A APDH recebeu uma equipa de profissionais de saúde proveniente de Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil 23 | Junho | 2015 Texto: Carlos Gamito [email protected] Fotografia: APDH, ARS LVT e HDFF Paginação e Grafismo: Marisa Cristino [email protected] A APDH – Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, foi a anfitriã do grupo de profissionais de saúde provenientes de Florianópolis, Brasil O Prémio de Boas Práticas em Saúde – PBPS já atravessou o Atlântico e chegou a Florianópolis, Estado de Santa Catarina, Brasil. Recordamos que o PBPS foi criado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar – APDH, com o alto patrocínio da Direcção-Geral de Saúde – DGS, a colaboração da Administração Central do Sistema de Saúde – ACSS e também das Administrações Regionais de Saúde (ARS) do Continente e Serviços Centrais de Saúde das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Mas vamos à notícia: No dia 1 de Junho de 2015 chegou a Lisboa um grupo de três profissionais de saúde, respectivamente o Dr. Daniel Moutinho Júnior, médico, Secretário de Saúde de Florianópolis; Daniela Calderon, enfermeira, directora de planeamento e membro da Comissão Organizadora do PBPS em Florianópolis, e Katiuscia Pereira, enfermeira, gerente de planos e metas, também membro da Comissão Organizadora do PBPS em Florianópolis. O objectivo da visita centrou-se na perscrutação in loco da complexa estrutura que envolve o processo de atribuição do PBPS. A APDH, na qualidade de anfitriã, em estreita colaboração com os seus parceiros, elaborou um vasto programa de actividades em torno das apresentações dos projectos vencedores do PBPS ocorridas em edições transactas e que visaram uma amostragem real ao grupo da Prefeitura (Município) de Florianópolis. De salientar que no âmbito desta visita também esteve bem patente o objectivo de dar a conhecer a organização dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal, sector que no Brasil está sob a tutela das Prefeituras. AGENDA DE TRABALHOS Na tarde do dia 1 de Junho, a equipa de profissionais brasileiros foi recebida nas instalações da APDH onde o Dr. Artur Vaz, Presidente da Assembleia Geral, em representação da Prof.ª Doutora Ana Escoval, Presidente da Associação, apresentou cumprimentos de boas-vindas aos visitantes. Apresentadas as saudações, a Dra. Adelaide Brissos, Coordenadora do PBPS, fez uso da palavra para descrever pormenorizadamente todo o historial e evolução que se tem verificado na orgânica para atribuição do PBPS. 2 A intervenção da Dra. Adelaide Brissos foi sustentada pela projecção de um detalhado acervo de diapositivos que demonstraram de A a Z o complexo mecanismo que permite erguer o evento que culmina com a atribuição do Prémio de Boas Práticas em Saúde. A Dra. Adelaide Brissos (sentada em frente ao PC portátil), Coordenadora do Prémio de Boas Práticas em Saúde (PBPS), no momento da sua apresentação que encerra todo o complexo processo de atribuição do PBPS VER DIAPOSITIVOS No seguimento dos trabalhos, a Dra. Tereza Lopes e a Dra. Ana Cristina Guerreiro, fizeram comunicações centradas na relevante colaboração prestada pelas respectivas Regiões de Saúde em todo o processo que envolve o PBPS. A Dra. Tereza Lopes, assessora da direcção da ARS Alentejo e membro da Comissão Organizadora do PBPS, documentou a sua intervenção com um conjunto de slides onde foram apresentados mapas geográficos e ambiências demográficas integradas na ARS Alentejo. Na foto (em pé), a Dra. Tereza Lopes a apresentar os Agrupamentos que agregam os vários Centros de Saúde estabelecidos no Alentejo. À esquerda na imagem, estão as Enfermeiras Daniela Calderon e Katiuscia Pereira VER DIAPOSITIVOS 3 Terminada a apresentação da Dra. Tereza Lopes, coube à Dra. Ana Cristina Guerreiro, médica a exercer na ARS Algarve e membro da Comissão Organizadora do PBPS, apresentar, detalhadamente, os Agrupamentos que agregam os vários Centros de Saúde da região algarvia. Na sua comunicação fez questão de sublinhar que pese embora o Algarve se apresente como um território de pequenas dimensões, agrupa no entanto um elevado número de residentes, número esse que se avoluma significativamente nos meses de Verão, situação que compele a um intensificado esforço de trabalho por parte dos profissionais de saúde da região. A Dra. Ana Cristina Guerreiro (junto ao PC portátil) pautou a sua apresentação com um detalhado olhar sobre a actual situação dos Centros de Saúde do Algarve VER DIAPOSITIVOS Com a comunicação da Dra. Ana Cristina Guerreiro, foi encerrado o primeiro dia de trabalhos proporcionado à equipa visitante, não sem que antes fosse aberto um espaço de discussão e análise sobre o desenvolvimento do PBPS em Portugal e em Florianópolis. No que concerne aos restantes dias da semana, o dia 2 de Junho foi inteiramente reservado a reuniões de trabalho onde estiveram presentes várias individualidades que se debruçaram sobre a participação activa no processo de desenvolvimento do PBPS por parte dos Serviços Centrais do Ministério da Saúde; Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), representada pela sua Vice-presidente, Dra. Carla Gonçalo, e Direcção-Geral de Saúde (DGS), com a presença da Dra. Maria Cortes. Em representação da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (APDH), esteve o Prof. Doutor Carlos Pereira Alves, membro da Direcção da Associação. O período da manhã do dia 3 de Junho foi preenchido com a visita ao Agrupamento de Centros de Saúde de Sintra – USF Mactamã, Massamá, onde foi apresentado e avaliado o projecto préseleccionado para o PBPS 2015, denominado Reorganização do Circuito de Gestão Integrada do Medicamento: Projecto dos Armazéns Avançados. A comunicação deste projecto esteve a cargo das suas autoras, respectivamente Dra. Nadine Ribeiro e Dra. Ana Andrade. 4 A Dra. Nadine Ribeiro (de pé), os restantes elementos da equipa do projeto Reorganização do Circuito de Gestão Integrada do Medicamento e (à direita) dois membros da Comissão Cientifica a avaliar o projecto Equipa que integra o projeto Reorganização do Circuito de Gestão Integrada do Medicamento, do ACES de USF Mactamã, Massamá No período da tarde deste mesmo dia (3 de Junho), foi realizada uma visita ao Agrupamento de Centros de Saúde de Cascais – USF Marginal, onde a Dra. Ana Ferrão apresentou o projecto intitulado Organização Aprendente, nomeado e galardoado (2.º lugar – menção honrosa) na edição de 2013 do PBPS. 5 A Dra. Ana Ferrão, Coordenadora da USF Marginal, apresentou o projecto Organização Aprendente A manhã do dia 4 de Junho foi destinada à visita técnica da Região de Saúde do Centro – Unidade de Saúde Familiar de S. Julião, Centro de Saúde da Figueira da Foz, onde foi dada a conhecer a reformulação dos Cuidados de Saúde Primários em Portugal, mais concretamente o modo de funcionamento desta Unidade de Saúde Familiar (USF). VER DIAPOSITIVOS Grupo de trabalho no final da reunião decorrida na Unidade de Saúde Familiar de S. Julião. Na imagem e da esquerda para a direita: Enfermeira Teresa Rodrigues; Enfermeira Daniela Calderon; Dra. Tereza Lopes; Dr. Daniel Moutinho Júnior; Dr. José Luís Biscaia; Dr. Mário Jorge Santos; Dr. Diogo Gomes e Dr. Fernando Guerra. Ao centro a Enfermeira Katiuscia Pereira e Dra. Adelaide Brissos 6 Na parte da tarde do dia 4 de Junho foi visitado o Hospital Distrital da Figueira da Foz onde foi apresentado o Projecto de vigilância epidemiológica integrado e intersectorial de agentes e seus vectores, Unidade de Saúde Pública (USP), ULS Litoral Alentejano, da autoria do Dr. Mário Jorge Santos; Diogo Gomes, Técnico de Saúde Ambiental, e Enf.ª Teresa Rodrigues, projecto nomeado na edição de 2013 do PBPS. As actividades encerraram com uma visita à exposição de posters nomeados como boas práticas, edição de 2014 do PBPS. O Dr. Pedro Beja Afonso, Presidente do Conselho de Administração do Hospital Distrital da Figueira da Foz (à direita na foto), também esteve presente na apresentação do Projecto de vigilância epidemiológica integrado e intersectorial de agentes e seus vectores, Unidade de Saúde Pública (USP), ULS Litoral Alentejano FIM DA VISITA Para trás ficara uma extensa semana de trabalhos, sendo de salientar a exímia articulação verificada entre a APDH e as instituições que colaboraram e corporizaram a visita de carácter técnico ao grupo de Florianópolis. O dia 5 de Junho assinalou o final do périplo que culminou com a realização de um roadshow de boas práticas que decorreu na ARS de Lisboa e Vale do Tejo, onde participaram membros da Direcção da APDH, do Conselho Directivo da ARS e da Comissão Organizadora do Prémio. Antes do encerramento da sessão, foram apresentados quatro projectos nomeados em edições anteriores do PBPS: Reconciliação Terapêutica Hospital de Santiago, Setúbal. Autoras: Dra. Rita Carvalho e Dra. Ana Cristina Ribeiro; A Dra. Rita Carvalho fez a apresentação do projecto Reconciliação Terapêutica, desenvolvido no Hospital de Santiago, Setúbal 7 Anatomia Patológica Digital no Centro Hospitalar Cova da Beira Centro Hospitalar Cova da Beira. Projecto vencedor do PBPS, edição de 2014. Autoras: Dra. Rosa Maria Tomé e Dra. Rosa Maria Ballesteros; O projecto intitulado Anatomia Patológica Digital no Centro Hospitalar Cova da Beira, a ser apresentado por uma das suas autoras, a Dra. Rosa Maria Tomé VER DIAPOSITIVOS PESO – SAUDÁVEL (Pesa, Enumera, Soma e Opta – Saudável) UCC d’Alagoa, ACES do Algarve II – Barlavento. Autora: Dra. Anabela Simões; A Dra. Anabela Simões (à direita) a expor a apresentação do projecto da sua autoria denominado PESO – SAUDÁVEL VER DIAPOSITIVOS 8 ACESRESP – Cuidados Respiratórios Domiciliários ACES Grande Porto II - Gondomar Autor: Dr. Fernando Almeida Registo do Dr. Fernando Almeida num dos momentos em que explanava a apresentação do seu projecto VER DIAPOSITIVOS E os trabalhos foram encerrados com a equipa de Florianópolis a apresentar um minucioso estudo escorado em ilustrativos diapositivos, cuja comunicação, a cargo do Dr. Daniel Moutinho, se desenvolveu em duas partes, reportando-se a primeira à estrutura orgânica dos Cuidados de Saúde Primários em Florianópolis, e a segunda assentou na apresentação de um projecto vencedor como boa prática no PBPS de Florianópolis, intitulado Acesso Avançado no Centro de Saúde do Saco Grande. O roadshow foi encerrado com a apresentação do Dr. Daniel Moutinho Júnior 9 Esta visita técnica proporcionada à equipa de profissionais brasileiros encerrou, como atrás ficou descrito, o complexo mecanismo que envolve o Prémio de Boas Prática em Saúde e a abordagem de variadíssimos temas ligados ao sector da saúde, nomeadamente a reforma em curso dos Cuidados de Saúde Primários. AVALIAÇÃO, EM TERMOS DE BALANÇO FINAL, DO DR. DANIEL MOUTINHO JÚNIOR Antes de abrirmos a entrevista ao grupo de profissionais brasileiro, criámos um momento de adaptação à conversa As três individualidades, fazendo jus à afabilidade que caracteriza o povo brasileiro, disponibilizaram-se para uma circunstancial conversa com a nossa reportagem. O Dr. Daniel Moutinho Júnior, num primeiro momento começou por nos dizer que a visita realizada a Portugal e inteiramente focada na observação in loco dos procedimentos para atribuição do Prémio de Boas Práticas em Saúde, foi fruto da vontade de melhorarem os conceitos e as metodologias empregues em Florianópolis, servindo-se para tanto dos conhecimentos, da experiência e da matriz utilizada em Portugal». E adiantou: «No próximo mês de Dezembro a nossa Secretaria Municipal de Saúde vai organizar a 4.ª edição do PBPS, e nessa perspectiva a APDH – a quem muito agradecemos publicamente –, disponibilizou-se para nos receber e promover as documentativas reuniões que nos permitiram analisar os métodos aplicados no vosso País». Ainda de acordo com o Dr. Daniel Júnior, o PBPS de Florianópolis tem contado com cerca de noventa projectos científicos submetidos a avaliação, no entanto só cerca de dez chegam à fase final do processo para atribuição do Prémio. Atendendo a que os trabalhos apresentados carecem inteiramente da componente científica, não pudemos deixar de instar o nosso interlocutor se no Brasil existem condições para o desenvolvimento de projectos de investigação científica. O Dr. Daniel Júnior foi incisivo na resposta: «Não, lamentavelmente há muito pouco material produzido no campo da investigação científica no Brasil. Perguntar-me-á porquê, e eu aponto-lhe duas fortes razões: por um lado, somos confrontados com o desinteresse e a ausência de incentivos da classe política, e por 10 outro lado verificamos uma absoluta desmotivação por parte do universo de profissionais de saúde, sejam médicos, enfermeiros ou outros». Sempre ortodoxo nas afirmações, o Dr. Daniel Moutinho Júnior concluiu a sua linha de raciocínio e, ainda que sumido, deixou transparecer um laivo de satisfação: «O PBPS está a servir de embrião para a publicação de uma revista devidamente indexada onde são difundidos os trabalhos seleccionados para atribuição do Prémio de Boas Práticas em Saúde que decorre anualmente em Florianópolis». E TERMINAMOS COM A VOZ DAS SENHORAS ENFERMEIRAS O Dr. Daniel Moutinho Júnior, ladeado pelas Enfermeiras Daniela Calderon (à esquerda) e Katiuscia Pereira, concederam uma entrevista à nossa reportagem na qual não esconderam os seus sorrisos e, quase em uníssono, testemunharam o quanto foi relevante a visita a Portugal A uma só voz instámos as Senhoras Enfermeiras que integraram o grupo de trabalho sobre o balanço que lhes oferecia quanto à exaustiva mas extraordinariamente documentativa semana de trabalhos experienciados em Portugal. A Senhora Enfermeira Katiuscia Pereira expressou a sua opinião: «Atendendo a que desempenho funções na Secretaria de Saúde, Directoria de Planeamento, Informação e Captação de Recursos de Florianópolis, observei atentamente os vários procedimentos que gentilmente nos apresentaram e estou certa que muitos serão utilizados não só no âmbito do PBPS como nalgumas valências dos serviços de saúde do nosso Município». Por seu turno, disse-nos a Senhora Enfermeira Daniela Calderon: «Também trabalho na Directoria de Planeamento de Florianópolis. O balanço que me apraz é francamente positivo. Foi uma semana muito enriquecedora no plano do conhecimento, pelo que deixo um sentido agradecimento a todas as instituições que nos receberam e em particular à Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar». 11