INOVAÇÃO E PESSOAS
Nos últimos anos o mundo passou por uma transformação profunda, segundo Alvin
Tofler, é a terceira onda, sendo a primeira onda, onde o poder lastreava-se na
propriedade, ou seja, quanto mais terra mais poder, a segunda baseada no capital,
quanto mais dinheiro mais poder e a terceira, a onda do conhecimento, nesta, não
adianta propriedades e dinheiro sem conhecimento, enfim, estamos na sociedade do
conhecimento e da informação.
Hoje a economia mundial é baseada em conhecimento. As empresas e os governos
vendem e compram conhecimento, tudo é conhecimento. Nesta nova ordem de coisas
o que é mais relevante é a inovação, ninguém se manterá no mercado se não apostar e
investir muito em inovação.
Inovar significa fazer algo diferente e não simplesmente se ater à tradição. De acordo
com o Manual de Oslo, publicado pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), e traduzido pela FINEP, inovação é a
implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente
melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método
organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas
relações externas.
Segundo Joseph Schumpeter, inovação é o impulso fundamental que coloca e mantém
em movimento a engrenagem da economia.
Segundo o site www.evoradigital.biz, a inovação de produto corresponde à introdução
no mercado de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado
relativamente às suas características fundamentais, às suas especificidades técnicas,
ao software ou outros componentes imateriais incorporados, às utilizações para que
foi concebido ou à facilidade de utilização. A inovação tem de ser nova para a
empresa; não tem que ser necessariamente nova no mercado servido pela empresa. A
inovação pode ter sido desenvolvida tanto pela empresa como fora dela. Modificações
de natureza unicamente estética e a mera venda de inovações totalmente produzidas
e desenvolvidas por outras empresas não se podem considerar inovações.
Seja qual for o conceito mais apropriado, uma coisa é certa, inovar é preciso e
inovação só vem de gente, de pessoas. Não se inova apenas com máquinas e
equipamentos, é fundamental, necessário e imprescindível ter pessoas envolvidas no
processo.
Isto muda tudo, pois a base desta nova sociedade e a matéria prima mais importante
da economia passou a ser as pessoas. As pessoas passaram a ser a base da estratégia
das empresas.
Neste ponto temos que rever toda estrutura educacional do país, temos que formar
mais e melhor as pessoas, temos que incluir no mercado um número maior de pessoas
em condições de ocuparem os cargos que existem e estão vagos e os milhares de
outros que serão criados.
O Brasil vive hoje um apagão de capital humano. Este déficit é grande e cada vez
maior. As empresas de TI sofrem enormemente. Para que se tenha uma idéia do
problema, o mercado brasileiro de software e serviços cresceu 13% em 2006, 12% em
2007, e deverá continuar crescendo a esta taxa até 2010. Segundo o IDC, o orçamento
brasileiro de TI aumentou em 2008 8.3%, contra 3.1% no resto do planeta.
Em ciências da computação, os números de 2005 eram de 149.257 candidatos para
88.846 vagas, mas só 42.653 se matricularam, em processamento de informação,
houve 107.472 candidatos para 69.220 vagas, mas só 37.977 novas matrículas.
Isto mostra que as academias estão oferecendo vagas que não conseguem se
preenchidas, e isto não é o pior. O número de formados, em 2005 foi de 15.604 em
ciências da computação e outros 14.050 em processamento de informação, ou seja,
foram 250 mil candidatos, 160 mil vagas, 80 mil matriculados e apenas 30 mil
formados.
Se estamos na sociedade do conhecimento onde o que vale é a inovação, mas não se
faz inovação sem pessoas, e temos uma falha crônica e estrutural na formação de
pessoas, como iremos sobreviver e crescer neste novo cenário mundial ? A resposta
parece simples: apostando tudo na educação. Nenhum país do mundo deixou de ser
sub-desenvolvido e passou a desenvolvido sem ter passado por uma melhoria, ou
revolução, no sistema educacional.
A Coréia do Sul é um exemplo clássico disso, recém saída da ocupação japonesa e da
invasão do norte era um país arrasado. Decidiu investir na educação e na formação de
800 mil cientistas, e hoje é uma potência econômica mundial.
Não há salvação sem educação.
MARCUS DRATOVSKY é formado em Administração de Empresa com especialização em Sistemas Desenvolvidos
para WEB, é certificado CBTS e Diretor executivo da FTS - Fábrica de Teste de Software.
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