Ao Ministério Público Federal - Florianópolis A Presidência da Funai - Brasília 6 de Agosto de 2015. Nós, caciques e lideranças do Povo Indígena Guarani do litoral dos estados de Santa Catarina e Paraná, reunidos pela Comissão Guarani Nhemonguetá, escrevemos este documento acerca do funcionamento da Coordenação Regional do Litoral Sul da Fundação Nacional do Índio e a conduta de seus servidores. A Coordenação Regional do Litoral Sul foi instituída em 2009 pela Funai para atender os Povos Indígenas Guarani e Xokleng do sul do Brasil, comportando as regiões do litoral do PR, litoral e Alto Vale do Itajaí em SC, e todos os Guarani do RS. Para tanto, foi definido em reunião do Comitê Regional que o então Coordenador Regional seria o Engenheiro João Alberto Ferrareze, já aposentado, substituído pelo Sociólogo João Maurício Assumpção Farias. Para compor a nova Coordenação Regional foram encaminhados servidores da Funai de outras regiões para São José, SC, sede da CR Litoral Sul, em que muitos deles pronunciavam-se contrários à reestruturação da Funai e realizavam "greve branca", e "operação tartaruga", buscando atrasar desde entrega de cestas básicas nas nossas comunidades, como abastecimento de combustível para as Coordenações Técnicas Locais se deslocarem até as Aldeias. As Coordenações Técnicas Locais - CTLs, são as bases próximas às Aldeias e, ao contrário da CR que possui vários servidores, cada CTL possui um chefe com um terceirizado, sendo apenas a CTL Paranaguá que conta com o chefe, dois servidores contrários à reestruturação e em "greve branca". Inclusive estes dois servidores já foram denunciados várias vezes por nossas lideranças por desvio de cestas básicas e por se apropriarem do cartão de banco dos anciões aposentados, vindo para as aldeias apenas para entregar o dinheiro, pois alegavam que ir até a aldeia para buscar o aposentado para levar ao banco e retornar à aldeia perderiam tempo. Dos servidores da CR Litoral Sul que realizam a "greve branca", apenas um ou dois foram a nossas aldeias, e a maioria deles não conhece a região e nunca se interessaram em conhecer, desde 2010. Novos servidores entraram no concurso realizado em 2010, dentre eles há os que atuam na sede em São José, SC, nos setores diretamente envolvidos com as aldeias, com Gestão Ambiental e Territorial, que sempre estão presentes em reuniões e envolvidos com as comunidades. Mas há outros servidores do novo concurso que atuam nos setores administrativos que ingressaram na "greve branca", influenciados pelos antigos servidores. Em reuniões que ocorrem nos Comitês Locais, que são parte do Comitê Regional da Funai, debatemos todos os anos as ações que a Funai deve dar prioridade, e são sempre as mesmas: entrega de cestas básicas, monitoramento das Terras Indígenas, plantio de mudas e apoio na agricultura. Porém, todos os anos há atrasos e não entendíamos por que ocorriam, até que buscamos informações e compreendemos que a cada ano é necessário abrir novos procedimentos para aquisições e, todo ano, os servidores contrários à reestruturação são contrários à equipe que está coordenando a CR Litoral Sul, pois estes buscam realizar o trabalho que é planejado em conjunto, e enfrentam sempre a "greve branca" dos servidores que se recusam a trabalhar. Recebemos informações que os servidores contrários à reestruturação ainda realizaram denúncias contra os demais servidores que estão trabalhando, dizendo que não batem ponto e que nunca se sabe onde estão, pois não estão na sede em São José. Justamente estes poucos servidores que atuam, quando não estão na sede, estão nas aldeias ou em reuniões governamentais. Tais denúncias têm atrapalhado o atendimento a nossas comunidades, pois os servidores atuantes têm que parar os serviços para responder ao MPF e Corregedoria da Funai, para esclarecer que estão, justamente, atuando conforme o planejado junto das comunidades. Já solicitamos que os "grevistas brancos" sejam retirados da CR Litoral Sul, dando vaga a novos servidores que desejam trabalhar na região e realmente fazer o trabalho que o regimento da Funai diz que deve ser feito, e não fiquem buscando atrapalhar o trabalho dos poucos que atuam conforma as leis e desejam construir conosco o que rege o Artigo 231 da Constituição Federal: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Para tanto, exigimos que os servidores que são conhecidos por realizarem denúncias sejam retirados da CR Litoral Sul e que novos servidores sejam encaminhados para trabalhar realmente na Funai, conforme segue: 1- Wllians Amâncio, 2- Domingos Savio Guennes, 3- Caterine Duffles, 4- Paulo Casali, 5- Jorge Marafiga. Estes servidores já comprovaram que não são aptos a atuar no órgão indigenista Federal e devem ser realocados, capacitados para compreenderem o que significa a reestruturação da Funai e a Política Indigenista que estamos discutindo na Conferência Nacional de Política Indigenista, a qual os citados tentaram boicotar as etapas locais que ocorreram a duras penas devido a organização de nosso povo, nossas lideranças e nossos caciques. Aguardamos o mais breve possível a retirada destes servidores da CR Litoral Sul, Caso contrário tomaremos medidas drásticas como tomamos em 2008 para retirada do servidor do Núcleo de Palhoça.