ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO PARALELA – 3º Trimestre 3º ano DISCIPLINA: LITERATURA Observações: 1- Antes de responder às atividades, releia o material entregue sobre Sugestão de Como Estudar. 2 - Os exercícios devem ser resolvidos em folha timbrada e entregues no dia da Prova de Recuperação. Conteúdo: Aulas 42 a 52 Segundo e Terceiro tempo Modernista - principais autores e obras. Exercícios: Desenho, Cecília Meireles Traça a reta e a curva, a quebrada e a sinuosa Tudo é preciso. De tudo viverás. Cuida com exatidão da perpendicular e das paralelas perfeitas. Com apurado rigor. Sem esquadro, sem nível, sem fio de prumo, traçarás perspectivas, projetarás estruturas. Número, ritmo, distância, dimensão. Tens os teus olhos, o teu pulso, a tua memória. Construirás os labirintos impermanentes que sucessivamente habitarás. Todos os dias estarás refazendo o teu desenho. Não te fatigues logo. Tens trabalho para toda a vida. E nem para o teu sepulcro terás a medida certa. Somos sempre um pouco menos do que pensávamos. Raramente, um pouco mais. 1) O título do poema remete a um domínio do conhecimento humano. Que domínio é esse? 1 Leia com atenção os seguintes versos de João Cabral de Melo Neto em Morte e Vida Severina: ¾ E belo porque o novo todo o velho contagia. Belo porque corrompe com sangue novo a anemia. Infecciona a miséria com vida nova e sadia. Com oásis, o deserto. Com ventos, a calmaria. 2) Contextualize esses versos no poema de João Cabral de Melo Neto, indicando o evento a que se referem e a relação desse evento com a fala final de Seu José ao retirante. 3) Explique que valor deu o poeta aos verbos contagiar, corromper e infeccionar no contexto da estrofe acima. Texto para questões 4 e 5: Quero me Casar Quero me casar na noite na rua no mar ou no céu quero me casar. Procuro uma noiva loura morena preta ou azul uma noiva verde uma noiva no ar como um passarinho. Depressa, que o amor não pode esperar! Carlos Drummond de Andrade, in 'Alguma Poesia' 4) Caracteriza brevemente a concepção de amor presente neste poema. 5) Compare essa concepção de amor com a que predominava na Literatura do Romantismo. Texto para as questões 6 e 7 Como não ter Deus?! Com Deus existindo, tudo dá esperança: sempre um milagre é possível, o mundo se resolve. Mas, se não tem Deus, há-de a gente perdidos no vai-vem, e a vida é burra. É o aberto perigo das grandes e pequenas horas, não se podendo facilitar, é todos contra os acasos. Tendo Deus, é menos grave se descuidar um pouquinho, pois no fim dá certo.Mas, se não tem Deus, então, a gente não tem licença de coisa nenhuma! Porque existe dor. E a vida do homem está presa encantoada – erra rumo, dá em aleijões como esses, dos meninos sem pernas e braços. (...) (Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas) Umas das principais características da obra de Guimarães Rosa é sua linguagem artificialmente inventada, barroca até certo ponto, mas instrumento adequado para sua narração, na qual o sertão acaba universalizado. 6) Transcreva um trecho do texto apresentado, onde esse tipo de “invenção” ocorre. 7) Transcreva um trecho em que a sintaxe utilizada por Rosa configura uma variação linguística que contraria o registro prescrito pela língua padrão. 8) Na Terceira Fase do Modernismo, houve uma ruptura com os valores instaurados em 1922, dando lugar a uma literatura com quais características? a) Sentimentalismo; questionamento sobre a existência humana; arte engajada, com crítica social; linguagem aproximada do popular. b) Volta para o psicológico do ser humano; sentimentalismo; prosa intimista; presença de símbolos e imagens que representam a realidade; questionamento sobre a existência humana. 2 c) Arte engajada; volta para o psicológico do ser humano; sentimentalismo; desejo de construção de arte brasileira; vocabulário erudito. d) Poesia com rigor das antigas formas, com valorização de rimas e vocabulário erudito; prosa intimista; volta para o psicológico do ser humano; questionamentos existenciais. e) Poesias com predominância de rimas e a prosa voltada ao regionalismo do sul do país. 9) (UFPA) Perto do coração selvagem, romance de estreia de Clarice Lispector, publicado em 1944, contrasta com o realismo social dos romancistas da geração de 1930, anunciando a opção: a) convencional melodramático b) intimista e experimental c) romântica e regionalista d) naturalista e erótica e) política e panfletária 10) (UNIFESP) Leia o texto a seguir e responda à questão. Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem — ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum! — é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo, franco — é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido. Este caso — por estúrdio que me vejam — é de minha certa importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor, assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava por ela — já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum. Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens. Até: nas crianças — eu digo. Pois não é o ditado: “menino — trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra, no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho...(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.) A fala expressa no texto é de Riobaldo. De acordo com o narrador, o diabo: a) vive preferencialmente nas crianças, livre e fazendo as suas traquinagens. b) é capaz de entrar no corpo humano e tomar posse dele, vivendo aí e perturbando a vida do homem. c) só existe na mente das pessoas que nele acreditam, perturbando-as mesmo sem existir concretamente. d) não existe como entidade autônoma, antes reflete os piores estados emocionais do ser humano. e) é uma condição humana e não está relacionado com as coisas da natureza. 11) (UEL) A questão a seguir refere-se à passagem transcrita do conto “Feliz Aniversário” (Laços de Família, 1960), de Clarice Lispector (1920-1977). Na cabeceira da mesa, a toalha manchada de coca-cola, o bolo desabado, ela era a mãe. A aniversariante piscou. Eles se mexiam agitados, rindo, a sua família. E ela era a mãe de todos. E se de repente não se ergueu, como um morto se levanta devagar e obriga mudez e terror aos vivos, a aniversariante ficou mais dura na cadeira, e mais alta. Ela era a mãe de todos. E como a presilha a sufocasse, ela era a mãe de todos e, impotente à cadeira, desprezava-os. E olhava-os piscando. Todos aqueles seus filhos e netos e bisnetos que não passavam de carne de seu joelho, pensou de repente como se cuspisse. Rodrigo, o neto de sete anos, era o único a ser a carne de seu coração. Rodrigo, com aquela carinha dura, viril e despenteada, cadê Rodrigo? Rodrigo com olhar sonolento e intumescido naquela cabecinha ardente, confusa. Aquele seria um homem. Mas, piscando, ela olhava os outros, a aniversariante. Oh o desprezo pela vida que falhava. Como?! como tendo sido tão forte pudera dar à luz aqueles seres opacos, com braços moles e rostos ansiosos? Ela, a forte, que casara em hora e tempo devidos com um bom homem a quem, obediente e independente, respeitara; a quem respeitara e que lhe fizera filhos e lhe pagara os partos, lhe honrara os resguardos. O tronco fora bom. Mas dera aqueles azedos e infelizes frutos, sem capacidade sequer para uma boa alegria. Como pudera ela dar à luz aqueles seres risonhos fracos, sem austeridade? O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a sua família. Incoercível, virou a cabeça e com força insuspeita cuspiu no chão.(LISPECTOR, Clarice. "Feliz Aniversário". In: Laços de Família. 28. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. p. 78-79. Ainda que Clarice Lispector tenha morrido um dia antes de completar cinquenta e sete anos, a problemática das mulheres de terceira idade faz-se presente em muitos de seus contos. “Feliz Aniversário” registra tal tema. Neste conto, sentada à cabeceira da mesa preparada para a comemoração de seu octogésimo-nono aniversário, D. Anita: a) Lembra-se, saudosa, da época em que seu marido era vivo e com ela dividia as dificuldades cotidianas. b) Vê, horrorizada, sua descendência constituída por seres mesquinhos. c) Contempla seu neto, Rodrigo, a trazer-lhe ao presente a imagem do falecido marido quando jovem. d) Rememora, com rancor, sua vida de mulher, seja enquanto esposa, seja enquanto mãe, mostrando-se indignada com a atual falta de afeto de filhos, netos e bisnetos. e) Mistura presente e passado, deixando emergir a saudade que há tempo domina seu cotidiano. 3