas fiscalizatórias serão necessárias para realizar um enfrentamento à EBSERH. Precisamos fiscalizar o contrato, ativar um Conselho gestor paritário, com participação de técnicos (as), docentes, estudantes e usuários (as), como mecanismos de reconstrução de um HC público e democrático. Entendemos que essas medidas são apenas mecanismos, que podem ser aprofundados e ampliados, para atingir o objetivo fundamental: o resgate do Hospital para a UFPE e a reafirmação de seu caráter público. Propostas: Implementar um Conselho Gestor, de constituição paritária (técnicos/as, docentes, estudantes e usuários/as) com a finalidade de deliberar políticas no Hospital; Negociar todas as possibilidades de descontratualização com a EBSERH, com os menores impactos possíveis para o bom funcionamento HC/UFPE, instaurando uma política de transição a fim de analisar, de modo especial, a situação dos funcionários/as contratados/as em regime celetista; Buscar, progressivamente, a retomada do caráter público da gestão do hospital, lutando pela a contratação de servidores/as pelo regime RJU; 13 Organizar articulações com demais Hospitais Universitários que resistem a entregar seu patrimônio e seu pessoal à EBSERH, fazendo uma frente nacional de valorização dos HUs públicos; Defender, junto ao Conselho Universitário e a comunidade acadêmica, eleições paritárias para a superintendência do HC e seu Conselho Gestor. VI. ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL A luta pela ampliação da educação pública em todos os níveis está associada à luta por medidas que garantam a permanência dos estudantes: transporte, água, alimentação, moradia, suporte acadêmico, bibliotecas e laboratórios de informática. Independentemente de alguns avanços nas condições materiais objetivas para alguns estudantes, não se pode perder de vista a perspectiva da universalidade no compromisso da assistência estudantil como direito e não como um serviço prestado a “clientes” e muito menos como ação “assistencialista”. Precisamos garantir a autonomia universitária na utilização dos recursos em quantidade suficiente para as necessidades da nossa Universidade. Propostas: Efetivar uma política de abastecimento de água potável para o conjunto dos campi através do apoio dos laboratórios existentes, com uma política de monitoramento permanente; Construir um conselho deliberativo tripartite para o Restaurante Universitário com a presença dos/as usuários/as, gestão central e prestadora de serviço; Levantar as necessidades de transporte como uma política relevante de melhoria de qualidade de vida e, consequentemente, de formação, em especial, nos campi do Agreste e Vitória; Investir numa política de redução da retenção e evasão na graduação; Buscar meios para ampliar as ações de assistência estudantil e dotar este setor de um número de profissionais que possam atender as reais demandas dos/as estudantes: política de permanência dos/as estudantes com apoio pedagógico e psicossocial; Reestruturar o programa de bolsas de apoio acadêmico-estudantil a fim de possibilitar ao/a estudante, dedicação com sua formação; 14 Tratar como prioridade a questão dos espaços e equipamentos de apoio ao corpo discente, a saber: creches, restaurantes universitários mais acessíveis; bibliotecas com acervos atualizados (e em quantidades suficientes) e laboratórios de informática; Construir uma agenda de ações no sentido de redefinir o uso das bolsas de manutenção acadêmica evitando que estudantes supram as necessidades de força de trabalho técnico- administrativa; Buscar a ampliação do atendimento no Restaurante Universitário; Criar espaços de convivência para estudantes. VII. INFRAESTRUTURA, PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO INSTITUCIONAL. Muito se fala em dificuldades da infraestrutura como também em grandes avanços. Na verdade, temos uma grande oscilação entre infraestruturas que vieram depois de 2008 e, por outro lado, a falta de clareza sobre as prioridades que devemos eleger para os vários órgãos e campi da UFPE. Os princípios que defendemos, e que percorrem todo nosso programa, são a transparência e a decisão coletiva sobre as prioridades infraestruturais necessárias para o desenvolvimento da UFPE. Mesmo assim, não podemos desconsiderar que o planejamento das Universidades Públicas Federais depende de uma série de regulamentações externa e do planejamento do Governo Federal. Propostas: Criar uma comissão de obras que envolva todos os centro e órgãos com representação dos três segmentos; Criar uma equipe em cada centro e órgão para que trabalhe com as demandas emergenciais de cada lugar (compras, infraestrutura e orçamento); Aumentar as equipes de compras já existentes; Criar Fórum permanente com outras Universidades Federais, IFETS da região para elaboração de atas comuns de registro de preços; Fortalecer a articulação da Prefeitura com a Superintendência de Projetos e Obras junto à Proplan e Progest; 15 Reformular o Plano de Ação Institucional (PAI) com a participação de todos os segmentos da universidade, criando um fórum de debates por centro, órgãos e na própria universidade; Criar uma equipe de trabalho para efetuar uma proposta de diminuição dos movimentos dos processos administrativos e acadêmicos; Reformular os mecanismos de aprovação dos processos de progressão, pesquisa, extensão, solicitações de direitos, buscando recriar cultura organizativa de forma menos centralizadora e burocrática; Criar mecanismos de controle social, construídos coletivamente, nos mais variados setores da vida universitária. Recursos Temos hoje alguns mecanismos de distribuição dos recursos arrecadados no Tesouro e de outras fontes. Precisamos criar mecanismos de apropriação de todos os recursos que entram na universidade federal e sua distribuição. Essa contabilidade aberta ajudará o campus a decidir suas prioridades, principalmente em tempos de corte de verbas. Propostas: Reconfigurar o PAI, apontando os limites em sua execução, aproximando-o da nossa realidade institucional; Redefinir o Modelo de Alocação de Recursos (MODALOC) tendo como base a quantidade de área e de pessoas que necessitam de sua utilização. VIII. SEGURANÇA O debate da segurança no campus é um ponto recorrente e que envolve questões e concepções de segurança pública. É preciso pensar em alternativas ao modelo – não é suficiente criticar o modelo atual- pois houve avanços em termos de redução de roubos, assaltos e outros crimes que aconteciam na universidade. Propostas: Redefinir, com a comunidade universitária, um plano de segurança para a UFPE; 16 Aprimorar a política de capacitação dos trabalhadores da segurança, incluindo os terceirizados, adequando a mesma à diversidade do campus; Fazer uso das tecnologias como mecanismo de apoio ao plano político de segurança. IX. ACESSIBILIDADE Construir uma Universidade Acessível é um direito de todos e implica em garantir o direito de ir e vir de todas as pessoas, exigindo um trabalho sistemático de formação de todas as pessoas que fazem a Universidade. Enquanto Políticas Públicas de Inclusão temos como proposta uma discussão permanente sobre as demandas de inclusão e respeito às diferenças. Propostas: Fortalecer e apoiar o Núcleo de Acessibilidade da UFPE; Incentivar às pesquisas e projetos de extensão desenvolvidos na área de inclusão; Pressionar o MEC para abertura de concursos na área de acessibilidade, como a contratação de tradutor intérprete (Libras), tradutor intérprete (tradutor visual), revisor de texto Braille, transcritor de sistema Braille; Apoiar à criação de Comissões nos Centros e demais Campi para a discussão sobre as políticas públicas de acessibilidade da UFPE. X. MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE O nosso Coletivo propõe para a temática Meio Ambiente e Sutentabilidade que o campus seja referência para as práticas científico-ecológicas, além de incorporar a educação ambiental como valor cultural para disseminar conceitos sustentáveis na comunidade universitária. Assim, propomos uma interação com as comunidades que vivem no entorno da Universidade através de ações extensionistas. Ademais o uso de tecnologias apropriadas no campus servirá de exemplo para a mitigação das mudanças climáticas que atingem todo o planeta Terra. 17 Propostas: Ampliar a coleta e o tratamento dos diferentes resíduos na UFPE; Investir em amplas ações educativas acerca das questões sócio-ambientais; Garantir a preservação das áreas verdes no processo de expansão da infraestrutura física dos campi da UFPE. XI. EXPANSÃO E INTERIORIZAÇÃO - OS CAMPI DO INTERIOR (CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA - CAV e CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE CAA) O processo de expansão da UFPE, não muito diferente das demais universidades federais, gerou um crescimento de nossa instituição sem as devidas condições estruturais e acadêmicas. Hoje, são diversas as demandas dos Centros do interior que, em relação ao campus da capital, carecem de estruturas adequadas e políticas de assistência estudantil mais robustas. Propostas: Melhorar as condições de trabalho dos técnicos e docentes, buscando uma isonomia de infraestrutura básica entre os campi; Tratar a Moradia Estudantil como prioridade, considerando o número significativo de estudantes que residem em municípios distantes dos Centros Acadêmicos, assim como a infraestrutura para que o estudante possa passar o dia na Universidade; Atuar no sentindo de expandir a oferta de transporte para docentes, técnicos e estudantes; Criar espaços de interação e apoio entre os professores nos diversos Centros; Buscar melhorias para o ensino presencial público, gratuito e de qualidade, o que inclui a contratação de professores e técnico- administrativos. 18 XII. NÚCLEO DE RÁDIO E TELEVISÃO UNIVERSITÁRIA (NRTVU) A comunicação da Rádio e TV no Brasil, mesmo sendo uma concessão pública, ainda está sob controle privado de poucas famílias e de grandes grupos econômicos conservadores. A democratização da comunicação é um direito a ser construído na sociedade brasileira e a UFPE deve estar na vanguarda desse movimento, fortalecendo internamente seu Núcleo. O aspecto educativo de toda a universidade deve ser entendido de forma ampliada na ação da Rádio e da TV, como uma construção democrática da mídia e fomento na produção de informações, ciência e arte de caráter autônomo, independente e comunitário. Propostas: Fortalecer o Comitê de Conteúdo para viabilizar a criação do Conselho Curador, este, um órgão deliberativo com a participação da sociedade civil; Fomentar uma relação efetiva entre o NRTVU e o conjunto da universidade. XIII -COLÉGIO DE APLICAÇÃO (CAP) O Colégio de Aplicação tem um papel relevante na universidade, na sociedade pernambucana e vive uma experiência especial enquanto escola pública de qualidade. Contudo, faz-se necessário envidar esforços para que ele mantenha seu propósito fundamental de formação docente. O CAp necessita de nosso apoio para que seja valorizado na perspectiva de sua democratização, bem como na afirmação de uma vanguarda pedagógica. Devemos, assim, construir as condições para que sejam fortalecidas as especificidades do ensino, pesquisa e extensão inerentes ao Colégio. Portanto, é fundamental que a universidade, como um todo, reconheça e fortaleça a relevância da experiência do Colégio dentro do espaço público universitário. Propostas: Construir as condições para a ampliação e democratização da entrada dos estudantes no Colégio de Aplicação, através da construção do primeiro ano do ensino básico; Fortalecer e divulgar as experiências universitárias promovidas no CAp. 19 XIV- EDITORA Um dos pilares de uma universidade é a publicação de sua produção acadêmica e artística. Outra grande função de uma editora universitária é oferecer a possibilidade de constituir-se enquanto uma editora não comercial, ou mais precisamente, uma editora pública e democrática. Propomos o fortalecimento da mesma efetivando uma articulação entre editoras públicas e universitárias regionalmente, construindo um selo regional- “Edição Universidade Nordestina”- possibilitando um peso e relevância maior para o que produzimos. Por outro lado, a editora universitária deve almejar ter um processo de vanguarda editorial em livros, revistas e outros produtos pertinentes, como também no seu processo organizativo. Propostas: Articular a construção de um selo “Universidade Nordestina” construindo coletivamente com outras universidades da região; Garantir uma política editorial transparente e democrática; Apoiar novas possibilidades editoriais além do que já é comumente realizado; Reforçar as políticas de publicações específicas, como publicações de teses, produções literárias, Brasil-África, etc. XV. INCENTIVO À CULTURA O acesso aos bens e expressões culturais tem a capacidade de promover a inserção social dos que vivem à margem, pois a herança cultural coletivamente compartilhada humaniza a relação do homem consigo mesmo e com seu meio social e natural. A Universidade Pública deve dar atenção ao importante papel que ela tem como produtora e difusora de cultura, enquanto dimensão central de nossas vidas. Desenvolver uma política cultural na Universidade é importante para possibilitar que as diferentes identidades e expressões culturais possam se caracterizar enquanto protagonistas na sociedade, no sentido de formar as pessoas para aprender com as diferenças, ao invés de subjugá-las. 20 Propostas: Efetivar um conselho consultivo artístico-cultural paritário (estudantes, técnicoadministrativo e professores) e com a presença da sociedade civil; Ampliar programas e cursos voltados para a arte e cultura; Dar apoio logístico para diferentes formas de manifestações artístico-culturais; Criar meios de acesso amplo à produção cultural; Buscar viabilizar o Cinema da UFPE de forma gratuita para todos; Realizar da Semana da Cultura; Retomar os antigos festivais universitários da canção; Criar em cada Centro uma comissão permanente de cultura, voltada para a valorização e exposição da produção estética realizada por técnicos/as, alunos/as e docentes. XVI. DIREITOS HUMANOS E MOVIMENTOS SOCIAIS A última reforma estatutária da UFPE remonta à década de 1970, e ainda está em vigência. Neste estatuto há uma referência à universidade como promotora da moral e cívica, conceitos que representavam a defesa do período da ditadura pósgolpe de 1964. Propomos na reformulação do estatuto, a substituição desse legado ditatorial pela inclusão da formação para a democracia, ética e direitos humanos, de forma explícita. Além desse compromisso, ressaltamos a importância na luta pelos diversos direitos da humanidade, o papel relevante dos movimentos sociais nas conquistas que ora vivenciamos. O papel formativo, libertário, transformador faz parte da constituição do povo brasileiro e, em especial, dos pernambucanos. A luta republicana da Confederação do Equador, a luta contra a escravidão com o Quilombo dos Palmares, as mulheres de Tejucupapo, a luta contra a exploração imobiliária no Ocupe Estelita, a luta pela Anistia, as Ligas Camponesas, Praieira, a luta pela terra com MST, no trabalho com as oposições sindicais, e inúmeros movimentos que ocorreram em diversos períodos históricos explicitam a tradição de luta de nosso povo, assim como seus nomes: Gregório Bezerra, Jader de Andrade, 21 Frei Caneca, Alexina Crespo, Zumbi, Naíde Teodósio, Pedro Ivo, Padre Henrique, Paulo Freire, Dom Helder Câmara, Cacique Chicão, Acotirene, Manoel Lisboa, e tantas outras e outros lutadores(as) que desafiam a Universidade a se movimentar nessa tradição transformadora da sociedade. Nossa instituição precisa colocar seus saberes, a sua ciência a serviço da sociedade, colaborando na defesa dos justos movimentos e na promoção dos direitos humanos. A UFPE deve se posicionar em defesa substancial da democracia, da tolerância e do cultivo de relações sociais mais éticas que combatam firmemente as opressões de todo gênero em conjunto com outras instituições e movimentos. Propostas: Criar um fórum permanente junto aos movimentos sociais e organizações profissionais da sociedade civil; Combater a criminalização dos movimentos sociais e seus membros; Apoiar os movimentos orgânicos existentes na universidade, em especial o movimento estudantil como fundamental na formação do(as) estudantes respeitando a sua autonomia; Fomentar novas experiências pedagógicas junto aos movimentos sociais; Reforçar o apoio à Comissão de Direitos Humanos da universidade, com a participação dos três segmentos e da sociedade civil; Promover fóruns e outras atividades para discussão de pautas relacionadas aos direitos humanos; Desenvolver políticas de combate ao racismo, à homofobia, ao machismo e demais formas de discriminação social; Reforçar o apoio às iniciativas já existentes na universidade no campo dos direitos humanos (grupos de estudos, programa de pós...). XVII. SISTEMA INTEGRADO DE BIBLIOTECAS (SIB) Um órgão importante e primordial para o desenvolvimento das atividades acadêmicas na UFPE é o nosso Sistema de Bibliotecas. Nele encontramos grande parte 22 do conhecimento produzido pela humanidade, disponibilizado para a comunidade acadêmica de forma gratuita. Para além de compreender o SIB como espaço de acesso a acervo de livros ou como simples espaço físico de estudo, é preciso disponibilizá-lo também como uma rede viva de bibliotecas, onde possam ocorrer atividades artísticas, literárias e pedagógicas diversas. Propostas: Fortalecer e reforçar o caráter público do SIB, enquanto órgão suplementar da UFPE, resguardando-o frente a ameaças de terceirização e precarização do Sistema; Apresentar projeto de avaliação da infraestrutura de todas as bibliotecas do SIB, com o objetivo de sanar os problemas das bibliotecas que se apresentem com estruturas físicas comprometidas; Aprimorar e facilitar comunicação e bases de dados entre docentes e estudantes dos cursos, Biblioteca Central e Bibliotecas Setoriais no âmbito de restauração de exemplares; Atuar no sentido de ampliar às compras de novos catálogos, aquisição de livros que estão em falta ou em quantidade insuficiente; Incentivar espaços de mediação de leitura, atividades literárias, artísticas e pedagógicas diversas nas bibliotecas, fomentando o uso das mesmas para além da consulta e do empréstimo de livros. XVIII- ESTATUTO A UFPE vive hoje o debate em torno da construção de um novo estatuto, que deve refletir a sua identidade e estar em profundo engajamento com os movimentos sociais. A luta pela democratização da sociedade teve um profundo eco nas universidades, portanto, o novo estatuto da UFPE necessita reafirmar e aprofundar essa relação. No momento da consolidação deste programa, a Estatuinte estará debatendo as sugestões e demandas apresentadas pela comunidade universitária. Apresentamos algumas propostas que desejamos ver contempladas em nossa futura carta magna. 23 Defendemos que a Estatuinte seja soberana e que as decisões sejam respeitadas em sua totalidade pelo atual Conselho Universitário, uma vez que o mesmo, instituído no cenário político da ditadura militar, é constituído de uma maneira que concentra o poder das decisões em poucos elementos, não refletindo um eixo fundamental defendido pelo nosso coletivo: a participação paritária dos docentes, técnicos e estudantes. Propostas: Criar os conselhos superiores e de centro organizados de forma paritária entre as três categorias; Institucionalizar a equalização da distribuição dos recursos entre todos os cursos, centros e órgãos; Construir um processo de decisão da utilização de recursos de forma participativa e democrática. XIX- FUNCIONAMENTO NOTURNO DA UNIVERSIDADE Na UFPE ocorrem atividades durante os três turnos do dia. No entanto, o que se observa é que o funcionamento pleno da universidade é bastante comprometido no período noturno. Comumente aqueles que estudam à noite não contam com serviços essenciais da universidade, tais como o atendimento das escolaridades e bibliotecas. Nós, que construímos o Coletivo Universidade Pública em Movimento, compreendemos que o funcionamento da universidade no período noturno precisa ser plenamente assegurado, e a gestão tem importante papel para viabilizar esta demanda. As turmas que estudam à noite possuem estudantes que não podem estar na universidade em outro momento do dia e precisam ter à sua disposição todas as condições das quais dispõem os alunos de outros turnos. Propostas: Garantir o funcionamento das escolaridades dos cursos no período noturno (em consonância com a implementação das 30 horas em turnos contínuos abordada neste Programa); Assegurar o funcionamento das bibliotecas e demais espaços de atividades acadêmicas; 24 Redimensionar através da Prefeitura da Cidade Universitária (PCU) a demanda do serviço de limpeza nos prédios, de modo a não comprometer o serviço ou sobrecarregar os que nele trabalham; XX- HUMANIZAÇÃO COMO CRITÉRIO DE NOSSA INTERNACIONALIZAÇÃO. A internacionalização não é um fenômeno novo. O salto dado nas comunicações e transportes nos últimos tempos tem acelerado esse processo. A internacionalização deveria significar o aumento das possibilidades de a humanidade trocar conhecimentos, construir pontes sociais, culturais, artísticas, científicas e econômicas, ou seja, de resolver problemas universais. No entanto, as relações internacionais ainda estão mediadas pelo controle internacional das grandes potências de uma forma a colocar a subalternidade para com o conjunto dos países que se encontram em locais periféricos em gradações diferentes. No nosso entendimento, uma universidade pública brasileira encravada no nordeste, geopolicamente entendido, deve primar por um diálogo com a América Latina, África, sem descuidar das relações construídas por uma série de pesquisadores (as), técnicos(as) e estudantes com os países centrais. Nesse aspecto, a internacionalização deve se realizar numa perspectiva de respeito e superação às assimetrias econômicas, sociais e, no nosso caso, especialmente, de extensão, ensino e científicas. Propostas: Fortalecer as nossas relações com a América Latina e África, construindo uma política de intercâmbio efetiva nos três segmentos: docentes, discentes e técnicos (as); Realizar, junto ao MEC, uma crítica qualificada ao programa de Ciências Sem Fronteiras, tanto no seu aspecto pedagógico quanto no aspecto segregador de várias áreas de conhecimento; Fortalecer o setor de relações internacionais da UFPE, tendo como critério a perspectiva humanizadora do conhecimento em todas as áreas. 25