Título: AUTONOMIA E SENSIBILIDADE NA REDE : UMA PROPOSTA METODOLÓGICA Área Temática: Educação e Comunicação / Tec. Educacionais Autores: ARACI HACK CATAPAN e FRANCISCO ANTONIO FIALHO Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina - Pós-Graduação em Engenharia de Produção no Centro Tecnológico “Seres humanos, pessoas daqui e de toda parte, vocês que são arrastados no grande movimento da desterritorialização, vocês que são enxertados no hipercorpo da humanidade e cuja pulsação ecoa as gigantescas pulsações deste hipercorpo, vocês que pensam reunidos e dispersos entre o hipercórtex das nações, vocês que vivem capturados, esquartejados, nesse imenso acontecimento do mundo que não cessa de voltar a si e de recriar-se, vocês que são jogados vivos no virtual, vocês que são pegos nesse enorme salto que nossa espécie efetua em direção à nascente do fluxo do ser, sim no núcleo mesmo desse estranho turbilhão, vocês estão em sua casa. Benvindos à nova morada do gênero humano. Benvindos aos caminhos do virtual!” (Lévy, 1996 p 150) Introdução Este trabalho relata alguns aspectos de uma experiência metodológica desenvolvida no curso de doutorado do PPEGP/UFSC por uma turma de doutorandos e mestrandos no período de 98.1 e 98.2. Esta experiência nasceu da necessidade de abrir um espaço para aprofundar questões referentes a nossos objetos de estudo, explorando a potencialidade de constituir um grupo multidisciplinar. De início pretendia-se um grupo de seis pessoas no máximo, mas, assim que a proposta foi colocada, muitas pessoas demonstraram interesse e se criou uma disciplina que foi ministrada pelo professor Dr. Francisco Antonio Fialho, com a monitoria (1) da professora doutoranda Araci Hack Catapan. O grande desafio que congregou o grupo foi o de como desenvolver um estudo que atendesse a diferentes objetos, porém com uma 2 convergência de interesses - no caso, a questão da educação e as novas tecnologias. Os trabalhos foram organizados a partir de duas questões de interesse do grupo: a) aprofundar os estudos em relação aos objetos de pesquisa de cada participante; b) desenvolver ações pedagógicas fundadas nos princípios de autonomia e sensibilidade, explorando recursos informatizado. O desenvolvimento desse trabalho foi se definindo no processo de interação do grupo. A cada avanço se estabelecia o próximo passo, superando as dificuldades que, pela inovação da proposta, foram se fazendo presentes. A grande área de estudos definiu-se pelo tema: CONHECIMENTO INFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO, desdobrando-se no segundo momento em: EDUCAÇÃO INFORMATICA E METODOLOGIA. O objetivo geral era compreender melhor os fundamentos das questões temáticas e suas implicações no ensino mediado pelas novas tecnologias, de forma particular no ensino a distância. Para o primeiro momento o professor colocou, como desafio ao grupo, uma coletânea de textos tratando de uma proposta para o ensino a distância fundamentada numa visão ecosófica, rompendo com as concepções mais convencionais de educação. No segundo momento, cada participante e cada grupo centrou-se mais em seu próprio tema. O Professor foi o desafiador, encarregando a cada um dos participantes do grupo a desempenhar ações específicas no desenvolvimento dos trabalhos. Os especialistas em computação e designer ficaram encarregados de organizar os ambientes tecnológicos necessários para mediar as ações; os pedagogos e outros, responsáveis por alimentar as questões dos fundamentos metodológicos, resguardando os princípios de autonomia e sensibilidade e fazendo um registro sistemático do processo; cada grupo registrou e socializou todos os passos da interação presencial ou virtual. A cada momento ou a cada tema um ou outro grupo assumia a liderança, ficando evidente, que esta se manifestava em quem estava mais inteirado da questão levantada ou mais interessado nela. Par analisarmos alguns aspectos dessa experiência, pois a sua riqueza é muito ampla, a dividimos em três momentos que resultaram em três artigos. Um, que trata das implicações dos recursos tecnológicos na mediação pedagógica, a ser apresentado no CYBERG 1999, outro, que procede das propostas de ensino elaboradas pelos participantes ao final dos trabalhos, que 2 3 será apresentado no Seminário Nacional da ABED/99 e este que realiza uma análise da experiência através da percepção de cada um dos participantes. Acreditamos que esta é a forma mais correta para continuarmos coerentes com o propósito e os fundamentos desse trabalho. Portanto, estamos relatando alguns aspectos desdobrados em dois temas: a) as nossas percepções: enquanto a evolução dos conceitos como o pulsar de nossas reflexões: b) a fala de cada um no pulsar de sua construção: a experiência em si mesma. Autonomia, sensibilidade e tecnologia: o pulsar de nossas construções A provisoriedade do conhecimento, nesta era determinada pela dinâmica e flexibilidade dos processos de comunicação e informação, exige de cada um e do coletivo um alto investimento intelectual. Instala-se um processo de transformação existencial marcado pelo imprevisível, pelo indeterminável, e nele o homem se insere, buscando sua sobrevivência, sua identidade, diferenciando-se dos outros seres vivos pela possibilidade de reflexão e de crítica ou de autoconsciência. A realidade comunicacional desnuda cada vez mais o homem de sua “humanidade moderna”, ou seja, da centralidade da razão, pela possibilidade cada vez mais atual de objetivação fora de si nas ‘tecnologias da inteligência’ (2). Esse processo supera e subverte a concepção moderna de humanismo ‘autocentrado’, ou seja, da precedência do homem. Segundo Capra, (1996) o novo paradigma, em suas diferentes interpretações e desdobramentos, interessa enquanto faz perguntas profundas a respeito dos fundamentos de nossa visão de mundo, de nosso modo de vida moderno, científico, industrial, comunicacional, indagando a partir da perspectiva de como nos relacionamos uns com os outros e com as gerações futuras. Esta visão ecológica fundamenta-se numa compreensão da realidade como reunião dos fenômenos ligados à maneira de rede, e acrescenta: “A teia da vida consiste em redes dentro de rede”. Esta concepção de rede tem sido, em nossos dias, a chave para os mais recentes avanços na compreensão científico/tecnológica. Pierre Lévy, fundamentado nessa concepção, analisa a questão da comunicação, afirmando que essa se torna a própria filosofia, o fator cultural determinante. 3 4 Não há nenhuma distinção real bem definida entre o homem e a técnica, nem entre a vida e a ciência, ou entre o símbolo e a operação eficaz ou a poiésis e o arrazoado. (...) a técnica participa ativamente da ordem cultural, simbólica, ontológica ou axiológica da espécie (p. 14). Basta observar a história para perceber que quando, circunstancialmente, uma mudança técnica se altera, quebra o antigo equilíbrio das forças e das representações simbólicas, criandoum ambiente inédito para alianças inusitadas. Surge uma infinidade de agentes sociais heterogêneos para explorar as novas possibilidades a partir de interesses próprios, até que uma nova situação se estabilize ainda que, provisoriamente, com seus valores, sua moral e sua cultura. Essa nova tessitura vai se constituindo na rede das comunicações. Uns vão transmitindo aos outros de inúmeras maneiras uma infinidade de mensagens que os obrigam a reinterpretar o seu próprio jeito de ser e agir. O devir coletivo passa necessariamente pela rede de comunicação, não importa a técnica, o objeto, a mensagem utilizada. Os seres humanos utilizam-se de todas as formas possíveis, não humanas, para objetivar suas necessidades. A técnica é uma das dimensões dessas estratégias que passam por atores não-humanos como o computador, por exemplo.(Catapan, 1996) O ciberespaço abriga não só uma infra-estrutura material de comunicação digital, abriga também o universo de informações e de seres humanos que navegam e alimentam esse universo. O universo da cibercultura é o conjunto de técnicas, de materiais, de atitudes, de modos de pensamento, de valores que vão se constituindo e crescendo exponencialmente, junto com o desenvolvimento do ciberespaço. A cada minuto novos atores entram em cena, novas informações são injetadas na rede. E quanto mais esse espaço se amplia, mais universal se torna, porém, cada vez menos totalizável. O universal do ciberespaço não possui um centro, um eixo ou regras ou ainda alguma forma de controle. O sujeito faz suas opções, suas escolhas, opera a sua reelaboração a partir do seu estado de autonomia e de sensibilidade. Autonomia e sensibilidade são dois aspectos fundamentais na constituição do processo de autoconsciência, além de constituírem critério básico de competência para os sujeitos inseridos nas relações de produção e empregabilidade. 4 5 A celeridade das transformações tecnológicas desafia o paradigma da racionalidade sistemática pelo poder da interatividade comunicacional e pelo seu caráter) de transversalidade (de não-linearidade) nos processos de pensamento. Transversal no sentido dos saberes que perpassam, que atravessam obliquamente nossas reflexões. Razão transversal é a dominação que se está dando ao tipo de razão contemporânea, que não se organiza de forma hierárquica ou linear, mas de forma transversal, isto é, que se organiza no movimento do ciberespaço, possibilitando as leituras em hipertextos, em rede, em CD-ROM. O sentido transversal funda-se na lógica do transitar, do transmigrar, do atravessar longitudinalmente. Um pensar e um agir segundo uma racionalidade em trânsito célere, dinâmico e multidimensional. O ciberespaço se define por um saber hipertextual, interacional, e transversal. Esse novo modo de saber põe uma nova forma de cultura a cibercultura. O novo paradigma microeletrônico impõe-se radicalmente, impulsionado pela integração entre os avanços da informática e das telecomunicações, transformando o sistema de comunicação em instrumento de mediação cultural básico. Um processo de aprendizagem é, em sua essência, um processo de mediação cultural e depende da congruência interna de seus elementos, ou seja do processo pedagógico como um todo e dos instrumentos de mediação que o sustentam. Toda e qualquer experiência pedagógica não prescinde de um processo metodológico que a coloca em movimento, ao qual subjaz uma concepção que se objetiva em um plano, um método, porém, não se reduz a ele.(ao processo metodológico). O que garante a qualidade de um processo de trabalho de caráter pedagógico é a congruência entre seus elementos: concepção, conhecimento específico e organização didático-metodológica. No caso, a análise dessa experiência focaliza dois princípios que fundamentam nossa concepção pedagógica e uma questão metodológica no que se refere a exploração dos recursos tecnológicos. Basicamente, observar o processo de inserção das pessoas nos trabalhos como um exercício de autonomia e sensibilidade e as implicações do uso de recursos informatizados que favorecem a cooperação interna e externa aos grupos. . 5 6 Piaget, Maturana e Varela, são autores contemporâneos que têm contribuições muito importantes para a pedagogia. De forma singular, em se tratando das questões de autonomia e sensibilidade. Para Maturana e Varela, o conceito central de autonomia tem origem no conceito de autopoiése . Esse termo autopiese, foi cunhado por volta de 1972, combinando o prefixo grego auto- (si mesmo) e o radical -poiésis (criação; produção). Um sistema autopoiético é organizado como uma rede de processos de produção (transformação e destruição) de componentes que produzem componentes; que continuamente regeneram e realizam a rede de processos relações) que os produzem, através de suas interações e transformações; constituem (a máquina) como uma unidade concreta no espaço no qual eles (os componentes) existem especificando o domínio topológico de sua realização como propriamente uma rede. Ou seja como propriamente um processo de auto-regulação. (Maturana e Varela, 1980) Na década de 70 Varela expandiu as formalizações originais da teoria da autopoiese para delinear o atributo sistêmico da autonomia, do qual a autopoiese é um subconjunto. Varela define sistemas autônomos como uma unidade composta por uma rede de interações de componentes que, através de suas interações, recursivamente regeneram a rede de interações que as produz, e realiza a rede como uma unidade no espaço no qual os componentes existem constituindo e especificando as fronteiras da unidade como uma clivagem em background... (Maturana e Varela, 1980) A diferença entre autonomia e autopoiese é que os sistemas autopoiéticos devem produzir seus próprios componentes, além de conservar sua organização. Essa diferença tem desempenhado um papel importante nos debates sobre em que medida os sistemas sociais podem ser caracterizados como autopoiéticos. Para Piaget (1977), a constituição do princípio de autonomia se desenvolve juntamente com o processo de desenvolvimento da autoconsciência. No início, a inteligência está calcada em atividades motoras, centradas no próprio indivíduo, numa relação egocêntrica de si para si mesmo. É a consciência centrada no eu. Nessa fase a criança joga consigo mesma e não precisa compartilhar com o outro. É o estado de anomia. A consciência dorme, diz Piaget, ou é o indivíduo da não consciência. No desenvolvimento e 6 7 na complexificação das ações, o indivíduo reconhece a existência do outro e passa a reconhecer a necessidade de regras, de hierarquia, de autoridade. O controle está centrado no outro. O indivíduo desloca o eixo de suas relações de si para o outro, numa relação unilateral, no sentido então da heteronomia. A verdade e a decisão estão centradas no outro, no adulto. Neste caso a regra é exterior ao indivíduo e, por conseqüência, sagrada A consciência é tomada emprestada do outro. Toda consciência da obrigação ou do caráter necessário de uma regra supõe um sentimento de respeito à autoridade do outro. É o estado de relação sob o determinismo social. O indivíduo sofre a coação social. O estado de autonomia se constitui centrado no reconhecimento do outro como ele mesmo e no respeito mútuo. As regras são constituídas cooperativa e racionalmente. A consciência de si se constitui na relação com o outro. Uma relação calcada na interação. O indivíduo é sujeito de seus atos. As relações interindividuais estão presentes em todos os sentidos e as regras emanam no coletivo e são construídas nas relações, engendradas pelas relações, e não por este indivíduo ou aquele grupo psra os outros. Os indivíduo fazem parte da construção, do respeito e das reformulações das regas sempre que novas relações ou novas opções se fazem necessárias. É o estado de autoconsciência. Na heteronomia todas as leis ou regras aparecem como físicas e morais ao mesmo tempo. As relações são fundadas no respeito unilateral e a disciplina prevalece sobre as relações de cooperação. O indivíduo sofre a coação progressiva que o ambiente exerce sobre ele, desde o início, de sua saída do estado de anomia, é a chamada intervenção social. Ou seja, há uma dicotomia entre o social e o individual nos diferentes níveis de consciência da regra. Na autonomia, as leis e as regras são opções que o sujeito faz na sua convivência social pela auto-determinação. Para Piaget, não é possível uma autonomia intelectual sem uma autonomia moral, pois ambas se sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez, se sustenta no respeito a si próprio. Não vamos discutir aqui a questão da moral, porém reconhecemos a sua importância para esta questão. Outra coisa interessante apontada por Piaget, é que o indivíduo pode ter atingido a autonomia em relação à pratica de uma determinada ação, porém, em relação a outra permanece heterônimo, 7 8 dependendo de seu nível de entendimento a respeito de cada ação, ou seja, do nível de autoconsciência e reflexão que atingiu. A falta de consciência do eu e a consciência centrada na autoridade do outro impossibilitam a cooperação, em relação ao comum pois este não existe. A consciência centrada no outro anula a ação do indivíduo como sujeito. O indivíduo submete-se às regras, e pratica-as em função do outro. Segundo Piaget este estágio pode representar a passagem para o nível da cooperação, quando, na relação, o indivíduo se depara com condições de possibilidades de identificar o outro como ele mesmo e não como si próprio. A partir de então, pode-se mudar o sentido da regra. Pois a verdade da regra não está nela mesma, mas no entendimento, no acordo mútuo, na reciprocidade de sua aplicação. Portanto a diferença essencial entre coação e cooperação é que a primeira impõe regras totalmente elaboradas e se funda na heteronomia. A segunda oferece um método de organização contínua das regras. Ou seja, as regras são decorrentes do respeito mútuo. (Se o respeito mútuo deriva do respeito unilateral, é porque justamente ele o nega). E sendo a cooperação um método, ela só se constitui pelo seu próprio exercício. Nenhuma coação pode determinar-lhe o aparecimento. Autonomia não é um legado, é uma construção, a construção do indivíduo como sujeito no coletivo e seu método é a cooperação. O entendimento da dinâmica de construção do indivíduo e da dinâmica da construção do social mostra que eles são interdependentes, não só no sentido que um depende do outro, mas sim no sentido em que o individual e o social são interconstituintes. O indivíduo é indivíduo à medida em que é social, e o social, por sua vez, surge à medida que seus componentes são indivíduos. Essa relação, quando centrada em um dos pólos anula no outro o exercício da autonomia. Quando centrada na possível interação entre os dois pólos potencializa a autonomia e requer sensibilidade para perceber outro. Para conviver cooperativamente, é preciso que cada um se reconheça em si mesmo na relação com o outro. Nesse ir e vir entre o tecnológico e o pedagógico é importante salientar que a velocidade do avanço científico-tecnológico, cada dia alarga mais o paradoxo entre uma visão fragmentada e a necessidade de uma síntese de nossa ontogenia. O exercício do resgate da inteireza da subjetividade na transversalidade dos aspectos sociais precisa garantir a prevalência do 8 9 respeito mútuo e da cooperação. Este estado nas relações pressupõe um nível de alta sensibilidade. Trabalhar com esta questão numa proposta pedagógica pressupõe a preocupação em desenvolver ações em que o ouvir, olhar, o sentir, o pulsar são forças imanentes que definem os níveis as relações que se estabelecem entre os indivíduos, especialmente em ações de cooperação. Na experiência, de que estamos falando, os trabalhos estiveram pautados no respeito à singularidade, a diversidade e a especificidade dos interesses de cada um e da equipe enquanto esta estabelecia relações para aprofundar seus conhecimentos, sejam presenciais ou virtuais. (em rede).. O grupo se entusiasmou com a possibilidade de transcender o discurso verbal pelas diversas formas de linguagens não-verbais, explorando as diversas formas pela linguagem digital. Além disso as ações desenvolvidas privilegiaram singularmente a potência e a sutileza da sensibilidade do reencontro do indivíduo consigo mesmo. Pois não há ação humana sem uma emoção que a estabeleça como tal e a torne possível como ato. O estar juntos em interações recorrentes faz do outro um legítimo outro. Essas condições de possibilidade constituem seu próprio fundamento que está na emoção. Diferentes emoções indicam diferentes domínios de ações. São as emoções que constituem o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo na convivência e é esse modo que conta quando falamos do social. Só são sociais as relações que se fundam na aceitação do outro como um legítimo outro e tal aceitação só ocorre quando os envolvidos têm um certo nível de autonomia. Autonomia e sensibilidade são processos recorrentes. Perceber-se e perceber o outro é fundamental quando se quer estabelecer uma relação autêntica de interação não importa o meio ou canal que estabelece o vínvulo. A experiência em si mesma Atualmente os meios de comunicação têm colocado desafios novos nas formas de interação entre as pessoas. Pois conectam novos e diversificados vínculos e rompem outros. Essa experiência, com certeza estabeleceu vínculos antes nem imaginados. Após termos ensaiado inúmeras formas de relatá-la, querendo colocá-la nos padrões convencionais, descobrimos que a melhor 9 10 forma de dizer e deixar se dizer na manifestação real do movimento dos indivíduos e dos grupos que a vivenciaram. A fala de cada um dos participantes, abaixo, não ilustra o tema, como legitima a prática da interação defendida neste trabalho. A primeira disciplina nos trouxe a possibilidade de tomar conhecimento da proposta de Fialho sobre a Educação Ecosófica. Essa proposta que não foi desenvolvida por nosso grupo, que preferiu aprofundar o estudo dos conceitos de interação e interatividade. A metodologia de trabalho foi um tanto confusa para a maioria dos colegas no início, pois não estavam acostumados a trabalhar com autonomia, sem a presença de um professor fixo, e muito menos de utilizar recursos informatizados para isso. Já na segunda disciplina os "sobreviventes" já estavam mais acostumados com a metodologia e o uso da tecnologia, o que facilitou muito. Fernando Acredito que ambas as disciplinas tinham objetivos ambiciosos e propunham uma metodologia inovadora. Acho interessante, em primeiro lugar, comentar sobre a metodologia, uma vez que esta teve implicação direta sobre o resultado obtido por cada um e pelos grupos. Apesar de ter sido amplamente apresentada, a grande maioria (me incluo nesta maioria), mesmo inconscientemente, estava esperando um grande (fabuloso, fantástico, etc,etc,etc) "derrame de conteúdos inovadores" e de receitas do tipo "faça você mesmo". Esta expectativa, evidentemente, é reflexo do"condicionamento" que sofremos ao longo de nossa vida de estudantes (primário, ginásio, 2º grau, universidade, pós ...). Para que a metodologia proposta funcionasse de imediato era necessário que todos, ou pelo menos a maioria, tivessem desenvolvido um certo grau de autonomia. No entanto, apesar da dificuldade inicial, quando a primeira disciplina se encaminhava para o final (e nesse ponto falo mais com relação às pessoas com as quais convivi na pequena equipe), muitos começaram a "se encontrar" na disciplina, trilhando caminhos próprios, ou seja, construindo e percebendo seu próprio processo de aprendizagem. Durante a segunda disciplina, a autonomia dos grupos que haviam feito a primeira era maior, pois começou realmente a ocorrer uma socialização de conhecimento uma interação efetiva. Assim, de maneira geral, acredito que as disciplinas foram um importante "fator de desequilíbrio" para todos que delas participaram. Evidentemente, não foram todos que "se encontraram" nesse 10 11 trabalho, mas, aqueles que conseguiram isto (eu, com muita/ felicidade, me incluo neste grupo) tiveram uma grande evolução não só com relação aos temas tratados, mas também com relação ao processo de "aprender a aprender".. (Bizoto) Com as discussões ficou claro que o modelo educacional de hoje é baseado na transmissão do conhecimento, assumindo que o aluno é um recipiente vazio a ser preenchido ou um produto a ser montado. Essa abordagem é generalizada como uma metodologia de ensino e ainda utilizada em, praticamente, todos os cursos universitários. O resultado desse modelo é o aluno passivo, sem capacidade crítica e com uma visão do mundo segundo a que lhe foi transmitida. O profissional com essa habilidade terá pouca chance de sobreviver na sociedade do conhecimento (atual). Na verdade, está-se produzindo alunos e profissionais obsoletos.O que fizemos foi nos obrigar a repensar todo esse sistema. (Dipietro.) Os Conceitos, Informação e Educação são mais do que conceitos. São homens em movimento tentando dar respostas aos problemas de sua vida. Esta é minha perspectiva de compreensão dos conceitos. Assim sendo, o desenvolvimento dos objetivos das disciplinas foram, no meu entender, colocados de forma extremamente coerente com a perspectiva atual de construção do conhecimento. Tenho certeza de que a metodologia utilizada no encaminhamento das disciplinas colaborou muito para estimular nos alunos modificações (atuais-futuras) de características necessárias à nossa época. Autonomia, criatividade, capacidade de cooperação, são, por exemplo, características urgentes para professores/alunos envolvidos em qualquer sistema de ensino a distância (ou não) como para profissionais de qualquer outra área. Neste sentido, o ambiente livre e orientado proporcionado e sob a responsabilidade do PPGEG, (neste caso desenvolvido sobre a orientação do professor Fialho e a colaboração singular da colega e Profª Araci), mostrou-se extremamente coerente com a sua proposta, ou seja, uma ação teórico-prática relevante, atual e congruente.(Sonia) Quanto à metodologia, a primeira disciplina me pareceu um pouco desorganizada. A segunda foi mais elaborada. A página www e as interações eram bem interessantes. Uma pena foi eu não ter conseguido ler todos os emails da rede. Os trabalhos apresentados na página estavam bem elaborados 11 12 e objetivos. Sem dúvida a metodologia da segunda disciplina foi melhor e os conceitos ficaram mais claros. (Cida) A discussão na primeira disciplina sobre interação e interatividade tornou-se possível na segunda disciplina porque pudemos vivenciar a metodologia de construção de uma home-page, embora o tempo tenha sido curto para um melhor aprofundamento. Esse trabalho abriu uma nova possibilidade para minha pesquisa, não pensada até então. As principais contribuições para mim foram os desafios a que nos propusemos enfrentar em pequeno e grande grupo, a ousadia de construir uma proposta diferente de interação dentro de um programa de pós-graduação e, finalmente as rupturas que tivemos de fazer com conhecimentos anteriores, de nossas áreas, para apreendermos novos saberes sobre o uso de tecnologias informatizadas. (Fernando) Uma das contribuições no desenvolvimento deste trabalho foi a possibilidade de estudar com um pequeno grupo e, depois, vivenciar essa experiência em um grande grupo...Uma terceira contribuição ocorreu nos encontros do “grande grupo”, em que foi comentado, discutido e analisado, não somente o Ensino a Distância, como a importância da mudança de paradigma dos Softwares Educacionais. Desejo poder construir, como Tese de Doutorado, um Software Educacional bem diferente dos que existem no mercado e foi gratificante verificar que outras pessoas que participaram desta disciplina, também estão nesta busca.(Juliane) Bom, na verdade, meu tema de tese "Ambiente Adaptável para o Aprendizado Distribuído" somente surgiu com o "desenrolar" das disciplinas! Por isto, acho que as contribuições são incomensuráveis! Em termos objetivos, algumas das contribuições foram: o paradigma Newtoniano/Cartesiano não funciona mais. Estávamos desenvolvendo softwares e páginas na Internet como se estivéssemos construindo uma máquina. Não tínhamos tomado consciência de que a natureza utiliza uma lógica oposta: a evolução. As novas tecnologias estão sendo utilizadas dentro de um paradigma ultrapassado. A partir destas constatações (e de outras que no momento me escapam, ou são até inconscientes) é que mudei totalmente minha forma de conceber a utilização das tecnologias de aprendizagem. (Bizoto) 12 13 O contato e revisão de diferentes abordagens, reflexões e propostas sobre educação computadorizada (EAD, software educacionais, educação ecosófica pelo sensível...) reforçaram a preocupação do grande grupo em melhor desvendar e propor a utilização coerente com a complexidade do mundo atual, das novas tecnologias da comunicação e informação no processo educacional. Ainda que haja muito que se caminhar nas pesquisas, nesta área, a disciplina é um marco, neste sentido. A disciplina contribuiu para um rico debate sobre as questões educacionais e tecnológicas envolvidas na educação computadorizada. Contribuiu, também, para colocar o grupo em contato com diversas experiências, mediante os seminários, debates, exercício (pelo grupo do sensível) e ainda utilizar o próprio meio tecnológico para socializar e dispor a informação através de sua home page. (Cassandra) Pude aproveitar bastante o conceito de Educação a Distância e suas várias possibilidades de integração. Os assuntos foram bastante dinâmicos e inovadores para uma leiga no assunto como eu. Talvez a maior contribuição tenha sido a percepção da vídeo-conferência como possibilidade de aplicação de minha tese. (Cristina) O aprofundamento nas questões da minha pesquisa individual continua de maneira árdua e persistente. Agora, depois dessa experiência multidisciplinar, com trabalhos em grupos, mais tranqüila e respeitosa. Uma das dificuldades que senti no desenvolvimento da proposta foi não poder ter contribuído mais com o grande grupo (GG) ou com o trabalho de outros grupos. Tenho, por exemplo, depoimento de vivência em sala que ainda não pude terminar. Não pude também participar do encontro de encerramento (festa) com os colegas , por estar envolvida com a conferência EAD que acontecia no mesmo período. Embora, mais dificuldades sejam particulares pelo meu envolvimento em outras atividade, aproveito para fazer uma sugestão. Insisto em elogiar o método processual de trabalhar o conhecimento porque o entendo como inovador no meio acadêmico. Embora, no discurso, tal método seja advogado, poucos têm habilidade e coragem para exercitá-lo. Esse exercício, no entanto, é fundamental para liberar o comportamento de amarras tradicionais impeditivas da reflexão. Como todo trabalho inovador torna-se suscetível de críticas por não corresponder exatamente às expectativas criadas pelo comportamento mais tradicional.(Sonia) 13 14 A interação com o grande grupo foi também produtiva, permitindo a cada um crescimento conceitual e teórico, pelas trocas e críticas. Me senti um tanto deslocada em alguns momentos, mas isso foi importante para que eu aprendesse a me posicionar de forma mais flexível e aberta. Participar dessas disciplinas me ajudou sobremaneira, fazendo com que eu repensasse e redirecionasse o meu trabalho, no sentido de incorporar as sugestões e críticas levantadas pelo meu grupo. Ao mesmo tempo, as leituras de autores de áreas adjacentes a minha área de formação (Sociologia), como os autores da Psicologia, sugeridos pelos colegas, me permitiram ampliar o escopo da investigação a qual estou me propondo no meu trabalho de doutorado. (Mairalice) Lidar com autonomia na auto aprendizagem e na aprendizagem cooperativa, colaborativa foi, no meu modo de entender, a contribuição mais valiosa entre as demais cito:.uma visão global do cenário tecnológico; um aprofundamento nas teorias de aprendizagem e na incorporação de novas ferramentas no processo de ensino. A maior contribuição foi a possibilidade de superar a dificuldade de lidar com a autonomia do processo de autoaprendizagem e do trabalho cooperativo. (Souza) O desenvolvimento de uma nova proposta, que seja desvinculada dos velhos paradigmas, requer que estejamos preparados para estas novas mudanças que o contexto atual exige de nós educadores. Portanto, nem sempre é uma tarefa fácil, mas é nos erros, dificuldades e experimentos que encontraremos possibilidades de acertar. Não houve muitas dificuldades, pois tínhamos os objetivos já definidos (traçados), que com o desenvolvimento dos seminários foram sendo amenizados. (Bernadete) Ao terminar a graduação e em seguida ingressar no mestrado, percebi que muitas situações em algumas disciplinas me eram muito familiares, isso me deixou muito angustiada, pois esperava me deparar com uma forma "diferente" de aula, em que pudesse ter mais liberdade para buscar o conhecimento e dele me apropriar. A proposta dessa disciplina me despertou para a busca, e mais do que os limites e dificuldades da disciplina, deparei com os meus próprios, percebi que essa aula "diferente" só acontece quando nos dispomos a abraçar as novas possibilidades e abrir mãos dos antigos paradigmas, sendo capazes de abarcar inclusive os erros.(Laudinéia) 14 15 Para concluir esse primeiro item, acho que faltou uma "ferramenta" que desse suporte à implementação da proposta. As tecnologias utilizada (e-mail, página, lista de discussão) não estavam suficientemente integradas umas com as outras, não permitindo que os participantes pudessem "construir seu conhecimento" "on-line", ou seja, os participantes não tinham um ambiente integrado em cujo contexto pudessem "ver, sentir, refletir e construir". A página não podia ser este ambiente pois as pessoas não podiam colocar seus materiais diretamente na página (tinham que enviar para alguém). A lista de discussão, que tinha um grande potencial, não foi efetivamente utilizada. Resumindo, acredito que os objetivos das disciplinas foram atingidos, pois acho que o objetivo maior era "provocar um desequilíbrio". No entanto, os resultados seriam melhores se esta metodologia inovadora fosse apoiada por uma ferramenta ou ambiente mais adequado (Bizoto) A resistência forjada pelo costume da aula tradicional, esteve também presente no público que, por vezes, parecia esvaziado ou com menos interesse. Tal fato, no meu entendimento, se deve mais ao desuso da liberdade para produção do pensamento científico do que à metodologia utilizada. Neste sentido, entendo como contribuição relevante, o exercício de quebrar ranços e preconceitos teóricos, com o desenvolvimento de atitudes de cooperação e respeito ao ritmo e caminho de reflexão do outro nos trabalhos em grupo. (Sonia) Acredito que a nossa equipe encontrou sua maior dificuldade num primeiro momento no processo de interação entre os integrantes, pois foi contituída na segunda disciplina. Me parece que perdemos algum tempo definindo os objetivos comuns. (Gilson). Tive várias limitações durante o desenvolvimento da disciplina mas não ponho a culpa nos colegas e professores. Até a própria vida me colocou num período de limitações. Outro grande problema, além da minha própria máquina, foi não ter tido uma interação maior com outras pessoas e grupos. Infelizmente o meu grupo não participou suficientemente para oferecer essa oportunidade. Acredito que muita gente ainda seja pelo método "antigo" de provas, chamada de freqüência para assumir compromisso com aulas e professores. Eu particularmente procurei diminuir este problema mas é muito difícil quando se trabalha em grupo. (Cida) 15 16 Como trabalho com crianças excepcionais, sei a importância da aprendizagem através do corpo, e foi muito interessante participar das vivências nos encontros do grande grupo. É gratificante saber que mais pessoas pensam como eu. Quero agradecer também a possibilidade de permitir que nós, alunos, criássemos com total liberdade, para nos tornarmos plenos.(Juliane) A dificuldade maior foi "encontrar o caminho das pedras", ou seja, despertar para o fato de que não iria vir nenhum "iluminado" para repassar conteúdos interessantes. Depois que "descobri" ("constatei") isto, tudo foi muito bem !! Acho que esta disciplina deveria ser oferecida novamente no ano que vem, como forma de ampliar as experiências.Com relação a conceito acho que, antes é bom ressaltar que: eu acredito que o desempenho em uma disciplina pode ser avaliado em função das mudanças provocadas no sujeito. Em outras palavras, em que grau o sujeito que saiu é diferente do sujeito que entrou, com relação à aplicação do que foi desenvolvido na disciplina, na solução de problemas do mundo real do qual participa este sujeito. Neste sentido, eu me considero uma outra pessoa depois de ter participado da disciplina e, adicionalmente, tenho utilizado no dia-a-dia (já desenvolvi um software que utiliza este nova concepção) o que aprendi durante as disciplinas. Além disso, em minha tese venho aplicando todos os conceitos aprendidos! Assim, obrigado obrigado ecosófica! A participação da colega Araci no papel de professora, sua participação foi fundamental para o sucesso da disciplina. Seu empenho e sua empolgação nos faziam procurar sempre além! Realmente, para mim, as duas disciplinas foram as melhores experiências que tive em minha vida acadêmica e vocês foram os grandes responsáveis por isto. (Bizoto) A experiência por ela mesma, emoção que se faz ato. A ação de cada um e de todos no coletivo fala do que foi, por onde foi e até onde foi o exercício de autonomia, e do resgate da sensibilidade no processo de cooperação. O importante para nos que estávamos inseridos nesse contexto e comprometidos até as entranhas, mas além disso com o compromisso de observar, é reconhecer que o observador de que fala Maturana, quando organizado para observar não se distancia, pelo contrário, revela ainda mais a sua imanência. O observador não se distancia, e quando pensa que o faz, o faz somente para 16 17 dissimular a estreiteza de seu comprometimento na ação de observador. Araci e Fialho. Notas (1) Monitoria, neste caso (não nas formas usuais) como uma prática do programa que indica a realização de uma atividade de ensino ou de laboratório realizada por um doutorando sob a responsabilidade do orientador. (2) Tecnologias da inteligência, expressão utilizada por Lévy para conceituar as novas formas de comunicação. Referências bibliográficas ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação: Rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Vozes, 1998 CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma compreensão cientifica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1999 CATAPAN, Araci Hack. O conhecimento escolar e o computador. PERSPECTIVA. Florianópolis: UFSC. n.24 p 173-181, 1996 FIALHO, Francisco Antonio Pereira Fialho. Sistemas de Educação a Distância. Florianópolis, UFSC, 1998. _____. O estudo da Consciência. Curitiba: Gênesis, 1998 LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: editora 34, 1995. MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: UFMG, 1998. MATURANA & VARELA. Autopoiesis and Cognitio: The realization of the living. Boston Studies in the Philosophy o Science. Vol. 42, Dordecht: D. Reidel Publisching. Co., 1980 MONTANGERO & MAURICE-NAVILLE. Piaget ou a Inteligência em evolução. Porto Algre: Artes Médicas, 1998. PIAGET, Jean. Biologia e conhecimento. Porto: Rés Editora, 1978 Participantes 17 18 MORAES Anderson Candido; SOUZA Antonio Carlos de; GUERRA Antonio Fernando Silveira; CATAPAN Araci Hack; TRINDADE Bernadete; BIZZOTTO Carlos Eduardo Negrão; GUERRA Carlos Gustavo Marcadante; REYNALDO Gilson Rocha; DI PIETRO João Eduardo; TAFNER José; FISCHER Julianne; SANTOS Laudinéia; ROSA Maria Cristina da; MORAES Marialice; CAMPOS Neide Pelaes de ; HEIN Nelson; PELAES Neyde Carstens Martins; TORRES, Patricia Lupion; MECHELN Pedro José Von; BONMANN Rosana; GIL Solange Quintella; PEREIRA Sonia Maria; RIBEIRO Cassandra; XAVIER Edite ALMEIDA, Maria Aparecida F.; LAPOLLI Aderbal Vicente; OLIVEIRA Sinval ALVES Adrian; TONELLI, Alessandra; GOTHE Carlos alberto de Verney; MENDES Elise; CASSETARI Ivone S; CARRARO José Luis; AZEVEDO Jovane Medina; COSTA Jussara Lopes da ROCHA Luiz Augusto de G; SANTOS Marcelo dos; CISNE Margareth F; BELLI Mauro; BOLZAN Regina de F.F.deA; RODRIGUES Rosângela Schwarz; SIEBERT Sivania; SILVEIRA Suzana da Cunha; ALBANOZ Emiliana; ANJOS Leila dos; SCHEIDER Hernrique; THOMÉ Zeina Rebouças Correa. 18