CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
LUÍS ALBERTO GOBBO
AVALIAÇÃO E PREDIÇÃO DO DESEMPENHO NA
CANOAGEM SLALOM: UMA PROPOSTA
METODOLÓGICA
LONDRINA
2003
LUÍS ALBERTO GOBBO
AVALIAÇÃO E PREDIÇÃO DO DESEMPENHO NA
CANOAGEM SLALOM: UMA PROPOSTA
METODOLÓGICA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à coordenação do
curso
de
Licenciatura
em
Educação Física, da Universidade
Estadual de Londrina, como
requisito
obrigatório
para
conclusão do curso.
Orientador: Prof. Dr. Edilson Serpeloni
Cyrino
LONDRINA
2004
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Prof. Dr. Edilson Serpeloni Cyrino
_________________________________
Prof. Ms. Carlos Alberto Veiga Bruniera
_________________________________
Prof. Ms. Marcos Augusto Rocha
Londrina, 17 de fevereiro de 2004
Dedicatória
A Deus e a São João Bosco, meus
eternos protetores.
Aos meus pais José Carlos e Irani e
meus irmãos Junior e Luciano, e a
Ana Léa, que confiaram sempre em
meu trabalho.
AGRADECIMENTOS
Aos meus tios Lúcio e Márcia e aos meus primos, Antonio, André e
Ana, pelo apoio, paciência e amor, e principalmente, por terem se
transformados em pais e irmãos nesses quatro anos.
Ao professor Edilson Serpeloni Cyrino, por sua dedicação e
incentivo à pesquisa científica, por sua eterna orientação, e por
acreditar em todos os nossos potenciais.
Ao grande amigo, professor e treinador Eduardo Bodnariuc Fontes,
pelas oportunidades dadas e pela confiança em meu trabalho.
À Confederação Brasileira de Canoagem, pela realização deste
projeto.
Ao treinador da seleção brasileira de canoagem slalom, Alain
Jourdant, e seus atletas, Cássio, Érika, Fabrício, Filipi, Guilherme,
João, José Luiz, Mayra, Patrick e Rogério, por aceitarem a proposta
e se dedicarem com extrema motivação e afinco ao projeto.
Aos meus companheiros de turma, pela amizade e incentivo e aos
integrantes do GEPEMENE, pela grande contribuição na minha
formação profissional e acadêmica.
Aos professores Carlos Alberto Bruniera e Marcos Rocha em
aceitarem a participação na avaliação deste trabalho.
E a todos os professores e funcionários do Centro de Educação
Física e Desportos e da Universidade Estadual de Londrina, pela
atenção, dedicação e respeito com que me trataram ao longo
destes quatro anos de graduação.
GOBBO, L. A. Avaliação e predição do desempenho na canoagem
slalom: uma proposta metodológica. 2004. Trabalho de Conclusão de
Curso (Licenciatura em Educação Física) – Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi propor um teste motor específico para
avaliar o treinamento físico e predizer o desempenho esportivo na
canoagem slalom. Para tanto, 10 atletas da seleção brasileira de
canoagem slalom adulta (8 homens e 2 mulheres) foram avaliados
durante 4 momentos distintos. Os atletas foram submetidos a testes
motores para avaliar a capacidade de força (força em deslocamento - FD)
e resistência muscular (resistência de velocidade - RV), além do teste
proposto, denominado de teste do losango (LOS). Este teste constitui de
quatro voltas em um losango delimitado por quatro bóias, utilizando-se os
movimentos específicos da canoagem slalom. Utilizou-se na análise
estatística a estatística descritiva, o teste t de Student e a análise de
variância para a comparação dos tempos obtidos entre cada avaliação e a
correlação linear de Pearson na associação entre os tempos de descida em
prova e do LOS. Os resultados indicaram associações elevadas e
estatisticamente significativas entre a somatória dos tempos de descida
sem correção das penalidades com o tempo das quatro voltas obtido no
LOS (r = 0,93 e 0,95) nos dois últimos momentos, respectivamente,
quando os atletas estavam mais bem preparados para a principal
competição do semestre. A melhor volta no teste e o índice de fadiga
também apresentaram valores elevados de correlação (0,90 e 0,80,
respectivamente), podendo ser utilizados também para avaliação das
capacidades força e resistência muscular, respectivamente. Os resultados
sugerem que o teste do losango pode ser utilizado principalmente para a
predição do desempenho em provas, em especial quando aplicados em
datas próximas às datas de competição. Com isso, pode-se utilizar um
teste motor específico para uma modalidade complexa, onde testes
laboratoriais fogem da especificidade do esporte, e desta forma,
aumentando sua validade ecológica.
Palavras-chave: treinamento esportivo,
resistência muscular, canoagem slalom.
testes
motores,
força
e
GOBBO, L. A. Evaluation and performance prediction in whitewater
canoeing: a methodological proposal. 2004. Trabalho de Conclusão
de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
ABSTRACT
The purpose of the present study was to consider a specific motor test in
the whitewater canoeing to evaluate training and the capacities muscular
strength and endurance and to predict the athletic performance. For this,
10 athletes of the Brazilian national whitewater canoeing team had been
evaluated during 4 distinct moments (8 men and 2 women). The athletes
had been tested through a motor test used to evaluate the capacity
muscular strength (force in displacement - FD), a test to evaluate the
capacity muscular endurance (speed resistance - RV) and for the
considered test, the test of losango (LOS), where the athletes had carried
through four laps in one square delimited by four buoys, carrying through
specific movements of the whitewater canoeing. Through the statistic
analysis (descriptive statistics, test t of Student, analysis of variance and
linear correlation of Pearson) the values had been correlated and
compared to the best times and the averages of the times of the three
tests, and the index of fatigue of LOS and RV, as well as the time of the
LOS test had been correlated to the lap time on competition. The results
had indicated high associations and statistically significant between the
sum of the competition laps without correction of the penalties with the
time of the four laps gotten in the LOS (r = 0,93 and 0,95) at the
moments 3b and 4, respectively, when the athletes were most prepared
for the main competition of the semester. The best lap in the test (r =
0,90) and the index of fatigue (r = -0,80) also had presented high values
of correlation, being able also to be used for evaluation of the capacities
muscular strength and endurance, respectively. With the results, the test
of losango can be used mainly for the prediction of the performance in
tests, being indicated in dates next to the competition dates. With this, a
specific motor test for a complex modality can be used, where labs tests
run away from the sports specificity, increasing its ecological validity.
Key-words: athletic training, motor
endurance, whitewater canoeing.
test,
muscular
strength
and
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Esquema de colocação e tamanho das bóias e profundidade
do ambiente de avaliação...................................................... 16
Figura 2
Esquema de passagens pelas bóias durante uma volta no
losango.................................................................................
Figura 3
17
Comparação entre os índices de fadiga obtidos no teste do
losango e no teste de resistência de velocidade ...................
25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Coeficiente de qualidade de testes de aptidão motora........... 09
Tabela 2
Correlação entre número de voltas e SUM TD........................ 18
Tabela 3
Caracterização antropométrica da amostra........................... 20
Tabela 4
Média, desvio padrão e correlação entre LOS TT e SUM TD e
SUM TC.................................................................................. 21
Tabela 5
Análise da correlação entre SUM TD e LOS MED, LOS MV,
LOS PV e LOS IF....................................................................
Tabela 6
22
Análise da correlação entre SUM TD e LOS TT, LOS MV, FD
MT, FD TSL e RV MV............................................................... 22
Tabela 7
Coeficientes de correlação, níveis de significância, erros
padrão de estimativa e equações de regressão das
associações entre SUM TD e LOS TT......................................
Tabela 8
23
Comparação entre LOS TT obtidos nos quatro momentos de
avaliação............................................................................... 23
Tabela 9
Comparação entre LOS MV obtidos nos quatro momentos de
avaliação............................................................................... 24
Tabela 10
Comparação entre LOS IF obtidos nos quatro momentos de
avaliação............................................................................... 24
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
%G
Percentual de gordura corporal
ATP
Adenosina tri-fosfato
C1
Embarcação tipo canoa para um atleta
C2
Embarcação tipo canoa para dois atletas
CBCa
Confederação Brasileira de Canoagem
cm
Centímetros
CP
Creatina-fosfato
DE1 TC
Tempo corrigido pelas penalidades da primeira
descida
DE1 TD
Tempo da primeira descida sem penalidade
DE2 TD
Tempo da segunda descida sem penalidade
DE2TC
Tempo corrigido pelas penalidades da segunda
descida
Ecto
Componente do somatotipo ectomorfia
Endo
Componente do somatotipo endomorfia
EPE
Erro padrão de estimativa
Est
Estatura (em centímetros)
FC
Freqüência cardíaca
FD MED
Média dos tempos no teste de força em
deslocamento
FD MT
Melhor tiro no teste de força em deslocamento
FD TSL
Tempo do tiro sem lastro no teste de força em
deslocamento
ICF
International Canoeing Federation
IMC
Índice de massa corporal (em kg/m2)
K1 F
Embarcação tipo caiaque feminino
K1 M
Embarcação tipo caiaque masculino
kJ
Quilo joules (medida de força)
LOS IF
Índice de fadiga obtido no teste do losango
LOS MED
Média das voltas no teste do losango
LOS MV
Melhor volta no teste do losango
LOS PV
Pior volta no teste do losango
LOS TT
Tempo total (4 voltas) no teste do losango
MC
Massa corporal (em quilos)
Meso
Componente do somatotipo mesomorfia
OBLA
Início do acúmulo do lactato sanguíneo
p
Nível de significância (estatística)
r
Coeficiente de correlação (estatística)
r2
Coeficiente de explicação (estatística)
RV IF
Índice de fadiga obtido no teste de resistência de
velocidade
RV MED
Média dos tiros obtidos no teste de resistência de
velocidade
RV MT
Melhor tiro obtido no teste de resistência de
velocidade
RV PT
Pior tiro obtido no teste de resistência de velocidade
s
Desvio padrão (estatística)
SUM TC
Somatória dos tempos de DE1 TD e DE2 TD
SUM TD
Somatória dos tempos de DE1 TC e D2 TC
VO2max
Consumo máximo de oxigênio
X
Média aritmética (estatística)
Ʃ%
Variação percentual (estatística)
SUMÁRIO
PÁGINAS
LISTA DE FIGURAS.......................................................................vii
LISTA DE TABELAS......................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..............................................ix
1 INTRODUÇÃO............................................................................01
2 JUSTIFICATIVA......................................................................... 03
3 OBJETIVO ................................................................................. 04
4 REVISÃO DA LITERATURA......................................................... 05
4.1 Treinamento esportivo........................................................... 05
4.2 Testes motores ...................................................................... 07
4.3 Força e resistência muscular ................................................. 09
4.4 Canoagem slalom................................................................... 11
5 INDIVÍDUOS E MÉTODOS.......................................................... 13
5.1 Sujeitos ................................................................................. 13
5.2 Delineamento experimental ................................................... 13
5.3 Testes motores ...................................................................... 15
5.3.1 Força em deslocamento ...................................................... 15
5.3.2 Resistência de velocidade ................................................... 15
5.3.3 Teste do losango................................................................. 16
5.4 Análise estatística.................................................................. 19
6 RESULTADOS ............................................................................ 20
7 DISCUSSÕES ............................................................................. 26
7.1 Associações dos testes com as provas ................................... 26
7.2 Comparações entre as avaliações .......................................... 31
8 CONCLUSÕES ............................................................................ 35
REFERÊNCIAS .............................................................................. 37
ANEXOS ....................................................................................... 44
1 INTRODUÇÃO
Acredita-se, sobretudo no esporte de alto rendimento, que
quanto mais específico for o treinamento e mais próximos forem os gestos
esportivos realizados durante as sessões de treinamento, em relação
àqueles executados em provas e competições, maiores serão as chances
dos atletas de diferentes modalidades alcançarem o sucesso. Segundo
WEINECK (1999), em diversos tipos de esportes não se pode obter um
elevado
desempenho competitivo sem
que haja
previamente uma
especialização orientada e oportuna.
Assim, a eficiência no esporte, via de regra, depende do
desenvolvimento da especialização. Todavia, tão importante quanto a
especificidade do treinamento é a especificidade na qual o atleta deve ser
periodicamente avaliado, uma vez que em determinado momento da
preparação, as informações produzidas poderão auxiliar no controle dos
níveis de condicionamento físico e técnico do competidor, proporcionando
uma análise mais criteriosa sobre a eficiência ou não do treinamento
empregado.
O desenvolvimento de modelos de análise de desempenho
físico baseados em dados de laboratório pode ter grande aplicação prática
para a detecção de talentos, bem como para o desenvolvimento e
avaliação de programas de treinamento (RUSSELL, LE ROSSIGNOL &
SPARROW,
1998).
Desse
modo,
particularmente
na
canoagem,
ergômetros de remada têm sido freqüentemente utilizados para a
avaliação de variáveis fisiológicas e das respostas ao treinamento
(BOUCKAERT, PANNIER & VIJENS, 1983; HAGERMAN & HAGERMAN,
1990; HAGERMAN, LAWRENCE & MANSFIELD, 1988; RODRIGUEZ et al.,
1990).
Na canoagem slalom, contudo, onde os treinamentos e as
competições são realizados em ambientes variados, com níveis e fluxos de
água diferentes, a utilização de ergômetros não parece representar
fidedignamente os movimentos executados pelos atletas, dificultando a
avaliação de forma mais criteriosa do desempenho físico e da estratégia
de treinamento adotada.
2 JUSTIFICATIVA
Desde a sua inclusão definitiva nos Jogos Olímpicos de
Barcelona (1992), a canoagem slalom vem adquirindo cada vez mais
popularidade, o que tem feito com que o número de adeptos a essa
modalidade tenha crescido acentuadamente.
Contudo, estudos propondo ou validando testes que possam
investigar as capacidades motoras força e resistência, bem como a
destreza técnica dos canoístas, são praticamente inexistentes, em função,
ao contrário da maioria dos esportes individuais, da canoagem slalom não
apresentar um ambiente de treinamento padronizado ou constante, uma
vez que os cursos d’água utilizados (independentemente de serem
naturais ou artificiais) nem sempre apresentam as mesmas características
durante as várias fases de treinamento.
Desta forma, a proposição de testes motores na canoagem
slalom, utilizando-se de protocolos de campo, onde gestos motores são
reproduzidos de forma mais específica em relação à modalidade, podem
aumentar a validade ecológica da avaliação e, assim, possibilitar a
avaliação mais precisa do treinamento e a predição do desempenho
atlético dos canoístas.
Além
disso,
o
desenvolvimento
de
testes
motores
específicos para a canoagem slalom pode ser de extrema relevância para
o controle do treinamento e dos níveis técnicos dos canoístas e,
principalmente, pode produzir índices importantes a fim de que atletas de
alto nível possam ter os seus desempenhos preditos antes de uma
competição importante e, se necessário, os treinadores e preparadores
físicos possam estar interferindo no treinamento procurando aperfeiçoar
determinadas capacidades ou técnicas.
3 OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho foi desenvolver um teste motor
específico para a predição de desempenho em competições e para a
avaliação das capacidades motoras força e resistência muscular de
canoístas slalom, na tentativa de se avaliar a eficiência ou não dos
programas de treinamento adotados.
4 REVISÃO DE LITERATURA
4.1 Treinamento Esportivo
Além dos fatores genéticos, o ponto chave para o sucesso
em diferentes modalidades esportivas é, via de regra, o treinamento
esportivo propriamente dito. Assim, o amplo conhecimento de treinadores
e preparadores físicos é fundamental para que as cargas de treinamento
sejam aplicadas de maneira adequada durante um determinado ciclo,
respeitando-se sempre a individualidade do atleta e a especificidade da
modalidade esportiva.
O treinamento esportivo pode ser definido como sendo uma
combinação de fatores que envolvem a preparação física e os aspectos
técnico-tático, intelectual, psíquico e moral do atleta (WEINECK, 1999).
Nesse sentido, Gomes (2002) utiliza a expressão preparação
desportiva para definir o meio que compreende todos os fatores
relacionados à preparação do atleta e que podem levá-lo ao sucesso em
uma modalidade específica. Assim, a preparação desportiva envolve três
sistemas integrados, ou seja, sistemas de competições (as competições
em si e todas as suas ações inerentes), de treinamentos (desenvolvimento
e
aperfeiçoamento
das
capacidades
motoras)
e
de
fatores
complementares (os meios auxiliares na preparação do atleta).
O objetivo principal do treinamento é adaptar o organismo
humano para melhor realizar uma determinada tarefa (CARVALHO JUNIOR
et al., 2000), sendo a sua estrutura caracterizada, particularmente, pela
conveniente ordenação dos conteúdos da preparação durante o processo
de treinamento, pelas relações entre os parâmetros da carga do
treinamento e pela sucessão de diferentes ligações do processo, cuja
estruturação possibilita o desenvolvimento de um momento ótimo de
forma desportiva, observada em uma perspectiva temporal (OLIVEIRA &
SILVA, 2001). Portanto, o treinador deve-se atentar à aplicação adequada
e ordenada de exercícios de preparação física geral e especial, à técnica e
tática, às características quantitativas e qualitativas do treinamento e da
competição e às sessões isoladas e suas partes (microciclos, mesociclos e
macrociclos).
Apesar das diferenças entre os esportes, determinados
princípios básicos devem ser respeitados, tais como a sobrecarga, a
individualidade, a reversibilidade e a especificidade (MC ARDLE, KATCH &
KATCH,
1992).
Considerando
o
princípio
da
especificidade,
existe
consenso na literatura de que o treinamento deve estar estreitamente
relacionado com a característica do esporte. Além disso, o treinamento
esportivo deve envolver não só os músculos que participam dos gestos
esportivos exigidos, mas principalmente, a forma como esses músculos
trabalham durante os esforços. Nesse sentido, os exercícios com
sobrecarga devem ser executados com a estrutura total ou parcial dos
gestos esportivos, bem como a velocidade de execução dos exercícios
deve ser muito próxima à velocidade do gesto esportivo e a amplitude dos
movimentos deve ser similar à amplitude do gesto esportivo (BARBANTI,
2001),
proporcionando,
assim,
um
efeito
positivo
na
competição
(PEARSON, 2000).
Portanto, nos esportes individuais e coletivos, é necessário
um
treinamento
especializado,
para
a
obtenção
de
um
elevado
desempenho físico. Desse modo, Weineck (1999) defende que cada
modalidade esportiva deve possuir um perfil característico quanto à
coordenação e ao condicionamento.
Assim, para um treinamento prolongado visando um alto
desempenho em uma modalidade esportiva, todos os objetivos, métodos,
programas e procedimentos devem estar direcionados para os requisitos
exigidos especificamente pela modalidade em todas as etapas do
treinamento.
4.2 Testes Motores
Tão importante quanto a especificidade no treinamento
esportivo são os testes motores, que em determinados momentos das
etapas de preparação, permitem analisar os níveis de condicionamento
físico e técnico dos atletas e as suas possíveis relações com o treinamento
empregado.
Bridgman (1991) afirma que existem várias razões para a
aplicação de um determinado teste motor. A primeira delas é que testes
motores
podem
ser
utilizados
para
a
classificação
de
atletas,
demonstrando quais, em determinado ciclo do ano, estão mais aptos para
competirem. Uma segunda razão é que os resultados dos testes motores
podem motivar os atletas, fazendo-os trabalhar mais forte em um próximo
ciclo de treinamento. Uma outra razão é que os resultados permitem a
avaliação do programa de treinamento, analisando os dados de forma
global e/ou comparando-os a outros valores já avaliados.
A avaliação e o controle do desempenho físico, bem como o
planejamento do treinamento, relacionam-se entre si e são componentes
dificilmente observáveis de forma isolada (WEINECK, 1999). Dessa forma,
o preparador físico tem diante de si a importante tarefa de selecionar a
forma mais adequada de avaliar as qualidades físicas intervenientes
(DANTAS, 1998).
O
desenvolvimento
de
modelos
baseados
em
dados
laboratoriais, nos quais a performance esportiva pode ser predita, é de
grande interesse e tem importância prática valiosa na avaliação dos
programas específicos de treinamento. Em adição, modelos de predição da
performance podem contribuir para a compreensão das características
fisiológicas de uma determinada atividade (RUSSELL, LE ROSSIGNOL &
SPARROW, 1998).
Quando possível, o monitoramento da performance do
competidor
é
mais
bem
executado
em
seus
ambientes
naturais.
Entretanto, em esportes como a canoagem slalom, devido a um grande
número de dificuldades (condições do rio, correntezas, fluxo de água,
temperatura, etc.), o acompanhamento parece ser mais facilmente
realizado
em
condições
de
laboratório
(MACFARLANE,
EDMOND
&
WALMSLEY, 1997). Assim, testes de laboratórios vêm sendo utilizados
extensivamente
determinadas
para
variáveis
gerar
informações
selecionadas
e
a
sobre
a
relação
performance
entre
atlética
na
canoagem (GRANT et al., 1997). Além disso, grande variedade de
ergômetros de caiaque vem sendo produzidos e utilizados extensivamente
para estes fins (VAN SOMEREN, PHILLIPS & PALMER, 2000). Vale destacar
que Pyke et al. (1973) foram os primeiros a utilizar o ergômetro de
caiaque, substituindo o ergômetro de braço, até então empregado,
tornando dessa forma, a avaliação mais específica.
Contudo, mesmo com diferentes tipos de ergômetros,
muitas vezes o teste acaba afastando-se das características específicas de
modalidades mais complexas. Embora procedimentos de laboratório
possam aumentar a reprodutibilidade do teste, em função do seu melhor
controle das condições ambientais, eventualmente pode-se perder a
validade, principalmente a chamada validade ecológica.
Nesse sentido, protocolos de campo aumentam a validade
ecológica, já que nem sempre protocolos de laboratórios reproduzem as
condições de treinamento e competição (DENADAI, 2000). A canoagem
slalom é um esporte que, além de sua complexidade e característica
acíclica, tem o seu ambiente de competição não reproduzido nas diversas
etapas de uma temporada. Além disso, vale destacar que quando os
testes motores são conduzidos da mesma forma que o treinamento, eles
potencializem ao máximo a utilização das fibras musculares específicas
(STROMME, INGJER E MEEN, 1977).
Quando um teste motor é proposto, deve-se atentar a
diversos pontos, como por exemplo, o quão específico é o teste, à
facilidade de aplicação e execução, à sua validade, fidedignidade,
objetividade e, principalmente, reprodutibilidade.
Um teste reprodutível é um teste que, durante as várias
etapas
do
macrociclo,
pode
ser
administrado
com
confiabilidade
(SCHABORT et al., 1999). Há algumas formas de se saber até que ponto
um teste é valido e confiável. A tabela 1 foi proposta para testes de
condicionamento que devem apresentar no mínimo coeficientes de
qualidade aceitáveis.
Tabela 1. Coeficiente de qualidade de testes de aptidão motora.
Coeficiente de
Validade
Fidedignidade
Objetividade
0,95 – 0,99
-
Excelente
Excelente
0,90 – 0,94
-
Muito boa
Muito boa
0,85 – 0,89
Excelente
Aceitável
Aceitável
0,80 – 0,84
Muito boa
Aceitável
Aceitável
0,75 – 0,79
Aceitável
Fraca
Fraca
0,70 – 0,74
Aceitável
Fraca
Fraca
0,65 – 0,69
Questionável
Questionável
Questionável
0,60 – 0,64
Questionável
Questionável
Questionável
Qualidade
Fonte: Weineck, 1999.
Outra possibilidade para se avaliar os coeficientes de
correlação é utilizar uma tabela de valores críticos de coeficiente de
correlação, onde, através do grau de liberdade (n-2) e do nível de
significância
desejado
(p<0,10;
p<0,05;
p<0,01),
é
possível
o
conhecimento dos valores críticos para a validade do teste (vide Anexo 1).
4.3 Força e Resistência Muscular
Atualmente, a maioria dos atletas inclui o trabalho de força
e resistência muscular como componentes importantes do programa de
treinamento (WILMORE & COSTILL, 2001).
A força muscular pode ser definida como a capacidade de
um músculo ou de um grupo muscular vencer uma determinada
resistência ou, ainda, gerar um padrão específico de movimento em uma
determinada velocidade de movimento (BOMPA & CORNACCHIA, 2000;
FLECK & KRAEMER, 1999; ROBERTS & WEIDER, 1994; WILMORE &
COSTILL, 2001), ou simplesmente a capacidade de aplicar um impulso
(BOMPA, 2002), e deve ser considerada como a condição para assegurar a
velocidade dos movimentos do atleta (VERKHOSHANSKI, 2001).
Por outro lado, a resistência muscular pode ser definida
como sendo a capacidade que os músculos apresentam de sustentar ações
musculares repetidas por um determinado período de tempo ou uma única
ação estática (BOMPA & CORNACCHIA, 2000; ROBERTS & WEIDER, 1994;
WILMORE & COSTILL, 2001). Em um sentido mais amplo, a resistência
muscular pode ser definida como a capacidade de desempenhar um
trabalho por um tempo extenso (BOMPA, 2002).
Na canoagem slalom, força e resistência muscular são as
capacidades mais solicitadas e, conseqüentemente, aquelas que devem
ser mais especificamente analisadas e avaliadas durante a aplicação dos
testes
motores
específicos.
Conforme
Fry
e
Morton
(1991),
o
desenvolvimento da musculatura, sobretudo de membros superiores, é
um pré-requisito para o sucesso na canoagem de alto nível.
Na verdade, a canoagem é uma atividade caracterizada por
demandas excepcionais da performance da parte do tronco (ASTRAND &
RODAHL, 1977; TESCH et al., 1976). Assim, é esperada uma alta
capacidade oxidativa dos músculos exigidos especificamente com uma
preponderância
de
fibras
musculares
do
tipo
I
(lenta/vermelha)
demonstrada no músculo deltóide (TESCH, 1983; TESCH et al, 1976).
Uma vez que o tempo de remada nas distâncias variam de
90 a 180 segundos é assumido que uma grande proporção de energia
anaeróbica é utilizada (TESCH, 1983), o que indica que todo o estresse
muscular imposto aos atletas de canoagem demanda grande força
muscular do braço, antebraço, ombros e dos músculos dorsais.
Enfim, na canoagem competitiva, é exigido um alto nível de
força muscular relativa, excelente resistência muscular localizada e a
capacidade dos músculos tolerar condições de acidose elevada (FEKETE,
1998).
4.4 Canoagem Slalom
Já no século XVI historiadores registravam a utilização de
canoas leves e rápidas, feitas de pele e madeira, na América do Norte,
próprias para enfrentar os rios canadenses, repletos de corredeiras.
Enquanto que a canoa era utilizada por indígenas no interior do
continente, o caiaque era usado pelos esquimós para a pesca e o
transporte entre dois pontos da costa. Esses caiaques eram formados por
uma estrutura de madeira, revestida com pele de foca e calafetada com a
gordura das articulações daqueles animais (Confederação Brasileira de
Canoagem – CBCa, 2003).
Atualmente, com os avanços tecnológicos tanto os caiaques
quanto as canoas são construídos em resina de poliéster reforçada com
fibra de vidro, em sua maioria, ou mesmo em resina epóxi com kevlar ou
fibra de carbono, e ainda plástico injetado ou rotomoldado – polietileno
(CBCa, 2003).
A canoagem adquiriu o seu espírito de nobreza quando
participou dos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, mantendo-se no
cenário olímpico, desde então, na modalidade velocidade.
Novamente na Alemanha, nos Jogos Olímpicos de Munique,
em 1972, a modalidade slalom (águas brancas) apareceu como esporte de
demonstração. Vinte anos depois nos Jogos Olímpicos de Barcelona
(1992), o slalom teve sua presença válida no quadro de medalhas.
Futuramente, nos Jogos Pan Americano de 2007, no Rio de Janeiro, Brasil,
a modalidade terá pela primeira vez a sua inclusão, em uma pista
artificial, como é realizado em campeonatos internacionais e Jogos
Olímpicos (vide Anexo 4).
A canoagem slalom é uma modalidade da canoagem
praticada em rios com corredeiras, num percurso que varia entre 250 e
400 metros. Através de arames suspensos são penduradas até 25 portas
que devem ser ultrapassadas na seqüência numérica e no sentido indicado
(a favor ou contra a correnteza, de acordo com a cor da porta – verde ou
vermelha). Cada toque do canoísta, embarcação ou remo em qualquer
uma
das
balizas
acrescenta
dois
segundos
ao
tempo
e
a
não
ultrapassagem pela porta implica em penalidade de 50 segundos,
acrescentados ao tempo total de duração do percurso. O atleta que fizer o
percurso em menor tempo, levando em consideração também as
penalidades de duas descidas sucessivas, é o vencedor. Uma contagem
em torno de 190 segundos seria a pontuação mais comum para essa
modalidade
em
competições
de
alto
nível
técnico
(CBCa,
2003;
ENDICOTT, 1988; SHEPHARD, 1987).
As
classes
de
embarcação
na
canoagem
slalom
são
padronizadas pelas regras da Federação Internacional de Canoagem – ICF
(2003), conforme descrito a seguir:
•
K1 – caiaque para uma pessoa, tem o comprimento
mínimo de quatro metros, largura mínima de 60 cm e
o peso mínimo de 9 kg;
•
C1 – canoa para uma pessoa, tem o comprimento
mínimo de quatro metros, largura mínima de 70 cm e
o peso mínimo de 10 kg;
•
C2 – canoa para duas pessoas, tem o comprimento
mínimo de 4,58 m, largura mínima de 80 cm e o peso
mínimo de 15 kg.
Os
homens
disputam
provas
nas
três
embarcações,
enquanto que as mulheres participam apenas da categoria K1. Nos
caiaques, rema-se sentado com um remo de duas pás. Na canoa, o
canoísta apóia-se no assoalho da canoa com os joelhos e usa um remo de
uma só pá (vide Anexo 2 e 3).
5 INDIVÍDUOS E MÉTODOS
5.1 Sujeitos
Dez canoístas slalom, sendo oito homens (19,4 ± 2,6 anos)
e duas mulheres (25,1 ± 1,0 ano), todos integrantes da seleção brasileira
adulta de canoagem slalom, participaram voluntariamente deste estudo.
Os atletas possuíam uma média de 59,7 ± 30,0 meses de
prática com a canoagem slalom, sendo a maioria com experiência
internacional, com participação em Copas do Mundo e Jogos Olímpicos, e
estavam iniciando o processo de treinamento para o ciclo anual de 2003.
Todos
os
sujeitos,
após
serem
convenientemente
esclarecidos sobre a proposta do estudo e procedimentos aos quais seriam
submetidos, assinaram consentimento livre e esclarecido.
5.2 Delineamento Experimental
Durante o primeiro semestre de 2003, três testes foram
aplicados no processo de treinamento da seleção brasileira de canoagem
slalom,
na
tentativa
de
acompanhar
as
possíveis
alterações
no
desempenho atlético dos canoístas, em especial, nas habilidades motoras
força e resistência muscular e na destreza.
Os testes foram aplicados, durante cada avaliação, em
períodos diferentes, na seguinte ordem: teste de força em deslocamento,
teste de resistência de velocidade e teste do losango. Todos os testes
foram aplicados em um lago com água parada, na própria cidade onde os
atletas treinavam, com profundidade de aproximadamente 1,5 m.
Os
equipamentos
atletas
executaram
(embarcação,
remo,
os
testes
vestimenta)
com
de
movimentos e gestos reproduzissem ao máximo
treinamento e competição.
seus
modo
próprios
que
os
as condições de
O tempo de duração de cada teste foi medido por um único
avaliador com um cronômetro digital da marca Casio, com precisão de
0,01 s.
As avaliações foram realizadas sempre no início de um novo
ciclo de treinamento (quatro momentos). Cada momento comparou uma
avaliação com uma competição, conforme anexo 5. No primeiro semestre,
o treinamento visava a Copa do Mundo de Canoagem, realizado na Europa
nos meses de junho e julho, sendo que a seletiva para esta competição
ocorreu em maio, na cidade de Cerquilho/SP, se tornando assim, a
principal competição do semestre.
Os testes foram aplicados em períodos não superiores há
três semanas antes ou depois da realização das provas organizadas pela
CBCa, conforme anexo 5.
As provas foram realizadas sempre em dois ou três dias,
sendo que em cada prova realizada, a organização, juntamente com a
CBCa, preparou duas ou três descidas, alterando o posicionamento e o
números de portas, bem como a própria extensão do percurso. No
primeiro dia todos os competidores realizavam uma descida, onde foi
coletado o tempo de descida (DE1 TD) e o tempo corrigido pelas
penalidades (DE1 TC). No segundo dia, os mesmos competidores
realizavam a segunda descida, com o percurso diferente, e da mesma
forma, foi coletado o tempo de descida (DE2 TD) e o tempo corrigido
pelas penalidades (DE2 TC), e ao final, somou-se os tempos de cada
atleta, chegando a SUM TD e SUM TC (vide Anexo 6).
Na canoagem slalom, a forma mais comum utilizada para se
estar comparando os tempos entre os atletas e o próprio rendimento do
atleta durante um ciclo de treinamento, é primeiro, independentemente
do tipo de embarcação utilizada (geralmente os caiaques masculinos –K1
– são os mais rápidos, seguidos pela canoa – C1 –, pela canoa dupla – C2
– e pelo caiaque feminino – K2), classificar o melhor tempo obtido (SUM
TC), e então ordenar, do segundo melhor até o último colocado,
utilizando-se da diferença percentual em relação ao tempo do primeiro
colocado (Ʃ%), conforme exemplo demonstrado no anexo 6.
5.3 Testes Motores
5.3.1 Força em deslocamento
No teste de força em deslocamento, cada atleta remou por
quinze metros (saindo entre duas bóias a três metros uma da outra e
chegando entre duas outras bóias) com um lastro criando resistência.
Como lastro, foi utilizada metade de um espaguete de natação, furado de
ponta a ponta, por onde passou uma corda elástica, utilizada para
amarrá-lo à embarcação.
Os atletas executaram o primeiro tiro de quinze metros, e
ao final da primeira bateria de tiros, foi realizada uma segunda e depois
uma terceira bateria, e em seguida uma bateria de tiros sem o lastro.
Foram utilizados nas análises estatísticas a média dos tempos (FD MED), o
melhor tempo dos três tiros de cada atleta (FD MT) e o tempo do tiro sem
o lastro (FD TSL). Este teste foi utilizado para avaliar a força muscular dos
atletas.
5.3.2 Resistência de velocidade
Para o teste de resistência de velocidade, cada atleta
executou seis tiros consecutivos de 35 metros (como no teste de força em
deslocamento, saindo entre duas bóias e chegando entre duas outras
bóias), com dez segundos para a virada e descanso.
Foram analisadas estatisticamente a média dos seis tiros
(RV MED), o melhor tempo (RV MT), o pior tempo (RV PT), e o índice de
fadiga (RV IF), através da seguinte fórmula:
RV IF = (RV MT – RV MED) x 100
RV MT
O teste de resistência de velocidade foi utilizado para avaliar
a resistência muscular dos atletas.
5.3.3 Teste do losango
O teste do losango consistiu em uma simulação de descida
realizada em água parada, ao redor de quatro bóias pequenas formando
um losango de lado igual a 10 metros e diagonais de 14,1 metros, sendo
que as bóias devem ter entre 30 e 40 centímetros de diâmetros e estarem
amarradas por corda a um peso colocado no fundo do ambiente de
avaliação (lago, lagoa, piscina, etc., necessariamente com água parada),
que deve ter pelo menos 1,5 metros de profundidade.
No losango, os atletas realizaram giros de 135º e 225º ao
redor das bóias, para a direita e para a esquerda, conforme figura 2,
completando ao todo quatro voltas seguidas pelo losango. Para se
completar a volta no teste, o atleta deve passar com a proa da
embarcação na linha de chegada (entre a bóia 1 e a bóia de largada).
Figura 1. Esquema de colocação e tamanho das bóias e profundidade do lago.
Figura 2. Esquema de passagens pelas bóias durante uma volta no losango.
Antes do início do teste, após um trabalho de alongamento
fora d’água, o atleta ou o conjunto deve realizar duas voltas pelo o
losango em baixa intensidade, a fim de que haja o aquecimento articular e
muscular.
Através do teste do losango, foram analisadas as variáveis
tempo total (LOS TT), volta média (LOS MED), melhor volta (LOS MV),
pior volta (LOS PV) e o índice de fadiga (LOS IF), que foi calculado através
da seguinte fórmula:
LOS IF = (LOS MV – LOS MED) x 100
LOS MV
O teste do losango foi proposto para, a princípio, avaliar
tanto as capacidades força e resistência muscular, bem como a destreza
técnica do atleta.
Antes do ciclo adaptativo, foi realizada a avaliação 0, que foi
planejada para a familiarização do teste e testar a reprodutibilidade do
teste.
O coeficiente teste-reteste, realizado com uma amostra de
seis atletas e quatro embarcações, foi de 0,98 (r2 = 0,96), sendo o reteste
realizado um dia após o primeiro teste, havendo a recolocação das bóias
no ambiente de avaliação.
A fim de verificar quantas voltas seriam necessárias para
que o teste fosse completado com uma maior associação a uma descida
em competição, oito atletas em seis embarcações foram avaliados
realizando uma, duas, três e quatro voltas ao redor do losango e, através
da correlação linear de Pearson, foram associados os tempos de cada tiro
com a soma dos respectivos tempos de descidas, sem a correção por
penalidades (SUM TD), conforme tabela 2.
Tabela 2. Correlação entre número de voltas e soma dos tempos de descida (SUM TD),
obtidos em competição. Todas as correlações foram significativas, para p<0,05.
Voltas
r
1
0,95
2
0,89
3
0,90
4
0,92
De acordo com as correlações, tiros com uma e quatro
voltas foram as que obtiveram melhores associações com os tempos de
provas, com, respectivamente, 0,95 e 0,92 (r2=0,90 e 0,85). Desta
forma, foi escolhido o tiro com quatro voltas, uma vez que assim, pode-se
chegar a um tempo mais próximo ao tempo de prova (tempo médio para
avaliação e prova de 137,69 e 138,12 segundos, respectivamente), e
pode-se também obter variáveis como melhor e pior volta, bem como o
índice de fadiga, demonstrado na equação acima.
Não foram testados tiros com cinco ou mais voltas uma vez
que,
a
partir
da
consideravelmente
quarta
superior
volta,
ao
o
tempo
especificidade em relação à variável tempo.
tempo
de
final
prova,
do
teste
fica
perdendo
sua
Completado um teste do losango, um atleta ou um conjunto
rema durante aproximadamente 130 segundo, por cerca de 220 metros,
realizando 8 giros de 135º e mais 8 de 225º. Em uma prova típica, uma
embarcação desce entre 120 e 150 segundos, em até 400 metros, com 16
a 25 portas, sendo que dois terços dessas portas são a favor da
correnteza e as demais, contra.
Desta forma, levando em consideração as proximidades das
características apresentadas acima e a hipótese de que o teste tenha uma
boa correlação com o desempenho em prova, além de servir para a
avaliação do treinamento, os atletas poderão, em alguns casos (na
impossibilidade
movimentos
de
se
específicos
efetuar
da
o
treinamento
canoagem
e
em
rio),
realizar
treinar
trabalho
os
de
desenvolvimento de força e da resistência muscular.
5.4 Análise Estatística
As informações foram tratadas mediante procedimentos
descritivos para a caracterização da amostra e quantificação dos tempos
médios de cada teste. O teste t de Student foi utilizado para comparações
entre os tempos obtidos na avaliação e na competição. Anova (one-way)
foi empregada para as comparações entre os tempos obtidos em
avaliações distintas com teste post hoc de Scheffé sendo aplicado para
identificar as possíveis diferenças. Análise de correlação linear de Pearson
foi utilizada para analisar a associação entre os tempos dos testes e os
tempos obtidos em competição. Foi adotado o nível de significância de 5%
para todas as análises.
6 RESULTADOS
As
características
antropométrica
dos
atletas
estão
demonstradas na tabela 3.
Tabela 3. Características gerais dos atletas.
Atleta
Sexo
Idade
MC
Est
IMC
%G
Endo
Meso
Ecto
1
M
17,7
68,8
174,4
22,6
6,5
2,62
4,65
2,58
2
M
20,7
68,1
173,6
22,6
5,6
2,33
4,09
2,54
3
M
17,7
84,6
190,8
23,2
8,2
3,54
4,17
3,24
4
M
17,2
70,9
193,0
19,0
4,5
1,98
2,09
5,55
5
M
24,8
58,9
175,3
19,2
6,4
2,28
3,21
4,40
6
M
20,8
62,8
178,5
19,7
6,4
2,33
2,50
4,29
7
M
18,4
66,5
169,8
23,1
6,1
2,62
6,37
2,10
8
M
17,8
79,4
181,8
24,0
6,1
2,33
5,09
2,38
9
F
24,4
65,0
164,8
23,9
22,0
4,33
3,25
1,42
10
F
25,8
53,2
169,2
18,6
16,5
3,27
2,17
4,35
Média
20,5
67,8
177,1
21,6
8,8
2,76
3,76
3,29
DP
3,3
9,2
9,2
2,2
5,7
0,73
1,38
1,30
Nota: Idade em anos; MC = massa corporal, em quilos; Est = estatura, em centímetros;
IMC = índice de massa corporal, em kg/m2; %G = percentual de gordura; Endo =
endomorfia; Meso = mesomorfia; Ecto = ectomorfia.
Na Tabela 4, além de demonstrado as médias e desvios
padrões dos tempos total de descida (com e sem correção por
penalidades) e do teste do losango, foi analisada as respectivas
correlações a fim de verificar se o teste do losango está mais associado às
descidas com ou sem correção por penalidades. Nesse sentido, utilizou-se
a variável SUM TD (tempo de descida, sem correção) na discussão do
trabalho.
Tabela 4. Média (±DP) dos tempos da avaliação (LOS TT), da somatória dos tempos de
descida (SUM TD) e da somatória dos tempos de descida corrigido pelas penalidades
(SUM TC), e coeficiente produto da análise de correlação linear de Pearson entre os
tempos de descida com os tempos das avaliações, nos cinco momentos de
avaliação.(p<0,05)
r
r2
40,46
0,92
0,85
275,75
40,39
0,91
0,83
LOS TT
137,69
10,58
SUM TD
268,41
40,46
0,92
0,85
SUM TC
275,75
40,39
0,91
0,83
LOS TT
134,88
10,63
SUM TD
242,20
122,47
0,78
0,62
SUM TC
242,20
122,47
0,78
0,62
LOS TT
133,46
10,43
SUM TD
229,64
26,67
0,93
0,86
SUM TC
320,64
181,26
-0,16
0,03
LOS TT
124,44
8,08
SUM TD
227,43
35,91
0,95
0,90
SUM TC
242,29
22,18
0,96
0,92
Tempo
Média
DP
LOS TT
137,69
10,58
SUM TD
268,41
SUM TC
Momento 1 (n=6)
Momento 2 (n=6)
Momento 3a (n=5)
Momento 3b (n=6)
Momento 4 (n=6)
Adotando-se SUM TD como a variável a ser associada ao
tempo do teste do losango, na tabela 5 é apresentada as correlações em
cada momento entre SUM TD com as variáveis obtidas no teste do
losango: tempo total e médio das voltas (LOS TT e LOS MED,
respectivamente), tempo da melhor e pior volta (LOS MV e LOS PV,
respectivamente) e o índice de fadiga (LOS IF)
Tabela 5. Correlação linear de Pearson entre os tempos de descidas (SUM TE) com os
tempos médios (LOS MED), da melhor volta (LOS MV), da pior volta (LOS PV) e do índice
de fadiga (LOS IF) do teste do losango. (p< 0,05)
SUM TD
M1 (n=6)
M2 (n=6)
2
2
r
r
r
r
LOSTT
0,92
0,85
0,75
LOSMED
0,92
0,85
LOSMV
0,95
LOSPV
LOSIF
M3a (n=5)
M3b (n=6)
r2
0,86
0,95
0,90
0,93
0,86
0,95
0,90
0,82
0,94
0,89
0,90
0,80
0,73
0,54
0,92
0,85
0,93
0,87
0,27
0,08
-0,20
0,04
-0,80
0,64
r
r
r
0,56
0,78
0,62
0,93
0,75
0,56
0,78
0,62
0,90
0,79
0,63
0,90
0,96
0,92
0,67
0,45
-0,26
0,07
0,43
0,18
2
M4 (n=6)
r
r
2
Ainda adotando-se SUM TD como a variável associativa, na
tabela 6 são apresentadas as respectivas associações entre esta variável
com as variáveis LOS TT e LOS MED, que obtiveram as melhores
correlações, além das variáveis FD MT e FD TSL (tempo do melhor tiro e
do tiro sem o lastro, do teste força em deslocamento) e da variável RV MT
(tempo do melhor tiro do teste resistência de velocidade).
Tabela 6. Análise da correlação linear de Pearson entre os tempos de descidas (SUM TD)
com os tempos total (LOS TT) e da melhor volta do losango (LOS MV), do melhor tiro (FD
MT) e do tiro sem lastro (FD TSL) do teste força em deslocamento e do melhor tiro (RV
MT) do teste de resistência de velocidade. (* = p< 0,05)
SUM TD
M1
M2
M3a
M3b
M4
LOS TT
0,92
0,75
0,78
0,93
0,95
LOS MV
0,95
0,79
0,90
0,94
0,90
FD MT
0,23
0,23
0,56
0,20
-0,32
FD TSL
0,50
0,42
0,77
0,59
0,01
RV MT
0,56
0,43
0,80
0,62
0,19
Utilizando-se as variáveis LOS TT e SUM TD como as
principais variáveis a fim de se detectar as associações entre tempo de
teste e de competição, a tabela 7 apresenta os coeficientes de
correlações, os níveis de significância, os erros padrões de estimativa e as
equações de regressão dos cinco momentos.
Tabela 7. Coeficientes de correlações (r, r2 e r2 ajustado), níveis de significância (p),
erros padrão de estimativa (EPE) e equações de regressão das associações entre SUM TD
(x) e LOS TT (y), nos cinco momentos.
r
r2
r2(aj)
p
EPE
Equação de regressão
M1
0,92
0,85
0,81
0,01
17,54
y = 72,996 + 0,24102.x
M2
0,75
0,56
0,45
0,09
169,66
y = 123,48 + 0,3932.x
M3a
0,78
0,62
0,49
0,12
87,70
y = 118,39 + 0,6811.x
M3b
0,93
0,86
0,83
0,01
11,00
y = 50,005 + 0,36342.x
M4
0,95
0,90
0,88
0,00
6,84
y = 31,478 + 0,3887.x
A tabela 8 apresenta as comparações dos resultados médios
de LOS TT obtidos nas quatro avaliações (134,96 ± 13,54 s, 133,33 ±
11,35 s, 132,21 ± 10,16 s e 125,13 ± 10,33 s, respectivamente, para as
avaliações 1, 2, 3 e 4)
Tabela 8. Comparação entre tempos totais obtidos no teste do losango realizados nos
quatro momentos através de variação percentual e teste t de Student.
Avaliação 1
(n=4)
Ʃ%
p
Avaliação 2
-1,2
0,99
Avaliação 3
-2,1
Avaliação 4
-7,9
Avaliação 2
Ʃ%
p
0,99
-0,8
0,99
0,69
-6,6
0,79
Avaliação 3
Ʃ%
P
-5,7
0,86
Na tabela 9 são apresentados as comparações entre os
tempos das melhor volta (LOS MV) obtidos nas quatro avaliações (30,07
± 2,57 s, 30,51 ± 2,45 s, 29,60 ± 1,93 s e 28,49 ± 1,89 s,
respectivamente, nas avaliações 1, 2, 3 e 4).
Tabela 9. Comparação entre os melhores tempos obtidos no teste do losango realizados
nos quatro momentos através de variação percentual e teste t de Student.
Avaliação 1
(n=4)
Ʃ%
p
Avaliação 2
+1,4
0,99
Avaliação 3
-1,6
Avaliação 4
-5,6
Avaliação 2
Ʃ%
p
0,99
-3,0
0,95
0,80
-7,1
0,66
Avaliação 3
Ʃ%
p
-3,9
0,92
E finalmente a tabela 10 apresenta a comparação entre os
índices de fadiga (LOS IF) obtidos no teste do losango nas quatro
avaliações (-12,1 ± 2,3%, -9,2 ± 1,0%, -11,6 ± 2,7% e –9,7 ± 2,3%,
respectivamente, para as avaliações 1, 2, 3 e 4).
Tabela 10. Comparação entre os índices de fadiga obtidos no teste do losango realizados
nos quatro momentos através de variação percentual e teste t de Student.
Avaliação 1
(n=4)
Ʃ%
p
Avaliação 2
-31,0
0,38
Avaliação 3
-4,2
Avaliação 4
-24,5
Avaliação 2
Ʃ%
p
0,99
+20,4
0,53
0,53
+4,9
0,99
Avaliação 3
Ʃ%
p
-19,4
0,69
Ainda utilizando-se do índice de fadiga como uma medida de
avaliação da resistência muscular, a figura 3 compara momento a
momento, os índices de fadiga obtidos no teste do losango (LOS IF) e no
teste de resistência de velocidade (RV IF).
Valores percentuais (negativos)
Índice de Fadiga Muscular
14,00
12,00
10,00
8,00
LOS IF
6,00
RV IF
4,00
2,00
0,00
1
2
3
4
Momentos
Figura 3. Comparação entre os índices de fadiga obtidos nos testes do losango (LOS IF) e
no teste de resistência de velocidade (RV IF).
7 DISCUSSÕES
Ao todo, cinco avaliações foram realizadas com os atletas da
canoagem slalom no primeiro semestre de 2003, conforme observado no
Anexo 5 (do momento 0 até o momento 4), bem como cinco provas foram
realizadas neste semestre. Contudo, o momento 0 não foi utilizado na
análise
estatística
por
ser
considerado
como
o
momento
para
familiarização do teste do losango, uma vez que o tempo destinado às
avaliações eram escassos e outras avaliações deveriam ser realizadas em
um período de dois ou três dias (avaliação antropométrica e testes de
força e resistência muscular), não havendo assim tempo para ocorrer a
familiarização e aplicação do teste em um mesmo momento. Desta forma,
optou-se por considerar esta primeira avaliação como um teste de
familiarização.
Ao contrário, a avaliação realizada no momento 3 foi
utilizada na análise estatística duas vezes, uma vez que ela antecedeu
uma prova e sucedeu uma outra em períodos não superior a três
semanas. Assim, nas tabelas 4, 5 e 6, consideramos o momento 3a como
a situação onde foi associada a terceira avaliação com a terceira prova da
temporada, e o momento 3b como a situação onde foi associada a terceira
avaliação com a quarta prova da temporada. Conseqüentemente o
momento 4 foi associado a quinta prova da temporada.
7.1 Associações dos Testes com as Provas
Quando associando os tempos obtidos no teste do losango
com os tempos totais de prova (descida = SUM TD e corrigido = SUM TC),
conforme demonstrado na tabela 4, percebe-se associações de moderadas
a fortes, sendo algumas estatisticamente significativas (p<0,05).
Excetuando-se os momentos 2 e 3a, nos demais momentos
as correlações de LOS TT com SUM TD foram altas e significativas. As
correlações de LOS TT com SUM TC não foram significativas no momento
3b muito provavelmente em função de um atleta ter realizado a primeira
descida com o remo quebrado, passando fora da maioria das portas,
recebendo assim uma grande penalidade, e desta forma, invertendo a
correlação (r=-0,16).
As correlações apresentadas nos momentos 2 e 3a, apesar
de não significativas estatisticamente (de 0,74 a 0,78), podem ser
consideradas boas, uma vez que os valores críticos de coeficiente de
correlação (Anexo 1) são, para o momento 2 e 3a respectivamente, 0,81
e 0,88, próximos aos valores de correlação obtidos.
Considerando o fato de ter ocorrido uma grande penalidade
no momento 3b e também o fato de, no teste do losango, o atleta ou
conjunto poder tocar nas bóias de marcação do percurso (uma vez que, se
houvesse a opção pela marcação da penalidade no teste, a fiscalização
visual seria dificultada pelas condições locais e falta de avaliadores),
foram consideradas no presente estudo as somatórias dos tempos de
descidas, sem a correção (SUM TD), como os tempos utilizados para se
efetuar as correlações entre os testes e as provas.
Desta forma, quando correlacionado apenas os tempos
referentes a SUM TD com o tempo médio no losango (LOS MED), a melhor
e a pior volta no teste (LOS MV e LOS PV) e o índice de fadiga (LOS IF),
na tabela 5, foram verificadas associações de moderadas a altas (com
algumas significativas) entre SUM TD com LOS TT, LOS MED, LOS MV e
LOS PV (valores de r entre 0,67 e 0,95), demonstrando que o tempo
médio das voltas e a melhor e pior volta obtida no teste também são bons
índices de predição do desempenho na canoagem slalom.
O tempo referente ao LOS IF não pareceu um bom preditor
de desempenho, uma vez que os valores obtidos não apresentaram
grandes associações durante todos os momentos de avaliações, bem
como não houve um padrão de associação, tendo valores positivos em
dois momentos e negativos em três.
Contudo, no momento 4, houve uma boa relação negativa
(r=-0,80
e
r2=0,64)
entre
SUM
TD
e
LOS
IF,
indicando
que,
possivelmente, os atletas chegaram neste período apresentando baixos
índices de fadiga, indicadores do treinamento em resistência muscular, ou
seja,
quanto
menor
os
índices
de
fadiga
obtidos,
melhores
os
desempenhos em prova, comprovando então a importância não só do
treinamento muscular, como também o treinamento da resistência
muscular para a canoagem slalom. Também, uma maior proximidade
entre a realização das provas e da avaliação podem justificar melhores
correlações não só para LOS IF, mas também para as demais variáveis
obtidas no teste do losango neste momento.
Mesmo o teste do losango apresentando outras variáveis
que podem ser preditoras do desempenho na canoagem slalom (tabela 6)
foram utilizadas as variáveis LOS TT e LOS MV como aquelas a serem
comparadas com variáveis de outros testes aplicados, a fim de se
conhecer quais eram as melhores para se predizer o desempenho em
prova, uma vez que no momento 4 (que foi o momento com o menor
espaço entre prova e avaliação e, conseqüentemente, com as melhores
correlações) foram estas as variáveis com as maiores associações.
Nesse sentido, as variáveis obtidas através do teste do
losango
se
apresentaram
com
as
melhores
correlações,
quando
associadas à SUM TD, principalmente em função das variáveis FD MT, FD
TSL e RV MT não terem apresentado correlações significativas.
Certamente,
tais
correlações
não
se
apresentaram
satisfatórias uma vez que os testes de força em deslocamento e
resistência de velocidade tinham como objetivo principal analisar um
componente
isolado
do
treinamento
esportivo
(força
muscular
e
resistência muscular, respectivamente), e o teste do losango foi proposto
para analisar conjuntamente os componentes supracitados e a destreza
técnica dos atletas, muito importante na canoagem slalom.
Vale lembrar que, apesar dos valores de correlação de LOS
MV terem sidos maiores do que LOS TT, ou seja, há maiores associações
quando o atleta rema apenas uma volta (já que a melhor volta sempre foi
a primeira volta) do que quatro voltas, o teste com quatro voltas foi
escolhido uma vez que utilizando-se de um teste de quatro voltas, podese obter outras variáveis interessantes, em especial, a variável indicadora
da fadiga muscular (LOS IF).
Também deve ser citado que, quando analisados os valores
de SUM TD, correlacionando-os com LOS TT, contudo excluindo as
mulheres
(n=2),
as
correlações
praticamente
se
mantiveram
ou
melhoraram (de 0,92 para 0,91, de 0,75 para 0,95, de 0,78 para 0,85, de
0,93 para 0,91 e de 0,95 para 0,95, para os momentos 1, 2, 3a, 3b e 4,
respectivamente). É possível afirmar desta forma que o teste apresenta
melhores correlações quando utilizados amostras mais homogêneas, que
são as amostras encontradas em competições internacionais de alto nível.
Não foi possível analisar as correlações apenas das atletas
femininas em função de, em nenhum momento, terem participado da
mesma avaliação.
Enfim, através das análises efetuadas, verificou-se que as
variáveis mais adequadas na utilização da correlação para a predição do
desempenho atlético foram o tempo de avaliação total (LOS TT) e a
somatória dos tempo de descida em prova, sem correção das penalidades
(SUM
TD).
Neste
sentido,
coeficientes
de
correlações,
níveis
de
significância, erro padrão de estimativa e as respectivas equações de
regressão são apresentadas na tabela 7.
Quando analisados apenas SUM TD e LOS TT, percebe-se
que as maiores correlações, juntamente com os melhores EPE são
encontrados nos momentos 3b e 4. Dois fatos distintos podem justificar
tais valores. Primeiro, os dois momentos são aqueles em que as
avaliações foram realizadas com menor intervalo para com as provas (3 e
2 dias, respectivamente), como citado anteriormente, e, desta forma,
eliminando
qualquer
possibilidade
do
treinamento
ter
afetado
o
desempenho a favor ou contra o atleta na avaliação ou na prova. Os
atletas competiram e foram avaliados praticamente sob as mesmas
condições.
O segundo fato diz respeito ao treinamento em si, ou seja,
os melhores valores apresentados para a predição do desempenho em
prova foram obtidos nos ciclos específicos, onde subentende-se que os
atletas estão mais bem treinados, sob todos os aspectos e o conjunto
apresenta-se mais homogêneo e regular.
Quando comparados a outros estudos, os valores de
correlação entre as variáveis LOS TT e SUM TD são similares a valores
obtidos na comparação de testes em ergômetros de caiaque e tempos de
provas.
Comparando as respostas fisiológicas de uma simulação em
ergômetro de caiaque com a canoagem em água, van Someren, Phillips e
Palmer (2000) obtiveram valores altamente correlacionados (r2=0,86)
entre a remada em água aberta (média de 992 ± 47 m) e a simulação em
um ergômetro K1 ERGO KAYAK (média de 47,64 ± 7,67 kJ). Valores
parecidos foram obtidos em um grupo de 38 atletas de canoagem que
remaram em provas de 500, 1000, 10000 e 42000 metros e executaram
um teste anaeróbio em um ergômetro de caiaque (FRY & MORTON, 1991).
Analisando variáveis fisiológicas e a performance, Bishop
(2000), avaliando 9 atletas de alto nível do sexo feminino, encontrou
valores
de
correlação
de
–0,82,
-0,75,
-0,89
e
0,95
(todos
estatisticamente significantes) entre o tempo da remada em 500 metros
com, respectivamente, VO2 pico, produção de força, limiar anaeróbio e o
déficit acumulado de oxigênio.
Em
outros
esportes,
como
o
ciclismo,
por
exemplo,
correlações de 0,92 e 0,95 foram encontradas quando comparados o
tempo obtido em provas de 20 e 40 quilômetros, respectivamente, com o
desempenho em cicloergômetro (PALMER et al., 1996).
No Brasil, Caputo et al. (2001), também comparando a
performance no ciclismo com variáveis fisiológicas, obtidas em um
cicloergômetro, obtiveram valores significantes entre 0,83 e 0,98 para
velocidades obtidas em provas de 2, 4 e 6 quilômetros e variáveis como
VO2max, OBLA e velocidades de provas correspondentes ao VO2max.
Percebe-se, enfim, que os testes observados na canoagem,
são, primeiramente, quase todos sobre a modalidade de velocidade, onde
as capacidades força muscular e potência são predominante sobre a
técnica, o que não ocorre com a canoagem slalom (GOBBO et al., 2003),
onde a técnica tem grande importância no desempenho. Além disso,
estudos sobre a canoagem slalom são raros, em especial no Brasil, não só
sobre comparações do desempenho em provas com testes laboratoriais
(em ergômetros), mas também sobre assuntos que tratam o treinamento,
as respostas fisiológicas do esporte, as características morfológicas e
metabólicas dos atletas, etc., dificultando desta forma a comparação do
presente estudo com outros, a fim de facilitar a demonstração da validade
ou não do teste do losango.
Inúmeros estudos investigam as respostas fisiológicas da
remada (freqüência cardíaca, consumo máximo de oxigênio, concentração
de lactato no sangue, concentração de ATP, CP, glicose, glicose-6-fosfato
e glicogênio, limiar ventilatório, ventilação pulmonar, predominância de
fibra muscular, entre outros) e o desempenho motor (tempo de teste) na
canoagem de velocidade e suas associações com outras variáveis, em
especial, com a performance (BISHOP, 2000; BISHOP, BONETTI &
DAWSON,
2002;
BUNC
&
HELLER,
1991;
CLARKSON,
KROLL
&
MELCHIONDA, 1982; TESCH & KARLSSON, 1984; VAN SOMEREN &
OLIVER, 2002), enquanto que, na canoagem slalom, temas como estes
são escassos (GOBBO & CYRINO, 2003; LEVEQUE et al., 2002).
7.2. Comparações entre as Avaliações
Para analisar os tempos obtidos no teste do losango com os
tempos obtidos nos testes de força em deslocamento e resistência de
velocidade e com cada momento, foram utilizados apenas os tempos de
quatro embarcações (6 atletas, sendo 1 K1, 1 C1 e 2 C2), uma vez que
apenas essas quatro embarcações participaram de todas as avaliações,
possibilitando assim a comparação de um momento com outro, do
primeiro ao quarto momento.
Comparando os tempos de LOS TT obtidos nos 4 momentos
distintos (Tabela 8), percebe-se uma melhora não significativa nos tempos
da primeira à última avaliação, contudo com uma melhora acentuada dos
tempos na última avaliação, demonstrando possivelmente uma melhor
resposta dos atletas analisados ao treinamento dos ciclos específicos e
específicos/aeróbios,
que
apresentaram
mais
sessões
de
treinos
específicos, quando comparados aos ciclos anteriores.
Vale ressaltar que, na canoagem slalom, melhoras inferiores
a um segundo, apesar de não serem estatisticamente significativas, são
de grande importância e interesse aos treinadores e atletas uma vez que,
em provas, centésimos de segundos podem ser decisivos. Desta forma, os
tempos analisados neste estudo, apesar de não terem sido significantes,
foram essenciais aos atletas e ao treinador, em especial na análise
individual, e foram utilizados no planejamento das etapas seguintes de
treinamento.
Na tabela 9, comparando as melhores voltas do teste do
losango (que em todos os casos foi a primeira volta do teste) entre os
quatro momentos, percebe-se também uma melhora dos tempos (não
estatisticamente significativa) do primeiro ao último momento, exceto do
primeiro ao segundo momento. Não foram observadas melhoras entre o
momento 1 e o momento 2, que coincidiu com o final do ciclo de força
(+1,4% contra -3,0% e -3,9%, do segundo para o terceiro e do terceiro
para
o
quarto
principalmente,
momento,
em
função
respectivamente).
de
alguns
atletas
Tal
fato
se
deve,
apresentarem
dores
musculares em função do forte treinamento, uma vez que foi a primeira
vez que esse treinamento de força foi aplicado. Este fato colaborou para
que as associações obtidas neste momento fossem as mais baixas
encontradas. Contudo, com a manutenção do treinamento de força, como
observado
no Anexo
7, os tempos obtidos para LOS MV foram
decrescendo, caindo 7,1% do segundo para o quarto momento.
Para o fato de que não houve qualquer significância
estatisticamente nas melhoras dos tempos, deve-se atentar ao fato de
que o trecho percorrido foi de 15 metros, ou seja, melhoras não
significativas
neste
caso
não
necessariamente
sugerem
que
não
ocorreram adaptações ao treinamento, uma vez que, como citado
anteriormente, centésimos de segundos podem ser determinantes nos
resultados.
Analisando as variações nos índices de fadiga (Tabela 10),
percebe-se também que não ocorreram melhoras significativas entre cada
momento, contudo, as melhoras obtidas até o quarto momento foram
utilizadas no planejamento do treinamento individual de cada atleta e
foram consideradas relevantes para este fim.
Contudo, ao contrário dos dados obtidos nas comparações
de LOS MV, para LOS IF, o momento 2 foi o momento onde foi
apresentado os melhores índices de fadiga. Tal fato se deve muito
provavelmente em função dos tempos da primeira volta e dos tempos
médios do teste do losango neste momento terem sido os mais altos.
Desta forma, com altos tempos para a primeira volta, e mantendo-se os
tempos da última volta (que foram em quase todas as avaliações os
piores tempos), obteve-se bons índices de fadiga. Assim, os índices do
terceiro e do quarto momento foram mais considerados, uma vez que
ocorreram melhoras tanto nos tempos de LOS MV quanto nos índices de
fadiga.
As melhoras também podem ser justificadas em função do
treinamento
nos
ciclos
específicos
e
ciclos
específicos/aeróbios
apresentarem mais sessões de treinos para capacidade aeróbia contínua e
fracionada e potência aeróbia, quando comparados aos ciclos anteriores
(Anexo 7).
Utilizando os tempos referentes a LOS MV, FD MT e FD TSL
como indicadores do ganho de força e potência muscular, as três variáveis
foram comparadas a fim de verificar se a utilização do tempo da melhor
volta no teste do losango, comparado com testes já utilizados na
canoagem de velocidade para avaliação dos ganhos de força (FD MT e FD
TSL), é um bom indicador do treinamento de força muscular.
Não foram observados padrões durante os quatro momentos
entre LOS MV, FD MT e FD TSL, sendo que, enquanto nos tempos de LOS
MV, ocorreram melhoras do primeiro para o quarto momento de 3,9%,
para FD MT e FD TSL foram encontradas melhoras de 2,2% e 5,4%,
respectivamente.
E, enquanto que para LOS MV houve uma piora do tempo do
primeiro para o segundo momento (1,42%), para FD MT e FD TSL
ocorreram melhoras neste período (0,7% e 0,4%, respectivamente), e em
seguida, piora do tempo para o terceiro momento (0,7% e 2,5%,
respectivamente, comparados ao primeiro momento), voltando a uma
melhora dos tempos no último momento (1,8% e 2,8%), em relação ao
primeiro momento.
Por outro lado, analisando LOS IF e RV IF como indicadores
da resistência muscular, foi percebido um padrão de alteração nos
resultados, com as duas variáveis variando ao longo dos quatro momentos
de forma muito similar.
Enquanto que para a variável LOS IF foram obtidas
melhoras de 30,95%, 4,2% e 24,5% do segundo, terceiro e quarto
momento respectivamente, comparando com o primeiro momento, para
RV IF valores percentuais de 29,1%, 6,9% e 16,1%, respectivamente,
foram obtidos, conforme pode ser percebido na figura 3.
8 CONCLUSÕES
Através dos resultados obtidos e analisados, é possível
afirmar que a utilização do teste do losango na canoagem slalom é uma
boa ferramenta principalmente para se predizer o desempenho em
competições.
Resultados comparando o somatório dos tempos de descida,
sem o acréscimo dos pontos referentes às penalidades (SUM TD) com os
tempos das quatro voltas obtidas no teste do losango (LOS TT)
apresentaram valores de correlações altos e estatisticamente significativos
(0,93 e 0,95), nos momentos onde os atletas estavam mais bem
treinados (momentos 3b e 4, respectivamente) e em períodos de
avaliação próximos às provas (de dois a três dias).
A utilização de apenas uma volta no teste do losango
apresentou também valores significativos de correlação (0,94 e 0,90),
nestes mesmos momentos, podendo ser utilizado como, além de um bom
preditor do desempenho em prova, uma ferramenta razoável para se
avaliar a força muscular, uma vez que não foram apresentados padrões
de
variação
semelhantes
durante
os
quatro
momentos
quando
comparados com testes utilizados para se medir esta capacidade na
canoagem de velocidade (FD MT e FD TSL).
Porém, utilizando-se de somente uma volta, além do atleta
não ser colocado em teste por um tempo mais próximo ao tempo real de
prova, não é possível obter outras variáveis que também apresentaram
bons valores de correlação, como por exemplo, o tempo médio de prova
(LOS MED), a pior volta (LOS PV) e o índice de fadiga (LOS IF), com
valores de correlação obtidos no último momento de, respectivamente,
0,95, 0,93 e –0,80.
Considerando o momento 4 como o período mais apropriado
para se realizar a avaliação (em função do nível de treinamento dos
atletas), o índice de fadiga (LOS IF) obtido apresentou-se com uma
correlação muito boa (-0,80) comparado ao tempo de prova, e também
apresentando durante os quatro momentos o mesmo padrão de variação
quando comparado ao índice de fadiga obtido pelo teste de resistência de
velocidade (RV IF) (que é um teste utilizado para se avaliar a resistência
muscular na canoagem de velocidade), desta forma, podendo ser utilizada
como uma boa ferramenta para estes fins.
Assim sendo, o teste do losango é uma opção de avaliação
para a canoagem slalom, utilizando-se de água parada e dos mesmos
equipamentos utilizados pelos atletas em competição, garantindo assim,
uma maior validade ecológica ao teste.
Contudo, faz-se necessário estar aplicando o teste em
amostras homogêneas, treinadas e em datas não superior a uma semana
em relação às datas de provas, ou ao menos, que não haja interferência
do treinamento entre uma avaliação e a prova, ou vice-versa. A aplicação
do teste pode ser realizada em lagos, represas ou mesmo em piscinas
onde haja espaço suficiente para as embarcações estarem realizando
todos os movimentos necessários para completar as voltas no losango.
Sugere-se
também,
como
novos
trabalhos
a
serem
realizados, a aplicação de novos testes em data próxima a uma grande
competição com atletas participantes desta competição, havendo neste
momento a divisão por embarcação (K1 masculino, K1 feminino, C1 e C2),
a fim de se validar o teste por categorias e com uma maior amostra.
E finalmente, sugere-se novos estudos sobre as respostas
fisiológicas do teste do losango, comparadas ao desempenho em provas e
também ao desempenho em ergômetros de braço e de caiaque, podendo
desta forma ocorrer a análise de outras variáveis pertinentes ao
desempenho e ao treinamento, como a concentração de lactato e glicemia
no sangue, o VO2max, a FC, entre outros, aumentando ou não desta
forma, a validade do teste proposto.
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Porto Alegre: Artmed, 2001.
VINCENT, W.J. Statistics in kinesiology. 2.ed. Champaign, IL: Human
Kinetics, 1999.
WEINECK, J. Treinamento ideal. 9.ed. São Paulo: Manole, 1999.
WILMORE, J.H.; COSTILL, D.L. Fisiologia do esporte e do exercício.
2.ed. São Paulo: Manole, 2001.
Anexo 1. Valores críticos de coeficientes de correlação (df = n-2).
df
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
25
30
35
40
45
50
60
70
80
90
100
0,10
0,9877
0,9000
0,8054
0,7293
0,6694
0,6215
0,5822
0,5494
0,5214
0,4973
0,4762
0,4575
0,4409
0,4259
0,4124
0,4000
0,3887
0,3783
0,3687
0,3598
0,3233
0,2960
0,2746
0,2573
0,2428
0,2306
0,2108
0,1954
0,1829
0,1726
0,1638
Nível de significância
0,05
0,9969
0,9500
0,8783
0,8114
0,7545
0,7067
0,6664
0,6319
0,6021
0,5760
0,5529
0,5324
0,5139
0,4973
0,4821
0,4683
0,4555
0,4438
0,4329
0,4227
0,3809
0,3494
0,3246
0,3044
0,2875
0,2732
0,2500
0,2319
0,2172
0,2050
0,1946
FONTE: Thomas e Nelson (2002) e Vincent (1999).
0,01
0,9999
0,9900
0,9587
0,9172
0,8745
0,8343
0,7977
0,7646
0,7348
0,7079
0,6835
0,6614
0,6411
0,6226
0,6055
0,5897
0,5751
0,5614
0,5487
0,5368
0,4869
0,4487
0,4182
0,3932
0,3721
0,3541
0,3248
0,3017
0,2830
0,2673
0,2540
Anexo 2. Tipos de embarcações e remos na canoagem slalom.
Anexo 3. Exemplos de atletas das modalidades K1, C1 e C2.
Anexo 4. Modelo de pista de canoagem slalom.
Anexo 5. Distribuição das avaliações e provas durante o primeiro
semestre de 2003.
Momento
Data
Prova
Data
Local
Competição
0
14/01/03
-
-
-
-
1
24/02/03
1
09/02/03
Macaé/RJ
Copa Brasil
2
31/03/03
2
16/03/03
Itapira/SP
Copa Brasil
3
07/05/03
3
20/04/03
Chap.Céu/GO Copa Brasil
3
07/05/03
4
04/05/03
Cerquilho/SP
Seletiva
4
10/06/03
5
08/06/03
Anicuns/GO
Copa Brasil
Avaliação
Anexo 6. Classificações dos atletas da seleção brasileira de canoagem
slalom nas competições no primeiro semestre de 2003.
Prova: Copa Brasil de Canoagem – I Etapa (Momento 1)
Local: Macaé / RJ
Data: 09/02/2003
1o. colocado: Gustavo Selbach
Tempo do 1o. colocado: 213,91 pontos
Tempo
Tempo
Atleta
Barco
Coloc.
Descida
Final
Ʃ%
Avaliaç.
Rogério
K1
02o.
João
Filipi
Guilherme/José
Érika
Fabrício/Patrick
K1
C1
C2
K1
C2
227,38
235,38
10,04
122,89
o
237,38
245,38
14,71
129,51
o
238,83
246,83
15,39
133,19
o
273,90
277,90
29,91
145,74
o
314,19
322,19
50,62
147,21
o
318,80
326,80
52,77
147,59
05 .
06 .
07 .
08 .
14 .
Prova: Copa Brasil de Canoagem – II Etapa (Momento 2)
Local: Itapira / SP
Data: 16/03/2003
1o. colocado: Gustavo Selbach
Tempo do 1o. colocado: 216,33 pontos
Tempo
Atleta
Barco
Coloc.
o
Tempo
Descida
Final
Ʃ%
Avaliaç.
Cássio
C1
03 .
225,87
225,87
4,41
125,12
Rogério
K1
04o.
Filipi
Guilherme/José
Fabrício/Patrick
Mayra
C1
C2
C2
K1
227,82
227,82
5,31
122,05
o
240,87
253,62
17,24
134,65
o
272,86
278,86
28,90
143,97
o
280,33
288,33
33,28
142,19
o
804,83
1008,83
366,34
153,60
10 .
11 .
12 .
45 .
Prova: Copa Brasil de Canoagem – III Etapa (Momento 3a)
Local: Chapadão do Céu / GO
Data: 20/04/2003
1o. colocado: Rogério Fandhrs (colocações apenas dos atletas da seleção)
Tempo do 1o. colocado: 152,00 pontos
Tempo
Tempo
Atleta
Barco
Coloc.
Descida
Final
Ʃ%
Avaliaç.
Rogério
K1
01o.
Cássio
Guilherme/José
Fabrício/Patrick
Érika
C1
C2
C2
K1
152,00
152,00
-
123,94
o
157,00
157,00
3,29
122,97
o
187,00
187,00
23,03
139,90
o
271,00
271,00
78,29
142,97
o
444,00
444,00
192,11
145,56
02 .
03 .
04 .
05 .
Prova: Seletiva para Copa do Mundo de Canoagem (Momento 3b)
Local: Cerquilho / SP
Data: 04/05/2003
1o. colocado: Cássio Petry (colocações apenas dos atletas da seleção)
Tempo do 1o. colocado: 196,69 pontos
Tempo
Atleta
Cássio
Barco
C1
Tempo
Descida
Final
Ʃ%
Avaliaç.
o
196,69
196,69
-
122,97
o
Coloc.
01 .
Rogério
K1
02 .
205,42
215,42
9,52
123,94
Guilherme/José
C2
03o.
Fabrício/Patrick
Érika
João
C2
K1
K1
237,03
243,03
23,56
139,90
o
245,23
259,23
31,80
142,97
o
269,11
331,11
68,34
145,56
o
224,33
678,33
244,87
125,42
04 .
05 .
06 .
Prova: Copa Brasil de Canoagem – IV Etapa (Momento 4)
Local: Anicuns / GO
Data: 08/06/2003
1o. colocado: Cássio Petry
Tempo do 1o. colocado: 227,00 pontos
Tempo
Tempo
Atleta
Barco
Coloc.
Descida
Final
Ʃ%
Avaliaç.
Cássio
C1
01 o.
Rogério
João
Filipi
Fabrício/Patrick
K1
K1
C1
C2
223,00
225,00
-
116,97
o
221,00
227,00
0,89
115,49
o
228,00
238,00
5,78
123,40
o
236,00
246,00
9,33
122,73
o
259,00
267,00
18,67
135,04
o
02 .
03 .
05 .
07 .
Guilherme/José
C2
08 .
268,00
276,00
22,67
133,03
Mayra
K1
13 o.
157,00
1216,00
440,44
145,65
Anexo 7. Resumo das sessões nos ciclos de treinamento da seleção
brasileira de canoagem slalom durante o primeiro semestre de 2003.
Ciclo de adaptação (de 14 de janeiro a 2 de fevereiro de 2003)
Sessões
K1 – masc.
K1 – fem.
C1
C2
água
outros
água
outros
água
outros
água
outros
Cap. aeróbia contínua
4
7
2
7
5
7
4
7
Cap. aer. fracionada
4
2
4
4
Navegação livre
3
5
2
3
Técnica
4
7
2
6
Força – musculação
4
4
4
4
Preventivo – fisioter.
3
3
3
3
Total das sessões
15
14
16
14
13
14
17
14
Total geral
29
30
27
31
Prep. da pista/mater.
7
9
7
9
Análise de vídeos
1
1
1
1
Av. preparador físico
2 dias
2 dias
2 dias
2 dias
Av. nutricionista
2 vezes
2 vezes
2 vezes
2 vezes
C1
C2
Ciclo técnico (de 3 a 26 de fevereiro de 2003)
Sessões
K1 – masc.
K1 – fem.
água
outros
água
outros
água
outros
água
outros
Cap. aeróbia contínua
3
4
3
3
3
4
3
4
Cap. aer. fracionada
2
2
2
2
Potência aeróbia
1
1
1
1
Técnica
7
10
8
10
Força – musculação
4
8
Preventivo – fisioter.
2
9
5
Anaer. láct. / Prova
3
Total das sessões
20
8
5
3
17
4
17
8
5
3
21
2
5
3
21
17
21
17
Total geral
37
38
38
38
Prep. da pista/mater.
3
2
3
3
Análise de vídeos
1
1
1
1
Av. preparador físico
2 dias
2 dias
2 dias
2 dias
Av. nutricionista
1 vez
1 vez
1 vez
1 vez
Trab. c/ psicóloga
1 vez
1 vez
1 vez
1 vez
Ciclo de força (de 6 de março a 2 de abril de 2003)
Sessões
K1 – masc.
K1 – fem.
C1
C2
água
outros
água
outros
água
outros
água
outros
Cap. aeróbia contínua
4
6
4
6
4
6
4
6
Cap. aer. fracionada
5
4
5
5
Potência aeróbia
3
2
3
2
Técnica
4
14
4
6
Força – musculação
12
8
Preventivo – fisioter.
2
6
6
Anaer. láct. / Prova
4
Total das sessões
32
8
6
4
20
13
18
8
6
4
30
13
6
4
33
20
34
20
Total geral
52
48
53
54
Prep. da pista/mater.
6
6
6
6
Análise de vídeos
3
3
3
3
Av. preparador físico
2 dias
2 dias
2 dias
2 dias
Av. médico
1 vez
1 vez
1 vez
1 vez
Trab. c/ psicóloga
1 vez
1 vez
1 vez
1 vez
Ciclo específico (de 7 de abril a 10 de maio de 2003)
Sessões
K1 – masc.
K1 – fem.
C1
C2
água
outros
água
outros
Água
outros
água
outros
Cap. aeróbia contínua
6
3
5
4
6
3
6
3
Cap. aer. fracionada
9
8
9
9
Potência aeróbia
10
7
9
9
Técnica
6
9
6
7
Força – musculação
6
4
Preventivo – fisioter.
5
2
5
Anaer. láct. / Prova
8
Total das sessões
45
4
5
8
12
6
11
4
5
8
42
6
5
8
44
12
45
12
Total geral
57
53
56
57
Prep. da pista/mater.
7
7
7
7
Análise de vídeos
4
4
4
4
Av. preparador físico
2 dias
2 dias
2 dias
2 dias
Av. nutricionista
2 vezes
2 vezes
2 vezes
2 vezes
Ciclo específico e aeróbio (de 19 de maio a 12 de junho de 2003)
Sessões
K1 – masc.
K1 – fem.
C1
C2
água
outros
água
outros
água
outros
água
outros
Cap. aeróbia contínua
5
4
5
3
5
4
5
3
Cap. aer. fracionada
8
8
8
8
Potência aeróbia
8
6
8
7
Técnica
7
8
7
8
Força – musculação
3
7
Preventivo – fisioter.
3
8
6
Anaer. láct. / Prova
4
Total das sessões
35
7
6
5
17
3
17
8
6
5
35
3
6
5
36
17
36
17
Total geral
52
52
53
53
Prep. da pista/mater.
4
4
4
4
Análise de vídeos
1
1
1
1
Av. preparador físico
2
2
2
2
Av. nutricionista
1
1
1
1
1
1
1
Trab. c/ psicóloga
5’
Intervalo
séries
G
1’
Intervalo
repetições
Lastro
95–100%
10’’
M
3’
90’’
90–95%
25’’
4
4–6
4–6
4
2
M2
1
M1
Intens.
Duração
Séries
Zona de
Treino
Multi
Séries
N
M
3’
1’
85–90%
40’’
4
4–6
3
M3
P
3’
1’
85%
1’
4
4–6
4
M4
P
4’
1’
80%
2’
2’
3
4–5
M5
--
4’
30–60’’
85%
1’
4
2–3
4–5
M6
SESSÕES DE FORÇA ESPECIAL NA ÁGUA
--
4’
1’
80%
2’
2–4
2–3
4–5
M7
--
4’
30’’ – 2’
75–85%
3’
2–4
2
5–6–7
M8
--
--
--
50–60%
25–30’
1
1
8
TEC
Anexo 8. Exemplos de sessões de treinamento da seleção brasileira de canoagem slalom durante o primeiro
semestre de 2003.
Exercícios
Séries
Repetições
Carga
Intervalo
Ritmo
Objetivos
Classific.
Máximo
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
Torção
Moderado
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
Torção
Abdominal
Lombar
Moderado
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
Torção
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
Torção
4–6
25
30 – 40%
4’
Desenvolver
Velocidade
dos
movimentos
Rápida
F4
Baixo
4–6
10 – 15
70 – 80%
90’’
Desenvolver
resistência de
força, com
aumento
considerável
de massa
muscular
Resistente I
F3
2–6
6
85 – 95%
2’
Desenvolver
força,
aumento
moderado de
massa
muscular
Máxima II
F2
Desen. força,
maior
recrutamento e
sincronismo de
unidades
motoras, sem
ganhos de
m. muscular
2–6
2–4
90 – 95%
4’
Máxima I
F1
Bom
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
torção
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
Torção
Abdominal
Lombar
Supino
Tração
Tríceps
Unilateral
Torção
Abdominal
Lombar
2–4
2 – 3’
20 – 30%
3’
Desenvolver
capacidade
oxidativa das
fibras
musculares
Resistente
Muscular
Aeróbio
F7
Bom
2–4
40 – 60
40 – 50%
2–4
Desenvolver
resistência
muscular
localizada,
tolerância ao
lactato
Resistente
Muscular
Localizada
F6
Bom
4 – 10
25
60 – 70%
2’
Desenvolver
resistência
muscular
localizada
Resistente II
F5
SESSÕES DE FORÇA GERAL NA ACADEMIA
Supino
Tração
Tríceps I/II
Unilateral
Torção
Abdomen,
Ombro
Lombar
Saltos
Bom
3–6
40’’
40 – 50%
15’’
Desenv.
Resistência
muscular
localizada
Circuito
F8
B
Tração
Unilateral
Torção
Abdominal II
Lombar
Rosca
Pulley
Ante-braço
A
Supino
Tríceps I/II
Ombro
Abdominal I
Saltos
Agacham.
Moderado
3–4
12 – 20
60 – 80%
90’’
Adaptar
grupos
musculares
para o
trabalho
intenso,
hipertrofia
Adaptativa
F9
Natural
Água com pouca
corredeira sem
portas.
Corrida no
campo
Ou Bicicleta.
Natação
Natural
Slalom : pista e
corredeira fácil.
Slalom : pista e
corredeira fácil.
Natural
Slalom : pista e
corredeira fácil.
Sess.
1
1
1
Sess.
1
1
Sess.
1
Acostumar-se
na produção
láctica.
Objetivo
fisiológico
Aeróbia
Capacidade
Aeróbia
Capacidade
Objetivo
fisiológico
Regeneração
Inferior a
2mM
Inferior a
2mM
60%
Inferior a
2mM
Lactato
60%
70%
Intens.
80 a 85%
70 a 75%
Intens.
Entre 2
e 4mM.
Entre 2
e 4mM.
Lact.
Manter a coordenação
no estado de cansaço.
Objetivo técnico
100 a
120% da
Intens.
Frações compridas : frações repetitivas
superior a uma descida de Slalom. Olhar
exemplos em anexo.
Tempo de trabalho.
40 a 50 min.
20 a 25 min (1 x 20 min ou 2 x
20min)
2 x 20 min, 3 x 15 min, 4 x
10min ou 5x 7min.
Tempo de trabalho
Olhar exemplos em anexo.
Tempo de trabalho
Frações curtas : frações repetitivas inferior a
uma descida de Slalom. Olhar exemplos em
anexo.
Superiora a
12mM.
Lacto
ANAERÓBIA LÁCTICA
Trabalho de
sistematização...
Técnica gestual com
intensidade mais baixa.
Objetivo técnico
CAPACIDADE AERÓBIA FRACIONADA
Trabalho do apoio na água e
trabalho do gasto de energia em
relação no deslize.
Trabalha respiratória.
Trabalha da remada e deslize.
Aeróbia
Capacidade
Regeneração
Objetivo técnico
CAPACIDADE AERÓBIA CONTINUA OU REGENERAÇÃO
Objetivo
fisiológico
Slalom : Técnica
com Velocidade.
Slalom : Técnica
educativa.
Natural
fisioterapia.
1
1
Sess.
3
3
3
2
1
1
2
3
4
X2
X5
X3
X2
-
Elasticidade
Prevenção.
Objetivo técnico
Intens.
SESSÕES COM A FISIOTERAPEUTA
definido com a fisioterapeuta
Quantidade de trabalho
60 a 70% Trabalha técnica a baixa intensidade em forma de
volta com pouca recuperação.
Frações repetitivas curtas com recuperação
completa. Fração de pista de 15 a 25 seg. com
uma recuperação na cerca de 2min. Pode realizar
3 a 5 series de 5 a 7 repetições. Deve mudar de
pista a cada serie. A recuperação entre cada serie
é na cerca de 8 a 10min.
Superior
a 100%
Coordenação com
freqüência gestual alta.
Trabalha de concentração
mental e realização de
pistas limpas e rápidas.
Técnica educativa,
aprendizagem gestual,
adaptação técnica.
Tempo de trabalho
Intens.
SESSÕES TÉCNICAS
Objetivo técnico
Pirâmide
(2’+2’30+
3’+3’30+4’)
X 3min
X 4min
X 5min
Tempo de
trabalho
70-80%
70-85%
70-75%
70-75%
Intensidade
1min ativa a
40%. 5min
entre series
1min ativa a
40%. 5min
entre series
1min30 ativa a
40%. 5min
entre series
2min ativas a
40%. 5min
entre series
Recup entre
repetições e
series
Com pista fácil, mudar de pista a cada serie. Trabalho em
volta.
Com pista fácil, mudar de pista a cada serie. Trabalho em
volta. Subir a fora das portas.
Com pista fácil, mudar de pista a cada serie. Trabalho em
volta. Subir a fora das portas.
Com pista fácil, mudar de pista a cada serie. Trabalho em
volta. Subir a fora das portas.
Observações
EXEMPLOS DE TREINOS EM CAPACIDADE AERÓBIA FRACIONADAS
– FRAÇÕES COMPRIDAS –
- Fortalecimento
- Relaxamento
- Alongamento
Objetivo
fisiológico
Regeneração ou
Aeróbia
Capacidade
Objetivo
fisiológico
Transmissão neuro
- muscular e
Trabalho
anaeróbia
atáctica.
Exemplo Series Repetições
Natural
Sess.
2
4
4
3
1
1
2
3
4
5
X2
X4
X4
X 10
X 10
Exemplo Series Repetições
Intensidade Recuperações
entre
repetições e
series.
X 1min
80%
1min ativa a
50%. 5min
entre series
X 30 seg
85%
30seg ativa a
60%. 5min
entre series
X 1min30
75%
1min ativa a
40%. 5min
entre series
X 2min
70%
1min15 ativa a
40%. 5min
entre series
Pirâmides
80-85%
ativa a 40%,
(30”+1’+1’30+
igual ao tempo
2’+2’30+3’)
de trabalho.
5min entre
series
Tempo de
trabalho
Com pista técnica, mudar de pista a cada
serie.
Com pista técnica, mudar de pista a cada
serie. A recuperação é a fora das portas.
Com pista técnica, mudar de pista a cada
serie. A recuperação é a fora das portas.
Com pista técnica, mudar de pista a cada
serie. A recuperação é a fora das portas.
Com pista técnica, mudar de pista a cada
serie. A recuperação é a fora das portas.
Observações
EXEMPLOS DE TREINOS EM CAPACIDADE AERÓBIA FRACIONADAS
– FRAÇÕES CURTAS –
1
1
1
ou 2
3
4a5
1
2
3
4
5
X4
X4
X6a8
X3
X4a6
X5a6
Exemplo Series Repetições
X 15 a 20
seg
X 40 seg
X 1min 15
seg
X 1min 30
seg
X 2min
Tempo de
trabalho
intensidade Recuperações
entre
repetições e
series.
100% a
8 min poucas
105%
ativas, 0 a
20%.
100% a
4 a 6 min
110%
poucas ativas,
0 a 20%.
100% a
4 a 6 min
110%
poucas ativas,
0 a 20%.
105% a
3min poucas
110%
ativas, 0 a
20%.
110% a
2 min poucas
120%
ativas, 0 a
20%.
Confrontação com intensidade máxima.
Confrontação em grupo.
Com pista Fácil ou tiros nas ondas por uma intensidade
máxima.
Com pista Fácil por uma intensidade máxima.
Com pista Fácil por uma intensidade máxima.
Observações
EXEMPLOS DE TREINOS ANAERÓBIO LÁCTICA
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avaliação e predição do desempenho na canoagem slalom