Escrito por: Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo Capítulo 1: 2: 3: 4: 5: Douglas Enokida Mauro Nakada Felipe Salgado Mariana Vazquez João Takatsuka Ilustrações: Mauro Nakada, Mariana Vazquez , Douglas Enokida , João Takatsuka , Felipe Salgado , Colaboração : Giulia Yumi 2012 Cananéia, uma cidade histórica, região onde foi disputada as demarcações de terra e conflitos entre aventureiros e piratas espanhóis, portugueses e franceses que passaram por ali a procura das riquezas do novo mundo. O Conto, Diário de Sangue, se passa na cidade de Cananéia, litoral de São Paulo que se torna o cenário de todos os acontecimentos. Cananéia é uma cidade muito bonita com traços antigos nas construções, no centro da cidade e nas casas, além de possuir uma vasta área de preservação ambiental, Cananéia cresce por meio do turismo, e da pesca. Em suas principais atividades se destacam, seis importantes unidades de conservação ambiental, além de ser um importante núcleo urbano tombado como patrimônio histórico. A Cidade de Cananéia serviu de inspiração para escrever o conto Diário de Sangue. O Conto apresenta a visão de um investigador de assassinatos que faz parte de um grupo de investigação criminal, que passa pela cidade de Cananéia em busca da resposta de um assassinato ocorrido dentro da grande Coopérola. No conto, a Coopérola mantém por muito tempo a exploração de materiais em extinção, como madeiras e palmito juçara, ilegalmente na Ilha do Cardoso que integra em seu território uma área de preservação parque estadual Ilha do Cardoso, o parque abrange 15.100 ha, onde são encontrados todos os tipos de vegetação da Mata Atlântica costeira, que proporcionam uma variedade extraordinária de ambientes e uma alta diversidade biológica. Capítulo I - Da Morte 11/09/1996 Não me lembro de muita coisa de meu passado, mas eu, Douglas Enokida, me recordo muito bem de quando estávamos em Moçambique recebendo um prêmio por ter solucionado mais um caso. Depois de muito trabalho finalmente íamos tirar férias, porém a morte de Giovanna nossa querida amiga, irmã de Felipe, nos deixou muito abalados e decidimos então ir para Cananéia para seu enterro. Que pena, foi uma injustiça, era uma pessoa tão bela, fazia todos rirem, rosto angelical e a delicadeza ao falar admirava a todos, Giovanna era como um anjo. Tão inocente, que uma escolha errada lhe custou a vida. Não podíamos deixar aquilo passar batido. Carlos, seu marido, foi o principal suspeito e ficou detido por alguns dias, mas a polícia descobriu que o verdadeiro assassino de Giovanna não fora Carlos , mas sim alguém contratado pela empresa em que Giovanna trabalhava. Toda Cananéia estava em choque devido ao acontecimento, já que há tempos não ocorria algo tão frio e obscuro na cidade. Sendo este fato ocorrido em uma das principais vias comerciais de Cananéia, a grande Coopérola, que fora comprada por uma multinacional. Fomos até a Paróquia São João Batista para rezar pela irmã de Felipe, mas como sempre Mauro decidiu ficar do lado de fora. Demorou um pouco para cair a ficha de que Giovanna tinha sido morta injustamente. Ficamos muito indignados, tristes e com uma sensação de que tínhamos um dever a cumprir. Chegando na casa de Giovanna, onde estávamos hospedados, todos estavam muito abalados, porém eu não conseguia ficar observando seus pertences e suas fotos, tudo me trazia uma triste lembrança. A casa estava em silêncio. Aquilo me cortava o coração, por isso tive que sair para tomar um ar. Sem perceber, se passaram duas horas e acabei voltando para casa tarde. Capítulo II - As Pistas 12/09/1996 Ao amanhecer, recebemos um telefonema da polícia avisando sobre um assassinato na Coopérola e pediu a ajuda de nossa equipe de investigação. O caminho até lá não era fácil, uma estrada de terra batida e também o acesso era muito díficil, e tivemos que seguir o caminho a pé. Chegando lá, fomos averiguar a cena do crime. O corpo apresentava uma bala alojada na cabeça e estava envolvido em folhas do palmito Juçara, era de um dos sócios da empresa. Nada se esclarecia. No local, avistamos um senhor barbudo "- Seu Jairo?" - era o Felipe chamando o homem que ia nos ajudar com a investigação. Jairo, o detetive da cidade que viveu durante anos em Cananéia, tinha vasto conhecimento sobre a cidade e sua população, afirmou que a Coopérola não era mais a mesma e por várias vezes tinha visto funcionários da empresa cortando árvores, folhas, e palmitos nativos da região, mas nunca se arriscou a contar, pois podia ser ameaçado de morte. Ficamos intrigados com o caso e decidimos então procurar a resposta para este crime. Depois de averiguarmos o corpo, fomos investigar o local e conforme andamos, vimos que o local estava cheio daquelas folhas de palmito Juçara, palmitos e madeiras que estavam extintos em outras regiões do Brasil. Por que recursos naturais extintos estariam ali extraídos de uma cidade que preservava tanto essas matérias? Dali, fomos jantar em uma das pizzarias mais conhecidas de Cananéia, a Pizzaria Babbo e aproveitamos para chamar Carlos que ainda estava muito triste com a morte de Giovanna. Ele se mostrava muito estranho. Estava agitado, ficava olhando de um lado para o outro, e não parava de mexer as mãos. "- Olá Carlos, qual vai ser a pizza de hoje?" "- Não estou com muita fome, Giovanna está fazendo muita falta pra mim. Só porque era marido dela, a polícia resolveu me prender? Nunca teria feito aquilo com ela, era uma pessoa muito especial pra mim." Enquanto Felipe conversava com Carlos, Mauro me perguntou se eu havia pego a carteira, então na hora de pagarmos a conta, fui buscá-la. Quando voltei, o pessoal disse que Carlos já havia ido embora. Perguntei o motivo e João disse que ele estava cansado e precisava se deitar, pois no dia seguinte tinha muita coisa para fazer. Saindo da pizzaria fomos dar uma volta a fim de conhecer um pouco mais a cidade e acabamos chegando na praça Martim Afonso de Souza onde encontramos o Seu Jairo, que havia acabado de voltar da Coopérola. Ele fez um sinal nos chamando para perto dele e quando nos aproximamos, ele nos avisou que encontrou mais dois corpos que eram também de sócios da Coopérola. Como das outras vezes, estavam revestidos pelas folhas de Juçara, e sabiam também que provavelmente não fazia muito tempo que o assassino saíra de lá. Enquanto estávamos no caminho para voltar à Coopérola, um carro da polícia parou do nosso lado e o policial nos disse que Carlos ia ser preso novamente por estar presente na cena do crime e ser suspeito de vingança. Estavam todos frustrados e surpresos, decidimos então ir para a delegacia falar com Carlos. Ao conversarmos com ele, vimos pela sua cara que não tinha sido ele, mesmo tendo motivos para fazer aquilo. Foi sincero ao falar que a Coopérola era caminho de sua casa e que realmente tinha visto alguém sair de lá, mas não conseguira identificá-lo. Capítulo III - Foi Descoberto 13/09/1996 No dia seguinte, fui com Felipe para o cemitério ver pela última vez o túmulo de Giovanna. Lá comecei a passar mal relembrando os momentos que passamos com ela, estava realmente fazendo muita falta! E eu ainda estava com sede de justiça. Felipe me levou até o hospital, os enfermeiros disseram que eu deveria ficar por algumas horas lá, falei que Felipe poderia ir embora. Depois de algumas horas, saí do hospital e vi seu Jairo andando na rua, fui em direção a ele e fomos até o cais. Seu Jairo me entregou um papel e disse “- Tome cuidado.” e pegou seu barco em direção à Ilha do Cardoso. No papel estava desenhado um mapa com um X e, ao lado estava escrito: Me encontre nesse local em uma hora. Mais abaixo uma mensagem: "Minha terra tem palmeira onde canta o sabiá, o que no começo nos ajudava, no fim vai nos matar". Voltei pra casa e mostrei o mapa para o pessoal. Fomos para o local indicado ao encontro de Seu Jairo. Ao chegarmos à Ilha do Cardoso, começamos a andar, vimos a área toda desmatada: quase todas as árvores estavam derrubadas, havia fumaça por trás dos morros, e ouvíamos de longe sons de serras elétricas. A Ilha do Cardoso nunca mais ia ser a mesma se ninguém parasse com aquela devastação. Encontramos Seu Jairo no meio da fumaça. Ele estava meio tenso, nervoso, e começou a contar uma história: "- A garota era muito inocente para trabalhar naquele lugar, e após se unir com essa máfia, a Coopérola nunca mais foi a mesma, agora a empresa está envolvida em tráficos de palmito Juçara, madeira. Cananéia e as ilhas próximas vão perder os recursos naturais que ainda restam, e assim, desaparecer. A Giovanna ameaçou contar à polícia local, caso o desmatamento não parasse, por isso os funcionários da máfia tiveram de "apagá-la". Agora a Ilha do Cardoso virou como uma matriz da máfia. A partir daí, percebemos que Seu Jairo estava falando da morte de Giovanna, ele sabia de toda a verdade por isso fugiu de Cananéia para a Ilha do Cardoso. Enquanto falava, avistamos dois homens carregando serras elétricas se aproximando, então fomos nos esconder embaixo de uns arbustos, onde nos agachamos e não puderam nos ver. Depois que foram embora fomos à praia para irmos embora. Seu Jairo quis ficar um pouco mais por lá, e nos pediu para não contarmos para ninguém o que havia dito. Chegando em casa, estavam todos cansados, porém intrigados com o caso, decidimos continuar a investigação. Sabendo que a Coopérola era capaz de matar seus próprios funcionários para sua segurança, começamos a pensar quem poderia, estar matando os principais chefes do tráfico, já que tais pessoas eram muito importantes na empresa. Capítulo IV - Não Foi Ele 14/09/1996 Quando acordamos, a polícia novamente veio nos procurar, informando que mais três corpos foram encontrados na Ilha do Cardoso, e que seu Jairo havia sido preso por ser encontrado no local do crime. Como as outras vezes, os corpos estavam envolvidos por folhas de Palmeira e eram homens de alto cargo da Coopérola. No começo, achamos estranho Seu Jairo ter matado os sócios da Coopérola, mas lembramos do que ele disse na Ilha do Cardoso, estava muito revoltado com a empresa por ter desmatado tanto sua cidade por puro desejo de dinheiro e poder. A população de Cananéia acabou sabendo que a Coopérola estava sendo controlada por uma máfia que obtia lucros através do tráfico, o que a fez se mudar com medo dos assassinatos que estavam ocorrendo. Todos os suspeitos estavam atrás das grades, tudo estava calmo, porém, o plantão da cidade informou que o chefão da máfia fora morto a tiros e foi encontrado com as mesmas folhas e no mesmo estado dos outros sócios. O pessoal estava confuso e perturbado. "- Quem e por que será que está fazendo essas coisas horríveis?!" - Era a Mariana dizendo com muita raiva. Com todos os suspeitos presos, a polícia pediu para comparecermos à delegacia. Chegando lá, o delegado estava nos aguardando "- Pessoal preciso interrogar vocês. Todos os suspeitos de que desconfiamos estão presos, e esses crimes começaram a acontecer quando vocês chegaram!" O primeiro e mais saliente foi Felipe, que era irmão da vítima e tinha motivos para matar os membros da Coopérola por vingança. "- Mas espere aí, vamos verificar mais uma vez a cena do primeiro crime, talvez tenha alguma digital que a perícia tenha deixado passar!" - Disse Mauro para acalmar Felipe, que estava muito nervoso. Voltamos ao primeiro local de todos os crimes, na Coopérola, e por coincidência, encontramos marcas de digitais nas folhas de Palmeira. Assim, nos levaram para fazer os testes, porém todos achavam aquilo um absurdo. Como poderiam desconfiar dos próprios investigadores de tais homicídios?! Enquanto faziam os testes tivemos que ir até o tribunal, escoltados pela polícia. Quando terminamos de fazer o teste estávamos apreensivos, e então saiu o resultado. Todos ficaram muito surpresos com a sentença que foi dada pelo juiz. Capítulo V - Fui Eu 15/09/1996 Foram dias ruins. Agora estou preso, vendo o sol nascer quadrado, no meio de pessoas imundas, tristes, doentes, que apanham a todo o momento de policiais e lutando para sair logo desse xadrez. Estava tudo planejado , desde a primeira vez quando fui a farmácia , ou quando voltei para buscar minha carteira, mas na verdade já estava com ela. Tudo foi planejado para que não desconfiassem de mim. Matei do mais baixo sócio até o mais alto cargo com apenas uma bala, e a folha de palmeira era o que Giovanna mais gostava nesse mundo, desde pequena sempre teve uma atração por esta planta nativa dessa região. Tive a oportunidade de me vingar daquela maldita máfia, que além de usar o nome de uma grande empresa para gerar altos lucros destruindo a ecologia de Cananéia e das ilhas ao seu redor , a ponto da própria natureza não conseguir se reestabelecer, acabou também com a vida da minha amada Giovanna. Agora ficarei aqui por 16 anos, pensando todos os dias nas coisas que fiz, e sempre me perguntar "Por que não pude me declarar a Giovanna?".