Natureza & Conservação Outubro 2006. vol.4. nº 2. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Natureza & Conservação. Curitiba-PR. v.4 nº2. pp 1-224. Outubro 2006 ISSN 1679-0073 Expediente Revisão de idioma (português) Jan Gerd Schöenfelder Revisão de idioma (inglês) Maísa Guapyassú Tradução Português/Inglês e Inglês/Português Arabera Traduções Supervisão gráfica Daniélle Carazzai Editoração: SK Editora Ltda. Impressão: Oficina do Impresso Tiragem 1.200 exemplares A Revista Natureza & Conservação é totalmente impressa em papel 100% reciclado off set alcalino com 25% de aparas pós-consumo, nas gramaturas 90 e 150 g/m2 . Esta é uma opção da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza que está diretamente relacionada com o compromisso da organização em proteger a natureza. Fotos capa: Haroldo Palo Jr. Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus): é o maior representante da família dos Psitacídeos, alcançando 1,5 metros de altura. Vive nas bordas de matas e copas de árvores, apenas nidificando em cavidades natural de uma espécie de árvore, o manduvi (Sterculia apelata). A ave está ameaçada de extinção, devido ao comércio ilegal de animais vivos e a destruição de hábitats devida a incêncios e desmatamento Pantanal Maior área alagável do planeta com maior concentração de fauna do Basil. Abrange 185 mil km2, dos quais 150 mil encontramse em território brasileiro, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do sul. Fotos internas: Gustavo Gatti e Haroldo Palo Jr. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Rua Gonçalves Dias, 225. Batel. Curitiba – Paraná – CEP 80240-340 Fone: +55 41 3340-2636 Fax: +55 41 3340-2635 e-mail: [email protected] http://www.fundacaoboticario.org.br Corpo Editorial de Natureza & Conservação COMITÊ EXECUTIVO Fundação O Boticário de Proteção à Natureza: Miguel Serediuk Milano – Editor; Maísa Guapyassú; Leide Yassuco Takahashi; Maria de Lourdes Nunes, Laurenz Pinder CONSELHO EDITORIAL Alfred Runte – Pesquisador Autônomo – EUA; Carlos Firkowski – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brasil; Cláudio Valladares Pádua - Universidade de Brasília (UNB) – Brasil; Fabio Olmos – Pesquisador Autônomo – Brasil; Fernando Fernandez - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Brasil; George Wallace – Colorado State University – EUA; Glenn Haas – Colorado State University – EUA; Gustavo Fonseca - Conservation International – EUA; Ibsen de Gusmão Câmara – Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação – Brasil; John Terborgh – Duke University – EUA; Katrina Brandon - Conservation International – EUA; Kent H. Redford – The Wildlife Conservation Society – EUA; Kenton R. Miller – World Resources Institute- EUA; Leide Yassuco Takahashi – Fundação O Boticário de Proteção à Natureza – Brasil; Marc Douroujeanni – Fudação Pro-Naturaleza – Peru; Mauro Galetti – Universidade Estadual Paulista – (UNESP-Rio Claro) – Brasil; Miguel Serediuk Milano – Fundação O Boticário de Proteção à Natureza; Patrick Tierney – San Francisco State University – EUA; Paulo Kageyama – Universidade de São Paulo (ESALQ) Brasil; Peter Grandsen Crawshaw Jr – IBAMA – Brasil; Richard Primack – Boston University - EUA COMITÊ EDITORIAL Ademir Reis – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Brasil; Adriana Maria Zalla Catojo Rodrigues Pires - Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) – Brasil; Anthony Brome Rylands - Conservation International – EUA; Antonio Solé Cava - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)– Brasil; Armando Cervi - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brasil; Carlos Peres – University of East Anglia – Reino Unido; Cristina Myiaki - Universidade de São Paulo (USP)– Brasil; Efraim Rodrigues – Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Brasil; Emygdio Leite de Araújo Monteiro Filho - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brasil; Érica P. Caramaschi - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)– Brasil; Everton Passos – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brasil; Francisco Manuel de Souza Braga - Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro) – Brasil ; Frederico Pereira Brandini – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brasil; Gunars Hauff Platais – Banco Mundial – EUA; James J. Roper – Pesquisador autônomo – EUA; Jane Maria Vasconcellos – Pesquisadora Autônoma – Brasil; Jaqueline Maria Goerck - Birdlife International do Brasil – Brasil; Jean Paul Metzger – Universidade de São Paulo (USP) – Brasil; José Salatiel Rodrigues Pires – Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) – Brasil; Letícia Peret Antunes Hardt – Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR); Luciano M. Verdade - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) – USP – Brasil; Luiz dos Anjos – Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Brasil; Luiz Carlos de Miranda Joels – Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) – Brasil; Marcos Rodrigues – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Brasil; Marcelo Tabarelli – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Brasil; Márcia Cristina Mendes Marques - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brasil; Maria Cecília Martins Kierulff – Conservation International do Brasil – Brasil; Milton Kanashiro – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) – Brasil; Paulo dos Santos Pires – Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) – Brasil; Pedro F. Develey - Birdlife International do Brasil – Brasil; Sandro Menezes Silva – Conservation International do Brasil – Brasil; Sérgio Lucena Mendes – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Brasil; Stuart Marsden – Manchester Metropolitan University – Inglaterra; Teresa Cristina Magro – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) – USP – Brasil; Virgílio Maurício Viana - Universidade de São Paulo (ESALQ)– Brasil; Wesley R. Silva Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Brasil; William E. Magnusson – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) Brasil; William Laurance – Smithsonian Tropical Research Institute - EUA Objetivos Em sintonia com sua missão de conservação da natureza, a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza publica Natureza & Conservação, que apresenta textos de caráter científico, filosófico e técnico, abordando temas relacionados à biologia da conservação, manejo de áreas naturais protegidas e ética ambiental, entre outros. Natureza & Conservação é um periódico semestral bilíngüe (português e inglês) que tem por objetivo promover discussões, disseminar idéias e apresentar resultados de pesquisas voltadas à conservação da natureza com enfoques locais, regionais, nacionais e globais. Não existem restrições com relação aos potenciais autores a serem publicados em Natureza & Conservação; no entanto, os artigos devem estar diretamente relacionados com a conservação da natureza. Envio de artigos Todas as contribuições, incluindo artigos, livros para resenha e informações para a seção de notas devem ser enviados em meio digital ao Comitê Executivo de Natureza & Conservação, preferencialmente em inglês e português, para natureza&[email protected], ou via correio para Rua Gonçalves Dias, 225. Batel, Curitiba, Paraná, 80240-340, Brasil. O Conselho Editorial se reserva o direito aceitar os artigos para a publicação, após a revisão por especialistas que compõem o Comitê Editorial da Revista. A Fundação o Boticário de Proteção à Natureza detém os direitos do material publicado. Direitos autorais Todas as informações e opiniões expressas nos artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. Os artigos aceitos se tornam copyright da Revista (© 2006 Fundação o Boticário de Proteção à Natureza). A reprodução total ou parcial dos artigos só pode ser feita citada a fonte, não sendo permitido seu uso para fins comerciais, sem autorização expressa da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Indexações e base de dados Natureza & Conservação está nos seguintes indexadores: Periodica CABI International Latindex Qualis B na área de Ciências Agrárias da CAPES. Qualis B na área de Ecologia e Meio Ambiente da CAPES. Qualis B na área de Conhecimento Multidisciplinar da CAPES. 9 Alguns comentários sobre Lei de Gestão de Florestas Públicas Ibsen de Gusmão Câmara Ponto de Vista 11 24 Como lidar com a regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas Jean Paul Metzger Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Artigos Técnico-Científicos 50 67 77 Estimativa de perda de cobertura vegetal original na Bacia do alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo – Sandro Menezes Silva Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal matogrossense Antônio dos Santos Júniior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando lara R. de Almeida Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná Carlos Hugo Rocha Resenha 100 “Não verás país nenhum” Por Ana Cristina Suzina 102 Valuing Ecosystems Services: Toward Better Environmental Decision-Making Por Ricardo Y. Tsukamoto 104 Agenda 106 Instruções Gerais para Autores Reflections 123 Some comments about the public forest management law Ibsen de Gusmão Câmara Point of View 125 How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger 138 Comparative study between the global, national and state list of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Technical – Scientific Articles 164 Estimated loss of natural cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo – Sandro Menezes Silva 180 Appraisal of the age of the trees used as nests by Hyacinth Macaw in the Pantanal, Mato Grosso Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando lara R. de Almeida 189 Selection of Priority Areas for Consevation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha Book Reivew 212 “Não verás país nenhum” (You Won’t See Any Contry) By Ana Cristina Suzina 214 Valuing Ecosystems Services: Toward Better Environmental Decision-Making By Ricardo Y. Tsukamoto 216 Datebook 218 General guidelines to contribuitors Sumário / Contents Reflexões Editorial sonhados como uma solução ambiental planetária ou, no mínimo, uma consistente alternativa à queima de combustíveis fósseis que é a principal vilã dos câmbios climáticos que já nos afetam, tendem mais para pesadelo ambiental. Afinal, no Brasil, já constituem a nova grande justificativa para mais destruição dos ecossistemas naturais, além de severa preocupação quanto à forma em geral ineficiente de gestão dos empreendimentos industriais associados. A tendência de expansão das monoculturas do chamado agronegócio, portanto, não apenas continua como ganha força. Dominando as paisagens antes ricas em biodiversidade paira a sombra funesta da expansão dos cultivos de soja, milho, cana-de-açúcar e mamona, além da pecuária de exportação. Enfim, os negócios associados aos biocombustíveis e a exportação de carnes, considerados a nova panacéia para todos os males do Brasil e efetivados sem quaisquer planos consistentes e medidas efetivas para mitigação dos seus impactos, tendem a empurrar o País ainda mais à pobre condição de produtor e exportador de comodities e os custos de todas as externalidades ambientais decorrentes. Repete-se, portanto, o modelo consagrado desde a época das capitanias hereditárias do Brasil Colônia – aliás, alguns estados continuam com seus donatários, que prosseguem jogando os dados no jogo do poder estadual. Caro leitor Chegando junto com o resultado das eleições no Brasil, o oitavo número de Natureza & Conservação traz consigo a constatação de que a já bem conhecida orientação política desenvolvimentista, de crescimento econômico a qualquer custo, vai continuar dominar o cotidiano brasileiro. Do executivo federal aos executivos estaduais, sem quaisquer exceções dignas de menção, podemos esperar tudo pelo social e o econômico de curto prazo. Não há, também, quaisquer novidades minimamente otimistas no âmbito legislativo, quer no nível federal ou das assembléias legislativas estaduais. Não obstante a profusão de relatórios técnicos, artigos científicos, livros e toda sorte de material alertando para a proximidade de uma crise ambiental de proporções planetárias e sem antecedentes desde a existência da espécie humana, constata-se com tristeza que a conservação da natureza continua fora das prioridades e sendo considerada apenas sob um “discurso equivocado” de uma minoria. Não é muito diferente a forma de encarar o planejamento e a gestão ambiental de empreendimentos públicos e privados, quer no âmbito dos processos envolvidos como das opções locacionais. Continuará a sobrecarga sobre a biodiversidade e os ecossistemas brasileiros, que têm arcado com os ônus das tentativas inconsistentes de resolver os problemas sociais e econômicos do País. Enfim, a ameaça a todos os ecossistemas continua, e vai se tornando maior na medida em que se solidifica e ganha corpo a falsa idéia de um desenvolvimento perene sustentado pela natureza, num processo absurdo que qualquer raciocínio econômico derrubaria em meio parágrafo caso se tratasse de um empreendimento tradicional: um “desenvolvimento” cuja base de funcionamento é a dilapidação do capital que deve mantê-lo. Dentre os ecossistemas que mais vêm sofrendo pressão é o Pantanal Brasileiro – e na maioria das vezes uma pressão subreptícia, escondida na idéia que parece gravada a fogo na mente de cada brasileiro: a idéia de “berço esplêndido” e de maravilha da natureza. Quem conheceu o Pantanal há muito tempo e o vê hoje sabe Os biocombustíveis (etanol e biodiesel), Editorial 6 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 6-8 Editorial que muita coisa mudou. E mudou para pior, embora cada vez mais seja destino de uma multidão crescente de turistas, algo explicável porque outros destinos ainda estão mais para pior. para dar lugar ao pasto para o gado e à soja. As carvoarias vêm transformando em carvão suas árvores e arbustos. Indústrias vêm se instalando, planos de expansão hidroviária e de gasodutos vêm acontecendo sem preocupações do Estado que não sejam meramente burocráticas ou pró-forma quanto aos efeitos sobre os sistemas ecológicos que são os responsáveis pelo Pantanal ser o que é, ou o que já foi um dia. As pressões da economia globalizada associadas à falta de adequado planejamento, de fiscalização, de integração entre as diversas instâncias do poder público vêm se fazendo sentir na região, de características naturais ímpares e elevada fragilidade, dada à complexidade de relações ecológicas que mantém os ecossistemas locais funcionando. Quem me lê deve estar com uma sensação de déjá-vu: “nossa, já li isso em algum lugar”. E com certeza já leu algo bem parecido relacionado à Floresta Atlântica, hoje restrita a quase nada do que já foi; em relação à Floresta com Araucárias da qual só restam mortos-vivos, tristes lembranças de um ecossistema condenado ao desaparecimento; ao Cerrado, cada vez mais transformado em grandes monoculturas; à Caatinga, centenariamente explorada, espoliada e depreciada; à Floresta Amazônica, para a qual o governo celebra a redução de cerca de cinqüenta por cento na taxa anual de desmatamento em relação ao ano anterior, celebração que significa apenas que reduzimos a velocidade do seu fim, em vez do fim da destruição. A estes biomas símbolos da identidade nacional, uns destruídos outros ameaçados de tanto, somase agora o Pantanal. Este número de Natureza & Conservação traz dois artigos que falam do Pantanal, ambos trazendo informações que nos fazem pensar. Um deles, de Mônica Harris e colaboradores, fala do desmatamento do Pantanal e das perspectivas de sua conservação diante do quadro ali instalado: muda-se o sistema de criação de gado, explora-se carvão, autorizase oficialmente o desmatamento, que nos 87 municípios que compõem a Bacia do Alto Paraguai já destruiu mais da metade da vegetação original em 59 deles, mais de 80 % em outros 22, e mais de 90% em outros 19 municípios. O outro artigo, de Antônio dos Santos Jr. e colaboradores, que se apresenta sob um título que parece interessar apenas a quem estuda aves ou árvores (“Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal mato-grossense”) fecha o zoom em uma situação que descreve o aumento da ameaça a uma ave em perigo, que tem como causas os mesmos problemas apontados no primeiro artigo citado: a modificação acelerada de hábitats numa região com ritmo e ciclos próprios. Esse artigo traz também números que nos fazem pensar: para serem usadas como ninho das araras, os manduvis devem ter, no mínimo, 60 anos de idade. Como é analisar esse fato à luz de desmatamento crescente? Será que os manduvis jovens serão longevos o suficiente para ter cavidades-ninho para as araras azuis? E todas as demais espécies que fazem parte do bioma Pantanal, aonde vão se abrigar, se alimentar, cumprir suas funções ecológicas? O que vai ser daquele patrimônio único, que deveria ser de todos os brasileiros, mas que está sendo dilapidado Quando se fala em Pantanal se pensa em regime de seca e de cheias, num pulsar das águas que rege a vida no local. Ignorar esse pulsar é condenar o ecossistema à morte. Abrangendo cerca de 40% da Bacia do Alto Paraguai e ocupando cerca de 140.000 Km2 em território brasileiro, onde tem sua maior expressão, a planície pantaneira se estende pelos Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, e depende de um regime hídrico e de cuidados com o uso da terra que transcende seus limites perceptíveis. As águas que alimentam a “terra das águas” vêm das terras altas que as circundam, das cordilheiras que estão perdendo sua cobertura vegetal nativa Editorial 7 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 6-8 Editorial por alguns que receberam – ou não – licença para isso? É também sobre paisagens fragmentadas o artigo de Carlos Hugo Rocha, que apresenta um referencial metodológico para seleção de áreas prioritárias para a conservação da natureza em paisagens fragmentadas típicas do Brasil meridional, que com os devidos ajustes, pode ser utilizado para outras paisagens. O autor sugere uma série de indicadores ecológicos, que podem ser confrontados com dados de biodiversidade já conhecidos para a região onde se desenvolver o estudo, permitindo ajustes e dando mais robustez ao modelo. E já que a questão da dilapidação do patrimônio público, ou comum, veio à tona, vale falar do artigo de reflexão apresentado pelo sempre lúcido Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, que analisa breve e contundentemente, com uma racionalidade irrefutável, a Lei de Gestão de Florestas Públicas. Quando se pensava que já se viu tudo em termos de arcabouço burocrático-legal para autorizar a dilapidação do patrimônio natural vem mais uma lei que não só “normatiza” a destruição como, de quebra, cria um novo órgão público que já vem com 49 cargos de DAS, sobrepõe atribuições com outros já existentes e é mais um ingrediente na grande sopa de descalabro que é a administração pública brasileira – e com todas as conseqüências nefastas ao erário público e ao patrimônio natural do país. Mesclando reflexão, discussão e ciência o oitavo número de Natureza & Conservação chega às mãos do leitor. Fruto de muito trabalho e muita dedicação da equipe da revista, de seus revisores voluntários, dos membros de seu Conselho Editorial, e claro, daqueles que submeteram artigos para a publicação. E é com todas essas pessoas e com você, leitor, que dividimos a alegria de anunciar que o nosso periódico recebeu a indexação Qualis B para a área de Ecologia e Meio Ambiente da Capes. O artigo de Frederico Rodrigues e Miguel Ângelo Marini trata do patrimônio ornitológico do país. Ao comparar as listas de espécies ameaçadas de aves elaboradas pela IUCN, pelo Ibama e por alguns estados brasileiros, os autores mostram as discrepâncias entre elas, devidas principalmente à falta de co-nhecimento sobre diversas espécies, à falta de uniformização de critérios de classificação e à pouca difusão do conhecimento disponível sobre a ornitologia brasileira fora do país. Por sinal, vale destacar que esta consideração vem bem ao encontro dos próprios objetivos de Natureza & Conservação, entre os quais a difusão nacional e internacional do conhecimento científico gerado no Brasil. Criada e editada fora dos meios acadêmicos tradicionais, com apenas quatro anos de existência, mas com publicação regular além de artigos de qualidade, Natureza & Conservação é Qualis B para Ecologia e Meio Ambiente, é Qualis B para Ciências Agrárias, está indexada no LatinIndex, CAB International e Periodica. Isso só nos estimula a trabalhar pela divulgação de conhecimento sério e de qualidade, que pode tornar possível a conservação da natureza, patrimônio de todos os seres vivos que coabitam neste planeta. Boa leitura! Miguel Serediuk Milano Presidente do Conselho Editorial E em se tratando de conhecimento científico, Jean Paul Metzger nos traz uma contribuição teórica de valor em seu artigo de opinião que aborda possibilidades para diagnóstico rápido das condições mínimas necessárias para manutenção da biodiversidade em paisagens fragmentadas, estas hoje em dia uma característica dominante das paisagens no planeta face à ação do homem. Editorial 8 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 6-8 Alguns comentários sobre a Lei de Gestão de Florestas Públicas Ibsen de Gusmão Câmara1 Em março de 2006, foi sancionada a Lei Nº 11.284, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável, institui o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FBDF), além de estabelecer: uma Comissão de Gestão de Florestas Públicas, como órgão consultivo do Ministério do Meio Ambiente; um Conselho Diretor para dirigir o SFB; e um Conselho Consultivo destinado a opinar sobre a distribuição dos recursos do FNDF e avaliar sua aplicação. Superior (DAS), que provavelmente irá gerar superposição de atribuições e conflitos de competência com órgãos já existentes, particularmente com o SISNAMA e, especialmente, o IBAMA. Sempre foi motivo de polêmicas a exploração efetivamente sustentável de florestas tropicais, devido à enorme diversidade das espécies nelas existentes, à complexidade de seu inter-relacionamento e ao desconhecimento prevalecente dos processos ecológicos que regem tais ecossistemas altamente diversificados. Uma floresta tropical explorada comercialmente poderá se recompor, mas nada garante que sua composição florística e faunística voltará a ser idêntica à original. A nova Lei conceitua “florestas públicas” como sendo “aquelas, naturais ou plantadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da administração indireta” (Art. 3º). Inclui, portanto, diversas categorias de unidades de conservação hoje geridas pelo IBAMA e por distintos órgãos ambientais estaduais e municipais. O manejo sustentável das espécies de interesse comercial não pode deixar de considerar as demais. Como não se conhecem satisfatoriamente as interações de todo o conjunto – polinização, dispersão de sementes, cadeias tróficas, predação, dependências mútuas etc – poder-se-á estar afetando seriamente a biodiversidade se as espécies não comercializadas não forem consideradas e monitoradas. A experiência tem mostrado que, via de regra, a exploração de determinadas espécies causa grande destruição de outras, devido à abertura de estradas, movimentação de troncos, quedas de árvores e compactação do solo. A Lei é extremamente complexa, contendo nada menos que 86 artigos, com numerosos parágrafos e incisos, e criará inevitavelmente uma imensa burocracia para seu cumprimento, se é que ela venha a se mostrar realmente exeqüível. O Serviço Florestal Brasileiro terá uma estrutura burocrática pesada, com 49 novos cargos de Direção e Assessoramento 1 A Lei conceitua “manejo florestal” como sendo a “administração da floresta para [email protected] Reflexões 9 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 9-10 Reflexões Alguns comentários sobre a Lei de Gestão de Florestas Públicas Ibsen de Gusmão Câmara obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal” (Art. 3º). Mas, como se pretende respeitar os “mecanismos de sustentação do ecossistema” se não se conhecem suficientemente as relações ecológicas existentes no ecossistema e, mesmo, muitas das espécies que o compõem? haverá a fazer sobre os possíveis danos produzidos e constatados após o período de exploração. Em suma, a lei parece ser uma tentativa do Poder Público passar à iniciativa privada as obrigações que lhe cabem e que ele não tem demonstrado capacidade de cumprir, sem que a complicada estrutura burocrática imaginada nos dê real garantia de que tal objetivo será alcançado. É vedada pela nova Lei a outorga de acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento, bioprospecção e constituição de coleções (Art. 16). Essa proibição revela obviamente uma preocupação com possíveis atos de biopirataria, mas obstaculiza o aumento do conhecimento das florestas em exploração, especialmente no que se relaciona com pesquisa e constituição de coleções, imprescindíveis para um melhor conhecimento da composição e da dinâmica dos ecossistemas que as compõem. O poder público tem demonstrado sempre uma grande incapacidade de fiscalizar e controlar o uso abusivo das florestas brasileiras, largamente submetidas a exploração ilegal, incêndios e desmatamentos. Com que estruturas e meios se pretende então fiscalizar com eficácia a exploração das concessões que forem outorgadas para exploração comercial das florestas? A duração dos contratos e instrumentos similares ficou limitada a dez anos, no caso das florestas nacionais, estaduais e municipais (Art. 5º), e entre cinco e 20 anos para as demais florestas públicas (Art. 35). Esses prazos são demasiadamente curtos para que se possa bem avaliar os efeitos da exploração comercial da floresta e seu grau de efetiva sustentabilidade, especialmente aqueles que exijam prazos muito longos para ser verificados – uma árvore pode levar décadas para atingir a maturidade e no curto período de cinco a 20 anos a recomposição da floresta poderá não ser bem avaliada. Findo o contrato, nada mais Reflexões 10 Natureza & Conservação - vol. 43 - nº2 - Outubro 2006 2005 - pp. 8-16 9-10 Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas1 Jean Paul Metzger, PhD1 • Departamento de Ecologia - Instituto de Biociências – Universidade de São Paulo RESUMO Muitas das regras propostas para a conservação de espécies em paisagens fragmentadas são difíceis de serem colocadas em prática por gestores ambientais. Isto inclui adotar uma abordagem de múltiplas espécies guarda-chuva, que permitiria perceber a paisagem a partir do ponto de vista e da escala das espécies, considerando todo o mosaico, incluindo a permeabilidade da matriz, e identificando os fragmentos e conexões–chave. No presente texto, sugiro uma abordagem para considerar essas questões sem que se tenha um conhecimento biológico detalhado de um número grande de espécies. Essa se baseia em uma abordagem de múltiplas espécies guarda-chuva modificada, onde a escolha de espécies guarda-chuva (ou seja, aquelas que têm demandas ambientais maiores do que as demais espécies) é realizada por grupos funcionais. A eficácia das espécies como guarda-chuvas deve ser testada primeiro, usando dados de áreas previamente bem estudadas. Uma vez escolhidas as espécies, a abordagem proposta deve inserir algumas características biológicas das espécies em índices estruturais da paisagem (que são então chamados “índices de paisagens ecologicamente calibrados”). Para estimar a permeabilidade da matriz, poderiam ser usadas similaridades estruturais e de composição de hábitats com as unidades inter-hábitat da matriz. Finalmente, a teoria dos grafos (aplicada em diferentes campos científicos para descrever a intensidade dos fluxos de informações nas redes) pode ser útil para verificar as condições necessárias para a manutenção de espécies guarda-chuva. Esta abordagem facilitaria a aplicação de regras não tão óbvias de conservação e parece ser uma boa opção para um diagnóstico rápido das condições mínimas necessárias para manter a biodiversidade em paisagens fragmentadas. Palavras Chave: Paisagens fragmentadas, conservação da biodiversidade, espécies guarda-chuva, índices de paisagem, matriz inter-hábitat.. desse hábitat (especialmente nas suas bordas), e ao isolamento de pequenas populações nos fragmentos, tornando-as crescentemente suscetíveis a mudanças ambientais ou a variações demográficas (Fahrig, 2003). Em vista das taxas de desmatamento e fragmentação alarmantes em zonas tropicais (Laurance et al., 2001; Achard et al., 2002), a INTRODUÇÃO A perda e fragmentação dos hábitats naturais são consideradas como as principais causas da extinção de espécies, devido à redução da área de hábitat disponível, à perturbação 1 [email protected] Ponto de Vista 11 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Ponto de vista Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas Jean Paul Metzger conservação da biodiversidade em paisagens tropicais fragmentadas tornou-se uma das principais preocupações da Biologia da Conservação. mentos grandes deveriam ser conservados mantendo-os conectados por meio de corredores amplos (Fischer et al., 2006). Mesmo sem o conhecimento do tamanho necessário para que um fragmento preserve a totalidade da biodiversidade ou os requisitos mínimos de largura para que um corredor realize sua função de facilitar o fluxo biológico (se, de fato, ele funcionar desse modo), essas questões são geralmente lidadas caso a caso, usando o “senso comum”: é necessário sempre preservar os fragmentos maiores e os corredores mais amplos da paisagem (não obstante, nem sempre o senso comum é uma boa estratégia para conservação, ver FIGURA 1). Inúmeras teorias e abordagens têm sido usadas na tentativa de compreender as paisagens fragmentadas. A Teoria da Biogeografia de Ilhas (MacArthur & Wilson, 1967) imprimiu, durante um tempo considerável, uma visão baseada na riqueza da comunidade, controlada pela área e pelo isolamento dos fragmentos de hábitat a uma fonte estável de espécies, de modo similar às ilhas oceânicas. Logo depois, com base principalmente na teoria das metapopulações (Hanski & Gilpin, 1997), e nas análises de viabilidade genética e de populações (Young & Clarke, 2000), a ênfase mudou de comunidades para populações, de fragmentos para redes de fragmentos conectados por fluxos biológicos. A manutenção de uma espécie em uma paisagem fragmentada é então vista como o equilíbrio entre o processo de extinção local, que depende basicamente da área e da qualidade do hábitat, e as possibilidades de recolonização, que dependem da conectividade dos fragmentos, ou seja, da capacidade desses fragmentos de receberem fluxos biológicos de fragmentos vizinhos (Moilanen & Hanski, 2001). Mais recentemente, a ecologia de paisagens colocou as redes de hábitat em um contexto mais realista, formado por uma matriz heterogênea composta por uma variedade de unidades de paisagem modificadas ou introduzidas (e.g., áreas agrícolas e urbanas, rodovias, florestas). Desta maneira, é dada uma ênfase maior na noção de conectividade da paisagem, isto é na capacidade da paisagem como um todo de facilitar os fluxos biológicos (Tischendorf & Fahrig, 2001), reconhecendo que todas as unidades têm influência sobre esses fluxos. Figura 1. Exemplo de uma paisagem com sete fragmentos agindo como hábitat potencial para dezoito grupos funcionais de espécies com características biológicas diferentes (Tabela 1). O fragmento F é o único a apresentar hábitat para espécies especializadas. Uma combinação dos grupos de espécies 6 e 11 tem um potencial adequado para uma abordagem de múltiplas espécies guarda-chuva. Essas diferentes abordagens e teorias propiciam a formulação de uma grande variedade de regras básicas de conservação (IUCN, 1980; Forman & Collinge, 1997; Haila, 2002). Muitas dessas regras são relativamente óbvias e simples de serem colocadas em prática por gestores ambientais. Por exemplo, frag- Ponto de Vista Essa figura mostra que: i) nem sempre as regras óbvias são as melhores: a conservação dos fragmentos maiores não permite a conservação de todos os grupos funcionais; ii) 12 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas grupos funcionais excessivamente exigentes tais como os grupos 1, 3 e 5 (que estão ausentes na paisagem) não são guarda-chuvas adequados para esta paisagem; iii) uma única espécie guarda-chuva pode não ser suficiente para indicar todos os fragmentos necessários para a manutenção de todos os grupos funcionais: seria necessário adotar uma abordagem de múltiplas espécies guarda-chuva (no presente caso, usando os grupos de espécies 6 e 11); iv) as espécies guardachuva dos grupos 6 e 11 têm uma combinação de diferentes características (principalmente, grandes requisitos de área e baixa capacidade de dispersão - no caso do grupo 6, e especialização de microhábitat com baixa capacidade de dispersão e requisito de área média - no caso do grupo 11); v) os dois “grupos funcionais guarda-chuva” estão relacionados com uma maior riqueza, porém representam diferentes grupos de espécies. Desse modo, se a eficácia das espécies guarda-chuva foi confirmada em um teste anterior, a presença daquelas espécies pode ser usada como uma primeira indicação da riqueza da espécie. Biologia da Conservação é com a manutenção da biodiversidade como um todo, incluindo todas as espécies de uma região, suas interações, e a diversidade de hábitats nos quais elas estão presentes. Qualquer estudo ecológico, seja ele mais focado nos processos do ecossistema ou na estrutura e riqueza de uma comunidade, sempre cobrirá uma pequena parcela dessa biodiversidade. Provavelmente, um dos principais desafios para a conservação da biodiversidade será extrapolar o conhecimento adquirido de umas poucas espécies ou processos para um sistema complexo de múltiplas espécies. Para maior eficácia dos planos de conservação da biodiversidade, este conhecimento parcial precisa representar, de algum modo, todo o sistema. Para assim fazê-lo, várias estratégias de conservação são baseadas no estudo de espécies representativas, que representam as respostas de várias outras espécies, ou no estudo de grupos funcionais, i.e, grupos formados pelas espécies que têm os mesmos requisitos biológicos, e desse modo respondem à fragmentação de modo similar. Por outro lado, algumas sugestões para conservação não são tão obviamente compreendidas nem facilmente postas em prática, tais como: i) adotar uma abordagem de múltiplas espécies guarda-chuva; ii) perceber a paisagem a partir do ponto de vista e da escala de espécies; iii) considerar todo o mosaico, incluindo a permeabilidade da matriz; iv) identificar os fragmentos e conexões-chave. Adquirir um maior conhecimento das respostas à fragmentação é uma questão complexa que requer dados biológicos detalhados sobre vários tópicos, tais como demografia, capacidade de dispersão, interações entre espécies, preferências alimentares e ambientais. Desse modo, têm sido adotados como atalho os estudos sobre um grupo seleto de espécies. O conhecimento detalhado desse reduzido número de espécies deveria permitir inferir as respostas das outras espécies. Tendo isso em mente, a abordagem de múltiplas espécies guarda-chuva (Lambeck, 1997) tem sido recorrente em muitos trabalhos. No presente texto, eu discutirei essas sugestões e proporei um possível modo de facilitar o uso dessas regras, por meio da adoção de uma abordagem modificada de múltiplas espécies guarda-chuva. As espécies guarda-chuva são definidas como aquelas que têm maiores demandas ambientais do que qualquer outra, de tal modo que fornecendo as condições para a manutenção daquelas espécies seria possível manter as demais. Esses requisitos podem ser de diferentes naturezas: necessidade de grandes áreas, de proximidade entre os remanescentes de hábi- COMO ESCOLHER UM GRUPO DE ESPÉCIES GUARDA-CHUVA? É bem conhecido que cada espécie responde à fragmentação de seu hábitat de formas diferentes, dependendo de suas características biológicas (tais como tamanho e história de vida). Não obstante, a principal preocupação na Ponto de Vista 13 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Jean Paul Metzger tat, devido às limitadas capacidades de dispersão e requerimentos específicos de microhábitat, por exemplo. Para cada um desses requisitos, é possível definir um gradiente de demanda, sendo as espécies guarda-chuva as mais exigentes. A idéia por trás das múltiplas espécies guarda-chuva é então selecionar um grupo de espécies altamente exigentes, com diferentes requisitos ecológicos (Lambeck, 1997). Um estudo detalhado dessas espécies nos permitiria compreender as condições mínimas necessárias para sua persistência, e teoricamente, para todas as outras espécies menos exigentes (FIGURA 1). Tais condições podem servir como guia para os planos de conservação. do-se uma única característica biológica (demandas por área, especialização de microhábitat etc.). Porém, Henle et al. (2004), em uma análise sobre as variáveis de sensibilidade das espécies à fragmentação, mostrou claramente que os parâmetros demográficos (tamanho e dinâmica da população, poder de dispersão, potencial reprodutivo, sociabilidade), características ecológicas intrínsecas (tamanho do corpo, especialização de microhábitat, posição trófica, interação com outras espécies) ou as características biogeográficas (raridade natural, localização biogeográfica e histórico de fragmentação), quando considerados individualmente, não são boas variáveis de sensibilidade à fragmentação do hábitat. Em geral, isto depende da interação de diferentes fatores. Por exemplo, uma espécie especializada pode ser considerada mais sensível, porém esta especialização pode ser compensada pela grande capacidade de dispersão (como no grupo 7 na FIGURA 1, TABELA 1). Os grandes felinos neotropicais, por exemplo, A abordagem proposta por Lambeck (1997) apresenta três dificuldades práticas principais (ver outras limitações em Lindenmayer et al., 2002). Primeiro, ele considerou que a sensibilidade das espécies a perturbações poderia ser inferida, de modo geral, utilizan- TABELA 1. Potencial de grupos funcionais para agir como guarda-chuva, de acordo com seu requerimento de área, capacidade de dispersão e especialização de microhábitat. Os parâmetros biológicos que são usados para definir os Grupos Funcionais deveriam ser escolhidos de acordo com os principais processos de ameaça conhecidos, que variam de uma paisagem para a outra Grupo funcional Símbolo Requerimento de área Capacidade de dispersão Especialização de microhábitat Potencial de guarda-chuva 1 Alto Alto Alto Intermediário 2 Alto Alto Baixo Intermediário 3 Alto Médio Alto Muito Alto 4 Alto Médio Baixo Intermediário 5 Alto Baixo Alto Muito Alto 6 Alto Baixo Baixo Intermediário Continua Ponto de Vista 14 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas Continuação da Tabela 1 Grupo funcional Símbolo Requerimento de área Capacidade de dispersão Especialização de microhábitat Potencial de guarda-chuva 7 Médio Alto Alto Intermediário 8 Médio Alto Baixo Baixo 9 Médio Médio Alto Intermediário 10 Médio Médio Baixo Baixo 11 Médio Baixo Alto Intermediário 12 Médio Baixo Baixo Intermediário 13 Baixo Alto Alo Baixo 14 Baixo Alto Baixo Baixo 15 Baixo Médio Alto Intermediário 16 Baixo Médio Baixo Baixo 17 Baixo Baixo Alto Intermediário 18 Baixo Baixo Baixo Baixo Assim, é difícil definir a sensibilidade usando um único parâmetro (Fleishman et al., 2000), como proposto por Lambeck (1997). costumam ser considerados espécies guardachuva já que eles requerem grandes áreas de hábitat. No entanto, além de terem uma grande capacidade de dispersão, muitas dessas espécies parecem tolerar ou cruzar ambientes alterados com facilidade (veja grupo 2). Uma vez mais, essa capacidade de se dispersar pelas matrizes dominadas pelo homem pode compensar a grande demanda por áreas. Ponto de Vista Ao invés de escolher uma espécie guardachuva para cada requisito ecológico, eu sugiro definir as potenciais espécies guardachuva usando um conjunto de características biológicas. Nesse caso, pode ser útil o con- 15 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Jean Paul Metzger ceito de grupo funcional aplicado à fragmentação. Esses grupos podem ser definidos pela análise de diferentes características biológicas, variando de acordo com a paisagem, como mostrado de forma simplificada nos exemplos da FIGURA 1 e da TABELA 1. Assim, é possível identificar grupos de maior ou menor sensibilidade à fragmentação. A estratégia de múltiplas espécies guarda-chuva pode então ser a de escolher espécies de grupos funcionais potencialmente mais sensíveis à fragmentação. da-chuva para esta região. Testar a eficácia de uma espécie guarda-chuva é um passo essencial para o sucesso dessa abordagem. A terceira limitação da abordagem de Lambeck está na escolha de espécies adequadas ao grau de fragmentação do hábitat na paisagem estudada. Não vale a pena usar uma espécie excessivamente exigente se o grau de degradação ambiental estiver muito avançado (ver os grupos 3 e 5, FIGURA 1). Ou, inversamente, seria de pouca utilidade trabalhar com espécies guarda-chuva não-exigentes, se a paisagem comportar uma espécie mais exigente (e.g., espécies do grupo 11). Ao escolher o grupo de espécies guarda-chuva, é importante lembrar que há um gradiente de demandas ambientais. Sugiro que a escolha de um limiar de demandas deva ser feita de acordo com a meta de conservação a ser alcançada, que por sua vez dependerá do grau de fragmentação. Desse modo, em muitas paisagens perturbadas seria, a princípio, melhor trabalhar com espécies guarda-chuva não excessivamente exigentes (uma espécie “sombrinha”, tal como o grupo 10), embora sob condições mais favoráveis seja possível escolher espécies altamente exigentes (uma espécie “guarda-sol”, tal como o grupo 5). A eficácia das ações de conservação baseadas nessa abordagem dependerá da escolha certa das espécies guarda-chuva. Uma segunda limitação da abordagem de Lambeck relaciona-se à dificuldade de selecionar espécies guarda-chuva. Em termos estatísticos, é uma tarefa simples testar se a presença de uma determinada espécie permite inferir com precisão a presença de outras espécies ou a riqueza de uma comunidade (Chase et al., 2000; Fleishman et al., 2001; Mac Nally & Fleishman, 2002). A dificuldade relaciona-se à falta de dados necessários (Lindenmayer et al., 2002), ou à incapacidade de uma espécie guarda-chuva em particular servir como indicadora da presença de outras espécies. Por exemplo, Rubinoff (2001) mostrou que uma espécie considerada guarda-chuva para vertebrados (a ave Polioptila californica, Muscicapidae) não serve como guarda-chuva para invertebrados (no caso de três espécies de borboletas), o que limita grandemente o uso dessa espécie como guarda-chuva. Acredito que esteja claro que o teste sobre a eficácia das espécies guarda-chuva deveria considerar uma variedade de espécies mais ampla e não continuar restrito a pequenos grupos de espécies que pertençam ao mesmo grupo taxonômico. Esse teste deve ser realizado usando os bancos de dados de projetos onde tenha sido feito um censo biológico intensivo das diferentes comunidades em ecossistemas ou paisagens similares àqueles que se considera para conservação. Por exemplo, o Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais possui o maior banco de dados biológicos sobre a Amazônia Central Brasileira (Laurance & Bierregaard, 1997; Bierregaard et al., 2001), permitindo que se realize a escolha e o teste de espécies guar- Ponto de Vista COMO VER A PAISAGEM DO PONTO DE VISTA DAS ESPÉCIES? Para entender o que determina a persistência de uma espécie em uma paisagem fragmentada seria necessário compreender como a estrutura da paisagem é percebida pela espécie (FIGURA 2), e então associar essa estrutura aos principais processos que agem na sua extinção e dispersão. Assim, ao invés de definir a paisagem conforme critérios humanos, e de forma indistinta para todas as espécies do hábitat (usando métricas de paisagem sem qualquer base biológica), é necessário compreender a paisagem através dos “olhos” da espécie estudada (as espécies guarda-chuva definidas acima). 16 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas Isto significa ser capaz de perceber a estrutura da paisagem e captar sua função para aquela espécie em particular. Os componentes estruturais da paisagem (fragmentos, corredores e matrizes) devem ser definidos de acordo com seu uso (e.g., alimentação, abrigo ou procriação) e/ou sua integridade como hábitat. A escala apropriada para análises de paisagens, em termos de extensão e resolução espacial, depende também das características da espécie. Assim, a extensão da paisagem deveria ser definida de acordo com a capacidade de dispersão da espécie: quanto maior a capacidade de dispersão, maior será a extensão da paisagem que possivelmente poderá influenciar a manutenção dessa espécie (Pearson, 1993; Metzger, 2000; Steffan-Dewenter et al., 2002). Em termos funcionais, seria necessário compreender como cada elemento da paisagem influencia a persistência da espécie, particularmente conhecendo os fatores locais principais que levam à extinção (tamanho e qualidade do fragmento), a capacidade dos corredores em facilitar a movimentação (Uezu et al., 2005), os efeitos de barreira das estradas (Forman & Alexander, 1998), e a importância das matrizes como hábitats secundários (Antongiovanni & Metzger, 2005), fontes de espécies predadoras, parasitas, ou filtros para os fluxos biológicos. Esse conhecimento detalhado pode ser obtido somente após pesquisas intensivas e para um pequeno número de espécies, e muitas vezes nem mesmo essas informações estão disponíveis para os gestores ambientais. Como alguém poderia ter sucesso na obtenção de uma coleta mínima de dados que permita uma aproximação da percepção do espaço pela espécie em questão? Espécie 14 Espécie 4 Espécie 9 Acredito que uma boa alternativa poderia ser o uso de índices de paisagem ecologicamente calibrados (Vos et al., 2001). Considerando que a resposta da espécie à fragmentação difere com a paisagem, e que esta é percebida de forma diferente dependendo da espécie, esses autores propõem avaliar a estrutura de uma paisagem fragmentada usando métricas que combinem as características das espécies e Figura 2. Três diferentes pontos de vista da mesma paisagem, de acordo com os grupos de espécies 2, 9 e 14 (ver Tabela 1). Esta paisagem apresenta sete fragmentos (“nós”, na teoria dos grafos). As conexões biológicas potenciais são representadas por linhas (“bordas”); a capacidade de carga ou a qualidade do hábitat é representada pela densidade de pontos; o número de símbolos de grupos funcionais representa sua abundância. Ponto de Vista 17 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Jean Paul Metzger das paisagens. Desse modo, ao invés de considerar somente a área do fragmento, seria melhor levar em conta a relação entre a área do remanescente e o requerimento espacial da espécie, de modo a avaliar a capacidade de suporte da espécie naquele fragmento. Do mesmo modo, a conectividade de um determinado fragmento pode ser avaliada considerando-se as distâncias aos fragmentos vizinhos (característica da paisagem) bem como um parâmetro que pondere a contribuição dos fragmentos vizinhos de acordo com a capacidade de dispersão da espécie (característica específica da espécie). Assim, é possível ter uma primeira idéia de percepção da espécie sobre o modo como a capacidade de suporte e a conectividade do fragmento estão influenciando os riscos de extinção e as possibilidades de colonização, dois dos processos principais que atuam sobre a persistência das espécies em paisagens fragmentadas. fragmentos são cada vez mais vistos não como análogos a ilhas, mas pelo contrário, como remanescentes de hábitat imersos em tipos diferenciados de hábitats circundantes (Wiens, 1995). Uma matriz inter-hábitats pode agir modificando as taxas de dispersão e colonização (Stouffer & Bierregaard, 1995); propiciar hábitats secundários para as espécies focais ou para as espécies generalistas (Antongiovanni & Metzger, 2005); oferecer ambiente para invasores, sendo assim fonte de perturbações (Cantrell et al., 2001); e determinar a severidade do efeito de borda (Mesquita et al., 1999). Os efeitos da matriz são tão claros que a vulnerabilidade à fragmentação foi inversamente relacionada à capacidade das espécies em usar a matriz (Gascon et al., 1999). Esses autores observaram essa relação com a abundância de pássaros, mamíferos e sapos em matrizes e fragmentos na Amazônia Central Brasileira (norte de Manaus), confirmando que a matriz pode afetar a resposta à fragmentação. Uma maior permeabilidade da matriz aos fluxos biológicos pode atenuar os efeitos da fragmentação, e servir como uma alternativa de manejo para aumentar a conectividade da paisagem. A substituição de índices estruturais da paisagem, puramente descritivos e espaciais, por índices que considerem a escala ecológica das espécies pode ser um passo essencial para a compreensão da paisagem considerando a percepção da espécie em foco. COMO CONSIDERAR TODA A PAISAGEM, INCLUINDO A MATRIZ? Os estudos sobre fragmentação devem, então, considerar essa permeabilidade e assim seriam necessários dados sobre a abundância das espécies e usos (e.g., hábitat secundário, área de passagem ou de alimentação) que elas fazem das diferentes matrizes. Porém, muitas vezes esse tipo de dado não está disponível para planejadores ambientais e há poucas oportunidades de obtê-los em um curto período de tempo. Qual seria a alternativa? A fragmentação é um processo que modifica toda a paisagem e não somente a distribuição espacial de um de seus hábitats (McGarigal & Cushman, 2002). Além da redução e da subdivisão dos remanescentes de hábitats, a fragmentação também promove a expansão de outras formas de uso da terra, criando fronteiras entre elas, aumentando a heterogeneidade do mosaico, afetando a permeabilidade da matriz aos fluxos biológicos. A despeito das limitações de um grande número de estudos sobre fragmentação com relação ao efeito da área e ao isolamento do hábitat, há indícios claros de que tanto a composição quanto a configuração de todo o mosaico afetam as comunidades fragmentadas (Laurance, 1991; Gascon et al., 1999; Metzger, 1998; 2000; Viveiros de Castro & Fernandez, 2004). Os Ponto de Vista Em minha opinião, a melhor opção é aceitar o pressuposto de que a permeabilidade/qualidade da matriz para uma espécie ou grupo de espécies em particular está diretamente relacionada com a similaridade estrutural ou de composição dessa unidade em relação ao hábitat nativo. Por exemplo, uma floresta secundária é assim muito mais permeável aos fluxos biológicos das espécies florestais do 18 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas que uma área de pasto, e esta, por sua vez, será mais permeável do que as áreas urbanas. Nessa avaliação, parâmetros fisionômicos ou outras características relevantes podem ser usados para definir a integridade ou qualidade do hábitat, tal qual empregada em índices de integridade do habitat (“habitat suitability index function”; Brooks, 1997; Akçakaya et al., 1995). Aqueles parâmetros podem ser combinados em um Sistema de Informações Geográficas, de modo a criar imagens de “qualidade”, logo permeabilidade, da matriz para cada espécie estudada (e.g., as espécies guarda-chuva previamente definidas). Distância espacial Distância efetiva Esse tipo de dado será de grande ajuda para prever os fluxos biológicos por toda a paisagem. Por exemplo, ao invés de considerar que a intensidade dos fluxos biológicos entre dois fragmentos está diretamente relacionada à sua distância espacial, é possível afirmar que os fluxos variarão com a distância efetiva ou a distância menos “onerosa”, considerando também a resistência da matriz a esses fluxos (FIGURA 3). A presença de uma estrada entre dois fragmentos pode aumentar significativamente o “custo” dessa passagem (distância efetiva), de modo que os fluxos sejam bem menores do que o esperado de acordo com a distância mais curta (distância espacial). Os valores de permeabilidade podem ser usados em vários modelos, como aqueles das teorias dos grafos (Urban & Keitt, 2001) e de metapopulação (Hanski, 1994; Moilanen & Hanski, 1998), aproximando aqueles modelos à complexidade real das paisagens. Figura 3. Taxas esperadas de dispersão entre fragmentos, de acordo com as distâncias espacial e efetiva (considerando a permeabilidade da matriz). A espessura das setas indica a intensidade dos fluxos biológicos esperados. Uma matriz mais escura é mais resistente aos fluxos, enquanto que uma mais clara é menos resistente. Notas: A despeito da curta distância espacial entre os fragmentos A e B, a distância efetiva é muito maior pelo efeito de barreira de uma estrada. Os fluxos somente são possíveis porque a barreira apresenta uma brecha (tal como as passagens superiores ou inferiores projetadas para o cruzamento de animais). A distância espacial entre os fragmentos A e D é igual à distância entre os fragmentos B e C; porém, devido à diferente permeabilidade da matriz, a distância efetiva entre A e D é menor. COMO DEFINIR FRAGMENTOS E CONEXÕES-CHAVE PARA FINS DE CONSERVAÇÃO? ental deveria estar ciente de quais elementos da paisagem são essenciais para a conservação das espécies. Como identificar esses elementos com limitados conhecimentos biológicos (como costuma ser o caso)? Os gestores ambientais costumam enfrentar problemas de manejo de mosaicos previamente estabelecidos, onde as questões mais pertinentes estão relacionadas à persistência de uma espécie ou à manutenção da biodiversidade se um remanescente ou um corredor for removido, ou se a matriz for modificada. Nessas circunstâncias, um gestor ambi- Ponto de Vista Uma vez que uma variedade de espécies guarda-chuva tenha sido selecionada, os 19 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Jean Paul Metzger biólogos da conservação podem usar diferentes modos de identificar elementos-chave: regressões entre presença/ausência/abundância das espécies e tamanho e conectividade do fragmento (Wiens, 2002); funções de incidência (Hanski, 1997); ou combinações dos modelos de viabilidade populacional (e.g., Akçakaya et al., 1995; Lindenmayer & Possingham, 1995) com que considerem a escala ecológica das espécies (Vos et al., 2001). Não obstante, a viabilidade dessas abordagens restringe-se às espécies bem conhecidas ou às paisagens com intensivos levantamentos biológicos. Em minha opinião, uma abordagem alternativa mais fácil e útil é fornecida pela teoria dos grafos (Gross & Yellen, 1999). Essa teoria tem sido aplicada para descrever a intensidade dos fluxos de informações nos diferentes tipos de redes, tais como aqueles formados por sistemas viários, computadores, e hierarquias corporativas. Na ecologia de paisagens, essa teoria tem sido usada como uma alternativa às análises estruturais (Cantwell & Forman, 1993; Keitt et al., 1997; Urban & Keitt, 2001). Os grafos são então considerados como um grupo de fragmentos de hábitat (ou “nós”, na terminologia dos grafos) conectados por vértices (ou “bordas”) (FIGURA 2). Esta conexão somente ocorre se os fragmentos estiverem suficientemente próximos e separados por uma matriz permeável, de modo que os fluxos biológicos possam ocorrer entre si. Uma vez que tenhamos definido os grafos de uma paisagem em particular, seu grau de conectividade poderá ser avaliado com mensurações simples: quanto maior o grafo (e.g., medido pelos números de nós ou a distância entre nós opostos), maior será sua conectividade. Com estes dados, é possível eliminar facilmente um nó ou borda (conexão) em particular e observar a perda de conectividade na paisagem (FIGURA 4). A importância de cada fragmento ou conexão Ponto de Vista Figura 4. Exemplo de uma simulação identificando os elementos-chave de uma paisagem. As linhas representam as conexões para uma espécie com baixa capacidade de dispersão na ausência do fragmento E. A despeito de sua pequena área e baixa riqueza, este fragmento tem um papel fundamental na paisagem porque permite a conexão entre os fragmentos F e D e G com as espécies de baixa capacidade de dispersão. Sem o fragmento E, os grupos funcionais 11 (um “grupo guarda-chuva”), 12, 17 e 18 desapareceriam do fragmento F. pode ser assim avaliada, permitindo uma primeira identificação dos elementos-chave da paisagem (Keitt et al., 1997) para a manutenção de uma espécie focal. Como a definição do grafo depende de uma clara definição dos hábitats (nós) e conexões (bordas), e ambos os parâmetros são específicos da espécie (FIGURA 2), serão obtidos diferentes grafos numa mesma paisagem para espécies com requisitos diferentes. Uma vez mais, as espécies guarda-chuva deveriam ser usadas como um atalho para a identificação 20 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Como lidar com regras pouco óbvias para conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas de elementos-chave para um grande número de espécies. A principal vantagem dessa abordagem é que ela requer poucos dados biológicos, facilitando seu uso para fins de planejamento ambiental. combina uma análise dos processos ecológicos que levam à extinção (que variam de acordo com o grupo funcional) com estudos detalhados de um restrito grupo de espécies (escolhidas entre os “grupos funcionais guardachuva”). Acredito que a compreensão de como as diferentes espécies guarda-chuva respondem à mesma paisagem, e de como essas espécies guarda-chuva respondem a diferentes estruturas de paisagem, pode nos levar à aplicação de regras pouco óbvias para a conservação biológica, e desse modo encontrar as condições mínimas necessárias para a preservação de um grande número de espécies em paisagens fragmentadas. CONCLUSÃO Muitas regras propostas para a conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas são difíceis de serem colocadas em prática. Um modo promissor de aplicar essas regras se baseia na escolha de um grupo de espécies guarda-chuva. Usando essas espécies, seria necessário tentar compreender os requisitos mínimos para sua persistência em termos de área, adequação de hábitat, e arranjo de fragmentos. Um primeiro e rápido diagnóstico dessas necessidades pode ser obtido, mesmo na ausência de dados biológicos detalhados, utilizando: métricas que combinem conhecimentos biológicos básicos e características da paisagem; índices de similaridades estruturais para inferir a permeabilidade da matriz; e a teoria dos grafos para ajudar a determinar os elementos-chave da paisagem. Obviamente, esta abordagem não substitui todo o conhecimento detalhado sobre os processos ecológicos que agem sobre o crescimento populacional ou a extinção, necessários para analisar plenamente a persistência de espécies em uma paisagem fragmentada. Porém, parece ser uma boa abordagem alternativa à análise puramente estrutural da paisagem (e.g., conservar fragmentos grandes e bem conectados) quando dados biológicos detalhados não estiverem disponíveis. REFERÊNCIAS Antongiovanni, M.; Metzger, J.P. 2005. Influence of matrix hábitats on the occurrence of insectivorous bird species in Amazonian forest fragments. 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Segundo, a escolha deveria ser feita de acordo com o grau de fragmentação e por grupo de espécies definidas pelo seu comportamento biológico em relação à fragmentação. Esta abordagem Ponto de Vista Brooks, R. 1997. Improving habitat suitability index models. Wildlife Society Bulletin 25: 163167. Cantrell, R.S.; Cosner, C.; Fagan, W.F. 2001. How predator incursions affect critical patch size: the role of the functional response. American Naturalist 158: 368–375. Cantwell, M.D.; Forman, R.T.T. 1993. Landscape 21 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 11-23 Jean Paul Metzger graphs ecological modeling with graph theory to detect configurations common to diverse landscapes. Landscape Ecology 8: 239-255. lation dynamics. Journal of Animal Ecology 63: 151-162. Hanski, I. 1997. Predictive and practical metapopulation models: the incidence function approach. In: Tilman, D.; Kareiva, P. (eds.). 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As aves brasileiras foram avaliadas com relação a seu nível de ameaça por meio da comparação das principais listas de espécies de aves ameaçadas de extinção no Brasil, nas escalas global (IUCN), nacional (IBAMA) e local, nas listas estaduais de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo e Pará, a fim de fornecer subsídios para futuros projetos de conservação da avifauna brasileira. Foram citados 494 táxons ameaçados ou quase ameaçados de extinção no território brasileiro, sendo 72% nas avaliações estaduais, 48% na avaliação nacional e 26% na avaliação global. Foram analisadas as diferenças entre as espécies listadas e entre as categorias de ameaça. Mais de 50% das espécies nacionalmente ameaçadas de extinção requerem alta prioridade de pesquisa. Devem ser realizados esforços especiais pelos ornitólogos brasileiros, para complementar o conhecimento a respeito das espécies raras ou sob risco de extinção, de modo a evitar que mais espécies desapareçam sem nem sequer terem sido conhecidas de modo adequado. Faz-se também necessária a divulgação deste conhecimento a respeito das espécies ameaçadas e o uso de ferramentas adequadas, para que seja possível avançar em relação às classificações das espécies em categorias de ameaça. PALAVRAS-CHAVE: conservação de avifauna, listas de espécies ameaçadas, prioridades de pesquisa. o componente central das estratégias de conservação em longo prazo (Bruner et al., 2001). Para identificar essas áreas, a maioria dos estudos utiliza, entre outros parâmetros, padrões de ocorrência das espécies endêmicas e ameaçadas, as quais formam um grupo de espécies alvo (Bonn et al., 2002). INTRODUÇÃO A perda de biodiversidade é apontada como um dos principais problemas de conservação no Brasil e no mundo. A sobrevivência da biodiversidade tropical é improvável sem uma proteção efetiva (Myers et al., 2000), a qual deve priorizar as áreas de grande importância biológica e sobre grande pressão antrópica (Silva, 2005). Desta forma, a implantação de áreas protegidas é muitas vezes 1 As listas de espécies ameaçadas são de extrema importância no planejamento de estratégias e na definição de prioridades para a conservação. Muitas organizações governamentais e não-governamentais tomam suas decisões através do status de conser- [email protected] Ponto de Vista 24 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil vação das espécies, utilizando as listas para definir prioridades de pesquisa e de alocação de recursos para conservação da biodiversidade (Gärdenfors et al., 2001). A indicação de uma espécie em uma lista vermelha obriga o poder público a dar a ela proteção especial, podendo isso ser entendida como o principal papel dessas listas (Machado et al., 2005). No Brasil, desde 1967, as espécies ameaçadas recebem a atenção da legislação através da Lei de Proteção à Fauna Brasileira (nº. 5197, de 3 de janeiro de 1967), a qual torna proibida a captura, caça, compra, venda e exportação de todas as espécies listadas. A atual legislação de crimes contra a fauna prevê o agravamento da pena quando o crime é praticado contra espécies ameaçadas de extinção (Lei nº. 9.605/98; decreto nº. 3.179/99; capítulo 5; seção I; parágrafo 4º; artigo I) (MMA, 1999). publicação do Roteiro Metodológico para Elaboração de Listas de Espécies Ameaçadas de Extinção (Lins et al., 1997). Após a implementação de uma base de dados com informações publicadas e inéditas procedeu-se uma consulta ampla à comunidade ornitológica, sendo a decisão final do status de conservação das espécies tomada durante um workshop realizado em 2002 (Machado et al., 2005). Reconhecendo a utilidade de listas de espécies ameaçadas, alguns estados brasileiros já realizaram suas próprias avaliações: o Paraná, o estado pioneiro em 1995, teve sua lista recentemente revisada por Mikich & Bérnils (2004); Minas Gerais (Machado et al., 1998), acaba de realizar a revisão de sua lista de 1998 a qual será homologada em breve (Biodiversitas, 2006); São Paulo (São Paulo, 1998); Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000); Rio Grande do Sul (Fontana et al., 2003); Espírito Santo (Espírito Santo, 2005); e Pará (Aleixo, 2006). Diferentes sistemas são utilizados para demonstrar o nível de ameaça das espécies. Dentre estes sistemas, a lista vermelha de espécies ameaçadas da União para a Conservação da Natureza (IUCN) é uma ferramenta amplamente utilizada entre os conservacionistas de animais silvestres (Gärdenfors et al., 2001). A escala da ameaça de extinção pode ser local, nacional ou global. Entretanto a não existência de um vocabulário capaz de diferenciá-las causa confusão no nível de ameaça das espécies (Collar, 2001). A lista vermelha da IUCN foi planejada para avaliar o risco de extinção das espécies em um âmbito global e sua eficiência diminui para ações de conservação em uma escala nacional (Rodríguez et al., 2000). No Brasil as primeiras listas de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção foram compiladas nas décadas de 1960-1970 (Carvalho, 1968; Coimbra-Filho & Magnanini, 1968; ABC, 1972). Em 1989 o Ministério do Meio Ambiente (MMA) junto com o Instituto Nacional do Meio Ambiente (IBAMA) prepararam a primeira lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, sendo a segunda edição desta lista publicada em 2003 (IBAMA, 2003). A elaboração desta lista iniciou-se em 1997 com a Ponto de Vista Avaliações de espécies ameaçadas não são definitivas, pois à medida que novas informações são publicadas, algumas espécies são inseridas na lista e outras são consideradas livres de ameaça (Collar et al., 1992). A categoria “dados deficientes”, definida pela IUCN em 1994 foi criada para descrever um táxon cujas informações a respeito da sua distribuição e/ou status da população são insuficientes ou inadequados para sua classificação de ameaça (Collar et al., 1994). Para Parker e colaboradores (1996) a prioridade de pesquisa das espécies de aves neotropicais é baseada no conhecimento da história natural, distribuição e taxonomia das espécies. O presente estudo teve como objetivos: comparar as listas de espécies de aves ameaçadas de extinção no Brasil, nas escalas global, através da avaliação da IUCN (2006), nacional, através da avaliação do IBAMA (2003) e local, através das avaliações estaduais de Minas Gerais (Machado et al., 1998), São Paulo (São Paulo, 1998), Rio de Janeiro 25 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini (Bergallo et al., 2000), Rio Grande do Sul (Fontana et al., 2003), Paraná (Mikich & Bérnils, 2004), Espírito Santo (Espírito Santo, 2005) e Pará (Aleixo, 2006) quanto as espécies citadas e ao número de espécies ameaçadas, por categoria de ameaça. Comparar o nível de conhecimento das espécies listadas pelo IBAMA e IUCN através do nível de prioridade de pesquisa proposta por Parker e colaboradores (1996), a fim de fornecer subsídios para futuros projetos de conservação da avifauna brasileira. nomenclatura popular em português segue a proposta pelo CBRO (2006) e Sigrist (2006), a nomenclatura popular em inglês segue a proposta por Souza (2002), Sigrist (2006) e Comitê de Classificação Sul Americano (South American Classificatin Committee SCAA, 2006), os nomes subespecíficos seguem os propostos pelas listas na qual foram citadas. Quando houve divergência na nomenclatura usada entre as listas e o CBRO, o nome divergente foi destacado entre colchetes. Quando a espécie foi considerada ameaçada por uma lista e uma de suas subespécies foi considerada ameaçada por outra lista, o nome subespecífico foi destacado entre parênteses. MATERIAIS E MÉTODOS No presente estudo foram consideradas: i- a lista vermelha de espécies de aves ameaçadas globalmente da IUCN (IUCN, 2006), ii- a lista nacional oficial das espécies de aves ameaçadas no Brasil do IBAMA (IBAMA, 2003), com adição da lista de espécies quase ameaçadas apresentada por Machado e colaboradores (2005) e iii- as listas dos estados de Minas Gerais (Machado et al., 1998), São Paulo (São Paulo, 1998), Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000), Rio Grande do Sul (Fontana et al., 2003), Paraná (Mikich & Bérnils, 2004), Espírito Santo (Espírito Santo, 2005) e Pará (Aleixo, 2006). As semelhanças entre as listas global e nacional foram comparadas através dos índices qualitativos de similaridade de Jaccard & Sorensen (Magurran, 1988). As categorias de ameaças propostas pelas listas da IUCN, IBAMA e estados foram comparadas, para cada espécie de ave. O nível de conhecimento das espécies listadas como ameaçadas global e nacionalmente foi medido a partir do grau de prioridade de pesquisa proposto na base de dados das espécies de aves neotropicais de Parker e colaboradores (1996). O status de espécie endêmica do Brasil, foi avaliado através das referências de Sick (1997), NatureServe (2005), Olmos (2005) e Sigrist (2006). As espécies descritas após o ano de 1995 (CBRO, 2006) foram avaliadas quanto ao seu nível de ameaça. A nomenclatura científica assim como a seqüência filogenética seguem a proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2006), a Ponto de Vista RESULTADOS Ao todo foram citados 494 táxons (espécies e subespécies) de aves como ameaçadas ou quase ameaçadas no Brasil, abarcando 23 das 26 ordens e 69 das 96 famílias que representam a avifauna brasileira (CBRO, 2006) (ANEXO 1). A lista da IUCN cita 125 espécies globalmente ameaçadas e 98 como quase ameaçadas. O IBAMA lista 160 táxons nacionalmente ameaçados, sendo 44 subespécies e 53 táxons quase ameaçados, sendo 13 subespécies. Localmente, o estado de Minas Gerais lista 83 espécies; São Paulo lista 163 táxons, sendo cinco subespécies; Rio de Janeiro lista 82 espécies; Rio Grande do Sul lista 127 táxons, sendo uma subespécie; Paraná lista 68 espécies; Espírito Santo lista 81 espécies e Pará 31 táxons, sendo subespécies (TABELA 1 e ANEXO 1). A união das listas global (IUCN) e nacional (IBAMA) somou um total de 194 táxons de aves ameaçadas, dos quais apenas 91 espécies são citadas pelas duas listas. A similaridade entre as espécies citadas nas listas foi de 47% (índice de Jaccard = 0,47 e índice de Sorensen = 0,64). Das espécies listadas por somente uma das avaliações, 34 espécies o são somente pela IUCN, enquanto 69 táxons (25 espécies e 44 subespécies) são listadas pelo IBAMA. As diferenças entre as listas incluíram, por exemplo: 38 espécies represen- 26 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil TABELA 1: Número de espécies ameaçadas por categoria de ameaça nas listas global da IUCN, nacional do IBAMA e local dos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Pará. Categorias de Ameaça NÚMERO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS IUCN 1 IBAMA 2 PR 3 MG 4 SP 5 RJ 6 RS 7 ES 8 PA9 EX 0 2 3 0 0 X 3 0 0 EW 1 2 0 4 20 X 7 0 0 CR 23 24 14 12 47 X 31 37 1 EN 31 47 25 27 37 X 42 18 17 VU 70 85 26 40 59 X 44 26 13 QA 98 53 - - - - - - - Total 223 212 68 83 163 82 127 81 31 Legenda: EX- extinto; EW- extinto na natureza; CR- criticamente ameaçado; EN- em perigo; VU- vulnerável; QA- quase ameaçado; X- sem classificação de ameaça; -- categoria não avaliada. 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005); 9: Aleixo (2006). tadas em 44 subespécies citadas somente pelo IBAMA; das 31 espécies migratórias listadas como ameaçadas ou quase ameaçadas, 17 são citadas somente pela IUCN. Dentre as espécies citadas pela IUCN, quatro delas, a citar: o papagaio-de-bochecha-azul (Amazona dufresniana); a mariquita-azul (Dendroica cerulea); o diablotim (Pterodroma hasitata) e o condor-dos-andes (Vultur gryphus), o CBRO (2005) considera improvável a ocorrência no Brasil, incluindo-as na sua lista secundária. Além destas, cinco outras espécies: o aracuãescamoso (Ortalis squamata), o rabo-brancode-margarette (Phaethornis margarettae),obesourão-de-bico-grande (Phaethornis ochraceiventris camargoi), a tiriba-de-orelha-branca (Pyrrhura anaca) e o joão-do-araguaia (Synallaxis simoni) estão em desacordo taxonômico entre as avaliações do CBRO (2006) e SCAA (2006). estados do sul e sudeste e não são citadas ou são citadas como quase ameaçadas nas listas da IUCN e do IBAMA (TABELA 3). Dentre as 91 espécies classificadas como ameaçadas pelas listas global e nacional, 42 (46%) são classificadas como vulneráveis, 20 (22%) em perigo, 13 (14,5%) criticamente em perigo, uma (1%) extinta na natureza e 15 (16,5%) espécies estão em desacordo em relação à categoria de ameaça, sendo sete espécies em maior categoria de ameaça pela IUCN e oito pelo IBAMA. Entre as espécies listadas nas categorias extinta ou extinta na natureza, quatro são consideradas pelo IBAMA: o mutum-de-alagoas (Mitu [crax] mitu), a arararinha-azul-pequena (Cyanopsitta spixii), a arara-glaucus (Anodorrhynchus glaucus) e o esquimó-migratório (Numenius borealis), e na lista da IUCN apenas o mutum-de-alagoas é considerado como extinto na natureza (TABELA 2). Dentre as espécies citadas por apenas uma destas duas listas 21 espécies são classificadas como criticamente em perigo ou em perigo de extinção, das quais: 11 são citadas pelo IBAMA e 10 pela IUCN (ANEXO 1). As listas estaduais citam um total de 356 espécies de aves ameaçadas (ANEXO 1), 32 destas espécies são classificadas como extintas ou como extintas na natureza, por pelo menos uma dessas listas (TABELA 2) e seis espécies são citadas em todas as listas dos Ponto de Vista 27 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini TABELA 2: Espécies e subespécies classificadas como extintas e/ou extintas na natureza por pelo menos uma das listas de espécies de aves ameaçadas na avaliação global da IUCN, nacional do IBAMA e local dos estados Paraná (PR), Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro RJ), Rio Grande do Sul (RS); Espírito Santo (ES) e Pará (PA) Nome do taxon *,S Accipiter poliogaster Anodorhynchus glaucus Charitospiza eucosma Columbina cyanopis EB Crypturellus noctivagus (noctivagus) EB Cyanopsitta spixii EB Diopsittaca [Ara] nobilis Dromococcyx phasianellus Eleothreptus [Caprimulgus] candicans Falco deiroleucus Geositta [Geobates] poeciloptera Harpia harpyja Heliactin bilophus [cornuta] Ibycter [Daptrius] americanus Jacamaralcyon tridactyla EB Lophornis magnificus EB Mergus octosetaceus Mitu [Crax] mitu EB Morphnus guianensis Myrmeciza ruficauda EB Nemosia rourei EB Neochen jubata Numenius borealis VN Paroaria capitata Penelope superciliaris (alagoensis) Primolius [Propyrrhura] maracana Ramphastos vitellinus pintoi Salvatoria [Amazona] xanthops Spizaetus ornatus Sporophila [Oryzoborus] maximiliani Sporophila bouvreuil saturata Sporophila frontalis Taoniscus nanus EB Nome Polular* IUCN1 IBAMA2 CR QA CR EX CR jaó-do-sul ararinha-azul maracanã-pequena peixe-frito-verdadeiro QA CR VU EW bacurau-de-rabo-branco falcão-de-peito-laranja EN andarilho gavião-real chifre-de-ouro gralhão cuitelão topetinho-vermelho pato-mergulhão mutum-do-nordeste uiraçu-falso formigueiro-de-cauda-ruiva saíra-apunhalada pato-corredor maçarico-esquimó cavalaria QA QA VU QA VU QA CR EW QA EN CR QA CR CR EW QA EN CR tauató-pintado arara-azul-pequena mineirinho rolinha-do-planalto MG4 EW STATUS SP5 RJ6 EW X EN CR EN CR CR VU EW EX VU CR CR EX CR X EW EN EW CR EW EW EW VU EW CR QA QA QA CR VU VU VU VU PA9 CR EN X EW X EW CR X EX X EW CR CR EW EW EW EW EN EN QA EW EW EW EX QA ES8 VU EN maracanã-do-buriti tucano-de-bico-preto papagaio-galego gavião-de-penacho RS7 CR EX EW EW EW EW jacupemba bicudo caboclinho pixoxó inhambu-carapé PR3 VU EN CR VU EX EN VU EN EW EW CR EW EW CR EW EX X EW X X VU CR CR EW CR * A nomenclatura científica assim como a seqüência filogenética seguem a proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2006), a nomenclatura popular segue a proposta pelo CBRO (2006) e Sigrist (2006), os nomes subespecíficos seguem os propostos pelas listas na qual foram citadas. Quando houve divergência na nomenclatura usada entre as listas e o CBRO, o nome divergente foi destacado entre colchetes. Quando a espécie foi considerada ameaçada por uma lista e apenas uma de suas subespécies foi considerada ameaçada por outra lista, o nome subespecífico foi destacado entre parênteses. S- Status: EB- Endêmica do Brasil (Sick, 1997; NatureServe, 2004; Olmos, 2005; Sigrist, 2006); VN- Visitante sazonal oriundo do hemisfério norte; 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005); 9: Aleixo (2006). Legenda: QA- Quase Ameaçado; VU- Vulnerável; EN- Em Perigo; CR- Criticamente em Perigo; EW- Extinta na Natureza; EX- Extinta; X- Sem classificação de ameaça. Ponto de Vista 28 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil TABELA 3: Espécies de aves citadas em todas as listas dos estados do sul e sudeste brasileiro que não são citadas ou são citadas como quase ameaçadas nas listas nacionais da IUCN e do IBAMA. Nome do Taxon* Triclaria malachitacea Tinamus solitarius Sporophila [Oryzoborus] angolensis Spizaetus [Spizastur] melanoleucus Spizaetus ornatus Harpia harpyja Nome popular* IUCN1 QA QA IBAMA2 QA QA sabiá-cica macuco curió gavião-pato gavião-de-penacho gavião-real QA QA PR3 VU VU VU EN EN CR STATUS MG4 SP5 EN CR CR VU EN VU EN EN EN CR EW CR RJ6 X X X X X X RS7 VU CR EN CR EW EW ES 8 CP CP CP VU CP CP * A nomenclatura científica assim como a seqüência filogenética seguem a proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2006), a nomenclatura popular segue a proposta pelo CBRO (2006) e Sigrist (2006), os nomes subespecíficos seguem os propostos pelas listas na qual foram citadas. Quando houve divergência na nomenclatura usada entre as listas e o CBRO, o nome divergente foi destacado entre colchetes. Quando a espécie foi considerada ameaçada por uma lista e apenas uma de suas subespécies foi considerada ameaçada por outra lista, o nome subespecífico foi destacado entre parênteses. 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005). Legenda: QA- Quase Ameaçado; VU- Vulnerável; EN- Em Perigo; CR- Criticamente em Perigo; EW- Extinta na Natureza; EX- Extinta; X- Sem classificação de ameaça. Das 194 espécies de aves listadas como global ou nacionalmente ameaçadas, 164 foram avaliadas quanto à prioridade de pesquisa proposta por Parker e colaboradores (1996). Devido à um algum desacordo no conceito taxonômico de espécie ou por terem sido descritas recentemente, 30 espécies foram excluídas desta análise. Os 69 táxons listados somente pelo IBAMA foram avaliados, porém as subespécies foram consideradas apenas pelo seu nome específico e para aquelas com duas subespécies o resultado foi repetido. Dentre todas as espécies avaliadas, 86 possuem alta prioridade de pesquisa, sendo 70% destas espécies citadas pelas duas listas. Dentre as espécies citadas somente pela lista da IUCN, 50% possuem alta prioridade de pesquisa. Já para as espécies listadas somente pelo IBAMA, 43,5%, possuem baixa prioridade de pesquisa (FIGURA 1). Na lista da IUCN nenhuma espécie está incluída na categoria deficiente de dados. A lista do IBAMA (2003) também não relaciona espécies nesta categoria, mas na reedição desta lista feita por Machado e colaboradores (2005) esta categoria foi contemplada e relaciona 69 táxons de aves, sendo 40 destes considerados ameaçados ou quase ameaçados de extinção por outras avaliações (ANEXO 1). Recentes reavaliações taxonômicas (CBRO, 2006; SACC, 2006) alte- Ponto de Vista raram a nomenclatura de 38 das espécies relacionadas como ameaçadas ou quase ameaçadas nas listas avaliadas; para estas espécies o nome divergente foi destacado entre colchetes (ANEXO 1). Das 15 espécies descritas após o ano de 1995 as seis primeiras descritas até o ano 2000 foram consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas e uma descrita em 2005 foi considerada ameaçada (TABELA 4). O grau de prioridade de pesquisa foi comparado entre as categorias de ameaça. Em todas as categorias de ameaça, o maior 70 Nº de espécies 50 30 10 Baixa IUCN e IBAMA Média Prioridade de pesquisa IUCN Alta IBAMA Figura 1: Número de espécies das listas do IBAMA (2003) e IUCN (2006) por nível de prioridade de pesquisa segundo Parker e colaboradores (1996) 29 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini número de espécies requer alta prioridade de pesquisa e todas as espécies consideradas extintas ou extintas na natureza requerem alta prioridade de pesquisa. Para essa análise foram excluídas: 15 espécies citadas nas duas listas e que estão em desacordo com relação a categoria de ameaça, além de 30 espécies excluídas devido à algum desacordo no conceito taxonômico de espécie ou por terem sido descritas recentemente. (FIGURA 2). 50 Nº de espécies 40 30 20 10 Baixa Média Prioridade de pesquisa Vulnerável Criticamente em perigo Entre as espécies consideradas como endêmicas do Brasil, 134 são consideradas como ameaçadas ou quase ameaçadas por pelo menos uma das listas avaliadas. São citadas pelas listas nacional e global, 121 espécies, sendo 59,5% comum às duas listas. Das 15 espécies (12%) listadas apenas pelo IBAMA, duas são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção, três em perigo de extinção, cinco vulneráveis e cinco quase ameaçadas. Das 34 espécies endêmicas do Brasil (28,5%), listadas apenas pela IUCN, seis são classificadas como criticamente ameaçadas de extinção, quatro vul- Alta Em perigo Extinta na natureza Figura 2: Nível de prioridade de pesquisa das espécies ameaçadas de extinção no Brasil segundo Parker e colaboradores (1996), separados por categoria de ameaça neráveis e 24 quase ameaçadas, 11 destas espécies são classificadas com deficiência de dados por Machado e colaboradores (2005) (ANEXO 1). DISCUSSÃO Mais de 25% das aves ocorrentes no território brasileiro (1.796 espécies segundo TABELA 4: Espécies descritas após o ano de 1995 (CBRO, 2006) consideradas ameaçadas ou quase ameaçadas pelas avaliações da IUCN (2006), IBAMA (2003), Paraná (Mikich & Bérnils, 2004) e Pará (Aleixo, 2006). ANO NOME DO TAXON NOME POPULAR 1995 1996 1997 1998 1998 2000 2001 2002 2002 2002 2002 2003 2004 2005 2005 Stymphalornis acutirostris Acrobatornis fonsecai Arremon franciscanus Antilophia bokermanni Scytalopus iraiensis Herpsilochmus sellowi Suiriri islerorum Micrastur mintoni Pyrrhura snethlageae Xiphocolaptes carajaensis Caica aurantiocephala Glaucidium mooreorum Thamnophilus divisorius Scytalopus pachecoi Aratinga pintoi bicudinho-do-brejo acrobata tico-tico-do-são-francisco soldadinho-do-araripe macuquinho-da-várzea chorozinho-da-caatinga suiriri-da-chapada falcão-críptico tiriba-do-madeira arapaçu-do-carajás papagaio-de-cabeça-laranja caburé-de-pernambuco choca-do-acre tapaculo-ferreirinho cacaué IBAMA EN VU QA CR EN - STATUS IUCN PR EN EN VU QA CR EN EN QA - PA VU Legenda:EM - em perigo; VU - vulnerável; QA - quase ameaçado; - não classificada como ameaçada. Ponto de Vista 30 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil CBRO, 2006) encontra-se ameaçada ou quase ameaçada de extinção segundo as avaliações estaduais, nacional e global feitas para o Brasil. Como a lista da IUCN apresenta uma avaliação global da ameaça de extinção, uma espécie ameaçada em apenas uma região de sua área de distribuição, não está necessariamente ameaçada globalmente (Gärdenfors, 2001). Assim como o esperado por Gärdenfors (2001), o maior número de táxons ameaçados (71%) foi classificado pelas avaliações estaduais, enquanto 33% foram consideradas ameaçadas pela avaliação nacional e 26% ameaçadas em todo o mundo na avaliação global. Através das avaliações estaduais pode se registrar um grande número de espécies e subespécies consideradas extintas em pelo menos uma parte de sua área de distribuição original; esta situação foi definida por Collar (2001) como extirpação. Devido à grande extensão do território brasileiro e das pressões regionais distintas, as listas estaduais de espécies ameaçadas fazem-se necessárias (Costa et al., 2005). Estas listas também podem ser consideradas como sinais de alerta de problemas locais enfrentados pelas espécies, e assim, ajudar a evitar problemas de conservação em maiores escalas espaciais. Ao considerar subespécies, a lista do IBAMA aponta para problemas regionais de conservação, suprindo, em parte, a falta de uma lista regionalizada. pecíficos na avaliação do IBAMA, mas são subespécies endêmicas do Brasil com distribuição restrita a ilha de Trindade (Olmos, 2005). Entre as 34 (28,5%) espécies endêmicas do Brasil que são listadas apenas pela IUCN, como por exemplo: o joão-cipó (Asthenes luizae), uma espécie endêmica do Brasil e do Cerrado, restrita aos afloramentos rochosos da cadeia do espinhaço (Sick, 1997; Silva & Bates, 2002) e o cuitelão (Jacamaralcyon tridatyla), uma espécie endêmica do Brasil e da Mata Atlântica do litoral sudeste (Sick, 1997) considerada como extinta da natureza no estado de São Paulo (São Paulo, 1998) e ameaçada nos estados de Minas Gerais (Machado et al., 1998) e Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000). Estas discordâncias envolvendo espécies endêmicas do Brasil devem ser reavaliadas. Costa e colaboradores (2005) também identificaram discordâncias entre as espécies de mamíferos endêmicas do Brasil citadas pelas listas nacional e global e concluíram que algumas delas chegam ao ponto de serem ilógicas, devido à pouca informação disponível acerca das espécies e por haver avaliações e opiniões divergentes na interpretação dos dados disponíveis. Uma espécie de coruja endêmica do Brasil, o caburé-de-pernambuco (Glaucidium moororum), foi recentemente descrita, à beira da extinção, na Mata Atlântica do nordeste brasileiro e os autores a classificaram como criticamente ameaçada (Silva et al., 2002), mas sua condição de ameaçada ainda não foi reconhecida em nenhuma lista. Aproximadamente 60% das espécies endêmicas do Brasil são apontadas como ameaçadas ou quase ameaçadas de extinção. Como estas espécies estão restritas a um único país, espera-se que todos os táxons endêmicos de um país sejam incluídos nas avaliações global e nacional (Gärdenfors, 2001). Entre as 15 espécies endêmicas do Brasil listadas apenas pelo IBAMA o rabobranco-de-margarette, o joão-do-araguaia e a tiriba-de-orelha-branca, não são reconhecidas como espécies válidas pelo SACC (2006), sendo a tiriba-de-orelha-branca também não reconhecida pelo CBRO (2006) como espécie válida. As fragatas tesourão-grande (Fregata minor nicolli) e a tesourão-pequeno (Fregata ariel trinitatis) são listadas pelos nomes es- Ponto de Vista As maiores mudanças na composição de espécies listadas são oriundas de mudanças no conhecimento destas espécies, sendo o aumento de conhecimento e mudanças taxonômicas, as verdadeiras mudanças no grau de conservação (Possingham et al., 2002). Para J.F. Pacheco e colaboradores são dois os principais avanços responsáveis pela relevante diferença qualitativa entre a primeira e segunda edição da lista do IBAMA: a melhoria na qualidade da informação acerca das espécies e a estrita aplicação dos critérios da IUCN (Machado et al., 2005). Isto também 31 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini pode explicar algumas das diferenças apresentadas entre as avaliações do IBAMA e da IUCN, no presente trabalho, uma vez que os critérios são os mesmos, porém o volume de informação disponível para a comunidade científica brasileira é maior, devido à maior comunicação e troca de informações científicas não publicadas sobre as espécies, entre os ornitólogos. Por isso destaca-se a necessidade da disseminação destas informações através de publicações em revistas renomadas e de circulação internacional, garantindo que os responsáveis pela lista da IUCN tenham acesso e incorporem os dados nas suas revisões. Entre as espécies descritas nos últimos 16 anos, todas as descritas até o ano 2000 foram consideradas ameaçadas e apenas uma descrita a partir do ano de 2001 foi consideraderada ameaçada. Dentre estas o cacaué (Aratinga pintoi), a tiriba-do-madeira (Pyrrhura snethlageae) e o arapaçu-do-carajás (Xiphocolaptes carajaensis) ainda não são reconhecidas como espécies válidas pelo SACC (2006). A não inclusão destas espécies em nenhuma lista possivelmente se deve ao fato de todas estas ainda serem pouco conhecidas e suas descobertas serem posteriores à data da realização das avaliações. a arararinha-azul-pequena. Poucas espécies da região neotropical foram estudadas em detalhes (Parker et al., 1996) e a escassez de dados é o maior problema para categorizar o nível de ameaça das espécies (O’Grady et al., 2004). As análises revelaram que a maioria das espécies ameaçadas possui conhecimento científico ruim a médio e que as espécies extintas desapareceram sem que obtivéssemos um bom conhecimento da sua biologia, representando uma perda de conhecimento irreparável. O desconhecimento sobre algumas espécies faz com que muitas avaliações de status de ameaça sejam subjetivas, o que poderia explicar em grande parte as discrepâncias entre as listas do IBAMA e da IUCN. O uso de ferramentas adequadas para avaliar a status de ameaça de uma espécie, como o geoprocessamento, faz-se necessário para se evitar avaliações equivocadas. CONCLUSÃO Muitas destas discordâncias podem diminuir a confiança das decisões em conservação e dificultar a implantação de políticas públicas. Organizações locais podem ter dificuldades para arrecadar fundos internacionais porque os patrocinadores acreditam, erroneamente, que listas globais são mais acuradas, diminuindo a eficiência de conservação ao nível nacional, onde as ações para conservação causam maior impacto (Rodríguez et al., 2000). Esforços especiais devem ser realizados pelos ornitólogos brasileiros, para complementar o conhecimento a respeito das espécies raras ou sob risco de extinção, de modo a evitar que mais espécies entrem em extinção sem sequer terem sido conhecidas de modo adequado. Faz-se também necessária a divulgação deste conhecimento a respeito das espécies ameaçadas e o uso de ferramentas adequadas para que seja possível avançar em relação às suas classificações de categorias de ameaças. Comparações de classificações feitas entre níveis globais e nacionais podem mostrar algumas incompatibilidades, pois são usados diferentes métodos que fornecem diferentes respostas para o grau de conservação da espécie. Desta forma, diferenças entre as categorias de ameaça podem ser oriundas de diferenças nos critérios usados na classificação ou na qualidade das informações acessadas para cada espécie (Gärdenforns, 2001). O maior número de espécies classificadas em categorias mais altas de ameaça pelo IBAMA contradiz a opinião de Gärdenfors (2001) que espera que o nível de ameaça seja menor ou igual à categoria proposta pela avaliação global, quando comparada com a avaliação nacional. O principal desacordo está na definição de extinção, a qual deve ser reavaliada, principalmente por duas espécies endêmicas do Brasil estarem envolvidas, o mutum-de-Alagoas e Ponto de Vista 32 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos). 2006. Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, São Paulo, Brasil. Avaliado de http: www.ib.usp.br/cbro (acessado em julho de 2006). AGRADECIMENTOS Agradecemos a P.M. Bizzotto pela ajuda na redação do manuscrito e aos revisores anônimos por seus comentários. Ao CNPq pela bolsa de pesquisador concedida à M.Â.Marini. 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ANEXO 1: Lista comparativa das espécies de aves ameaçadas e quase ameaçadas globalmente pela IUCN, nacionalmente pelo IBAMA e localmente pelos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Pará NOME DO TÁXON*,S STRUTHIONIFORMES Rheidae (1/1) Rhea americana TINAMIFORMES Tinamidae (23/6) Tinamus solitarius Crypturellus undulatus Crypturellus noctivagus (noctivagus) EB Crypturellus noctivagus (zabele) EB Crypturellus variegatus Nothura minor EB Taoniscus nanus EB ANSERIFORMES Anhimidae (2/1) Anhima cornuta Anatidae (25/7) Dendrocygna bicolor Neochen jubata Cairina moschata Sarkidiornis sylvicola [melanotos] NOME POPULAR* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 ema QA macuco jaó QA jaó-do-sul QA jaó-do-sul inhambu-anhangá codorna-mineira inhambu-carapé CR VU CR QA VU CR CR VU VU X CR CR VU EN CR CR X EW CR EX EN VU VU QA VU VU VU VU anhuma EN marreca-caneleira pato-corredor pato-do-mato PA9 CR EN X CR EW CR X QA pato-de-crista DD EW X EN X VU Continua Ponto de Vista 35 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Anas bahamensis Netta eryththalma Mergus octosetaceus GALLIFORMES Cracidae (22/12) Ortalis squamata EB Ortalis superciliaris EB Penelope superciliaris (alagoensis) Penelope obscura Penelope pileata EB Penelope ochrogaster EB Penelope jacucaca EB Aburria [Pipile] jacutinga Mitu [Crax] mitu EB Crax globulosa Crax fasciolata (pinima) Crax blumenbachii EB Odontophoridae (4/1) Odontophorus capueira (plumbeicollis) SPHENISCIFORMES Spheniscidae (4/3) Spheniscus magellanicus VS Eudyptes chrysolophus VA(S) Eudyptes chrysocome VA(S) PROCELLARIIFORMES Diomedeidae (10/8) Phoebetria fuscaVA(S) Phoebetria palpebrata VA(S) Thalassarche chlororhynchos VS Thalassarche melanophris VS Diomedea epomophora VS Diomedea sanfordi VA(S) Diomedea exulans VS Diomedea dabbenena VS Procellariidae (27/10) Macronectes giganteus VS Macronectes halli VS Pterodroma hasitata OP Pterodroma incerta VS Pterodroma arminjoniana Procellaria cinerea VA(S) Procellaria aequinoctialis VS Procellaria conspicillata VS Puffinus griseus VS Puffinus lherminieri NOME POPULAR* marreca-toicinho paturi-preta pato-mergulhão STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU VU CR CR CR CR EW aracuã-pintado aracuã-de-sobrancelhas PA9 VU QA jacupemba jacuaçu jacupiranga jacu-de-barriga-castanha jacucaca jacutinga mutum-do-nordeste mutum-de-fava mutum-de-penacho mutum-de-bico-vermelho DD EN EW VU QA VU VU EN EW VU EN uru DD VU VU EN EW EN EN EN EN CR CR CR VU CR CR EN pingüim-de-magalhães pingüim-de-testa-amarela pingüim-de-penacho-amarelo QA VU VU piau-preto piau-de-costas-claras albatroz-de-nariz-amarelo albatroz-de-sobrancelha albatroz-real albatroz-real-do-norte albatroz-gigante albatroz-de-tristão EN QA EN EN VU EN VU EN petrel-gigante petrel-gigante-do-norte diablotim grazina-de-barriga-branca grazina-de-trindade pardela-cinza pardela-preta pardela-de-óculos bobo-escuro pardela-de-asa-larga VU QA EN VU VU QA VU CR QA VU VU VU EN VU EN VU VU X CR EN X CR VU VU VU VU EN VU VU VU VU VU VU EN CR EN EN VU VU EN CR Continua Ponto de Vista 36 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S PELECANIFORMES Phaethontidae (3/2) Phaethon aethereus Phaethon lepturus Sulidae (5/2) Morus capensis VA Sula sula (sula) Anhingidae (1/1) Anhinga anhinga Fregatidae (3/2) Fregata minor EB,R# Fregata ariel EB,R# CICONIIFORMES Ardeidae (25/3) Tigrisoma fasciatum Cochlearius cochlearius Nyctanassa violacea Threskiornithidae (9/3) Eudocimus ruber Mesembrinibis cayennensis Platalea [Ajaia] ajaja Ciconiidae (3/3) Ciconia maguari Jabiru mycteria Mycteria americana NOME POPULAR* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 rabo-de-palha-de-bico-vermelho rabo-de-palha-de-bico-laranja atobá-do-cabo atobá-de-pé-vermelho PA9 VU VU VU QA EN biguatinga X tesourão-grande tesourão-pequeno CR CR socó-boi-escuro arapapá savacu-de-coroa EN CR CR EN CR CR EN X CR X EN guará coró-coró colhereiro CR EN VU maguari tuiuiú cabeça-seca EN VU PHOENICOPTERIFORMES Phoenicopteridae (4/2) Phoenicopterus chilensis VS Phoenicoparrus andinus VA(S) flamingo-chileno flamingo-grande-dos-andes QA VU CATHARTIFORMES Cathartidae (6/2) Sarcoramphus papa Vultur gryphus OP urubu-rei condor-dos-andes QA FALCONIFORMES Accipitridae (47/19) Leptodon cayanensis Leptodon forbesi EB,D Chondrohierax uncinatus Circus cinereus Circus buffoni Accipiter poliogaster Leucopternis lacernulatus EB Leucopternis polionotus Buteogallus aequinoctialis gavião-de-cabeça-cinza gavião-de-pescoço-branco caracoleiro gavião-cinza gavião-do-banhado tauató-pintado gavião-pombo-pequeno gavião-pombo-grande caranguejeiro VU CR VU X EN X CR CR VU CR CR DD VU VU VU VU VU VU QA DD VU QA EN EN EW EN EN EW CR VU EN X X CR EN VU Continua Ponto de Vista 37 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Harpyhaliaetus coronatus Busarellus nigricollis Parabuteo unicinctus Percnohierax [Buteo] leucorrhous Buteo [Geranoaetus] melanoleucus Morphnus guianensis Harpia harpyja Spizaetus tyrannus(tyrannus) Spizaetus [Spizastur] melanoleucus Spizaetus ornatus Falconidae (21/4) Ibycter [Daptrius] americanus (pelzeni) Herpetotheres cachinnans Falco rufigularis Falco deiroleucus GRUIFORMES Psophiidae (3/1) Psophia viridis obscura EB Rallidae (32/8) Coturnicops notatus Micropygia schomburgkii Aramides mangle EB Laterallus jamaicensis VA Laterallus xenopterus D Porzana spiloptera Porphyrio [Porphyrula] flavirostris Fulica armillata Heliornithidae (1/1) Heliomis fulica CHARADRIIFORMES Charadriidae (11/1) Vanellus cayanus Haematopodidae (1/1) Haematopus palliatus Scolopacidae (29/4) Gallinago undulata Limosa haemastica VN Numenius borealis VN Tryngites subruficollis VN Rostratulidae (1/1) Nycticryphes semicollaris Laridae (8/2) Larus atlanticus VS NOME POPULAR* águia-cinzenta gavião-belo gavião-asa-de-telha gavião-de-sobre-branco STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 EN VU VU EN CR CR VU X VU EN EN CR águia-chilena uiraçu-falso gavião-real gavião-pega-macaco QA QA QA QA QA gavião-pato gavião-de-penacho EX CR EN EN gralhão acauã cauré falcão-de-peito-laranja DD DD jacamim-de-costas-verdes EN pinto-d’água-carijó maxalalagá saracura-do-mangue açanã-preta sanã-de-cara-ruiva sanã-cinza frango-d’água-pequeno carqueja-de-bico-manchado DD DD DD QA VU VU EW EN CR CR VU X X VU EW EW CR EN EN EN CR X X CR EW X VU EN EW EX CR CR VU VU CR PA9 VU EW CR EN EN VU VU VU CR VU EN VU VU picaparra VU batuíra-de-esporão VU piru-piru VU narcejão maçarico-de-bico-virado maçarico-esquimó maçarico-acanelado VU EW X VU CR QA EX QA narceja-de-bico-torto VU VU gaivota-de-rabo-preto VU VU VU Continua Ponto de Vista 38 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Chroicocephalus [Larus] maculipennis Sternidae (17/5) Gygis alba alba Phaetusa simplex Sterna hirundinacea Thalasseus sandvicensis eurygnatha Thalasseus [Sterna] maximus COLUMBIFORMES Columbidae (23/7) Columbina cyanopis EB Claravis pretiosa Claravis godefrida Patagioenas [Columba] speciosa Patagioenas [Columba] cayennensis Patagioenas [Columba] plumbea Geotrygon violacea PSITTACIFORMES Psittacidae (84/35) Anodorhynchus hyacinthinus Anodorhynchus glaucus Anodorhynchus leari EB Cyanopsitta spixii EB Ara ararauna Ara chloropterus Orthopsittaca [Ara] manilata Primolius [Propyrrhura] maracana Primolius couloni Diopsittaca [Ara] nobilis Guaruba guarouba EB Aratinga auricapillus EB Aratinga pintoi EB Pyrrhura cruentata EB Pyrrhura lepida (coerulescens) EB Pyrrhura lepida (lepida) EB Pyrrhura lepida (anerythra) EB Pyrrhura perlata lepida Pyrrhura leucotis EB Pyrrhura anaca EB ,T Pyrrhura pfrimeri EB ,T NOME POPULAR* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 gaivota-maria-velha PA9 X grazina trinta-réis-grande trinta-réis-de-bico-vermelho QA trinta-réis-de-bando trinta-réis-real QA VU VU CR EW X VU rolinha-do-planalto pararu-azul pararu-espelho CR VU EN CR CR CR CR pomba-trocal CR X VU X pomba-galega CR VU pomba-amargosa juriti-vermelha VU arara-azul-grande arara-azul-pequena arara-azul-de-lear ararinha-azul arara-canindé arara-vermelha-grande maracanã-de-cara-amarela EN CR CR CR maracanã-do-buriti maracanã-de-cabeça-azul maracanã-pequena ararajuba jandaia-de-testa-vermelha cacaué tiriba-grande QA EN tiriba-pérola tiriba-pérola tiriba-pérola tiriba-de-barriga-vermelha tiriba-de-orelha-branca tiriba-do-peito-cinza tiriba-de-pfrimer DD EN VU EX CR EW CR CR VU EX CR CR QA VU VU EN EN CR CR CR X X EN EX VU EW EN QA VU VU VU QA QA QA EN EN DD VU VU X VU EN X EN EN X EN VU EN VU CR VU Continua Ponto de Vista 39 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Nannopsittaca dachilleae R# Touit melanonotus EB Touit surdus EB Caica [Pionopsitta] aurantiocephala Pionopsitta pileata Salvatoria [Amazona] xanthops Pionus menstruus (reichenowi) Amazona pretrei Amazona brasiliensis EB Amazona dufresniana OP Amazona rhodocorytha EB Amazona aestiva Amazona ochrocephala xantholaena Amazona farinosa Amazona vinacea Triclaria malachitacea CUCULIFORMES Cuculidae (20/7) Coccyzus cinereus Coccyzus euleri Crotophaga major Dromococcyx phasianellus Dromococcyx pavoninus Neomorphus geoffroyi (dulcis) Neomorphus geoffroyi (geoffroyi) Neomorphus squamiger STRIGIFORMES Strigidae (22/6) Pulsatrix perspicillata (perspicillata) Pulsatrix perspicillata (pulsatrix) Strix hylophila Strix [Ciccaba] virgata (borelliana) Strix [Ciccaba] huhula (albomarginata) Glaucidium minutissimum Asio stygius CAPRIMULGIFORMES Nyctibiidae (5/2) Nyctibius grandis Nyctibius aethereus Caprimulgidae (24/7) Nyctiprogne vielliardi NOME POPULAR* periquito-da-amazônia apuim-de-costas-pretas apuim-de-cauda-amarela STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 QA EN VU VU CR X EN VU QA CR X EN papagaio-de-cabeça-laranja cuiú-cuiú papagaio-galego maitaca-de-cabeça-azul papagaio-charão papagaio-de-cara-roxa papagaio-de-bochecha-azul chauá papagaio-verdadeiro PA9 QA QA VU VU QA EN papagaio-campeiro papagaio-moleiro papagaio-de-peito-roxo sabiá-cica QA QA VU VU EN VU VU EW VU VU VU EN EN CR CR CR VU X CR CR CR X X X CR VU VU QA papa-lagarta-cinzento papa-lagarta-de-euler anu-coroca peixe-frito-verdadeiro peixe-frito-pavonino jacu-estalo jacu-estalo jacu-estalo-escamoso VU QA VU EN EN EN VU CR CR VU EN EW QA murucututu murucututu coruja-listrada coruja-do-mato CR DD DD DD X X X EN EN EN VU VU EN EN CR CR EN EN QA DD coruja-preta caburé-miudinho mocho-diabo CR DD VU EN VU mãe-da-lua-gigante mãe-da-lua-parda DD bacurau-do-são-francisco QA EN VU X VU VU DD Continua Ponto de Vista 40 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Nyctiphrynus ocellatus Caprimulgus sericocaudatus sericocaudatus) Caprimulgus hirundinaceus vieliardi EB Macropsalis forcipata [creagra] Eleothreptus anomalus Eleothreptus [Caprimulgus] candicans APODIFORMES Apodidae (18/3) Cypseloides senex Tachornis [Reinarda] squamata Panyptila cayennensis Trochilidae (82/16) Ramphodon naevius EB Glaucis dohrnii EB Threnetes leucurus medianus Phaethornis idaliae EB Phaethornis ochraceiventris camargoi EB,T Phaethornis eurynome Phaethornis margarettae EB,T Aphantochroa cirrhochloris EB Lophornis magnificus EB [Discosura] Popelaria langsdorffi langsdorffi Thalurania furcata Thalurania watertonii EB Hylocharis sapphirina Augastes scutatus EB Augastes lumachella EB Heliactin bilophus [cornuta] TROGONIFORMES Trogonidae (9/1) Trogon collaris CORACIIFORMES Momotidae (4/2) Baryphthengus ruficapillus Momotus momota marcgraviana GALBULIFORMES Galbulidae (15/2) Brachygalba lugubris (naumburgi) NOME POPULAR* bacurau-ocelado STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 EN bacurau-rabo-de-seda DD bacurauzinho-da-caatinga bacurau-tesoura-gigante curiango-do-banhado QA QA QA bacurau-de-rabo-branco EN EN EN EN PA9 VU CR VU taperuçu-velho tesourinha andorinhão-estofador VU EN EN EW VU CR EN beija-flor-rajado balança-rabo-canela balança-rabo-de-garganta-preta rabo-branco-mirim QA EN EN CR EN EN QA besourão-de-bico-grande rabo-branco-de-garganta-rajada rabo-branco-de-margarette beija-flor-cinza topetinho-vermelho EN VU EN CR VU rabo-de-espinho beija-flor-tesoura-verde beija-flor-de-costas-violetas beija-flor-safira beija-flor-de-gravata-verde beija-flor-de-gravata-vermelha chifre-de-ouro EN EX VU CR VU QA VU EN QA QA EW surucuá-de-coleira EN juruva-verde CR udu-de-coroa-azul EN ariramba-preta DD CR Continua Ponto de Vista 41 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S NOME POPULAR* Jacamaralcyon tridactyla EB cuitelão Bucconidae (26/5) Notharchus swainsoni Nystalus [Bucco] maculatus EB Nonnula rubecula Monasa morphoeus Chelidoptera tenebrosa macuru-de-barriga-castanha rapazinho-dos-velhos macuru chora-chuva-de-cara-branca urubuzinho PICIFORMES Ramphastidae (21/6) Ramphastos vitellinus pintoi Selenidera maculirostris (boturitensis) Pteroglossus [Baillonius] bailloni Pteroglossus bitorquatus bitorquatus Pteroglossus aracari Pteroglossus castanotis Picidae (50/14) Picumnus exilis pernambucensis Picumnus fuscus Picumnus fulvescens EB Picumnus limae EB Picumnus nebulosus Melanerpes flavifrons Picoides mixtus Piculus chrysochloros (polyzonus) Piculus chrysochloros (paraensis) Piculus aurulentus Celeus flavus Celeus torquatus (tinnunculus) Celeus torquatus (pieteroyensi) Dryocopus galeatus Dryocopus lineatus Campephilus robustus PASSERIFORMES Melanopareiidae (1/1) Melanopareia torquata Thamnophilidae (164/39) Mackenziaena severa Sakesphorus luctuosus araguayae EB Biatas nigropectus Thamnophilus aethiops distans Thamnophilus aethiops incertus STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU QA VU EW X PA9 CR VU VU X X tucano-de-bico-preto CR VU EW araçari-poca araçari-banana DD QA CR CR VU araçari-de-pescoço-vermelho araçari-de-bico-branco araçari-castanho VU pica-pau-anão-de-pintas-amarelas pica-pau-anão-fusco pica-pau-anão-canela pica-pau-anão-da-caatinga pica-pau-anão-carijó benedito-de-testa-amarela pica-pau-chorão VU DD EN VU EN X CR QA QA VU QA EN VU CR pica-pau-dourado-escuro VU pica-pau-dourado-escuro pica-pau-dourado pica-pau-amarelo pica-pau-de-coleira pica-pau-de-coleira pica-pau-de-cara-canela pica-pau-de-banda-branca pica-pau-rei CR X X EN QA CR CR VU EN VU VU CR CR EN tapaculo-de-colarinho CR VU EN EN borralhara EN choca-d’água papo-branco choca-lisa choca-lisa VU VU VU EN VU EN CR EN Continua Ponto de Vista 42 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Thamnophilus caerulescens cearensis Thamnophilus caerulescens pernambucensis Clytoctantes atrogularis EB Dysithamnus stictothorax Dysithamnus plumbeus EB Thamnomanes caesius Myrmotherula klagesi EB Myrmotherula minor EB Myrmotherula urosticta EB Myrmotherula fluminensis EB Myrmotherula unicolor EB Myrmotherula snowi EB Herpsilochmus sellowi EB Herpsilochmus pileatus EB Herpsilochmus pectoralis EB Herpsilochmus longirostris Formicivora iheringi EB Formicivora erythonotos EB Formicivora littoralis EB Formicivora melanogaster Stymphalornis acutirostris Drymophila rubricollis Drymophila genei EB Drymophila ochropyga EB Terenura sicki EB Cercomacra brasiliana EB Cercomacra laeta sabinoi Cercomacra carbonaria Cercomacra ferdinandi EB Pyriglena leuconota pernambucensis Pyriglena atra EB Pyriglena leucoptera Rhopornis ardesiacus EB Myrmeciza ruficauda EB Myrmeciza squamosa EB Phlegopsis nigromaculata paraensis Conopophagidae (6/2) Conopophaga lineata cearae Conopophaga melanops nigrifrons EB Grallariidae (8/3) Grallaria varia (intercedens) Grallaria eludens R# Hylopezus ochroleucus EB NOME POPULAR* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 choca-da-mata EN choca-da-mata choca-de-garganta-preta choquinha-de-peito-pintado choquinha-chumbo ipecuá choquinha-do-tapajós choquinha-pequena choquinha-de-rabo-cintado choquinha-fluminense choquinha-cinzenta choquinha-de-alagoas chorozinho-da-caatinga corozinho-de-boné chorozinho-de-papo-preto chorozinho-de-bico-comprido formigueiro-do-nordeste formigueiro-de-cabeça-negra formigueiro-do-litoral formigueiro-de-barriga-preta bicudinho-do-brejo trovoada-de-bertoni choquinha-da-serra choquinha-de-dorso-vermelho zidedê-do-nordeste chororó-cinzento chororó-didi chororó-do-rio-branco chororó-de-goiás VU DD CR QA VU QA VU PA9 X CR QA VU VU CR QA CR QA VU VU VU VU VU DD QA CR VU VU EN X X VU EN EN VU VU VU QA EN CR QA EN CR VU X X VU EN EN EN EN QA QA EN QA papa-taoca papa-taoca-da-bahia papa-taoca gravatazeiro formigueiro-de-cauda-ruiva papa-formiga-de-grota VU EN QA VU VU VU VU EN VU EN EN EN EN EN VU VU EW EN mãe-de-taoca EN chupa-dente VU cuspidor-de-máscara-preta VU tovacuçu tovacuçu-xodó torom-do-nordeste VU QA QA EN VU VU QA Continua Ponto de Vista 43 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Rhinocryptidae (10/7) Psilorhamphus guttatus Merulaxis ater EB Merulaxis stresemanni EB Scytalopus iraiensis EB Scytalopus novacapitalis EB Scytalopus indigoticus EB Scytalopus psychopompus EB Formicariidae (7/2) Formicarius colma Formicarius rufifrons Scleruridae (7/4) Sclerurus mexicanus Sclerurus caudacutus (caligineus) Sclerurus caudacutus (umbretta) Sclerurus scansor cearensis Geositta [Geobates] poeciloptera Dendrocolaptidae (42/14) Dendrocincla fuliginosa trumai Dendrocincla turdina Dendrocincla merula badia Dendrocincla merula trunayi Deconychura longicauda zimmeri Glyphorinchus spirurus Drymornis bridgesii Dendrexetastes rufigula paraensis Xiphocolaptes falcirostris (franciscanus) EB Dendrocolaptes certhia medius Xiphorhynchus picus Xiphorhynchus fuscus atlanticus Xiphorhynchus guttatus Lepidocolaptes wagleri EB Campylorhamphus trochilirostris (omissus) Furnariidae (102/34) Cinclodes pabsti EB Phleocryptes melanops Leptasthenura platensis Leptasthenura setaria Spartonoica maluroides Oreophylax moreirae EB Synallaxis cinerea [whitneyi] Synallaxis infuscata EB NOME POPULAR* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 tapaculo-pintado entufado entufado-baiano macuquinho-da-várzea tapaculo-de-brasília macuquinho macuquinho-baiano QA QA CR EN QA QA CR galinha-do-mato pinto-do-mato-de-fronte-ruiva PA9 VU CR EN QA EN VU EN CR VU QA vira-folha-de-peito-vermelho EN vira-folha-pardo vira-folha-pardo vira-folha X CR EN EN VU andarilho QA arapaçu-pardo arapaçu-liso arapaçu-da-taoca arapaçu-da-taoca CR CR VU VU EW VU CR EN EN arapaçu-rabudo arapaçu-de-bico-de-cunha arapaçu-platino CR arapaçu-galinha EN EN EN VU arapaçu-do-nordeste arapaçu-barrado arapaçu-de-bico-branco arapaçu-rajado arapaçu-de-garganta-amarela arapaçu-de-wagler VU CR EN VU EN EN EN X VU CR VU arapaçu-beija-flor DD pedreiro bate-bico rabudinho grimpeiro boininha garrincha-chorona joão-baiano tatac QA EN VU VU CR QA QA CR QA VU CR VU EN VU EN Continua Ponto de Vista 44 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Synallaxis albescens Synallaxis rutilans omissa Synallaxis cherriei Synallaxis simoni EB ,T Synallaxis kollari Gyalophylax hellmayri EB Limnoctites rectirostris Thripophaga macroura EB Asthenes baeri Asthenes luizae EB Phacellodomus striaticollis Clibanornis dendrocolaptoides Coryphistera alaudina Acrobatornis fonsecai EB Pseudoseisura lophotes Anabacerthia amaurotis Syndactyla [Philydor] dimidiatum Simoxenops ucayalae Philydor lichtensteini Philydor novaesi EB Philydor atricapillus Cichlocolaptes leucophrus EB Automolus leucophthalmus (lammi) Hylocryptus [Automolus] rectirostris Xenops minutus alagoanus Megaxenops parnaguae EB Tyrannidae (209/44) Corythopis delalandi Hemitriccus diops Hemitriccus zosterops naumburgae Hemitriccus orbitatus EB Hemitriccus mirandae EB Hemitriccus kaempferi EB Hemitriccus furcatus EB Phyllomyias griseocapilla EBB Myiopagis gaimardii Elaenia ridleyana EB Elaenia cristata Ornithion inerme Capsiempis flaveola Polystictus pectoralis (pectoralis) R# Polystictus superciliaris EB Euscarthmus rufomarginatus Phylloscartes eximius NOME POPULAR* uí-pi joao-teneném-castanho puruchém joão-do-araguaia joão-de-barba-grisalha joão-chique-chique junqueiro-de-bico-reto rabo-amarelo lenheiro lenheiro-da-serra-do-cipó tio-tio cisqueiro corredor-crestudo acrobata coperete limpa-folha-miúdo limpa-folha-do-brejo limpa-folha-de-bico-virado limpa-folha-ocráceo limpa-folha-do-nordeste limpa-folha-coroado trepador-sobrancelha STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU PA9 EN QA VU QA QA VU VU DD VU VU VU VU VU X VU VU VU VU QA VU QA CR VU CR VU CR CR VU QA CR QA EN CR CR CR EN barranqueiro-de-olho-branco EN fura-barreira bico-virado-miúdo bico-virado-da-caatinga CR VU VU VU estalador olho-falso EN EN maria-de-olho-branco tiririzinho-do-mato maria-do-nordeste maria-catarinense papa-moscas-estrela piolhinho-serrano maria-pechim cocoruta guaracava-de-topete-uniforme poiaeiro-de-sobrancelha marianinha-amarela EN QA QA VU CR VU QA CR EN CR QA VU VU CR EN VU VU X VU papa-moscas-canela papa-moscas-de-costas-cinzentas maria-corruíra barbudinho QA QA QA QA VU CR QA QA EN CR VU EN Continua Ponto de Vista 45 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Phylloscartes kronei EB Phylloscartes beckeri EB Phylloscartes ceciliae Phylloscartes roquettei EB Phylloscartes paulista Phylloscartes oustaleti EB Phylloscartes difficilis EB Phylloscartes sylviolus Tachuris rubrigastra Culicivora caudacuta Rhynchocyclus olivaceus Tolmomyias assimilis paraensis Platyrinchus mystaceus niveigularis Platyrinchus leucoryphus Onychorhynchus coronatus Onychorhynchus swainsoni EB Cnemotriccus fuscatus fuscatus Contopus cooperi VN Contopus cinereus Knipolegus franciscanus EB Xolmis irupero Xolmis [Heteroxolmis] dominicanus Alectrurus tricolor Alectrurus risora D Colonia colonus Attila rufus EB Attila spadiceus Cotingidae (32/13) Phibalura flavirostris Carpornis cucullata EB Carpornis melanocephala EB Cotinga maculata EB Procnias averano averano Procnias nudicollis Tijuca atra EB Tijuca condita EB Calyptura cristata EB Lipaugus vociferans Lipaugus lanioides EB Xipholena atropurpurea EB Pyroderus scutatus Pipridae (38/13) Neopelma pallescens Neopelma aurifrons EB Piprites chloris (griseicens) Piprites pileata Machaeropterus regulus (regulus) NOME POPULAR* maria-da-restinga borboletinha-baiana cara-pintada cara-dourada não-pode-parar papa-moscas-de-olheiras estalinho maria-pequena papa-piri papa-moscas-do-campo bico-chato-grande bico-chato-da-copa patinho patinho-gigante maria-leque maria-leque-do-sudeste guaracavuçu piui-boreal papa-moscas-cinzento maria-preta-do-nordeste noivinha STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU VU VU VU VU EN EN EN EN CR CR EN QA QA VU QA X QA VU QA QA X VU VU VU VU VU VU EN CR X VU PA9 EN VU VU QA VU DD EN EN EN X X CR VU EN VU QA EN QA QA EN noivinha-de-rabo-preto galito tesoura-do-campo viuvinha capitão-de-saíra capitão-de-saíra-amarelo VU VU VU tesourinha-da-mata corocochó sabiá-pimenta crejoá araponga-do-nordeste araponga saudade saudade-de-asa-cinza tietê-de-coroa cricrió tropeiro-da-serra anambé-de-asa-branca pavó QA QA VU EN QA VU VU EN VU CR VU CR VU VU QA VU CR VU VU VU EN VU VU EN CR CR VU VU EN VU VU VU EN CR X X VU VU CR EN VU CR EN QA EN fruxu-do-cerradão fruxu-baiano papinho-amarelo caneleirinho-de-chapéu-preto tangará-rajado QA EN QA X X X CR CR VU VU VU QA VU QA X EN VU EN X VU EN EN EN VU Continua Ponto de Vista 46 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S vilasboasi EB Lepidothrix Manacus manacus Antilophia bokermanni EB Antilophia galeata Chiroxiphia pareola Dixiphia [Pipra] pipra (cephaleucos) Pipra fasciicauda Pipra rubrocapilla Tityridae (20/4) Schiffornis turdina (intermedius) Laniocera hypopyrra Laniisoma elegans EB Iodopleura pipra (leucopygia) EB Vireonidae (16/1) Vireo gracilirostris EB Corvidae (8/2) Cyanocorax caeruleus Cyanocorax cristatellus Troglodytidae (18/1) Cistothorus platensis Polioptilidae (8/2) Ramphocaenus melanurus Polioptila lactea Turdidae (17/2) Cichlopsis leucogenys (leucogenys) VA(N) Turdus fumigatus Mimidae (3/1) Mimus gilvus (antelius) Motacillidae (5/2) Anthus nattereri Anthus hellmayri Thraupidae (85/18) Orchesticus abeillei EB Schistochlamys melanopis Cissopis leverianus Neothraupis fasciata Conothraupis speculigera VO# Conothraupis mesoleuca EB Nemosia rourei EB Cypsnagra hirundinacea Thraupis cyanoptera EB Tangara mexicana (brasiliensis) Tangara fastuosa EB Tangara seledon Tangara cyanocephala (cearensis) NOME POPULAR* dançador-de-coroa-dourada rendeira soldadinho-do-araripe soldadinho tangará-falso STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU DD EN CR CR CR EN EN cabeça-branca uirapuru-laranja cabeça-encarnada QA flautim-marrom chorona-cinza chibante anambezinho VU QA QA EN\QA juruviara-de-noronha QA VU gralha-azul gralha-do-campo QA PA9 X VU X VU VU CR VU CR EN EN corruíra-do-campo VU bico-assovelado balança-rabo-leitoso QA QA sabiá-castanho sabiá-da-mata EN sabiá-da-praia QA caminheiro-grande caminheiro-de-barriga-acanelada VU sanhaçu-pardo sanhaçu-de-coleira tietinga cigarra-do-campo tiê-preto-e-branco tiê-bicudo saíra-apunhalada bandoleta sanhaçu-de-encontro-azul saíra-de-bando pintor-verdadeiro saíra-sete-cores QA EN X X EN EN EN VU X VU VU CR CR CR EN VU X VU QA QA CR CR EN DD DD CR EN EW EN CR EN QA VU QA VU X VU saíra-militar EN EN Continua Ponto de Vista 47 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Tangara cyanocephala (corallina) Tangara peruviana EB Tangara velia (cyanomelaena) Tangara velia (signata) Dacnis nigripes EB Chlorophanes spiza Conirostrum bicolor Emberizidae (74/27) Porphyrospiza caerulescens Poospiza cinerea Sicalis flaveola Emberizoides ypiranganus Embernagra platensis Embernagra longicauda EB Sporophila frontalis Sporophila falcirostris Sporophila plumbea Sporophila collaris Sporophila melanops EB,D Sporophila nigrorufa Sporophila bouvreuil (pileata) Sporophila bouvreuil (saturata) Sporophila hypoxantha Sporophila ruficollis VS# Sporophila palustris Sporophila hypochroma VS# Sporophila cinnamomea Sporophila melanogaster EB Sporophila [Oryzoborus] angolensis Sporophila [Oryzoborus] maximiliani Amaurospiza moesta Arremon franciscanus EB Charitospiza eucosma Coryphaspiza melanotis (marajoara) Gubernatrix cristata Paroaria capitata Cardinalidae (16/4) Caryothraustes canadensis frontalis Saltator fuliginosus Saltator atricollis Cyanocompsa [Passerina] brissonii Parulidae (23/4) Dendroica cerulea OP NOME POPULAR* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 saíra-militar saíra-sapucaia saíra-diamante saíra-diamante saí-de-pernas-pretas saí-verde figuinha-do-mangue VU QA VU DD QA EN QA EN PA9 EN EN X X EN X VU campainha-azul capacetinho-do-oco-do-pau canário-da-terra-verdadeiro canário-do-brejo sabiá-do-banhado rabo-mole-da-serra pixoxó cigarra-verdadeira patativa coleiro-do-brejo papa-capim-do-bananal caboclinho-do-sertão caboclinho caboclinho caboclinho-de-barriga-vermelha caboclinho-de-papo-escuro caboclinho-de-papo-branco caboclinho-de-sobre-ferrugem caboclinho-de-chapéu-cinzento caboclinho-de-barriga-preta curió QA VU DD VU VU EW EN EN QA VU VU CR VU QA EN QA VU QA VU VU QA DD VU DD DD DD DD EN DD EN VU bicudo negrinho-do-mato tico-tico-do-são-francisco mineirinho QA QA QA QA CR QA QA tico-tico-de-máscara-negra cardeal-amarelo cavalaria VU EN VU CR VU VU VU EN EN CR CR EN X X X EW CR CR EN VU CR EW CR EN EN VU VU VU EN CR CR EN CR VU EN VU X CR VU EW VU X X EN VU EN CR CR EW VU CR VU EN EW furriel pimentão bico-de-pimenta VU azulão QA VU VU mariquita-azul VU X CR VU Continua Ponto de Vista 48 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Estudo comparativo entre as listas global, nacional e estaduais de aves ameaçadas no Brasil Continuação da Anexo 1 NOME DO TÁXON*,S Basileuterus flaveolus Basileuterus leucophrys EB Phaeothlypis rivularis Icteridae (40/7) Psarocolius decumanus Procacicus [Cacicus] solitarius Curaeus forbesi EB Agelasticus cyanopus Xanthopsar flavus Molothrus oryzivorus Sturnella defilippii D Fringillidae (18/3) Carduelis yarrellii Euphonia violacea Euphonia chalybea NOME POPULAR* canário-do-mato pula-pula-de-sobrancelha pula-pula-ribeirinho STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU VU VU CR japu iraúna-de-bico-branco anumará carretão veste-amarela iraúna-grande peito-vermelho-grande CR EN VU VU VU VU PA9 VU EN EN VU EN VU VU pintassilgo-do-nordeste gaturamo-verdadeiro cais-cais VU VU VU QA EN * A nomenclatura científica assim como a seqüência filogenética seguem a proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2006), a nomenclatura popular segue a proposta pelo CBRO (2006) e Sigrist (2006), os nomes subespecíficos seguem os propostos pelas listas na qual foram citadas. Quando houve divergência na nomenclatura usada entre as listas e o CBRO, o nome divergente foi destacado entre colchetes. Quando a espécie foi considerada ameaçada por uma lista e apenas uma de suas subespécies foi considerada ameaçada por outra lista, o nome subespecífico foi destacado entre parênteses. S- Status: EB- Endêmica do Brasil (Sick, 1997; NatureServe, 2004; Olmos, 2005; Sigrist, 2006); VS- Visitante sazonal oriundo do sul do continente; VN- Visitante sazonal oriundo do hemisfério norte; VO- Visitante sazonal oriundo de áreas a oeste do território brasileiro; VAVagante (espécie de ocorrência aparentemente irregular no Brasil; pode ser um migrante regular em países vizinhos, oriundo do sul [VA (S)], do norte [VA (N)] ou de oeste [VA (O)], ou irregular num nível mais amplo [VA]); D- Status desconhecido; R#- Residente, mas não confirmado; Demais espécies residentes (CBRO, 2006). T- Espécies com divergências taxonômicas entre as listas (CBRO, 2006; SACC, 2006). 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005); 9: Aleixo (2006). Legenda: DD- Deficiente em Dados; QA- Quase Ameaçado; VU- Vulnerável; EN- Em Perigo; CR- Criticamente em Perigo; EW- Extinta na Natureza; EX- Extinta; X- Sem classificação de ameaça. Ao lado da família entre parênteses: Número total de espécies na família / Número total de espécies ameaçadas na família, considerando a lista primária e secundária do CBRO (2006). Ponto de Vista 49 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 24-49 Artigos Técnico-Científicos Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas Mônica Barcellos Harris, MSc • Diretora do Programa para o Pantanal da Conservação Internacional/CI-Brasil; atualmente Corporate Partnership Manager, Fauna & Flora International – FFI, Cambridge, UK; Claudia Arcângelo • Especialista em SIG do Programa para o Pantanal da Conservação Internacional/CI-Brasil; Elaine Cristina Teixeira Pinto • Especialista em Áreas Protegidas do Programa para o Pantanal da Conservação Internacional/CI-Brasil; George Camargo1, MSc • Analista de Biodiversidade do Programa para o Pantanal da Conservação Internacional/CI-Brasil; Mário Barroso Ramos Neto, Dr • Gerente do Programa Cerrado da Conservação Internacional/CI-Brasil e; Sandro Menezes Silva, Dr • Gerente do Programa para o Pantanal da Conservação Internacional/CI-Brasil. RESUMO. Foi realizado um levantamento da situação atual da cobertura vegetal original da Bacia do Alto Paraguai (BAP), incluindo o Pantanal brasileiro e seu entorno, utilizando imagens de satélite MODIS. Os resultados obtidos mostram que a situação da área analisada é preocupante, pois até 2004 perto de 44% da vegetação original foi completamente suprimida. Dos 87 municípios incluídos na BAP, 59 apresentaram mais da metade de seus respectivos territórios com a cobertura vegetal suprimida; 22 desmataram áreas maiores que 80% e 19 tiveram áreas de vegetação original suprimidas superiores a 90% de seus respectivos territórios. No Pantanal, a supressão da vegetação nativa até 2004 representou cerca de 17% de sua área original, totalizando aproximadamente 25.750 km2. O Mato Grosso do Sul é responsável por 11% desse valor. Estudos anteriormente realizados no Pantanal revelaram uma taxa de 0,46% de desmate por ano entre 1990–2000, valor que chegou a 2,3% por ano nesse estudo. A principal causa é a expansão das áreas de pastagem e atividades correlatas no Pantanal. Com base nessas informações, se mantido o ritmo atual de supressão da cobertura vegetal, dentro de pouco mais de 45 anos a vegetação original do Pantanal terá desaparecido completamente. PALAVRAS-CHAVE: ameaças, Cerrado, conservação, desmatamento, áreas úmidas. (BAP) ocupa uma área de aproximadamente 600.000 km2 na América do Sul, dos quais 363.442 km2 estão em território brasileiro. O Pantanal brasileiro, totalmente inserido na BAP, tem extensão de 147.629 km2, representando cerca de 41% da bacia. A região das nascentes dos rios da BAP ocupa uma área de 215.813 km2, localizada nos planaltos do seu entorno, que representa 59% da área da Bacia. Isso significa que uma porção significativa da INTRODUÇÃO A Bacia do Alto Rio Paraguai e o Pantanal Brasileiro O rio Paraguai nasce em território brasileiro e sua bacia hidrográfica abrange uma área de 1.095.000 km2. A Bacia do Alto Paraguai 1 [email protected] Artigos Técnico-Científicos 50 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas drenagem hidrográfica central do continente sul-americano depende da BAP (ANA et al., 2004). O Pantanal é considerado a maior área úmida do mundo e foi declarado Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira de 1988, além de abrigar sítios de relevante importância internacional pela Convenção de Áreas Úmidas - RAMSAR. Contempla ainda áreas de Reserva da Biosfera, declaradas pela UNESCO em 2000 (Harris et al. 2005). Para Olson et al. (1998), o Pantanal é uma área de grande significado para a conservação, devendo ser priorizada em programas regionais e merecendo especial atenção devido à sua vulnerabilidade aos principais vetores de impacto atuantes na região. 2003). Em 1718, a descoberta de ouro em Cuiabá atraiu um contingente populacional para a região e, no entorno das minas, estabeleceram-se engenhos de cana, lavoura e pecuária, que contribuíram muito para a ocupação do território. Porém, as minas se esgotaram no século XIX e a região ficou abandonada por longo tempo (Por et al., 2003). No início do século XX, a região voltou a prosperar com a chegada de pecuaristas e das primeiras atividades industriais no Pantanal: fabricação de caldo e extrato de carne e curtição de couro. Nas décadas de 1950 e 1960, a caça do jacarédo-pantanal (Caiman yacare) foi uma das atividades mais lucrativas da região, pois as peles abasteciam o crescente mercado internacional. Essa atividade foi responsável pelo declínio substancial das populações de jacarés e, mesmo com a proibição da caça, ocorrida em 1967, a atividade só cessou na década de 1980, quando o mercado internacional passou a exigir peles legalizadas (Verdade, 2004). Por localizar-se numa região de contato entre diferentes regiões naturais, como o cerrado, as florestas amazônicas e da bacia do rio Paraná e o chaco boliviano, a fauna e flora do Pantanal foram constituídas e ainda dependem de elementos desses biomas (Cartelle, 1994; Mourão et al., 2004). As populações silvestres no Pantanal são dinâmicas e têm seus deslocamentos fortemente influenciados pelas oscilações climático-hidrológicas que ocorrem anualmente na região. O ciclo hidrológico e a dinâmica hídrica, representados principalmente pela alternância de períodos de secas e de cheias, são condicionantes ambientais que garantem a alta biodiversidade e mantêm o funcionamento ecológico de toda a região (ANA et al., 2004; Harris et al., 2005). Neste contexto, as áreas de entorno do Pantanal, onde se encontram as nascentes dos rios que o constituem, ao mesmo tempo em que contribuem para o aporte demográfico das espécies silvestres para a planície, também constituem refúgios para a fauna nos períodos desfavoráveis, abrigando espécies que se deslocam para evitar as enchentes e os extremos climáticos. Ainda na década de 1980, outro ciclo de exploração de ouro trouxe para a região milhares de pessoas, principalmente de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Nessa mesma época, a expansão da fronteira agrícola trouxe para a planície agricultores de várias regiões do Brasil, motivados pelos baixos preços das terras na região (Por et al., 2003). Atualmente, a base da economia regional é a pecuária de corte praticada de forma extensiva, uma vez que a agricultura é pouco recomendada para a planície pantaneira, devido principalmente às inundações periódicas e aos solos pouco férteis. A agricultura ficou mais restrita aos planaltos que circundam a planície pantaneira, onde tem sido um importante vetor de degradação ambiental. Em geral, a pecuária regional não apresenta tratos culturais específicos, ocasionando degradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios, queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens (BRASIL, 1997). Além disso, a fiscalização precária associada ao desconheci- A ocupação humana no Pantanal O processo de ocupação do Pantanal pelo homem iniciou-se no século XVII com os bandeirantes paulistas em busca de pedras, metais preciosos e indígenas (Costa, 1999; Por et al., Artigos Técnico-Científicos 51 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva mento da legislação e à falta de conscientização sobre a importância ambiental do Pantanal, permite que atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam ameaças, exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos (Mourão et al., 2004). Conservação do Pantanal e do Cerrado no seu entorno Os diferentes ambientes terrestres e aquáticos do Pantanal propiciam uma enorme riqueza de espécies, muitas delas com populações relativamente abundantes. Essa riqueza é inferior quando comparada à Amazônia e à Mata Atlântica (Mourão et al., 2004; Camargo, 2003). Entretanto, o Pantanal é um dos últimos lugares do mundo que abriga populações numerosas de espécies globalmente ameaçadas, como a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), a ariranha (Pteronura brasiliensis) e o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). A atividade turística vem se expandindo nos últimos anos na região da BAP. A facilidade de observar a fauna silvestre, num ambiente relativamente preservado, e as belezas cênicas das serras da Bodoquena e de Maracaju, além das já tradicionais paisagens pantaneiras, são grandes atrativos para os turistas, que têm chegado à região cada vez em maior número. Apesar da crescente e grande potencialidade do turismo como fonte de renda aos proprietários rurais, ainda não se dispõe de infra-estrutura instalada e regulamentação de uso, de modo a oferecer um serviço de qualidade, com segurança aos visitantes e conservação adequada dos ambientes naturais. A exceção é o município de Bonito, localizado ao sul do Pantanal, que conta com uma boa capacidade instalada (Trevelin, 2003). As espécies globalmente ameaçadas que ocorrem no Pantanal e no Cerrado em seu entorno possuem diferentes requerimentos ecológicos. Por exemplo, as ariranhas vivem basicamente em rios não-poluídos com estoques de peixes suficientes para manter suas populações viáveis (Waldemarin, 2003). Os locais de reprodução e abrigo desta espécie são numerosos e freqüentemente estabelecidos em barrancos onde existam trechos de mata ciliar preservada. Assim, as maiores ameaças a esta espécie são, de forma conjugada, a sobrepesca, a erosão dos barrancos provocada pela movimentação da água e pela retirada da cobertura vegetal, e a poluição das águas. Isso ilustra a importância da manutenção do mosaico de vegetação terrestre e aquática natural na BAP como estratégia básica para a manutenção da diversidade biológica. Estudos recentes indicam que pode ocorrer uma perda de até 25% das espécies de aves associadas à mata de galeria apenas se houver a destruição dos ambientes naturais vizinhos à mata, mesmo que ela permaneça intocada (Machado, 2000). A redução excessiva das áreas com vegetação nativa também pode provocar a extinção de espécies de aves, que não sobrevivem em fragmentos de pequena dimensão, conforme mostrado no estudo de Hass (2002). Nos últimos anos vários empreendimentos de mineração estão se instalando em alguns municípios da BAP (IBGE, 1998), atividade que gera forte impacto visual, causa assoreamento e modifica a trajetória dos corpos d’água, contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e incrementando processos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem (Almeida et al., 2003; Dias, 1994). Esse processo de colonização, aliado à implantação de grandes projetos econômicos, como é o caso do gasoduto Brasil-Bolívia e das mineradoras na região de Corumbá, por exemplo, está gradativamente modificando a paisagem pantaneira e sua região de entorno (Fonseca et al., 1995). A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde se situam as nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruição de hábitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e da intensificação das inundações (Mourão et al. 2004). Artigos Técnico-Científicos Porém, apesar do conhecimento sobre a relevância do Pantanal e do seu entorno para a manutenção dos recursos hídricos e para a 52 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas conservação da biodiversidade regional, há poucas áreas que garantem a proteção da BAP. A partir de dados oficiais obtidos na Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (SEMA/MS) e no Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), apenas 2,9 % da BAP e 4,5% da área do Pantanal estão protegidos por algum tipo de unidade de conservação. Dos 363.442 km2 da dimensão da BAP, apenas 10.596 km2 encontram-se protegidos na forma de unidade de conservação de proteção integral (19 unidades públicas) e de 34 reservas particulares. Na área de planície que abrange os dois estados (147.629 km2) são somente cinco unidades públicas e 16 reservas particulares, totalizando 6.757,99 km2. No Pantanal do Mato Grosso do Sul, existe apenas uma unidade de conservação pública: o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, ainda em processo de implementação, e que protege apenas 0,5% do Pantanal nesse estado. soluções espaciais variando de 250 a 1.000 m. Com boa resolução temporal (imageamento diário), os produtos disponíveis são composições de 16 ou 32 dias, disponíveis com diferentes graus de correções. A facilidade de utilização do sensor MODIS deve-se ao fato de os dados já serem georreferenciados e de sua distribuição ser gratuita. Para a identificação dos remanescentes, as bandas de qualidade foram eliminadas e os valores dos índices e das bandas foram normalizados. O processo de classificação foi ‘não-supervisionado’, gerando inicialmente 50 classes. Essas classes foram agrupadas e separadas, com uso de sensores de maior resolução, nas classes de remanescente e não-remanescente. Em casos duvidosos sobre a resposta espectral, foram feitas visitas a campo para verificar a adequação da fisionomia local dentro das classes consideradas. Cerca de 60 visitas a campo foram necessárias para a validação. Foram consideradas na classe remanescente todas as classes de vegetação nativa (florestas, cerrados, campos naturais e áreas úmidas) e na classe não-remanescente as classes de uso (agricultura, pecuária em pastagens plantadas, reflorestamentos, áreas urbanas etc) e áreas naturalmente sem cobertura vegetal (corpos d’água). O objetivo desse trabalho foi avaliar a quantidade de vegetação original que já foi suprimida na Bacia do Alto Paraguai, incluindo o Pantanal brasileiro, procurando relacionar o processo às suas causas e sugerir algumas ações que podem mitigar suas conseqüências, com vistas à conservação da região. As imagens de satélite e informações oficiais utilizadas formam o melhor conjunto de dados disponível até o momento. Entretanto, considerando a resolução das imagens de satélite utilizadas, que não é a mais refinada, e o esforço limitado de verificação em campo, os resultados podem apresentar certa margem de erro; foi adotada uma postura conservativa em relação às estimativas de áreas com vegetação nativa, optando por classificar como “área nativa remanescente” quando da dúvida sobre uma área em análise, procedimento que seguramente subestimou áreas degradadas, especialmente com a vegetação campestre. MATERIAL E MÉTODOS Avaliação da supressão da vegetação com uso de imagens de satélite Para a identificação dos remanescentes de vegetação foi utilizado o produto MOD13Q1 (MODIS/Terra Vegetation Indices 16-Day L3 Global 250m SIN Grid), que conta com as bandas 1, 2, 3 e 7 (MOD09) e os índices NDVI e DVI. O sensor MODIS (Moderate Resolution Spectroradiometer), lançado em 1999 a bordo da plataforma TERRA e posteriormente a bordo da plataforma AQUA (2002), foi configurado para fornecer dados sobre a dinâmica da biosfera terrestre e opera com 36 bandas espectrais, das quais sete são semelhantes às do sensor ETM+, fornecendo um recobrimento global e contínuo a cada dois dias, com re- Artigos Técnico-Científicos As diferenças na utilização do sensor MODIS para a classificação do uso do solo e das fisionomias vegetais ainda estão em processo de aperfeiçoamento. Diferente da clareza de 53 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva resposta que este sensor apresenta para florestas, a identificação de alvos com estrutura da vegetação mais aberta ainda é problemática, principalmente para as áreas de campo, pastagens plantadas em certas épocas e, dependendo das culturas, para as áreas de agricultura. No entanto, é possível trabalhar com este sensor em áreas onde se tem disponível informação de outros sensores com maior resolução espacial, como por exemplo o LANDSAT. RESULTADOS O desmatamento na BAP em relação aos estados e municípios Considerando a área total da Bacia do Alto Rio Paraguai – BAP - de 363.442 km2, dos quais 215.813 km2 formam a região de planaltos e 147.629 km2 compreendem a planície do Pantanal brasileiro, a análise das imagens de satélite mostra que até 2004 a cobertura vegetal original da BAP era de 161.845 km2, ou seja, 44,5% da área total da Bacia (FIGURA 1). Nos planaltos, a retirada da vegetação original atingiu 63% de sua extensão total, e na planície do Pantanal este valor ficou em torno de 17,5%. A retirada da cobertura vegetal original na BAP é maior que a extensão total da planície do Pantanal, sendo grande parte na região do planalto (TABELA 1). Para a área da BAP estava disponível a cobertura pelo LANDSAT ETMVII de 2002 (imagem e classificação), o que facilitou o processo de discriminação dos alvos. Considerando o tamanho original do pixel (250 x 250 m = 6,25 ha) áreas pequenas - entre 1 a 10 hectares – são difíceis de ser identificadas. Foi considerado que o tamanho mínimo maleável deve ser de 50 ha, eliminado assim um conjunto muito grande de remanescentes, principalmente na região fora da planície. Toda a área da BAP está inserida nos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo 48% no primeiro e 52% no segundo. A maior parte dos planaltos está localizada no estado de Mato Grosso (123.508 km2 57% da região de planaltos), enquanto a maior parte da planície do Pantanal está no estado de Mato Grosso do Sul (95.958 km2 - 65% da área do Pantanal). Licenças para supressão da vegetação Foi realizado o levantamento das licenças para supressão da vegetação nativa, emitidas pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul entre 2002 e 2004, publicadas no Diário Oficial. A partir desses dados, foi feita uma estimativa da taxa de desmatamento legalizado anual da área total dos municípios deste estado na BAP e no Pantanal. O Mato Grosso foi o estado que apresentou a maior área de vegetação original suprimida: 88.785 km2, ou seja, 24% da BAP. O estado de Mato Grosso do Sul possui atualmente 73.060 km2 de área desmatada (20% da área da BAP). Dos 161.845,98 km2 de área desmatada na BAP, 55% se encontram no estado de Mato Grosso e 45% no estado de Mato Grosso do Sul (TABELA 2). As causas e algumas conseqüências da supressão da vegetação nativa na BAP são abordadas e, com base em alguns efeitos já observados em certos locais da região, são recomendadas algumas ações de âmbito técnico e político. TABELA 1. Cobertura vegetal original, cobertura suprimida e vegetação original remanescente no Pantanal, no Planalto e na Bacia do Alto Paraguai com seus valores de representação com relação à BAP, Brasil Cobertura vegetal Pantanal km2 (% da BAP) 147.629 25.743 121.886 41 7 34 original Total Suprimida Remanescente Planalto (% do km2 (% BAP) 215.813 136.103 79.7101 59 37 22 Pantanal) Artigos Técnico-Científicos 100 17 83 54 BAP (% do km2 (%) 363.442 161.846 201.596 100 44 56 Planalto) 100 63 37 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas TABELA 2. Desmatamento da vegetação original nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Brasil, com as respectivas proporções na região dos planaltos, na planície do Pantanal e na Bacia do Alto Paraguai Região Bacia do Alto Paraguai - BAP Região de Planaltos da BAP Planície do Pantanal - BAP Área desmatada (km2) Mato Grosso Proporção da área da BAP 88.785 79.775 9.010 24% 37% 6% Em relação aos planaltos, dos 136.102 km2 suprimidos até 2004, aproximadamente 59% encontram-se no estado de Mato Grosso e 41% em Mato Grosso do Sul. Esses valores representam, respectivamente, a perda de 37% e 26% da cobertura vegetal original dos planaltos da BAP. Proporção da área total desmatada na BAP Área desmatada (km2) 55% 59% 35% 73.061 56.328 16.733 Mato Grosso do Sul Proporção Proporção da área da área total da BAP desmatada na BAP 20% 26% 11% 45% 41% 65% Número de municípios 24 21 18 15 12 9 6 No Pantanal, a retirada da vegetação original até 2004 representou em torno de 17% de sua área total (aproximadamente 25.750 km2; FIGURA 1 - pág. 56), sendo 11% no Pantanal sul-mato-grossense e 6% no Pantanal matogrossense. Em termos absolutos, Mato Grosso responde por 35% e Mato Grosso do Sul por 65% do total de área desmatada no Pantanal. 3 0 0- 21 -4 0% 41 -5 0% 51 -6 0% 61 0% -7 71 -8 0% Porcentagem de área municipal desmatada Figura 2: Número de municípios da Bacia do Alto Paraguai por classes de porcentagem de desmatamento Onde: número de municípios; porcentagem de área municipal desmatada A taxa anual de desmatamento no Pantanal entre 1990 e 2000 foi estimada em 0,46% (veja Silva et al., 1998; Padovani, et al. 2004). Entre 2000 e 2004, a taxa passou de 0,46% para 2,3% ao ano, ou seja, em apenas cinco anos (2000 a 2004) a taxa de desmatamento anual quintuplicou com relação ao período anterior de dez anos (1990 a 2000). (FIGURA 2; FIGURA 3 - pág. 57). Dentre estes, 19 municípios dos dois estados apresentaram até 2004 áreas desmatadas superiores a 90% de seu território, sendo 15 municípios localizados no Mato Grosso e quatro no Mato Grosso do Sul (FIGURA 3). De todos os municípios que integram a BAP, 25% deles têm mais que 80% de suas áreas originais desmatadas, 68% apresentam desmatamento superior a 50% e apenas 5% (cinco municípios) possuem 20% ou menos de área territorial desmatada. Na área da Bacia do Alto Rio Paraguai estão localizados 87 municípios; 53 no estado de Mato Grosso e 34 no Mato Grosso do Sul. No geral, todos esses municípios apresentam territórios com avançado grau de desmatamento. Cinqüenta e nove municípios apresentam mais de 50% da vegetação original alterada e apenas 28 deles apresentam entre 12% e 49% de área desmatada (FIGURA 2). Vinte e dois desses municípios desmataram áreas superiores a 80% de suas áreas territoriais oficiais Artigos Técnico-Científicos % 20 Deve ser lembrado que esses percentuais correspondem somente à porção territorial do município localizado na BAP, que pode variar bastante, especialmente nos municípios localizados na região planáltica. 55 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 % 00 81 -1 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Figura 1: Bacia do Alto Rio Paraguai – BAP e Pantanal Brasileiro com as áreas que tiveram a vegetação original suprimida Artigos Técnico-Científicos 56 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas Figura 3: Estimativa de supressão da vegetação original por município integrante da Bacia do Alto Pantanal, Brasil. Artigos Técnico-Científicos 57 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva de 2.506,57 km2 (TABELA 3). Os municípios com as maiores áreas licenciadas para desmate localizam-se integralmente na planície pantaneira, como Corumbá, Porto Murtinho e Aquidauana (TABELA 3; FIGURA 4). Os municípios com as maiores áreas licenciadas para desmate são os mesmos que apresentaram áreas desmatadas superiores a 80% de seu território na BAP. Licenciamento governamental para supressão da vegetação na BAP em Mato Grosso do Sul Entre janeiro de 2002 e setembro de 2004, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (SEMA/MS) expediu 1.218 licenças para supressão da vegetação, totalizando uma área licenciada aproximada TABELA 3 – Municípios e as respectivas áreas licenciadas para supressão da vegetação e respectivo número de licenças expedidas entre janeiro de 2002 e setembro de 2004 (apenas municípios de Mato Grosso do Sul que integram a Bacia do Alto Paraguai, Brasil) Municípios Corumbá Porto Murtinho Aquidauana Ribas do Rio Pardo Camapuã Caracol Miranda Bonito Campo Grande Rio Verde de Mato Grosso Bela Vista Sonora Coxim Costa Rica Nioaque Anastácio Corguinho Alcinópolis Terenos Jaraguari Dois Irmãos do Buriti Pedro Gomes Maracaju Jardim São Gabriel do Oeste Bodoquena Sidrolândia Bandeirantes Antônio João Rio Negro Guia Lopes Ponta Porá Rochedo Ladário Total Área Licenciada para Desmate (km2) 342,49 283,10 218,73 211,00 159,21 144,87 130,30 120,93 100,43 88,58 78,90 67,21 61,67 60,18 56,23 49,42 42,86 35,71 33,15 28,97 24,12 24,05 22,56 21,42 18,76 17,34 17,26 13,07 10,21 9,25 7,07 4,70 2,12 0,69 2.506,57 Artigos Técnico-Científicos 58 Número de Licenças Expedidas 66 102 70 105 132 53 39 75 55 37 41 12 18 58 43 30 29 25 42 21 15 6 15 18 19 13 25 16 6 13 10 6 2 1 1218 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas Figura 4: Estimativa de perda da cobertura vegetal original por município integrante da Bacia do Alto Paraguai no estado de Mato Grosso do Sul e respectiva área licenciada para desmate entre janeiro de 2002 e setembro de 2004 Artigos Técnico-Científicos 59 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Silva et al. (1998) mostrou que até 1990/91 somente 3,9% da área encontrava-se desmatada, como resultado do sistema hidrológico regional que, através dos seus ciclos de inundação, regula os ritmos da vida no Pantanal, que naturalmente o protegem contra o avanço da fronteira agrícola. No referido estudo, apenas a área da planície pantaneira foi considerada, diferentemente do presente estudo, onde toda a Bacia do Alto Paraguai (BAP) foi analisada. Já o estudo realizado por Padovani et al. (2004) concluiu que em 2000 a área desmatada no Pantanal chegava a 12.182 km2, o que totaliza 8,8% da área total do Pantanal. Dessa extensão desmatada, cerca de 35% localiza-se no MT e 65% no MS, estado que tem a maior proporção de área na planície pantaneira. DISCUSSÃO A área de vegetação original do Pantanal suprimida entre 2000 e 2004, estimada nesse estudo, foi de 3.395,5 km2 (2,3%), representando no período uma perda de área natural relativamente menor que valores estimados para os outros biomas brasileiros, como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica. Na Amazônia, onde o Instituto de Pesquisas Espaciais – INPE – vem monitorando o desmatamento desde o início dos anos 1990, a área desmatada entre 2001 e 2002 saltou de 18.166 km2 para 25.476 km2, um dos maiores valores registrados desde o início do monitoramento. Dentre as principais causas destacam-se a extração de madeira, a expansão da cultura da soja e a implantação de obras de infra-estrutura, com benefícios bastante concentrados e custos sociais elevados (Margulis, 2003). As maiores taxas de desmatamento observadas por município da BAP reúnem em sua maioria municípios com território na porção planáltica, o que pode ser explicado pela pressão para conversão dessas áreas para agricultura e pecuária. Quando comparados com os dados de Silva et al. (1998), alguns municípios continuam sendo aqueles que têm as maiores áreas desmatadas, como Rio Verde de Mato Grosso e Porto Murtinho, esse último quase totalmente localizado na planície pantaneira. Padovani et al. (2004) reiteram essa tendência nos municípios acima citados, incluindo também Coxim, que tem áreas tanto na planície como no planalto do entorno, bastante pressionadas pelas atividades agropecuárias. Para o Cerrado, o estudo realizado por Machado et al. (2004) mostrou que até 2002 cerca de 55% da área original do domínio já havia sido convertida. Uma estimativa com base na média dos valores de três estudos sobre a área modificada do cerrado no Brasil aponta para uma taxa anual de desmatamento de aproximadamente 1,1%, valor que, ao considerar o que resta da área original e a extensão atual das áreas protegidas, levaria o cerrado ao desaparecimento no ano de 2030. No domínio da Mata Atlântica, o monitoramento do desmate vem sendo realizado de forma sistemática desde 1990 (SOS Mata Atlântica / INPE, 2002). A área desmatada para o último período avaliado (1995-2000) atinge 4.032,53 km2, lembrando que restam somente cerca de 7% da superfície remanescente do domínio, a maior parte dentro de áreas protegidas e áreas de preservação permanente (SOS Mata Atlântica / INPE, 2002). Os municípios de Miranda e Bodoquena no MS, e Cáceres no MT, exibem uma tendência preocupante. Somente este último se encontrava entre aqueles que Silva et al. (op. cit.) mostraram ter valores relativamente altos de desmatamento nos anos de 1990/91, estando os demais entre os que apresentaram as menores taxas de conversão da vegetação original. Atualmente, esses três municípios encontram-se entre aqueles que já têm entre 40 e 60% da área de vegetação original suprimida, com Para o Pantanal, o estudo realizado por Artigos Técnico-Científicos 60 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas tendência de aumento desses valores em virtude da quantidade de licenças de desmatamento concedidas e também da área licenciada para supressão vegetal pela Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul. O município de Miranda, por exem-plo, teve entre 2002 e 2004 uma área total licenciada de mais de 130 km2. relativo de focos de calor no período considerado. O mesmo ocorreu em Aquidauana, onde a ocupação por rebanhos bovinos está entre 75 e 100% da área municipal, superior aos valores de Corumbá e Porto Murtinho. Harris et al. (2005) relataram como uma das principais ameaças ao Pantanal a perda de hábitats, decorrente da supressão da vegetação original, principalmente devido às atividades agropecuárias. Práticas associadas à agricultura e à pecuária, como a introdução de espécies forrageiras exóticas e o uso do fogo para renovação das pastagens, acentuam esse impacto. Além disso, o desmatamento nas regiões de cerrado localizadas nas cabeceiras dos rios tem provocado erosão e assoreamento dos rios, alterando os fluxos e regimes hidrológicos no Pantanal, com conseqüências negativas para a biodiversidade regional. Segundo Machado e colaboradores (2004), entre os anos 1985 e 1993 a perda da área do bioma Cerrado foi em média de 1,5% ao ano. Tendo como base essa taxa de conversão, seria esperado que a BAP e o Pantanal perdessem aproximadamente 5.500 km2 ao ano. O alto índice atual de desmatamento no Pantanal (2,3%), corroborado pela compilação das licenças emitidas pela SEMA/MS, indica que grande parte do ritmo de desmatamento na planície é respaldada legalmente pelo governo estadual. No Pantanal, os municípios mais desmatados (com área desmatada superior a 80%) são os que têm maiores áreas licenciadas para desmate, como é o caso de Corumbá, Porto Murtinho e Aquidauana. A situação da BAP é crítica e preocupante. O impacto imediato da eliminação da vegetação original, com supressão e queda da qualidade dos hábitats, é a perda de biodiversidade. A destruição da vegetação original também torna os solos mais suscetíveis à degradação, com a lixiviação de nutrientes, a alteração de suas propriedades físicas e a contaminação por defensivos agrícolas (Rodrigues & Filho, 2001). Os processos hidrológicos modificados devido à retirada da cobertura vegetal comprometem os ciclos de cheia e seca, em grande parte responsáveis por toda a riqueza biológica da região do Pantanal. Confrontando os resultados apresentados com indicadores socioeconômicos do município de Corumbá, o município com maior área na planície pantaneira, por exemplo, nota-se que, embora tenha apresentado incremento na atividade pecuária nos últimos anos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) permaneceu praticamente o mesmo: de 0,723 em 1991 para 0,771 em 2000 (IBGE – www.ibge.gov.br; PNUD – www.pnud.org.br). Cerca de 75% da área do município de Corumbá está ocupada por pastagens, muitas ainda no sistema de manejo extensivo característico da região. Corumbá é um dos municípios que apresentou aumento no número de focos de calor entre 2002 e 2004, provavelmente decorrente do uso das queimadas para abertura de novas áreas de pastagens. O município de Porto Murtinho, inteiramente loca-lizado na planície pantaneira, apresenta situação semelhante à de Corumbá, porém com um menor número Artigos Técnico-Científicos A Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (SEMA/MS) e o próprio IBAMA admitem limitações de estrutura e pessoal para fiscalizar as ações. Adicionalmente, se por um lado o Ministério do Meio Ambiente – MMA (MMA, 2002) trabalha para que o percentual de áreas protegidas no Pantanal e Cerrado aumente (hoje as unidades de conservação representam 2,9% da área original da BAP e apenas 1,6% da planície), o Ministério da Agricultura 61 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva trabalha com uma perspectiva de utilização de mais de um milhão de quilômetros quadrados adicionais para expansão da agricultura, o que certamente vai acelerar o processo de desmatamento na BAP e no Pantanal. A maior ameaça à BAP de maneira geral, e ao Pantanal especificamente, é a conversão de seus ambientes naturais em monoculturas exóticas, como a soja e pastagens, além de atividades associadas ou decorrentes destas, como as carvoarias. Grosso do Sul, são os principais produtores regionais. Ainda entre os dez maiores rebanhos do país estão os municípios de Cáceres, Camapuã e Aquidauana, todos localizados em áreas da BAP (disponível em www.ibge.gov.br). Outro fator que ameaça a região é a ação das carvoarias, que tem avançado muito rapidamente na região do Pantanal no Mato Grosso do Sul. Essa atividade está intimamente associada à pecuária, pois parte da supressão ve-getal no Pantanal é resultado de parcerias entre fazendeiros, interessados em aumentar a área de pastagem e donos de carvoarias, que necessitam de madeira para viabilizar seus negócios. A SEMA/MS está tentando regulamentar este tipo de atividade na região, porém os técnicos do órgão admitem que a estrutura de fiscalização é insuficiente para coibir as irregularidades, que muitas vezes extrapolam a esfera ambiental e atingem o âmbito social e trabalhista. Estima-se que existam cerca de cinco mil carvoarias em atividade no Mato Grosso do Sul. Somente em seis cidades do Pantanal, há atualmente 28 carvoarias em processo de regulamentação. Apenas em uma carvoaria, situada próxima ao rio Aquidauana, em região de baías e áreas alagadas, existem 246 fornos ativos e 106 pessoas empregadas, produzindo mensalmente a média de 3.000 m2 de carvão, suficientes para encher trinta carretas. A produção vai para siderúrgicas de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais (Corrêa e Oliveira, 2005). Informações obtidas no banco de dados do IBGE (Sidra – disponível em http://www.ibge.gov.br) indicam que a área ocupada pela cultura da soja tem aumentado enormemente no país. De acordo com o anuário estatístico do agronegócio de 2003, mesmo considerando que a tecnologia tem aumentado a produtividade, que passou de aproximadamente 2,5 toneladas por hectare em 1995 para 2,9 toneladas por hectare em 2002, a área plantada tem aumentado em uma proporção muito maior. A área destinada ao plantio da soja praticamente dobrou de tamanho, indicando que este momento do mercado pode estar atraindo cada vez mais pessoas para a atividade (Dias, 1994). De modo contrário, culturas tradicionais na região, como a mandioca, associada a pequenas propriedades, têm decaído ao longo do tempo. A pecuária, ainda a principal atividade, apresentou um crescimento em 2003 de 5,5% em relação ao ano anterior. A região Centro-Oeste detém o maior rebanho bovino do país (69,9 milhões de cabeças) com um crescimento de 6,59%, acima da média nacional. Os estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso são os principais produtores de gado, concentrando, respectivamente, 12,8% e 12,6% do rebanho brasileiro. Nove entre os dez maiores rebanhos bovinos brasileiros estão em municípios da região Centro-Oeste. Os municípios de Corumbá (Pantanal) e Ribas do Rio Pardo (região planáltica da BAP), ambos no Mato Artigos Técnico-Científicos A atual tendência de desenvolvimento econômico, empreendida pelo governo estadual, que objetiva implantar na planície e entorno do Pantanal grandes obras de infra-estrutura, de produção energética e de exploração e beneficiamento minerosiderúrgico, não tem encontrado obstáculos nos diferentes setores da sociedade, salvo por exceções entre as organizações nãogovernamentais que atuam na questão socioambiental. Há uma clara percepção nesse setor de que, caso os projetos de de- 62 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas senvolvimento econômico sejam implantados no Pantanal, sem os devidos cuidados ambientais, os processos hidrológicos serão seriamente comprometidos em curto prazo e, conseqüentemente, a estabilidade climática regional também. Em médio prazo, estima-se uma irreversível perda de biodiversidade, decorrente tanto da substituição de área naturais por plantios para o abastecimentoenergético, como pelos deslo-camentos de populações silvestres locais, levando a extinções regionais e até mesmo extinções globais. A situação atual revela que as políticas públicas adotadas para a região da BAP, incluindo a região do Pantanal, estão muito longe das reais necessidades de conservação e uso sustentável deste patrimônio, somadas a uma aparente inoperância do poder público em fazer cumprir a regulamentação já existente. Com base em todos os argumentos aqui apresentados e com a finalidade de salvaguardar esse patrimônio natural, recomenda-se: 1 - Alinhar as ações das diferentes esferas do poder público (municipal, estadual e federal) para definir políticas públicas, regulamentações e critérios de uso racional que considerem a fragilidade ecológica do Pantanal e seu entorno, entendendo toda esta área como um conjunto de paisagens interdependentes que necessitam de uma atenção diferenciada. Experiências recentes de ocupação em outras regiões do país, e até mesmo na região, mostram que os custos para recuperar áreas degradadas são bem maiores do que aqueles necessários para a adoção de medidas preventivas; CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A sobreposição das informações de supressão de vegetação com os dados do IBGE referentes ao aumento do rebanho bovino, das atividades agrícolas, aos focos de calor e ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), permite concluir que a expansão da atividade pecuária está relacionada com o aumento da área desmatada na planície do Pantanal. Na região de entorno do Pantanal, nos planaltos onde nascem os principais rios que correm para a planície, houve aumento da área de cultivo (algodão, cana, milho e soja – IBGE – www.ibge.gov.br), que se impõe como principal fator de retirada ou alteração da vegetação original. 2 - Revisar a legislação vigente referente às áreas de proteção permanente e reservas legais para a região da BAP, considerando que as especificidades da região demandam uma legislação devidamente adequada e que leve em consideração os ritmos hidrológicos e biológicos da área, especialmente no Pantanal. Esse assunto foi discutido no workshop Bases Técnico-Científicas para uma Política de Áreas Úmidas para o Pantanal, promovido pelo Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP) e organizado pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e pela EMBRAPA Pantanal em 2005; Os resultados apresentados nesse estudo indicam que as condições da vegetação nativa da BAP estão seriamente comprometidas, devido principalmente ao aumento da pressão de ocupação humana, associada à falta de critério e fiscalização na emissão de licenças para desmate expedidas pelo governo. Os resultados aqui apresentados mostram que, se a taxa de desmatamento se mantiver em 2,3% ao ano, dentro de pouco mais de 45 anos a cobertura vegetal original do Pantanal estará perdida completamente e/ou modificada de tal forma que será improvável reconstituir o complexo climáticohidrológico, a exuberância das águas e da rica biodiversidade regional. Artigos Técnico-Científicos 3 - Criar sítios RAMSAR na região do Pantanal brasileiro, dando o devido reconhecimento à região em virtude de suas características intrínsecas, espe- 63 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva cialmente se considerado que constitui a maior planície inundável do mundo e abriga várias espécies ameaçadas de extinção em âmbito nacional e global; cumprimento das diretrizes estabelecidas no Plano da Bacia do Alto Paraguai (PCBAP, 1997); 7 - O comprometimento atemporal do poder público no licenciamento e na fiscalização de empreendimentos que provoquem impactos sobre a região da BAP, analisando-os com profundidade e com base em critérios técnico-científicos, sociais, econômicos e ambientais, e confrontando-os com a sua real necessidade de instalação e operação; 4 - Integrar as políticas de conservação e uso dos recursos naturais entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, adequando as legislações e promovendo esforços conjuntos de licenciamento, fiscalização e proteção na área da BAP e Pantanal. Promover a integração multinacional com os demais países relacionados à região, em especial Bolívia e Paraguai, reconhecendoos como agentes importantes para o dese-nho de uma estratégia comum de conservação e desenvolvimento sustentável; 8 - Um amplo programa de restauração ambiental nas áreas já degradadas e que estejam em discordância com a legislação vigente, atribuindo aos responsáveis pela degra-dação o ônus de custear este processo e envolvendo os diferentes setores da sociedade civil no apoio técnico para a rea-lização dessas ações. 5 - Implantar um sistema de unidades de conservação que seja representativo em termos das principais paisagens da área, com vistas a conservar no mínimo 10% da região e complementar os esforços da sociedade civil na criação de áreas protegidas privadas na região. Essa estratégia deve necessariamente passar pela criação de um mosaico de unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável, estas últimas complementando as primeiras no sentido de garantir áreas-núcleo onde a manutenção das populações naturais das espécies da fauna e da flora esteja garantida. Neste sentido, é uma ação prioritária garantir que as unidades de conservação já criadas sejam imediatamente implantadas e devidamente manejadas; AGRADECIMENTOS Somos especialmente gratos ao Dr. Alexandre Raslan, promotor de justiça do Mato Grosso do Sul, que coletou sistematicamente as informações das licenças para desmate publicadas no D.O.U. e aos nossos parceiros da OIKOS – Cooperativa de Trabalho Socioambiental - que compilaram todas essas informações. Agradecemos ainda a Carlos Firkowski, Marc Dourojeanni e a um revisor anônimo pela leitura crítica e recomendações valiosas ao manuscrito final. 6 - A criação e manutenção de um fundo para a conservação do Pantanal e da BAP, que possa ser revertido para a implantação e manejo das UCs, para a manutenção das atividades tradicionais e de baixo impacto (pecuária extensiva, plantio de mandioca, etc) e para a regulamentação do turismo ecológico. Entre outras ações, recomenda-se também o Artigos Técnico-Científicos REFERÊNCIAS Almeida, N.N.; Silveira, E.A.; Barros, L.T.L.P. 2000. Mapa de vegetação e uso do solo da região de Poconé, MT: I - descrição das unidades. III Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio-econômicos do Pantanal. 64 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Estimativa da perda de cobertura vegetal original na Bacia do Alto Paraguai e Pantanal brasileiro: ameaças e perspectivas Disponível em: http://www.cpap.embrapa.br/agencia/congresso/ABIOTICOS/AL MEIDA-055.pdf. Acessado em 25/01/2006. uso da terra no novo mundo: anais da conferência internacional. Belo Horizonte: Conservation International do Brasil. Pp: 59-78. ANA – Agência Nacional de Águas. 2004. Implementação de práticas de gerenciamento integrado de bacia hidrográfica para o Pantanal e a Bacia do Alto Paraguai: programas de ações estratégicas para o gerenciamento integrado do Pantanal e Bacia do Alto Paraguai. GEF. Relatório Final. Brasília. 513 pp. Hass, A. 2002. Efeitos da criação da UHE Serra da Mesa (Goiás) sobre a comunidade de aves. Tese de doutorado. Curso de Ecologia, Universidade de Campinas, Campinas, 2002. 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Abordagens interdisciplinares para a conservação da biodiversidade e dinâmica do Artigos Técnico-Científicos 65 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Padovani, C.R,; Cruz, M. L. L.; Padovani, S. L. A. G. 2004. Desmatamento do Pantanal Brasileiro para o ano de 2000. IV Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio-econômicos do Pantanal. Anais. Corumbá. 7 p. SOS Mata Atlântica / INPE. 2002. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: período de 1995-2000. São Paulo. SOS Mata Atlântica / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 43 p. Por, F. D.; Fonseca, V. L. I.; Lencioni-Neto, F. Pantanal. Disponível em:http://www.mre. gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/mei oamb/ecossist/pantanal/index.htm. Trevelin, A.C. 2003. O sistema de turismo de Bonito-MS. 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Pp: 85-93. 66 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 50-66 Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal mato-grossense Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal mato-grossense Antônio dos Santos Júnior, MSc1 • Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS Iria Hiromi Ishii, Dr • Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS - Campus de Corumbá Neiva M. R. Guedes, Dr • Coordenadora do Projeto Arara Azul Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP Fernando Lara R. de Almeida • Graduando em Ciências Biológicas Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS - Campus de Corumbá RESUMO Sterculia apetala é uma espécie-chave para a conservação da arara-azul, pois 94% dos ninhos desta ave são abrigados nesta espécie arbórea. Nossos objetivos foram: (1) determinar a taxa de crescimento de S. apetala, (2) estimar a idade das árvores que abrigam cavidades-ninho cadastradas pelo Projeto Arara Azul e (3) fornecer subsídios ao plano de conservação da arara-azul no Pantanal. A área de estudo compreendeu florestas semideciduais de cordilheiras em fazendas nas sub-regiões do Miranda, Aquidauana e Nhecolândia. Os métodos utilizados neste estudo foram análises de anéis anuais, ou dendrocronologia, em árvores já utilizadas como ninhos da araraazul. Observou-se que as árvores-ninho distribuem-se em árvores a partir de 60 anos de idade. Considerando a idade das árvores que abrigam cavidades e a sua constante perda, há uma tendência à diminuição na disponibilidade de ninhos naturais para a arara-azul nas próximas décadas, tornando a ave dependente do aporte de sítios reprodutivos artificiais disponibilizados por projetos de conservação. Palavras-chave: arara-azul, cavidades-ninho, conservação, Pantanal, Sterculia apetala. INTRODUÇÃO tropical, compondo o dossel ou estrato emergente (Janzen, 1972; Cristóbal, 1983). No Pantanal, o manduvi cresce dentro de fragmentos naturais de floresta semidecídua não inundável (Ratter et al., 1988). Johnson et al. (1997) apontam que S. apetala vem sofrendo com o manejo inadequado dos ambientes, resultante da atividade pecuária, inferido a partir das diferentes Sterculia apetala (Jacq.) Karst, denominada no Pantanal de “manduvi” (Pott e Pott, 1994) é uma árvore decídua, de crescimento rápido, grande porte e com distribuição 1 [email protected] Artigos Técnico-Científicos 67 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida densidades de indivíduos jovens de manduvi em áreas sem gado bovino, com gado durante seis meses do ano e com gado durante doze meses do ano. Este estudo mostrou que a densidade de plântulas de S. apetala foi inversamente proporcional ao tempo de presença do gado bovino, fato que pode ser resultado de herbivoria ou pisoteio de plântulas pelo gado e/ou queimadas, durante a época de estiagem (Padovani et al., 2004). Todos estes fatores podem interferir na estrutura e dinâmica da população de S. apetala, de forma que estudos que os investiguem isoladamente devem ser realizados (Guedes, 1995). As populações de plantas têm sua estrutura e dinâmica afetadas por herbívoros, patógenos ou por alteração do hábitat por atividades humanas, ou pela associação destes fatores (Harris et al., 2005). Vários estudos têm demonstrando o grande impacto de mamíferos herbívoros sobre espécies de plantas (Crisp e Lange, 1976; Gómez et al., 2003). Figura 1 - Casal de araras-azuis (Anodorhynchus hyiacinthinus) ocupando cavidade-ninho em tronco de Sterculia apetala. Fazenda Caiman, sub-região do Miranda. Foto: Luciano Candisani (Arquivo Projeto Arara Azul/UNIDERP). Sterculia apetala é uma espécie importante para uma parcela significativa da fauna pantaneira. Durante a estação seca que acomete o Pantanal, época de aparente escassez de alimentos, as sementes desta árvore são excessivamente consumidas por diversos animais, como: araras, macacos e roedores, devido ao grande teor de macronutrientes que contêm (Chaves et al., 2004; Lorenzi, 1998; Pott e Pott, 1994). Aproximadamente, 17 espécies de aves utilizam as cavidades abrigadas nos troncos de S. apetala como hábitat reprodutivo, tais como o gavião-relógio e a arara-vermelha (Guedes, 2002). Entretanto, a principal razão para o desenvolvimento de investigações acerca das relações ecológicas do manduvi é o fato dessa árvore ser uma espécie-chave para a conservação da araraazul (Anodorhynchus hiacinthynus). No Pantanal, 94% dos ninhos dessa ave estão em cavidade nos troncos de indivíduos desta espécie arbórea de S. apetala (FIGURA 1) (Pinho e Nogueira, 2003; Guedes, 1993). Artigos Técnico-Científicos A arara-azul é o maior representante da família Psittacidae, atingido mais de um metro de comprimento. São aves sociais, com populações sedentárias que podem fazer pequenas migrações diárias para alimentação e/ou reprodução (Guedes, 1993). É uma espécie de ave ameaçada de extinção (Nunes et al., 2006) e os principais fatores apontados como causadores do seu declínio populacional são a captura de indivíduos para o comércio ilegal de animais silvestres e a descaracterização do ambiente por queimadas ou desmatamentos (Guedes, 2002). A relação da arara-azul com S. apetala é especialmente interessante, pois ambas as espécies são sensíveis às atividades humanas, servindo como indicadoras de sustentabilidade de empreendimentos econômicos no 68 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal mato-grossense Pantanal. Assim, a caracterização dos fatores que afetam a reprodução e o recrutamento tanto da arara-azul como a S. apetala, e a interação entre estas espécies, embasarão discussões sobre como as atividades econômicas devem ser desenvolvidas para que conserve a biodiversidade na região do Pantanal. A existência de fatores ambientais que limitam anualmente o crescimento de árvores nos trópicos, como seca (Fahn et al., 1981), inundação periódica (Ishii, 1998; Worbes, 1989) e fotoperíodo (Cardoso, 1991), induzem à formação de anéis anuais (Schweingruber, 1988). Assim, a partir de técnicas derivadas da dendrologia é possível conhecer a idade das árvores. Aplicando técnicas dendrocronológicas em S. apetala que abrigam as cavidades-ninho de A. hyacinthinus, pode-se caracterizar a estrutura etária de sua população. Com base nessas informações, sugestões de manejo da população da árvore poderão ser propostas para prover a oferta satisfatória de cavidades-ninho para a araraazul. Cavidades em árvores constituem um recurso limitante para aves que as utilizam para nidificação. A redução na sua disponibilidade, pela perda de árvores maduras com cavidades naturais ou com porte suficiente para sua construção, pode resultar em baixas taxas de recrutamento das aves e na gradual redução de suas populações. Por exemplo, o psitacídeo australiano Polytelis swainsonii, espécie vulnerável à extinção, depende de cavidades em galhos e troncos de árvores de Eucalyptus spp. para sua reprodução. No entanto, as áreas de florestas remanescentes onde ocorrem estão sendo removidas para serem substituídas por plantios de soja (Manning et al., 2004). Na Europa, duas espécies de picapau (Dendrocopos leucotos na Finlândia e Dendrocopos major na Inglaterra), que se reproduzem em cavidades de árvores senis ou mortas, estão com suas populações ameaçadas de extinção pelo manejo florestal promovido pelo homem, no qual florestas maduras de carvalhos (Quercus spp.) são substituídas por florestas de coníferas para exploração comercial (Smith, 1997; Virkkala et al., 1993). Os objetivos deste estudo foram: (1) determinar a taxa de crescimento de S. apetala, (2) estimar a idade das árvores que abrigam cavidades-ninho cadastradas pelo Projeto Arara Azul e (3) fornecer subsídios ao plano de conservação da arara-azul no Pantanal. MATERIAL E MÉTODOS A amostragem foi realizada nas seguintes localidades: (1) Fazenda Santa Emília (19º30’24”S – 55º36’00”W), base de estudos da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP, sub-região do Aquidauana; (2) Estância Caiman (19º56’23”S – 56º14’26”W), fazenda de pecuária e turismo ecológico, base de campo do Projeto Arara Azul, sub-região do Miranda; (3) Fazenda Nhumirim (19º00’52”S – 56º38’38”W), base de pesquisas da EMBRAPA Pantanal e propriedades adjacentes, sub-região da Nhecolândia (Silva e Abdon, 1998) (FIGURA 2). Em todas as áreas as amostragens foram realizadas em cordilheiras com floresta estacional semidecidual; descrições refinadas do ambiente são encontradas em: Ratter et al., 1988; Silva et al., 2000; Salis, 2004. De forma similar, a população de araraazul pode ser reduzida a níveis críticos devido à carência de um número apropriado de sítios de nidificação (Guedes, 1995). Deste modo, estudos sobre idade de recrutamento de árvores adultas de S. apetala como cavidades-ninho para a arara-azul são importantes, pois fornecerão informações sobre a disponibilidade de cavidades hoje e no futuro, por intermédio de previsões sobre dinâmica de suas populações (Garcia et al., 1999; Hucthings, 1997; Boot e Gullison, 1995). Artigos Técnico-Científicos 69 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida Figura 2 - Situação dos sítios de amostragem na planície pantaneira. Adaptado de Silva e Abdon 1998. Edição de figura Macieira, A. (Instituto Arara Azul). De acordo com a classificação climática de Köppen, o Pantanal possui clima tropical subúmido (Aw), com média em torno de 1.100 mm anuais de chuva, com estação chuvosa de outubro a março e relativamente seca de abril a setembro. A temperatura média anual é de 26 ºC, podendo ocorrer geada esporádica (Soriano, 1997; Cadavid García, 1984). Tais características do clima da planície pantaneira induzem a formação de camadas de crescimento anual em espécies arbóreas, quer pela inundação excessiva (Ishii, 1998), quer pela carência de disponibilidade de água (Worbes, 1989). do peito (DAP) (1,30 m do solo) com fita diamétrica. Para descrição macroscópica das camadas de crescimento amostraram-se seis árvores de S. apetala conforme o método destrutivo apresentado por Worbes (1989), observando as recomendações de IAWA Commitee (1989). Somente árvores que abrigavam cavidades cadastradas, utilizadas pela arara-azul e monitoradas durante os últimos anos, mas que quebraram na altura do ninho, foram amostradas pelo método destrutivo. Essas árvores se quebraram na altura da cavidade-ninho após tempestades, ventanias, ou desmatamentos, inviabilizando sua ocupação pela arara-azul (Guedes, 2002). Para confirmação da existência dos anéis anuais de crescimento, em três dessas seis árvores foi aplicado o método da lesão cambial, que consiste na remoção de parte da casca da árvore, técnica conhecida como janela de Mariaux Em cada um dos sítios de trabalho foram amostradas árvores adultas de S. apetala. A amostragem buscou árvores que abrigam cavidades-ninho cadastradas pelo Projeto Arara Azul e outras árvores próximas, tanto menores quanto maiores em diâmetro que as árvores-ninho. Em todas as árvores amostradas foi medido o diâmetro à altura Artigos Técnico-Científicos 70 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal mato-grossense (Déttiene, 1989). Todas as amostras encontram-se depositadas na xiloteca do Herbário COR/UFMS. qualidade do solo entre (Adámoli 1982) e dentro das sub-regiões (Salis 2004) ou por outros fatores abióticos que limitam o crescimento, que sofrem variações espaciais e temporais, tal como a diferença de pluviosidade entre sub-regiões, que atua no regime do pulso de inundação (Junk e Silva 1999), refletindo a altura e tempo de inundação. O manduvi, que é uma espécie de árvore que cresce em manchas de solo eutrófico (Ratter et al. 1988), tem seu crescimento fortemente influenciado por esta variação espacial. Os dados de idade e diâmetro referentes às árvores-ninho cadastradas em cada região são apresentados na TABELA 2. Apesar de ser um método destrutivo e que demanda tempo, é considerado um dos mais seguros em estudos, tendo sido utilizado com sucesso em árvores de matas ciliares inundáveis do Pantanal (Ishii, 1998). Posteriormente, para a definição dos limites das camadas de crescimento amostraram-se mais 46 árvores de S. apetala usando o método não-destrutivo, que emprega a sonda de Pressler (increment borer) (Worbes et al. 2003), para então calcular a taxa de crescimento radial médio anual das árvores, tomando-se o raio da amostra dividido pelo número de camadas de crescimento da árvore (idade), conforme se segue. TABELA 1: Taxa de Crescimento Radial Médio, dada em milímetros, de 52 árvores de S. apetala nas subregiões investigadas no Pantanal, MS SUB-REGIÃO Aquidauana Miranda Nhecolândia Total TC = Rm/i TC = taxa de crescimento radial anual médio Rm = raio médio da amostra i = idade (número de camadas) MÉDIA (MM) + DP* 3,58±0,61 3,81±0,48 2,97±0,35 3,44 Onde: DP: desvio padrão TABELA 2 – Idade e diâmetro das árvores de S. apetala cadastradas como sítio reprodutivo pelo Projeto Arara Azul nas sub-regiões investigadas no Pantanal RESULTADOS A madeira de S. apetala apresenta cerne marrom-avermelhado distinto do alburno amarelo-claro. As camadas de crescimento são distintas e individualizadas por parênquima marginal terminal. As lesões provocadas no tecido cambial mostram com clareza a formação de apenas uma camada de crescimento durante o ano nas três árvores de S. apetala amostradas. SUB-REGIÃO Miranda Miranda Miranda Miranda Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Nhecolândia Nhecolândia As taxas de crescimento radial médio anual das árvores de S. apetala nas sub-regiões investigadas são apresentadas na TABELA 1. Com estes dados, nota-se que o crescimento das árvores de S. apetala é diferente entre as sub-regiões investigadas (ANOVA; N=52; gl=49,2; F=15.465; P<0,001). A diferença de crescimento entre sub-regiões deve ser explicada ou pela variação da Artigos Técnico-Científicos N 19 14 19 52 IDADE (ANOS) 96 74 71 89 107 72 83 104 97 83 69 96 114 86 DAP** (CM) 105 77,9 74 98 85,5 76 73 106,5 73 73 62,5 90 91 78 Onde: DAP diâmetro à altura do peito, aproximadamente 1,30 m da superfície do chão 71 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida idade (Número de camadas de crescimento) Comparando a resposta do crescimento das árvores-ninho, é possível observar que na sub-região da Nhecolândia as árvores são mais velhas e com menor diâmetro, enquanto as árvores da sub-região do Miranda, no outro extremo, são mais jovens, apresentando maior diâmetro. Na sub-região do Aquidauana foi encontrada a árvore-ninho mais jovem, com 69 anos. Modelos gerais lineares gerados para cada uma das sub-regiões a partir idade das árvores amostradas, dada em número de camadas de crescimento, em virtude do tamanho, em DAP, mostram-se com grande poder de predição, explicando 97% da variação dos dados em Miranda (FIGURA 3), 87%, em Aquidauana (FIGURA 4) e 68%, na sub-região da Nhecolândia (FIGURA 5). Diâmetro na altura do peito (cm) idade (Número de camadas de crescimento) idade (Número de camadas de crescimento) Figura 4 - Modelo de regressão linear da idade em virtude do diâmetro do tronco na altura do peito, a 1,3 m do solo, para árvores de Sterculia apetala na subregião do Aquidauana, Pantanal, MS (GLM; N=19; gl= 18; F=122,88; r2= 0,87; P=0,0001; y=0,9658x+5,7373). Diâmetro na altura do peito (cm) Diâmetro na altura do peito (cm) Figura 5 - Modelo de regressão linear da idade em virtude do diâmetro do tronco na altura do peito, a 1,3 m do solo, para árvores de Sterculia apetala na subregião da Nhecolândia, Pantanal, MS (GLM; N=19; gl= 18; F=36,429; r2= 0,682; P=0,0001; y=0,635x+36,933). Figura 3 - Modelo de regressão linear da idade em virtude do diâmetro do tronco na altura do peito, a 1,3 m do solo, para árvores de Sterculia apetala na subregião do Miranda, Pantanal, MS (GLM; N=14; gl= 13; F=463,845; r2= 0,975; P=0,0001; y=0,8209x+10,609). Artigos Técnico-Científicos 72 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Avaliação da idade das árvores usadas como ninho da arara-azul no Pantanal mato-grossense Assim, observa-se que os modelos lineares gerados apresentam grande aplicabilidade ecológica. Isso, porque permitem a previsão da faixa etária em que determinada árvore de S. apetala, em uma das populações avaliadas, apresentará condições de abrigar cavidades-ninho para a arara-azul, apesar de haver um aumento na variação dos pontos conforme as árvores tornam-se maiores, o que pode ser efeito das grandes raízes tabulares que S. apetala apresenta para se sustentar com o aumento da idade. Estas, muitas vezes, surgem a mais de dois metros de altura no fuste principal, o que afeta a medida do diâmetro real do tronco. Para diminuir esse efeito, sugere-se que estudos posteriores, que investiguem a mesma relação, descrevam o tamanho das árvores de S. apetala, empregando técnicas mais refinadas, como análise de componentes principais (PCA), que extrai das medidas de tamanho tomadas do indivíduo o eixo de maior explicação. A despeito desta discussão, os modelos gerados fornecem subsídios para estudos sobre a ecologia e manejo da população de S. apetala, que podem compor o plano de conservação da arara-azul no Pantanal. DISCUSSÃO Os ninhos cadastrados pelo Projeto Arara Azul estão distribuídos em árvores adultas, a partir de 60 anos de idade. Guedes (1995) relata que 5% das árvores de S. apetala que abrigam ninhos utilizados pela arara-azul são anualmente perdidos por queimadas, desmatamentos ou tempestades. Este fenômeno pode ter como sério efeito secundário a depressão populacional da arara-azul no Pantanal, devido à menor oferta de sítios reprodutivos, comprometendo o recrutamento da população desta ave. Desta forma, é preciso investigar a estrutura das diversas populações de S. apetala com o objetivo de confirmar o seu estado de conservação, avaliando se está ocorrendo recrutamento de novos indivíduos, pois, em caso de recrutamento negativo ou insatisfatório, torna-se urgente o desenvolvimento de um programa de manejo e conservação dos hábitats de ocorrência de S. apetala e, como conseqüência, a conservação do sítio reprodutivo utilizado pela a arara-azul no Pantanal. Tomando por base o crescimento das árvores de S. apetala no Pantanal e a idade do recrutamento de novas árvores para abrigar cavidades-ninho, caso seja realizada a recomposição vegetal das cordilheiras desflorestadas, somente depois de 60 anos aproximadamente as árvores estarão aptas a abrigar cavidades-ninho para a araraazul. Neste hiato de tempo, ações de manejo como as realizadas pelo Projeto Arara Azul serão importantes para a manutenção da população da arara-azul no Pantanal. Propostas de manejo direcionadas para as populações de S. apetala, que também fazem parte de um projeto de conservação da arara-azul, podem ser sugeridas: (1) a criação de unidades de conservação que protejam populações de S. apetala na região pantaneira; (2) o desenvolvimento de proteção legal ou regulamentação que vise conservar as formações de cordilheiras e as árvores de S. apetala, como a Lei Estadual no 8.317/2005, que proíbe o corte de manduvi no estado de Mato Grosso, visando proteger o hábitat reprodutivo da araraazul; (3) o monitoramento em longo prazo da oferta de cavidades-ninho em troncos de manduvi; e, por último, (4) a recomposição da vegetação das áreas em que for diagnosticada a carência de sítios reprodutivos para a arara-azul no Pantanal, devido a atividades humanas. A respeito dos modelos de ajuste linear, Boninsegna et al. (1989), estudando relações diâmetro-idade com espécies de árvores tropicais, em Misiones, Argentina, obtiveram para Cedrela fissilis um alto coeficiente de correlação (r=0,87; N=13). Apenas o coeficiente de ajuste estabelecido para relação similar aqui investigada com S. apetala na sub-região da Nhecolândia foi inferior a este valor. Artigos Técnico-Científicos 73 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida Enfim, as cordilheiras poderiam ser demarcadas como áreas de reserva legal das propriedades, sendo assim averbadas. Um instrumento legal simples pode considerar essas áreas impróprias para produção de gado, devido ao aparente impacto deste sobre o estabelecimento de plântulas, levando os pecuaristas a cercá-las. REFERÊNCIAS Adámoli, J. 1982. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados e discussão sobre o conceito de complexo do Pantanal. In: 32o Congresso Nacional da Sociedade Botânica do Brasil, Anais, p.109119. 32, 1981, Universidade Federal do Piauí. Teresina-PI. As propostas de manejo e a proteção ao hábitat do manduvi visando a conservação da arara-azul devem ser consideradas logo pelos tomadores de decisão, uma vez que a densidade de árvores que são capazes de abrigar cavidades-ninho para a arara-azul é pequena. A estimativa de densidade de ninhos ativos pela arara-azul no norte do Pantanal, sub-região de Poconé, é em torno de um ninho em 2.200 hectares (ou 0,045 ninho/100 hectares) (Pinho e Nogueira, 2003). Para a sub-região de Nhecolândia, a densidade estimada é menor ainda, esperando-se encontrar um ninho ativo pela arara-azul em 4.800 hectares (ou 0,021 ninho/100 hectares) (Guedes, 1993). Boninsegna, J.A.; Villalba, R.; Amarilla, L. e Ocampo, J. 1989. Studies on tree rings, growth rates and age-size relationship of tropical tree species in Misiones, Argentina. IAWA Journal 10 (2): 161-169. Boot, R. G. 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AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Fundação O Boticário de Proteção à Natureza pelo apoio financeiro (Proposta 646_20042). Agradecem também à Equipe do Instituto Arara Azul, Toyota do Brasil e a EMBRAPA Pantanal, pelo apoio logístico; aos proprietários da Estância Caiman e Fazenda Santa Emília – UNIDERP, por permitirem o desenvolvimento dos trabalhos em suas propriedades; e aos revisores que contribuíram anonimamente na divulgação desses resultados. Artigos Técnico-Científicos Crisp, M. A.; Lange, R. T. 1976. Age structure, distribuition, and survival under grazing of the arid zone shrub, Acacia burkittii. Oikos 27 (1): 86-92. Cristóbal, C. L. 1983. Esterculiáceas. In: Reitz, R. (ed.) (1983) Flora ilustrada catarinense.CNPQ-IBDF-HBR. Itajaí. Détienne, P. 1989. 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Distribuição e quantifi- Artigos Técnico-Científicos 76 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 67-76 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná Carlos Hugo Rocha, MSc1 • DESOLOS - Universidade Estadual de Ponta Grossa Doutorando no Department of Natural Resource Recreation and Tourism – Colorado State University RESUMO Esse trabalho apresenta um referencial metodológico para seleção de áreas prioritárias para a conservação da natureza em paisagens fragmentadas típicas do Brasil meridional. O objetivo foi formular em ambiente SIG um modelo simplificado, baseado na análise da paisagem, e explorar sua aplicação potencial para identificar, mapear e classificar unidades de paisagens remanescentes e definir áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade regional. Fundamentado em trabalhos de campo, fotografias aéreas e imagens LANDSAT, analisadas em ambiente SIG para o mapeamento de paisagens remanescentes, foram definidas unidades prioritárias tendo por base os seguintes indicadores de integridade ecológica da paisagem: a) Estado de Conservação; b) Diversidade de Hábitats; c) Contexto do Fragmento; d) Área do Fragmento; e) Área Nuclear. A combinação desses parâmetros produziu resultados consistentes com áreas de ocorrência previamente conhecidas de determinadas espécies, usadas como referencial de controle de eficácia do modelo. O propósito foi o de desenvolver um referencial para planejamento de mosaico de áreas protegidas e para o manejo integrado de paisagens, de modo a otimizar a conservação de hábitats no manejo dos recursos naturais de propriedades rurais. Conceitos e pressupostos desse trabalho foram explorados para seleção de áreas prioritárias nos Campos Gerais do Paraná. Palavras-chave: seleção de áreas prioritárias para a conservação; integridade ecológica da paisagem; ecologia da paisagem; interpretação de imagens; Campos Gerais regiões mais significativas do planeta para a conservação (Olson & Dinerstein, 1998; Myers et al., 2000). A ênfase nesses trabalhos é dada a grandes regiões, incluindo milhares de espécies e centenas de comunidades naturais. INTRODUÇÃO Várias iniciativas realizadas ao longo da década de 1990 levaram à identificação de prioridades globais para a conservação, tendo por base critérios como diversidade biológica, graus de ameaça e ecorregiões. A Conservation International e a WWF, em conjunto com outras entidades, desenvolveram o mapeamento dos hotspots e das ecorregiões prioritárias para conservação, incluindo as 1 No Brasil, a somatória de esforços entre diversas instituições governamentais, não-governamentais e pesquisadores produziu o mapa das “Áreas Prioritárias para a Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira” (MMA/SBF, 2004). Nesse trabalho são definidas como prioritárias para a conser- [email protected] Artigos Técnico-Científicos 77 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha vação novecentas áreas representativas dos biomas do Brasil. A identificação dessas prioridades em escala macrorregional representa um passo fundamental no esforço para a conservação da biodiversidade brasileira, orientando decisões que podem ser traduzidas em ações concretas. Esse modelo envolve procedimentos para a identificação e o mapeamento de unidades remanescentes de vegetação natural e a classificação de prioridades de conservação dessas unidades, definidas a partir da interpretação de indicadores de Integridade Ecológica da Paisagem. O método proposto é fundamentado em princípios teóricos oriundos da ecologia da paisagem, associados a técnicas de interpretação de fotos e imagens de sensoriamento remoto. Fundamenta-se também em trabalhos intensivos de campo para identificar os padrões típicos da vegetação remanescente e de uso das terras, para correlacioná-los com os padrões identificados nas imagens. A identificação e correlação desses padrões são discutidas como ferramentas potenciais para a seleção de áreas prioritárias em condições de paisagens fragmentadas. Devido às dimensões do país e aos objetivos amplos daquele trabalho, o mapeamento foi produzido em escala pequena e cada unidade mapeada representa extensas superfícies do território. Para as paisagens típicas do Brasil meridional, compostas por mosaicos de usos das terras e ecossistemas naturais fragmentados, sistema fundiário fundamentado na propriedade particular e uso intensivo dos recursos, esse mapeamento é valido como indicativo de regiões prioritárias, mas muito genérico para a definição de áreas para conservação na escala da paisagem. Faz-se necessário um refinamento dessa abordagem para a definição de prioridades na escala da paisagem, na qual são tomadas decisões sobre o manejo ou conservação dessas áreas prioritárias, responsáveis por abrigar significativa parcela da biodiversidade brasileira (Ribon et al., 2003; MMA/SBF, 2004; Rambaldi & Oliveira, 2005). Assim, o objetivo desse trabalho foi desenvolver um modelo simplificado em ambiente SIG, fundamentado na análise da paisagem, e explorar sua aplicação potencial para: a) Identificar, mapear e classificar paisagens remanescentes; b) Definir áreas prioritárias para a conservação na escala da paisagem; c) Testar a eficácia do modelo na identificação de áreas com ocorrência previamente conhecida de espécies da fauna e flora utilizadas como referencial de controle. Existem vários métodos para a seleção de áreas prioritárias, sendo que a maioria das estratégias discutidas na literatura é voltada para extensas áreas naturais, ainda pouco exploradas por atividades antrópicas (ex. Soulé & Terborgh, 1999; Margules & Pressey 2000; Groves et al., 2002; Wiersma & Urban, 2005) embora haja exceções (ex. Prendergast et al., 1999; Poaini et al; 2001 Rothley et al., 2004). A implantação de ações para a conservação em paisagens fragmentadas do Brasil requer, portanto, um modelo pragmático, embora cientificamente embasado, para a definição de áreas prioritárias na escala local. Com o intuito de contribuir nesse referencial, é apresentado neste trabalho um modelo desenvolvido em ambiente SIG (Sistema de Informações Geográficas), fundamentado na análise da paisagem regional para seleção de áreas prioritárias visando a conservação da biodiversidade. Artigos Técnico-Científicos Os conceitos e pressupostos desse modelo foram explorados na análise da conservação da biodiversidade expressa nas paisagens remanescentes dos Campos Gerais do estado do Paraná. Inicialmente, são discutidos métodos disponíveis na literatura para seleção de áreas prioritárias, seguindo-se a apresentação dos procedimentos metodológicos para a identificação de áreas prioritárias e sua fundamentação teórica. Na seqüência, discutemse os resultados da aplicação do modelo na área de estudo e são elaboradas considerações sobre a operacionalização dos parâmetros do modelo, suas principais limitações e o potencial para a seleção de áreas prioritárias 78 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná para conservação em paisagens fragmentadas. dade somente poderá ser medida pelo monitoramento de táxons específicos (Haufler, 1999). Um refinamento natural dessas abordagens é o mapeamento da diversidade genética existente entre indivíduos e populações. A presença de alelos raros ou privativos em pequenas populações pode ser extremamente importante para a conservação de populações geneticamente empobrecidas. SELEÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA CONSERVAÇÃO A definição de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade tem recebido considerável atenção na literatura científica produzida nas últimas décadas (ex. Diamond, 1975; Pickett et al,1978; Baker, 1989; Franklin, 1993; Prendergast et al., 1999; Margules & Pressey 2000; Van Langevelde, 2000; Pressey & Cowling 2001; Groves et al., 2002; Rothley et al., 2004; Newburn et al., 2005; Wiersma & Urban, 2005). Aplicações derivadas da teoria de biogeografia de ilhas (MacArthur & Wilson, 1967), foram amplamente discutidas para a formulação de regras para o delineamento de reservas. Com o desenvolvimento de novas teorias (ex. ecologia da paisagem e a teoria de metapopulações), abordagens baseadas nessa teoria perderam importância como modelo principal (Franklin, 1993; Forman, 1995). Além de atender objetivos de representatividade ecológica, um sistema efetivo de áreas protegidas deve observar a persistência de espécies em longo prazo (Margules & Pressey, 2000). Para analisar a probabilidade de persistência, a Análise de Viabilidade de Populações (AVP) e a População Viável Mínima (PVM) são ferramentas com crescentes aplicações e discussão na literatura (Reed et al., 2002). A utilização de modelos espacialmente explícitos, isto é, com a inclusão da localização geográfica e temporal de componentes considerados importantes para a dinâmica de populações na estrutura dos modelos, apresenta amplo potencial (ex. McKelvey et al., 1993; Lamberson et al., 1994; Kautz & Cox, 2001). Oriundos da moderna biologia da conservação, vários modelos e algoritmos, baseados principalmente na distribuição de táxons e espécies, têm sido propostos como diretrizes para a seleção de áreas e para a revisão dos sistemas de reservas existentes. Havendo disponibilidade de dados abrangentes, podem ser determinadas áreas com alta concentração de espécies ou táxons, altas taxas de endemismo e/ou alta concentração de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção. A Análise de Lacunas (Gap Analysis), ou seja, a sobreposição cartográfica da distribuição de espécies indicadoras e tipos de vegetação com a rede existente de áreas protegidas, tem sido enfatizada (Scott et al, 1993; Jennings et al., 2000). Uma característica comum desses modelos é a necessidade de base adequada sobre a biologia e distribuição das espécies e populações. Em particular, modelos espacialmente explícitos necessitam de grande quantidade de informações (ex. distribuição e qualidade de hábitats, dados demográficos de hábitats específicos, auto-ecologia de espécies, padrões de dispersão e regras de movimentação), raramente disponíveis (Menon et al., 2001; Reed et al., 2002). Quando os dados são insuficientes, a seleção de áreas pode ser estabelecida com base em dados coletados para um ou para poucos táxons considerados indicadores, na expectativa de que essas áreas também concentrem grande número dos demais táxons. O pressuposto dessas abordagens é que a melhor forma para a conservação é pela manutenção de condições ambientais favoráveis para espécies, táxons individuais ou para seus agrupamentos. Em última instância, a eficiência da conservação da biodiversi- Artigos Técnico-Científicos Apesar de constantes inovações (ex. Van Langevelde, 2000; Wiersma & Urban, 2005; Newburn et al., 2005), a aplicação desses métodos apresenta significativas limitações 79 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha práticas (Franklin, 1993; Prendergast et al., 1999; Poiani et al., 2000; Menon, 2001), de modo particular para regiões tropicais com altas taxas de diversidade, recursos insuficientes e rápida transformação das paisagens naturais. Frente à perda acelerada e irreversível da biodiversidade, são necessários métodos alternativos e pragmáticos para identificar áreas prioritárias para fins de inventário e proteção (Prendergast et al. 1999; Menon et al., 2001; Grooves at al., 2001). A definição de áreas prioritárias para a conservação em regiões com informação biológica incompleta constitui um desafio para a ciência (Poiani et al., 2001). dos recursos; d) conhecimento insuficiente da biodiversidade. O estabelecimento de sistemas integrados de áreas protegidas tem sido enfatizado, já que as áreas protegidas em paisagens naturais fragmentadas são geralmente limitadas a unidades relativamente pequenas, isoladas e circundadas por mosaicos de usos da terra freqüentemente inóspitos. O objetivo de um sistema integrado de reservas, nessas condições, deve incluir a representatividade de espécies ou ecossistemas em âmbito regional, promover a persistência desses alvos em longo prazo e a manutenção de condições favoráveis de suporte para a biodiversidade, processos ecológicos e evolução (Rothley et al., 2004; Margules & Pressey, 2000). As abordagens para conservação e manejo dos recursos naturais vão sendo aprimoradas em resposta aos avanços no entendimento de sistemas ecológicos e biológicos. Mecanismos e processos que governam a biodiversidade nos vários níveis de organização (genético, hábitats, ecossistemas, paisagens) operam em uma variedade de escalas espaciais e temporais (Levin, 1992; Forman, 1995; Noss, 1996; Hobbs, 1998; Wiens, 1999; Poiani, 2000). Cada nível da complexa organização hierárquica exibe composição, estrutura e funções características. Como resultante, as recomendações correntes para conservação enfocam a necessidade de manutenção da dinâmica de padrões e dos processos ecológicos que ocorrem em múltiplas escalas e sustentam a biodiversidade e os sistemas naturais dos quais dependem. MÉTODO Área de Estudo: os Campos Gerais do Paraná Os Campos Gerais ocupam a porção leste do Segundo Planalto Paranaense, no reverso da Escarpa Devoniana, degrau topográfico que separa a região dos campos desse Planalto, das florestas situadas no Primeiro Planalto (FIGURA 1). Na Escarpa, as altitudes máximas atingem 1.250 m, diminuindo para oeste e noroeste até 750 m nos vales dos rios principais. A expressão “Campos Gerais do Paraná” foi consagrada por Maack (1968), como uma zona fitogeográfica natural, com campos limpos associados a matas de galerias e capões isolados com a presença marcante de Araucaria angustifolia. Essa definição integra critérios fitogeográficos e geomorfológicos, que exprimem a estrutura geológica e a natureza das rochas, responsáveis por solos rasos e arenosos, pouco férteis, que favorecem a vegetação de campos (Melo, 2002). Desse modo, estratégias complementares para seleção de áreas prioritárias têm sido baseadas na distribuição de hábitats, ecossistemas ou paisagens (Franklin, 1993; With, 1999; Bennett, 1999; Poiani et al., 2000; 2001; Menon et al., 2001). O pressuposto básico é, caso se conserve a variação dos condicionantes ecológicos de uma determinada região, a maioria das espécies e suas complexas interações também serão preservadas. Uma abordagem integrada da paisagem (Bennett, 1999) é particularmente relevante em regiões com paisagens naturais fragmentadas com: a) reservas insuficientes; b) uso intensivo das terras; c) crescente pressão no uso Artigos Técnico-Científicos Os campos são formações relictuais de climas semi-áridos associadas ao processo dinâmico de alternância climática durante o Quaternário e constituem as formas de vegetação mais antigas do estado (Maack, 1968; Klein & Hatschbach, 1971). Trata-se, portanto, de região com grande diversidade de espécies 80 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná restritos. O PEVV (3.200 ha) é a única área protegida relativamente expressiva desse ecossistema. Como área de estudos, referencial para o desenvolvimento do modelo para seleção de áreas prioritárias, foi escolhida a região compreendida pelas Áreas MA 717, MA 718, e MA 720, mapeadas respectivamente como “Prioridade Alta, Muito Alta e Extremamente Alta” para a Conservação da Biodiversidade do Brasil (MMA/SBF, 2004). Essa região também foi identificada como uma das 66 “Áreas Valiosas de Pastizal en las Pampas y Campos de Argentina, Uruguay e Sur de Brasil” (Bilenca & Minarro, 2004) e como prioridade para implantação de Unidades de Conservação no levantamento do Patrimônio Natural dos Campos Gerais (Melo, 2002). A indicação de áreas prioritárias nesses trabalhos é abrangente, e a definição de áreas prioritárias na escala da paisagem requer detalhamento compatível. Assim, a partir desse referencial de prioridade macrorregional, aplicou-se o modelo para a definição de áreas prioritárias para conservação na escala da paisagem. Os limites de estudo foram definidos de modo a incluir o Parque Estadual de Vila Velha e o contexto regional no qual o Parque está inserido, observando-se sua Zona de Amortecimento, as bacias de drenagem e a distribuição original da Essepe Gramíneo-Lenhosa. Os limites oeste, norte e sul foram definidos por coordenadas geográficas de modo a abranger a extensão ocidental dos Campos Gerais e os corredores naturais formados pela ampla rede hidrográfica regional; o limite leste definido pela Escarpa Devoniana (FIGURA 1). Figura 1: Mapa de localização dos Campos Gerais no Estado do Paraná (adaptado de Maack, 1968) e área de estudos (Matriz Regional) e localizada em zona de contato entre diferentes regiões fitoecológicas dos Biomas Mata Atlântica e Cerrado e de áreas de Tensão Ecológica entre essas formações (IBGE, 2004). Em levantamento florístico do Parque Estadual de Vila Velha – PEVV, Cervi & Hatschbach (1990) reportaram a ocorrência de vinte e três espécies vegetais raras e ou endêmicas. Entre os mamíferos típicos da fauna regional, estão o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o tamanduá-bandeira (Mirmecophaga tridactyla) e a suçuarana (Puma concolor). Levantamentos da diversidade biológica dos Campos Gerais são, no entanto, bastante Artigos Técnico-Científicos A área de estudos é considerada a Matriz Regional para análise da paisagem (Forman 1995; Forman e Godron, 1986) e abrange 3.422 2 km , correspondendo a 18% da superfície total dos Campos Gerais (19.060 km2). Inserida na formação Estepe Gramíneo-Lenhosa, região fitoecológica do Bioma Mata Atlântica (IBGE, 2004), a cobertura vegetal desse polígono é predominantemente herbácea e os 81 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha campos emprestam aspecto fitofisiônomico típico e decisivo para a região. Ocupando posições distintas na paisagem, ocorrem sistemas aluviais e elementos da Floresta Ombrófila Mista, dominadas pelo pinheirodo-paraná (Araucaria angustifolia). peamento era definida. Quando os resultados não eram correspondentes, foram utilizadas fotografias aéreas e informações disponíveis no inventário, na tentativa de interpretar o padrão correto. Quando ainda persistiam dúvidas, foi utilizado o padrão obtido pela classificação digital. Mapeamento e Classificação de Paisagens Remanescentes A interpretação visual de imagens é uma abordagem não-numérica desenvolvida a partir das características de uma imagem, foto aérea ou de satélite, percebidas no monitor ou em uma cópia impressa. A interpretação visual oferece um método eficiente para a classificação de paisagens complexas e heterogêneas. Técnicas de pré-processamento e realce visual desses dados, disponíveis nos softwares para processamento digital de imagens, são importantes porque podem direcionar a interpretação, destacando respostas espectrais ligadas a alguma feição de particular interesse em diferentes intervalos espectrais (Antrop, 2000). Para esse trabalho foram inicialmente coletadas e analisadas informações disponíveis na literatura sobre os sistemas constituintes da paisagem, cartas topográficas, mapas de geologia, solos e vegetação (escala 1:600.000), fotos aéreas de 1952, 1962 e 1980 (escalas 1:25.000 e 1:70.000) e imagens LANDSAT TM5 de 1990 e 1994. Foram coletadas e analisadas informações geológicas e geomorfológicas, hidrografia, vegetação natural, pedologia, aptidão agrícola, sistemas de produção e de manejo das terras. Esse Inventário constituiu o referencial básico para as análises subseqüentes. No delineamento das unidades considerou-se a extensão total das superfícies remanescentes, agrupando-se, assim, tipos distintos de vegetação natural contíguos na mesma unidade de paisagem, em virtude da escala e da extensão de trabalho e do pixel da imagem LANDSAT. Foram consideradas como áreas mínimas mapeáveis as superfícies maiores que 40 hectares, correspondendo a uma unidade de 0,4 cm2 na escala 1:100.000. Para auxiliar essa tarefa, foi utilizada composição que inclui a banda pancromática da imagem LANDSAT 7, com resolução espacial de 15x15m. As rodovias principais e a malha ferroviária foram consideradas como barreiras para movimento de espécies silvestres e fluxos naturais na paisagem e, portanto, usadas como critério para delimitar unidades remanescentes. Duas imagens LANDSAT 7 ETM+, de Setembro de 2000 foram georreferenciadas e utilizadas na composição da Matriz Regional. A identificação das paisagens remanescentes foi obtida partir da interpretação de imagem combinando: a) classificação digital não supervisionada (Jensen, 1996) e b) interpretação visual da paisagem (Antrop 2000; Zonneveld, 1995; Grifith et al., 1995). Foi empregado o algoritmo ISODATA para análise de agrupamentos do programa Erdas/Imagine (v. 8.4) para a classificação digital. Produziu-se, assim, um mapa de uso das terras e formações remanescentes da vegetação natural em formato matricial (raster), utilizado como plano de informação no ambiente SIG. As áreas de vegetação nativa remanescentes foram delineadas manualmente em ambiente SIG (ArcView - v. 3.2), a partir da interpretação visual dos padrões de uso das terras, diretamente na imagem LANDSAT, comparando-se os padrões da imagem com o resultado da classificação digital. Quando as duas classificações correspondiam, a unidade de ma- Artigos Técnico-Científicos As unidades de paisagem remanescentes assim obtidas foram classificadas em quatro categorias, de acordo com os padrões típicos das formações de vegetação natural dos Campos Gerais (Klein & Hatschbach, 1971; Cervi & Hatschbach, 1990; Moro et al., 82 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná 1996;Moro, 2001) em: a) Campos Nativos; b) Matas com Araucária; c) Sistemas Ripários Mistos; e, d) Superfícies Aluviais, em função da tipologia da vegetação predominante na unidade mapeada. quando informações sobre as espécies são insuficientes (Poiani et al., 2001). Índices mais elevados de EC devem indicar maior capacidade para suportar e manter uma comunidade de organismos com composição de espécies, organização funcional e resiliência comparáveis aos hábitats naturais típicos da ecorregião. O índice EC de uma unidade remanescente reflete, assim, a qualidade dos seus hábitats e indicam a capacidade de recuperação da estrutura, dos padrões da vegetação e de processos ecológicos associados, quando submetidos a perturbações ambientais (Noss, 1996). Identificação de Áreas Prioritárias para a Conservação na Matriz Regional Para cada polígono remanescente mapeado foi determinada a Prioridade para a Conservação (PC) por intermédio da combinação de cinco critérios considerados como Indicadores de Integridade Ecológica e de Estrutura da Paisagem (Forman, 1995; McGarigal e Marks, 1995; Ritters et al. 1995; Noos, 1996; Antrop, 2000): a) Estado de Conservação; b) Diversidade de Hábitats; c) Contexto do Fragmento; d) Índice de Área; e e) Área Nuclear. Esses parâmetros foram operacionalizados através de avaliação individual das unidades remanescentes e combinados quantitativamente para determinar o índice PC. Os intervalos de valores para cada parâmetro foram determinados de modo a refletir as diferenças qualitativas e quantitativas existentes entre as unidades, considerando pesos iguais na avaliação desses indicadores. O Estado de Conservação foi operacionalizado pela interpretação visual dos padrões espectrais da imagem LANDSAT em cada polígono, relacionando-os aos padrões típicos da vegetação regional e de sucessão ecológica, observados em trabalhos de campo. Essas atividades foram embasadas pelas informações disponíveis no inventário, particularmente o histórico de uso das terras, disponível por meio da coleção temporal de fotos e imagens de satélite. O índice EC foi determinado qualitativamente através de avaliação comparativa entre unidades de mesma classe de vegetação e classificando-as em três categorias, de acordo com o estado de conservação. A TABELA 1 apresenta a Matriz referencial para avaliação do Estado de Conservação e determinação do índice EC. Estado de Conservação (EC): O Estado de Conservação representa as condições ecológicas das unidades de paisagem remanescentes, refletindo a intensidade das atividades de natureza antropogênica (distúrbios ou perturbações) a que foram historicamente submetidas. Essas alterações interferem nos padrões e em processos ecológicos distintos (ex. dinâmica de populações, taxas de colonização e extinção, sucessão de espécies, níveis de matéria orgânica, fertilidade, infiltração de água nos solos etc). A intensidade de manejo da paisagem apresenta relação direta com a freqüência dos distúrbios antrópicos e com a quantidade de subsídios energéticos necessários para sua alteração e manutenção (Forman & Godron, 1986). Diversidade de Hábitats (DH): A conservação de hábitats é elemento essencial para qualquer programa abrangente para a conservação da biodiversidade. Níveis elevados na hierarquia ecológica, como hábitats ou ecossistemas, não apresentam a precisão biológica proporcionada por espécies individuais, mas apresentam outras vantagens como referencial de biodiversidade. Nesses níveis são integrados os processos ecológicos que contribuem para a manutenção da funcionalidade dos ecossistemas e existem indícios claros de que variáveis ambientais são indicadores funcionais de distribuição espacial de espécies (Franklin, 1993; Margules & Pressey, 2000). As informações nesses níveis hi- A identificação de hábitats de qualidade para determinadas espécies é uma estratégia importante para identificar áreas prioritárias Artigos Técnico-Científicos 83 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha TABELA 1: Matriz para avaliação do Estado de Conservação de paisagens remanescentes, baseada na interpretação de padrões em imagem de satélite, fotos aéreas e correspondência com padrões da vegetação avaliados em campo. Paisagem Remanescente Campos Nativos Capões e Matas de Galeria com Araucária Áreas Úmidas Histórico de Uso das Terras e Intensidade de Manejo Correspondência de padrões da vegetação nativa com a intensidade do manejo e de distúrbios antrópicos Jamais cultivado Padrão fitofisionômico típico de vegetação de campos com boa cobertura da vegetação e sem erosão aparente. Adequado 3 Jamais cultivado; pastoreio prévio excessivo Razoável cobertura da vegetação com manchas de solo exposto ou erosão. Predomínio de espécies nativas. Áreas em recuperação de prévio pastoreio intensivo. Razoável 2 Área previamente cultivada (>20 anos) ou atualmente sob pastoreio excessivo Cobertura deficiente da vegetação com freqüentes manchas de solo exposto e erosões. Presença de espécies nativas e exóticas introduzidas e/ou invasoras. Degradado 1 Jamais submetido a corte raso; Poucos padrões com indícios de extração seletiva (> 50 anos) Floresta Primária (com presença de Secundária avançada). Capões e Matas dominadas pela Araucária com padrão fitofisionômico típico. Floresta Primária 3 Padrões evidentes de extração seletiva ou Corte raso antigo (> 50 anos) Floresta Secundária avançada. Capões e Matas com presença de Araucária e padrão fitofisionômico típico. Floresta Secundária 2 Padrões evidentes de extração seletiva (> 20 anos) ou corte raso (>40 anos) Floresta em estado de regeneração natural. Capões e Matas com presença de Araucária e padrão fitofisionômico típico. Capoeirão 1 Jamais manejada ou modificada; sem descarga de bacias urbanas ou industriais Predomínio de várzeas e áreas ripárias úmidas sem modificação antrópica visível. Predomínio de espécies nativas. Adequado 3 Jamais manejada ou poucas Várzeas e áreas ripárias úmidas com evidencias evidências de ação antrópica; de interferência antrópica. sem descarga de bacias Predomínio de espécies nativas. urbanas ou industriais Razoável 3 Degradado 1 Áreas com prévia atividade antrópica; áreas com descarga de bacias urbanas ou industriais Várzeas e áreas ripárias úmidas com sinais de interferência antrópica significativa. Presença de espécies exóticas introduzidas e invasoras. erárquicos podem ser adquiridas através de imagens e fotografias áreas, com apoio em trabalhos de campo para comparação de padrões nas imagens e no campo. Artigos Técnico-Científicos Estado de Índice Conservação EC As características de estrutura e composição da vegetação afetam a interação no nível de espécies e são fatores determinantes para a biodiversidade regional (Franklin, 1993). 84 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná Áreas naturais espacial e temporalmente heterogêneas são geralmente superiores a áreas homogêneas para a conservação, quando o objetivo é manter uma alta diversidade biológica. A heterogeneidade espacial de hábitats contribui para maior capacidade de resistência a perturbações antrópicas ou naturais (Meffe & Carrol, 1997; Tilman et al., 2006). A diversidade entre hábitats (diversidade Beta) pode ser tão importante para a definição da conservação quanto a diversidade Alfa, a diversidade interna de hábitats (Wiersma & Urban, 2004). Para Margules et al. (1994), a seleção fundamentada na diversidade de hábitats pode ser mais eficiente do que a fundamentada em levantamento de espécies. Contexto do Fragmento (CF): A biodiversidade em fragmentos é influenciada pela dinâmica ecológica interna da unidade e pelo contexto no qual cada unidade de paisagem remanescente está inserida, considerando-se múltiplas escalas de análise. Os processos ecológicos em paisagens remanescentes são extremamente dinâmicos, com movimento extensivo de plantas e animais, transporte de sedimentos e fluxos de energia, diretamente interligados com a região de entorno de cada fragmento. A combinação de contextos formados por áreas urbanas, suburbanas, industriais ou manejadas para agricultura intensiva e/ou familiar, reflorestamento e pastagens, representa diferentes potenciais de intervenção nos processos ecológicos naturais, considerando desde plantas invasoras e animais domésticos, grandes monoculturas, até casos de contaminação severa (Franklin, 1993; Forman, 1995; Meffe & Carroll, 1997). As unidades remanescentes foram delineadas de modo contínuo, englobando diferentes tipos de vegetação natural (Matas de Galeria, Capões de Mata, Formações Rupícolas, Campos Secos, Campos Úmidos e Várzeas), correspondendo a hábitats para espécies distintas inseridas na mesma superfície remanescente mapeada. O Índice DH foi obtido diretamente por meio da identificação das diferentes formações de vegetação natural inseridas nas unidades individuais mapeadas e, assim, unidades com maior número de hábitats receberam Índices mais elevados. A TABELA 2 apresenta a Matriz referencial para determinação do Índice DH. Modificações nos fluxos ecológicos podem provocar alterações na estrutura da vegetação, cobertura do solo, nível de nutrientes e características microclimáticas, que podem eventualmente favorecer algumas espécies, mas podem, também, levar à redução de populações ou à extinção local de outras. Fragmentos isolados em meio a atividades antrópicas intensivas estão mais suscetíveis aos efeitos antagônicos para sua conservação e à persistência de espécies na matriz, do que unidades situadas em contextos com predomínio de áreas remanescentes. Uma vez isolados, hábitats remanescentes podem entrar numa trajetória de transformação contínua e podem ser retroalimentados efeitos deletérios, acentuando processos de degradação (Margules & Pressey, 2000). TABELA 2: Matriz para determinação do Índice Diversidade de Hábitats (DH) Número de tipos Índice de de formação da Diversidade vegetação identificados na unidade mapeada1 de Hábitats 6 5 4 3 2 1 3 2,5 2 1,5 1 0,5 (DH) O Índice CF foi determinado a partir da identificação dos sistemas de uso das terras no entorno de cada unidade mapeada, com auxílio de classificação digital e das informações disponíveis no Inventário, levando-se em consideração os efeitos potenciais positivos e/ou negativos dos sistemas de produção adjacentes às unidades. A TABELA 3 apresenta a Matriz referencial para essa avaliação. Onde::1 Campos Nativos, Campos Úmidos, Várzeas, Capões de Mato, Matas de Galeria, Formações Rupícolas Artigos Técnico-Científicos 85 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha TABELA 3: Matriz para definição do Índice de Contexto do Fragmento Sistema de Uso das Terras no Entorno da Unidade Remanescente Porcentagem dos Sistemas de Uso das Terras 0 – 25% -0,5 -0,5 -0,3 -0,2 0,5 Urbano/Suburbano/Industrial Agricultura Intensiva Agricultura Familiar Reflorestamento (Pinus/Eucaliptus) Remanescentes de vegetação natural 51 – 75% -1,5 -1,2 -0,8 - 0,7 1,5 76 -100% -2,0 -1,5 -1,2 -1,0 2,0 Hobbs, 1998). A redução dos tamanhos dos fragmentos em campos naturais pode resultar em decréscimo na riqueza e na densidade de espécies características desses ambientes, iniciando-se pelas bordas dos fragmentos e avançando em direção ao interior (Kiviniemu et al., 2002). Assim, por exemplo, uma unidade remanescente com 75% do seu entorno com agricultura intensiva (Índice = -1,2) e 25% de áreas remanescentes (Índice = 0,5), terá um Índice CF igual a -0,7. Índice de Área (IA): A área de uma unidade de paisagem é a métrica de estrutura da paisagem mais útil e com conteúdo ecológico fundamental diretamente associado (McGarigal & Marks, 1995, Riitters et al., 1995). Superfícies maiores de vegetação natural abrangem populações maiores e mais viáveis, particularmente de espécies de interior ou que necessitam de grande extensão territorial, oferecem maior disponibilidade de recursos e diversidade de hábitats, favorecem a conservação de processos ecológicos e proporcionam áreas-núcleo maiores e menos alteradas. Áreas menores podem ser importantes como corredores e “stepping stones” na dispersão de espécies na paisagem, além de proporcionar hábitats para espécies típicas de ambiente de borda (Forman, 1995; Carroll & Meffe, 1997; Poiani, 2001). O Índice de Área (IA) foi obtido através da seguinte equação: IA = (Área/Área Média)1/2 Na equação, “Área” corresponde à área de cada unidade remanescente mapeada obtida diretamente do banco de dados do sistema SIG e a “Área Média”, à média de área de todas as unidades mapeadas. O IA foi normalizado pela função raiz do quociente entre área de cada unidade e a área média, criando assim índice contínuo proporcional ao tamanho de cada unidade. Índice de Área Nuclear (AN): Valores elevados de relação área/perímetro implicam elevada porcentagem de hábitats remanescentes situados em áreas de borda; consequentemente, os limites e as áreas de borda de reservas são fatores críticos na proteção de hábitats de interior. A área-núcleo é diretamente afetada pela quantidade de bordas em uma unidade remanescente; assim, uma unidade pode ter superfície suficiente para ocorrência de determinada espécie, mas não conter áreas-núcleos suficientes. Para processos ecológicos e espécies exclusivas de interiores, ou afetadas de modo adverso pelo efeito de borda, a Área Nuclear pode ser Por outro lado, fatores como facilidade de infestação por espécies exóticas, entrada de nutrientes e poluentes da região de entorno e modificações nas condições ambientais reguladoras de processos ecológicos em escala local, têm maior probabilidade de ocorrer e causar impactos negativos em áreas menores. Hábitats pequenos são mais suscetíveis a transformações no caso de eventos catastróficos, apresentam maior vulnerabilidade genética e menores chances de persistência em longo prazo (Meffe & Carroll, 1997; Artigos Técnico-Científicos 26 – 50% -1,0 -0,8 -0,5 - 0,4 1,0 86 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná um melhor indicador de qualidade de hábitats do que o Índice de Área (McGarigal & Marks, 1995). Avaliação da Eficácia do Modelo Como forma de avaliar a eficácia do modelo, foi executada uma análise comparativa entre os resultados de prioridade de conservação obtidos e as áreas de ocorrência conhecidas na Matriz Regional de espécies novas, raras e endêmicas de Peixes (Characidae), Anfíbios (Leptodactylidae), Lepidópteros, Amarantáceas, Bromeliáceas, Cactáceas e Eriocauláceas (Cervi e Hatschbach, 1990; Moro 2001; Artoni e Almeida, 2001; Estreiechen & Moro, 2003; Paraná, 2004; Polatti, 2005); e as áreas de ocorrência do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), mapeadas por Pontes Filho et al. (1997; 1999). A Área Nuclear, nesse trabalho, corresponde à área do polígono formado internamente a partir da distância de cem metros dos limites de cada unidade remanescente mapeada. Esse dado foi obtido em operação SIG, de modo a incluir o efeito de borda no sistema de avaliação. A Área Nuclear de cada unidade mapeada foi obtida diretamente do banco de dados do SIG. O Índice de Área Nuclear (IA) foi obtido através da seguinte equação: Os dados disponíveis de ocorrência desses táxons foram mapeados e inseridos no ambiente SIG para análise da correspondência entre as áreas de ocorrência, as áreas remanescentes e respectivas categorias de prioridade. O modelo apresentado pode ser considerado eficaz se as áreas de ocorrência das espécies acima estiverem inseridas nas unidades remanescentes mapeadas nas categorias de Prioridade Muito Alta. Também foi produzida a matriz de correlação entre as variáveis, para identificar a possível colinearidade entre os índices, e a correlação desses com o resultado final expresso pelo PC. AN = (Área Nuclear /Área Nuclear Média)1/2 A Área Nuclear corresponde à área-núcleo de cada unidade remanescente mapeada obtida diretamente do banco de dados do sistema SIG e a Área Nuclear Média, a média entre as áreas-núcleos de todas as unidades mapeadas. O Índice AN foi normalizado pela função raiz do quociente entre área-núcleo de cada unidade e a área-núcleo média, criando assim índice contínuo, proporcional ao tamanho de cada unidade. Índice de Prioridade de Conservação (PC) RESULTADOS E DISCUSSÃO Unidades de Paisagem Remanescentes Os cinco índices acima foram combinados em ambiente SIG para produzir Índices de Prioridade de Conservação (PC) para cada unidade mapeada, por intermédio da seguinte equação: Foram mapeadas 245 unidades de paisagens remanescentes (FIGURA 2), totalizando 105.066 ha, correspondendo a 30,7% do total da superfície da Matriz Regional analisada (342.211 ha). As áreas máxima e mínima mapeadas foram respectivamente 13.561 e 40 ha; a área média das unidades remanescentes é igual a 428,8 ha (TABELA 4). Dessas, 51 unidades foram mapeadas como Campos Nativos, 116 como Florestas e Matas de Galeria com Araucária, 72 como Sistemas Ripários Mistos e seis como Sistemas Aluviais Mistos. A Matriz inclui ainda atividades de reflorestamento, áreas de agricultura intensiva, agricultura familiar e áreas com ocupação urbano-industrial, totalizando 237.145 ha (69,3% da superfície total). PC = (EC, DH, CF, IA, IN) A partir do Índice PC, as unidades mapeadas foram classificadas em três categorias de prioridade regional: Muito Alta, Alta e Média. Os valores de PC para determinar os intervalos de categorias de prioridade foram definidos de modo a distribuir-se eqüitativamente a superfície total remanescente entre as três classes de prioridade. Obteve-se ainda o mapeamento da distribuição geográfica dessas unidades. Artigos Técnico-Científicos 87 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha TABELA 4: Unidades de Paisagem Remanescentes na Matriz Regional (dados de 2000) Unidades de Paisagem Remanescentes (UPs) Nº de Unidades Mapeadas Área Total (ha) Área Total (%) Área Núcleo (ha) Área Média (ha) Menor Área (ha) Maior Área (ha) Número de UPs >429 ha Número de UPs >1.000 ha Campos Nativos 51 51.332 48,9 30.839 1.006,5 43 13.561 19 13 Florestas Matas de Galeria 116 21.033 20,0 7.957 181,3 40 2.362 6 2 Sistemas Ripários Mistos 72 21.054 20,0 7.332 292,4 41 3.883 13 3 Sistemas Aluviais Mistos 6 11.647 11,1 5.362 1.941,2 94 5.113 4 3 Total 245 105.066 100 51.490 428,8 42 21 Figura 2: Áreas prioritárias para conservação na matriz regional. Artigos Técnico-Científicos 88 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná Entre as 245 unidades de paisagens remanescentes, apenas 42 (17%) possuem área superior à área média, totalizando 76.620 hectares (73% da área remanescente total) e, dessas, apenas 21 (9%) apresentam área superior a mil hectares, totalizando 63.031 hectares (60% da área remanescente total). A área nuclear total para as unidades remanescentes é igual a 51.490 ha (49% do total); as áreas remanescentes situadas em áreas consideradas de borda, assim, somam 53.576 ha (51% do total). O efeito de borda é nitidamente mais proeminente para as categorias de Floresta e Matas de Galeria (62% da área remanescente) e para os Sistemas Ripários Mistos (65% da área remanescente), por apresentarem áreas menores e isoladas entre áreas antropizadas, normalmente campos nativos transformados em áreas agrícolas. para a conservação da biodiversidade do Brasil (MMA/SBF, 2004). Enfatiza-se, assim, a necessidade vital de iniciativas para a conservação e recuperação desses remanescentes. O processo de transformação agrícola das paisagens na Matriz Regional é fenômeno relativamente recente. A análise de fotos aéreas de 1952 e 1962 demonstra uso agrícola nas áreas com florestas e capões de mata, sob sistema de queima, cultivo e pousio. Devido à baixa fertilidade natural, era raro até esse momento o uso agrícola de campos nativos. O cultivo intensivo somente ocorreu a partir do início da década de 1970, com a introdução de sistemas fundamentados no uso de insumos químicos. A transformação das áreas com menor aptidão agrícola foi viabilizada a partir da década de 1990, com os avanços tecnológicos proporcionados pelo sistema de plantio direto. Esses dados confirmam a profunda alteração das paisagens naturais na Matriz, situação típica da região meridional do Brasil. O grande número de unidades remanescentes mapeadas (245) caracteriza um mosaico regional fragmentado, constituído principalmente por áreas pequenas (mediana = 119,1 ha), isoladas, pelo menos para espécies com maior dificuldade de dispersão entre paisagens inóspitas. As 122 áreas menores que a mediana somam 9.360 ha, sendo apenas 1.982 ha de áreas-núcleos. Essa situação torna-se mais crítica pelo fato dessa região estar inserida em área considerada como “Prioridade Extremamente e Muito Alta” Áreas Prioritárias para a Conservação da Natureza As Unidades de Paisagem Remanescentes mapeadas foram classificadas em três categorias de prioridade para conservação da natureza: a) Muito Alta; b) Alta; e c) Média, de acordo com os Índices obtidos e distribuindose a superfície total remanescente de modo eqüitativo entre as três categorias. A TABELA 5 apresenta as características das classes e a FIGURA 2 evidencia a distribuição espacial dessas na Matriz Regional. TABELA 5: Classes de prioridade regional para a conservação da natureza Discriminação Muito Alta 7 37.070 35,3 5.296 1.991 13.561 1.194 9.433 Número de Unidades Área Remanescente (ha) Área Remanescente (%) Área Média (ha) Menor Área (ha) Maior Área (ha) Menor Área Nuclear (ha) Maior Área Nuclear (ha) Artigos Técnico-Científicos 89 Classes de Prioridade Alta Média 31 207 33.946 34.050 32,3 32,4 1.095,0 167,6 101 40 3.883 922 25 0,4 3.445 561 Total 245 105.066 100 429 - Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha As Unidades de Paisagem Remanescentes classificadas como Prioridade Muita Alta compreendem sete unidades de mapeamento, com superfície total de 37.070 hectares, correspondendo a 35,3% da superfície remanescente total. Compreendem áreas de campos nativos associados a capões e matas de galerias, e as planícies aluviais associadas aos principais rios, com presença significativa de várzeas e ambientes ripários. Essa categoria compreende unidades remanescentes com superfícies extensas (entre 1.911 a 13.561 ha), com área média igual a 5.296 ha e expressivas áreas-núcleos (entre 1.194 a 9.433 ha). Estão, portanto, sujeitas a menor influência antagônica de áreas adjacentes (menor efeito de borda). so dos campos nativos e áreas úmidas, ou estão em estágios mais avançados de sucessão ecológica, nas áreas associadas com florestas. Todas as unidades mapeadas nessa categoria apresentam alta diversidade de hábitats. O contexto do mosaico onde estão situadas inclui paisagens com predomínio de atividades agrícolas intensivas, entrecortadas por eixos rodoviários principais, que exercem pressão desfavorável à conservação. Setores significativos das unidades com campos nativos, situadas na borda da Escarpa Devoniana, apresentam contexto mais favorável, adjacentes a áreas remanescentes de Florestas com Araucária. A distribuição espacial dessas unidades permite conectividade potencial (estrutural e funcional), quando consideradas em conjunto com as demais unidades remanescentes de alta e média prioridades. Historicamente, foram submetidas à exploração antrópica menos intensiva, como no ca- Figura 3: Detalhe de paisagem remanescente (região central da imagem) com o maior índice de prioridade de conservação na Matriz Regional e unidades adjacentes com muito alta, alta e média prioridades. Para magnificar o potencial de conservação da Matriz, evidencia-se nessa imagem: a) recuperação de lacunas existentes nessa unidade, situadas a norte e leste do Parque Estadual de Vila Velha; b) conexão funcional entre unidades remanescentes; c) estabelecimento de sistema integrado (mosaico) de áreas protegidas (incluindo Ucs de uso indireto); d) programa de manejo da paisagem para gestão do território com maior potencial para conservação da biodiversidade regional. Artigos Técnico-Científicos 90 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná São, portanto, consideradas áreas essenciais como hábitats para espécies diversas, para a manutenção de processos ecológicos em âmbito de paisagem e para conservação da biodiversidade regional. Necessitam de atenção prioritária da sociedade na forma de recursos e estratégias colaborativas para: a) efetiva conservação dos fragmentos remanescentes; b) restauração ecológica de áreas transformadas; c) restabelecimento e ampliação da conectividade funcional entre elementos da paisagem; e d) estabelecimento de sistema integrado de áreas protegidas (Ver FIGURA 3). Essas unidades são ainda consideradas áreas prioritárias para o estabelecimento de Unidades de Conservação de Proteção Integral. na Matriz Regional, por serem hábitats de espécies diversas e pela manutenção da conectividade estrutural da paisagem, o que se aplica particularmente às áreas maiores, em melhor estado de conservação e localizadas em situação intermediária entre unidades com prioridade Muito Alta. A distribuição espacial dessas unidades permite conectividade potencial (estrutural e funcional) quando consideradas em conjunto com as demais unidades (de Alta e Média prioridades) mapeadas. Representam, desse modo, importante papel como corredores de ligação entre unidades remanescentes. As Unidades de Paisagem Remanescentes classificadas como Prioridade Média compreendem 207 unidades de mapeamento, com superfície total de 34.050 hectares correspondendo a 32,4% da superfície total. Compreendem unidades em três ambientes distintos: Florestas, Capões e Matas de Galeria; Superfícies Ripárias Mistas, incluindo matas de galeria, campos úmidos e várzeas; e campos nativos. Essa categoria compreende unidades com superfícies menores (entre 40 e 922 ha), área média de 166 ha e áreas-núcleos pouco expressivas (entre 0,4 e 561 ha), com nítida predominância (66%) de hábitats de borda. As unidades de paisagem remanescentes classificadas como Prioridade Alta compreendem 31 unidades de mapeamento com superfície total de 33.946 hectares, correspondendo a 32,3% da superfície remanescente total. Compreendem campos nativos associados a capões e matas de galeria e superfícies ripárias incluindo principalmente matas de galeria, campos úmidos e várzeas. Essa categoria compreende unidades remanescentes que apresentam superfícies com áreas intermediárias (entre 101 e 3.883 ha) e área média igual a 1.095 ha e submetidas a maior efeito negativo de borda (área nuclear entre 25 e 3.445 ha). Apresentam combinações diferenciadas de características menos favoráveis à conservação: campos nativos e áreas úmidas submetidos à exploração antrópica mais intensiva ou florestas e matas de galeria em estágios intermediários de sucessão ecológica e menor diversidade de tipos da vegetação (hábitats). Estão localizadas em paisagens com contexto predominantemente agrícola ou urbano-suburbano-industrial, que exercem forte pressão desfavorável à conservação. Essas Unidades assumem importância média regional na manutenção da conectividade estrutural da paisagem, e importância local como Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente nas propriedades rurais. Portanto, são peças fundamentais como elementos de conexão entre áreas consideradas prioritárias. Apresentam combinações diferenciadas de características mais ou menos favoráveis à conservação: alta diversidade de tipos da vegetação (hábitats), áreas submetidas à exploração antrópica sob intensidades diversas ou em estágios intermediários ou avançados de sucessão ecológica. O contexto do mosaico onde estão situadas inclui paisagens com agricultura intensiva, agricultura familiar, reflorestamento e áreas remanescentes. A proximidade de eixos rodoviários principais também exerce forte pressão desfavorável à conservação. Essas Unidades são consideradas de Alta Importância para a conservação da natureza Artigos Técnico-Científicos 91 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha Avaliação da Eficácia do Modelo: Áreas Prioritárias e Ocorrência de Espécies mapeável, que podem estar sendo usados como hábitats suplementares. Como forma de avaliar a eficácia do modelo proposto, foi efetuada análise comparativa entre os resultados de prioridade obtidos e as áreas de ocorrência de espécies novas, raras e endêmicas e áreas de ocorrência do loboguará (Chrysocyon brachyurus), previamente identificadas na Matriz Regional. Todas as áreas de ocorrência de espécies novas, raras ou endêmicas previamente conhecidas estão localizadas em unidades remanescentes mapeadas como áreas de Prioridade Muito Alta para conservação, com duas exceções: uma localizada em área de Alta Prioridade e outra em área de visitação turística (Furnas do PEVV), não mapeada por serem menores que área mínima mapeável (40 ha). O fato desses locais se situarem entre áreas de Prioridade Muita Alta (não incluídas nos levantamentos de ocorrência do lobo-guará) também pode contribuir para a ocorrência da espécie nessas duas áreas. Outro fator comum às áreas de ocorrência do lobo-guará é o elevado Índice de Diversidade de Hábitats (DH) das unidades de mapeamento, incluindo principalmente várzeas e áreas úmidas. A presença de hábitats diversos é certamente um importante indicador de áreas preferenciais para o lobo-guará em ambientes fragmentados, por disponibilizar diferentes recursos no território em diferentes épocas do ano. O Estado de Conservação (EC) também mostrou ser um bom indicador da ocorrência dessa espécie. As sete áreas de ocorrência do lobo-guará mapeadas na Matriz coincidem com as áreas remanescentes mapeadas. Dessas, três estão inseridas em unidades remanescentes, classificadas como Muito Alta e Alta Prioridade. Outras duas áreas de ocorrência se inserem em contexto de unidades com prioridades Alta e Muito Alta, incluindo, também, áreas transformadas. Tal fato pode indicar baixa disponibilidade de hábitats remanescentes para essa espécie, e uso daqueles de qualidade inferior como áreas suplementares ou como rotas de dispersão. Por outro lado, duas áreas de ocorrência abrangem unidades mapeadas como Média Prioridade, além de incluir significativas porções de paisagens transformadas para uso agrícola. Esses dados corroboram o potencial do modelo proposto para definição de áreas prioritárias. A efetiva conservação dessas unidades pode garantir a manutenção de hábitats para espécies ocorrentes na Matriz. Estratégias para efetiva interconexão dessas unidades, incluindo, nesse novo desenho de reservas, unidades de Alta e Média prioridades, podem proporcionar melhorias estruturais mais favoráveis para a conservação na Matriz do que a atual distribuição isolada de unidades. Áreas menores podem, assim, desempenhar importante papel como áreas auxiliares na dispersão ou como corredores de ligação entre áreas mais significativas. Considerações sobre o Modelo Proposto Essa contradição com o modelo pode ser explicada pela fragmentação relativamente recente nessas áreas, intensificada a partir da década de 1990. Os trabalhos de mapeamento de ocorrência do lobo-guará foram realizados entre 1994 e 1999. Portanto, a fragmentação ocorrida nesse intervalo de tempo contribuiu para um menor índice de conservação dessas unidades no modelo (desenvolvido sobre imagem de 2000). As áreas de ocorrência também incluem diversas pequenas áreas úmidas remanescentes, menores que a área mínima Artigos Técnico-Científicos Identificação de Paisagens Remanescentes: A interpretação visual de imagens é fundamentada em propriedades holísticas de percepção e oferece um método eficiente para a classificação de paisagens complexas e heterogêneas (Antrop, 2000). Essa abordagem é apropriada para a análise de paisagens tropicais e subtropicais fragmentadas que apresentam alta variabilidade espacial e temporal. Demandam, no entanto, intensivo trabalho para delineamento manual e amplo conhecimento do mo- 92 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná saico regional para a interpretação de imagens. A classificação digital é recomendada para análise de grandes áreas ou para áreas com melhor resolução espacial. Para áreas menores, se faz necessário um maior nível de detalhamento. Portanto, a interpretação visual de imagens e fotos aéreas com maior resolução espacial é mais adequada. tura, dos parâmetros utilizados e dos valores definidos. A estrutura do modelo apresentado, bem como a construção dos índices utilizados, é simples e direta, e produziu resultados considerados satisfatórios, quando comparados à distribuição conhecida de espécies na Matriz Regional, utilizadas como controle. Os valores dos índices foram definidos de modo a haver equilíbrio entre os parâmetros, e o critério de separação do índice PC em três categorias por superfície remanescente equivalente, justifica-se no sentido de definir categorias de áreas prioritárias. Podem ser atribuídos aos mesmos parâmetros diferentes arranjos entre valores e intervalos, em virtude de características ecológicas regionais consideradas importantes. Imagens com melhor resolução espacial (ex. IRS, IKONOS) podem, evidentemente, proporcionar resultados mais consistentes e mais facilidade de interpretação. São considerados fundamentais para a interpretação visual das imagens e delineamento de polígonos os seguintes fatores: a) conhecimento prévio dos sistemas de uso e manejo das terras e das características fitofisionômicas da vegetação natural; b) interpretação da resposta espectral de diferentes categorias de uso das terras na imagem LANDSAT; c) dados complementares disponíveis no inventário, particularmente os referentes à análise da evolução dos sistemas de uso das terras na Matriz por meio da coleção temporal de imagens e fotos aéreas; e d) associações entre esses fatores e elementos na imagem já identificados ou previamente conhecidos. A análise da correlação entre os parâmetros permite uma reflexão sobre os valores utilizados. O Índice de Área (IA) e o Índice de Área Nuclear (AN) apresentaram a correlação mais alta com o Índice de Prioridade de Conservação (r = 0,89 e 0,88, respectivamente; p < 0,01). Apesar de serem altamente correlacionados (r = 0,98), ambos foram mantidos na equação. Os demais índices apresentaram valores de correlação menores com o Índice de Prioridade (Estado de Conservação (EC): r = 0,77; Diversidade de Hábitats (DH): r = 0,78 e Contexto do Fragmento (CF): r = 0,47; todos p < 0,01). Como todo trabalho em ambiente SIG, a construção da base digital demanda trabalhos intensivos, sendo esse fator limitante do método. A execução da tarefa de delinear polígonos em particular é extremamente trabalhosa. No entanto, produzem-se nesse processo critérios coerentes para a subseqüente interpretação e definição dos parâmetros de estado de conservação, de diversidade de hábitats e do contexto do fragmento, conforme já discutido. A constituição de base cartográfica digital georreferenciada e do respectivo banco de dados constitui base potencial para estudos ambientais diversos, incluindo o planejamento e o manejo da paisagem, monitoramento ambiental, e a definição de áreas prioritárias para a conservação. O peso elevado dos índices de área (IA e AN) no resultado final do PC parece ser adequado para a paisagem analisada. Parte-se do princípio de que áreas protegidas maiores podem ser recuperadas em médio e longo prazos. Áreas menores isoladas apresentam tendência de perder características ecológicas importantes no mesmo intervalo de tempo. No entanto, áreas com prioridade média podem desempenhar papel importante para a conexão entre áreas de prioridade Alta e Muito Alta. Devem, portanto, ser consideradas no planejamento de mosaicos de áreas protegidas. Além disso, áreas pequenas, isoladas em meio a áreas agrícolas, podem conter espécies raras da Matriz Regional (Paraná, 2004; Polatti, 2005). Parâmetros para Definição de Áreas Prioritárias: A validade dos resultados de um modelo depende de adequação de sua estru- Artigos Técnico-Científicos 93 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha O índice AN foi operacionalizado considerando-se uma única faixa de cem metros a partir dos limites das unidades remanescentes. Havendo disponibilidade de dados consistentes sobre os efeitos de borda, esse índice pode ser operacionalizado considerando distintos intervalos como limites (ex. cinqüenta, cem, duzentos), variáveis para cada formação da vegetação natural. Informações sobre o efeito de borda para os biomas brasileiros começam a ser discutidas mais amplamente e podem ser consideradas na definição de intervalos de efeito borda. O Índice CF também foi determinado qualitativamente. A combinação de métricas da paisagem como Isolation, Contagion, Interspersion, Contrast e Conectivity, (que podem ser obtidos a partir de softwares como Fragstats) pode produzir um índice CF automático. A utilização de métricas, no entanto, deve ser criteriosa, pois os parâmetros para gerar dados confiáveis que representem padrões ecológicos de interesse demandam uma interpretação qualitativa da paisagem regional. O valor de uma métrica da paisagem é função de como foi definida a paisagem e a escala de observação (McGarigal & Marks, 1995). O Índice DH foi determinado de modo expedito, computado pela presença dos hábitats típicos inseridos na unidade remanescente mapeada. Uma abordagem mais robusta pode incluir o número de tipos de vegetação presente na unidade, normalizado pela área relativa, compondo um índice mais representativo da diversidade. Nesse caso, a variabilidade entre as unidades será mais ampla do que a proporcionada pelos intervalos rígidos utilizados. Gradientes de altitude presentes em uma unidade também podem ser elementos importantes de diferenciação da diversidade, particularmente em regiões com grande amplitude de altitudes. Não foi incluído nessa análise um parâmetro relativo à importância de conservação de remanescentes situados na bacia de captação para abastecimento urbano de Ponta Grossa (21 unidades situadas na porção noroeste da Matriz). É evidente o potencial de benefícios mútuos advindos da conservação desses remanescentes para a biodiversidade e para a qualidade das águas. Da mesma forma, seis unidades remanescentes situadas em áreas públicas com uso direto dos recursos poderiam ser avaliadas com peso diferenciado. Em tese, pelo menos, a conservação dessas unidades poderá ser mais facilmente negociada. O índice EC foi determinado qualitativamente, baseado na interpretação visual dos padrões na imagem LANDSAT. Esse índice pode ser automatizado a partir de índices como NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) ou outro índice digital de vegetação. Esses apresentam respostas típicas em virtude do tipo da vegetação, das condições climáticas e do respectivo estado de conservação dessas unidades. A vantagem, nesse caso, seria a produção de índice contínuo em formato matricial (raster) de acordo com o estado de conservação, e não um índice único definido para cada unidade. A utilização de um índice digital de vegetação, no entanto, dependeria de longos estudos no sentido de calibrar as informações digitais da imagem de satélite com as variações ambientais e temporais que condicionam a resposta espectral. Artigos Técnico-Científicos Limitações e Potencial do Modelo: Existem diferentes abordagens metodológicas para identificar áreas prioritárias para a conservação. Essas abordagens refletem objetivos distintos e diferentes pressupostos, muitas vezes implícitos, sobre os condicionantes a ser considerados quando as atividades de conservação forem implementadas. O avanço da ciência da biologia da conservação indica uma clara tendência na direção de que nenhum procedimento ou algoritmo para identificação de áreas seja considerado universal ou adequado em todas as situações (Prendergast et al. ,1999; Jennings, 2000; Grooves et al., 2001; Rothley et al., 2004). As diretrizes apresentadas nesse modelo apontam para a seleção de áreas maiores, com área nuclear mais significativa, maior diversidade de hábitats, melhor estado de conser- 94 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Seleção de Áreas Prioritárias para a Conservação em Paisagens Fragmentadas: Estudo de Caso nos Campos Gerais do Paraná vação e situadas em contexto mais favorável à conservação. A combinação desses fatores produziu um modelo consistente com as áreas previamente conhecidas de ocorrência de espécies indicadoras usadas como referencial de controle. Havendo disponibilidade de dados sobre ocorrência de espécies, esses podem, evidentemente, ser incorporados ao modelo, contribuindo para uma maior precisão. O modelo pode também contribuir para direcionar esforços no levantamento de espécies, para fins de inventário ou de priorização de áreas. gias para conservação devem incluir um sistema de áreas protegidas interligado com Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente nas propriedades rurais. Nesse contexto de Matriz Regional fragmentada e de propriedade particular do território, essas estratégias passam fundamentalmente pelo trabalho com as comunidades rurais, na busca de alternativas para a conservação, aliadas a estratégias de desenvolvimento territorial mais compatíveis com a conservação do que o atual sistema de uso das terras. Desse modo, aspectos culturais, econômicos e sociais do mosaico devem ser incorporados no desenho de sistemas efetivos de áreas protegidas. Os princípios apresentados nesse modelo não prevêem a magnitude das respostas necessárias à predição da contribuição de cada parâmetro para a conservação. Assim, não são feitas inferências sobre qual o tamanho mínimo de área necessária para a conservação de espécies ou sobre a população viável mínima. De modo similar, o método não pode prever quais espécies poderão ser mantidas ou quantas tendem à extinção em médio e longo prazos. A abordagem discutida indica que as áreas categorizadas como de Prioridade Muito Alta devem ser mais efetivas para a conservação do que as demais áreas remanescentes. A implantação de sistemas integrados de áreas protegidas pode proporcionar um contexto espacial adequado, configuração e conectividade para a conservação de pelo menos algumas espécies na escala regional (Poiani, 2000). Desse modo, unidades remanescentes e matrizes contendo grupos de unidades remanescentes podem ser arranjadas continuamente dentro de uma região ou em diversas regiões adjacentes para a proteção de espécies com alta demanda territorial, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) ou a suçuarana (Puma concolor). Da mesma forma, unidades em diversos tamanhos podem ser utilizadas como hábitats para espécies migratórias como aves, insetos ou morcegos. Enquanto essa abordagem apresenta sérias limitações, a situação de fragmentação em regiões intensivamente manejadas requer ação urgente. A ecologia das espécies não é suficientemente conhecida para auxiliar na identificação das áreas; esses estudos são caros e demandam longo tempo. Registros de novas espécies ou de espécies novas para a região têm sido freqüentes nos últimos anos, de modo paralelo à intensificação da fragmentação dessas áreas. Nessas circunstâncias, o modelo proposto apresenta-se como um potencial pragmático para mapear e definir áreas prioritárias para a conservação na escala da paisagem, ou seja, a escala local em que as decisões de conservação ou de manejo são tomadas. CONCLUSÕES As características de uso múltiplo dos recursos, a fragmentação da paisagem nas escalas de estudo e a importância de conservação das paisagens remanescentes foram o referencial para o desenvolvimento desse trabalho. O modelo apresentado para seleção de áreas prioritárias na Matriz Regional mostrou-se eficiente para os objetivos propostos. A construção dos índices é relativamente simples e direta, produzindo resultados considerados satisfatórios. As áreas prioritárias mapeadas mostraram uma excelente correspondência geográfica com as áreas de ocorrência de espécies conhecidas, utilizadas como A distribuição espacial das unidades remanescentes prioritárias indica que estraté- Artigos Técnico-Científicos 95 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Carlos Hugo Rocha controle. O modelo discutido pode ser aplicado nas demais regiões dos Campos Gerais, para a escolha de unidades na escala local, e constituir mosaico regional de áreas potenciais para a conservação. sos e esforços para a conservação em áreas consideradas mais promissoras. A perspectiva é a de que, a partir da definição de áreas consideradas fundamentais, possam ser estimulados programas integrados para o manejo e conservação da paisagem (Rocha & Milano 1997). A combinação de parâmetros complementares para a formação do Índice de Prioridade de Conservação produziu um referencial mais consistente para o planejamento de sistema de áreas protegidas do que índices ou métodos isolados. Diferentes abordagens podem enfatizar outras características da paisagem que sejam consideradas fundamentais para a manutenção de padrões e processos que sustentam a biodiversidade. Havendo disponibilidade de informações sobre ocorrência de espécies ou parâmetros relevantes (ou a possibilidades de coleta desses dados), esses podem ser incorporados na equação, tornando, assim, o modelo mais robusto. REFERÊNCIAS Antrop, M. 2000. Background concepts for integrated landscape analysis. Agriculture Ecosystems & Environment. 77, 17-28. Artoni, R.F.; Almeida, M.C. de. A singular diversidade dos peixes dos Campos Gerais: uma visão genética para abordagem conservacionista da região. In: Ditzel, C.H.M.; Sahr, C.L. (Orgs.) Espaço e cultura: Ponta Grossa e os Campos Gerais. Ponta Grossa: Ed. UEPG, 2001. p.505-518. A seleção de áreas prioritárias nesse modelo é fundamentada em decisões qualitativas influenciadas pelo grau de conhecimento disponível sobre as paisagens naturais e sistemas de uso das terras na Matriz Regional. A reprodutibilidade desse modelo é, assim, limitada. Por outro lado a análise qualitativa é um dos referenciais mais importantes do modelo, ao produzir uma abordagem em múltiplas escalas e identificar fatores que podem contribuir ou atuar de modo desfavorável para a implantação de práticas de conservação na paisagem local. A análise interdisciplinar dos padrões para fins de mapeamento de remanescentes e definição dos indicadores de integridade ecológica produzirá, certamente, resultados mais consistentes. Baker, W.L. 1989. Landscape Ecology and Nature Reserve design in the Boundary Waters Canoe Area, Minnesota. Ecology 70:23-35. Bilenca e Minarro, 2004. 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A landscape approach for manned wolf conservation in the state of Paraná – Brazil. 1999. IALE Fifth World Congress. Abstracts. Snowmass - CO, 1999 Rocha, C.H.; Milano, M.S. Unidades de Conservação: Pensar globalmente agir localmente. Publicatio UEPG. Ciências Exatas e da Terra, 3 (1): 7-32, 1997. Scott, J. M., et al. 1993. Gap analysis: a geographic approach to protection of biological diversity. Wildlife Monographs series 123. The Wildlife Society, Bethesda, Maryland.. Prendergast, J. R., R. M. Quinn, and J. H. Lawton. 1999. The gaps between theory and practice in selecting nature reserves. Conservation Biology 13:484–492. Pressey, R. L., and R. M. Cowling. 2001. Reserve selection algorithms and the real world. Conservation Biology 15:275–277. Soulé, M. E. & Terborgh, J. 1999. Continental Conservation: Scientific Foundations of Regional Reserve Networks. Washington D. C.: Island Press. Rambaldi, D.M.; Oliveira, D.S. 2005. Fragmentação de Ecossistemas. 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Rocha, C.H.; Weirich Neto, P.H. 2005 (coords) Conservação das Paisagens Remanescentes e Artigos Técnico-Científicos 99 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 77-99 Resenha “Não verás país nenhum” Ignácio de Loyola Brandão. 24ª edição; Rio de Janeiro,Editora Global, 384p. ISBN: 85-260-0199-X Por Ana Cristina Suzina1 regiões do mundo. Brandão fala de desertos – um na região da Floresta Amazônica, por exemplo –, de aquecimento global, de escassez completa de chuva, de desaparecimento dos rios, de concessão de florestas públicas, de internacionalização do território brasileiro, de inchaço das grandes cidades, de acidentes com usinas nucleares, de cidades litorâneas submersas pelo mar, de desaparecimento total das espécies da fauna e da flora, entre outras catástrofes naturais. Em toda a narrativa, está explícito que o uso sem medida dos recursos naturais levou a essa situação e gerou mais pobreza, mais desigualdade e um completo caos social. Fica claro, na narrativa, como a destruição da natureza só piorou ou tornou impossível a vida das pessoas, gerando deformações, doenças e grandes limitações no cotidiano. Na cidade, há os acampamentos das populações que migraram das áreas onde o sol mata só de ficar brevemente exposto, e esses grandes contingentes humanos tentam invadir as áreas onde ainda há comida, mesmo que desenvolvida em laboratório. O livro fala do desespero das pessoas, da falta de perspectiva e de um cotidiano de privações constantes. Imagine uma cidade em que não há mais animais, não há mais plantas, não chove mais e os leitos dos rios estão todos secos. Alimentos, bebidas e até cheiros são produzidos artificialmente em laboratórios, o vento não sopra e o sol arde sobre a pele até desintegrar a carne humana. Esta é a São Paulo imaginada por Ignácio de Loyola Brandão no livro “Não verás país nenhum”, em um exercício de levar aos últimos efeitos uma relação dilacerante do homem com a natureza. Em alguns trechos, as personagens descrevem os alimentos. Uma vez que não há mais plantações, porque o solo está completamente exaurido, não há chuvas, nem rios, nem vento, desenvolveu-se alta tecnologia para produzir refeições que imitam a imagem dos alimentos tal como conhecemos, mas sem distinção de sabor. “A falta de cheiro nessas comidas vindas das indústrias ministeriais me inquieta. Sabe-se lá de que modo são sintetizadas. Se fazem água da urina, vai-se ver o que estamos a comer. Esses alimentos são assépticos demais. Deixam na garganta um sabor de plástico que demora a O cenário da trama impressiona pela antecipação, feita há 25 anos. A história se desenvolve em São Paulo, mas há referências constantes sobre todo o Brasil e sobre outras 1 Ana Cristina Suzina é jornalista, especialista em História e estudante de Sociologia Política Resenha 100 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 100-103 Resenha sair”, lamenta o protagonista, enquanto recorda dos sabores das frutas colhidas na hora no quintal da casa do avô, em sua infância. Em outro trecho do livro, o casal vai à feira comprar cheiros e escolhem entre as opções de cheiro de chuva molhando a terra, certos tipos de plantas, cocô de vaca, calçada sendo lavada no verão, etc. machado para a serra elétrica e como isso acelerou o processo de desflorestamento. O romance tem uma introdução mais descritiva que de movimentação, que localiza o leitor nesse tempo imaginário de devastação. Aos poucos, a história ganha complexidade e agilidade, despertando a atenção e a curiosidade pela próxima página. Há momentos fortes de emoção, suspense e aventura. As descrições de cenários e sensações das personagens são ricas e transportam o leitor para esse cenário surreal e inquietante. Na obra, a cidade de São Paulo está dividida por estratos formados por várias categorias que se diferem por direitos de acesso a partes da cidade, a quantidades de fichas de água concedidas por mês, a certos tipos de transporte. As pessoas andam em filas e só podem circular nos distritos em que suas identificações permitem. Alto-falantes anunciam morte imediata para quem ousar sair debaixo das marquises, que supostamente protegem as pessoas do intenso calor. Em vários momentos, a epopéia lembra passagens do filme Matrix I, como o trecho em que Morfeus conta a Neil que a realidade que as pessoas vivem não existe e, de fato, se trata de uma ilusão projetada por um dispositivo tecnológico instalado em suas mentes. No filme, Morfeus explica que o mundo, na verdade, foi totalmente devastado pelo homem, que ele descreve como um parasita que acabou com a natureza, fonte de sua própria subsistência. Loyola Brandão descreve também um cenário de avanço tecnológico para suprir as necessidades humanas – em seu livro, não há dispositivos conectados às pessoas, mas supõe-se que a comida tem elementos químicos tranqüilizadores que evitam que a população se revolte diante de tanta desigualdade e pobreza. Há descrições de cenários bisonhos, como o cemitério de carros nos grandes viadutos de dezenas de pistas. A personagem principal fala de um tempo histórico em todas as pessoas tinham e queriam ter mais carros, e sobre como tiveram que abandoná-los em um dado momento, porque não havia mais como manter os veículos transitando. “A free-way estava coalhada de carros. De uma amurada a outra, nenhum espaço. Ao luar, via os radiadores enegrecidos, capôs corroídos, vidros partidos ou cobertos de pó, faróis vazados. (...) Na sua imobilidade davam a sensação de velocidade”, descreve o protagonista. Em toda a narrativa, Brandão deixa no ar uma pergunta sobre a possibilidade daquela sociedade sobreviver diante de tamanha agrura. A trama parece ter saído do baú do surrealismo e gera um desconforto duplo, pela trajetória agonizante dos protagonistas e pela lista evidente de passos que nossa sociedade real já deu no mesmo sentido que a imaginada na obra. Brandão descreve também fatos que teriam acontecido no passado da trama, como o dramático vídeo que mostra o corte da última árvore do Brasil. A personagem principal faz reminiscências à sua infância, quando seu avô trabalhava derrubando árvores com machado. Ele conta como era ver os homens dizimando grandes florestas até chegar ao capão de mato que restava no final, onde todos os bichos estavam refugiados. Ele narra como os homens ateavam fogo a esse capão e caçavam os animais que fugiam pelo descampado. Nesse momento de recordação, um dos mais tocantes da trama, a personagem fala da transição do Resenha A crítica é forte, tanto às opções políticas tomadas no histórico que antecede o cenário descrito pelo livro, quanto ao comportamento das pessoas em sua relação com a natureza. É apocalíptico, porque descreve uma situação extremada de esgotamento da natureza como um todo e de caos social. Mas, com isso mesmo, provoca uma reflexão, ou no mínimo a dúvida: seria isso possível, de fato? 101 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 100-103 Resenha Valuing Ecosystem Services: Toward Better Environmental Decision-Making. Heal, G.M. et all. National Academy Press. Washington, DC, EUA 277 p. 2004. Por Ricardo Y. Tsukamoto, PhD. Natureza tem valor? Qual? cionalmente com os temas mais importantes das ciências. Para isso, formou um comitê de 11 especialistas ambientais, pertencentes a distintas áreas do conhecimento – biológicas, exatas e humanas. Os especialistas debateram extensamente os vários aspectos do assunto, terminando por elaborar esta obra de revisão teórica e prática. Abrange desde os conceitos usados para valorar os produtos e serviços do ecossistema até o processo decisório. Esta é a definição mais importante para que a sociedade humana possa decidir o que fazer com cada um dos ecossistemas do planeta. É, porém, um tema raramente discutido de forma objetiva, o que vem postergando ações ambientais eficazes e duradouras em todo o mundo. Um ecossistema não é mais ou menos importante só por existir. Estabelecer o valor, ou valorar, um ecossistema requer que se quantifiquem as funções e os serviços que aquele ecossistema desempenha. Mas que desempenha para quem? Há aí duas visões distintas. A primeira é que os valores dos ecossistemas e seus serviços sejam considerados como não-antropocêntricos, e que as espécies não-humanas têm interesses ou direitos morais sobre eles. Por ser essencialmente filosófica, tal visão é praticamente impossível de valorar. A segunda visão, que segue uma concepção econômica de valoração, considera os valores antropocêntricos. Tal concepção permite calcular os custos ou benefícios associados a eventuais alterações nos serviços providos pelo ecossistema e que, até recentemente, eram desprezados na análise. Assim, a decisão entre conservar e restaurar alguns ecossistemas versus continuar e expandir as atividades humanas em outros resulta de ponderação deste potencial conflito, com base no valor dos serviços de cada ecossistema. As análises no livro usam como modelo os ecossistemas aquáticos e seus ambientes terrestres relacionados. Cada ambiente marinho, estuarino e de água doce, integra uma estrutura ecológica e hidrológica que inclui zonas ripárias, ecossistemas terrestres de terra firme e os aqüíferos subterrâneos. Assim, a análise abrange sempre o ambiente aquático e o terrestre relacionado. Os autores do livro consi-deram válidos os princípios e as práticas de valoração de produtos e serviços do ecossistema, tanto em situações aquáticas como terrestres, de modo que os conceitos ali apresentados seriam aplicáveis a quaisquer ecossistemas. O livro de 277 páginas está dividido em 9 capítulos: Sumário Executivo; 1. Introdução; 2. O significado de valor e o uso de valoração econômica no processo decisório de política ambiental; 3. Ecossistemas aquáticos e terrestres relacionados; 4. Métodos de valoração não-mercadológica; 5. Tradução de funções do ecossistema para valor dos serviços do ecossistema: estudo de casos; 6. Ponderação, incerteza e valoração; 7. Valoração do ecossistema: síntese e rumos futuros; Apêndices: A, B, C e D. Para caracterizar melhor a complexa tarefa de valorar um ecossistema e promover a tomada de decisões mais embasadas, a Academia Nacional de Ciências dos EUA organizou uma revisão do assunto, como faz tradi- Resenha 102 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 100-103 Resenha O assunto é apresentado de forma didática e encadeada, mas os capítulos são plenamente compreensíveis se lidos separadamente, pois em cada um deles estão incluídos sumário, conclusões, recomendações e referências. Em contraste ao usual em livros de vários autores, esta obra não indica autoria individual nos distintos capítulos, para enfatizar a elaboração conjunta de toda a obra pelos membros do comitê. Em conclusão, esta obra inovadora propicia a incorporação de conceitos práticos de economia à análise e ao manejo dos ecossistemas, com o auxílio de exemplos reais. Para a maioria de nós, técnicos ambientais, proporciona um universo novo, em que os cenários de uso, proteção ou restauração de ecossistemas são avaliados através de uma forma de raciocínio mais compreensível e palatável à sociedade civil. É, por isso, uma leitura imprescindível para os analistas e gestores ambientais. A obra está disponível em inglês, como livro impresso, para aquisição nos EUA. Pode também ser baixada em formato .pdf – gratuitamente – no website da editora: http://www. nap.edu/catalog/11139.html . Resenha 103 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 100-103 Agenda Agenda LVII Congresso Nacional de Botânica: “Biodiversidade: Conservação e Uso” Organização: Sociedade Botânica do Brasil Data: 6 a 10 de novembro de 2006 Local: Gramado – RS - Brasil Mais informações: http://www.57cnbot.com.br/default.asp Orchid Conservation Congress) Organização: Jardim Botânico Lankester Data: 19 a 23 de março de 2007 Local: São José – Costa Rica Mais informações: www.jardinbotanicolankester.org ou [email protected] Repensando Áreas Protegidas em um Mundo em Mudança (Rethinking Protected Areas in Changing World) – e conferência Bianual sobre áreas protegidas e sítios culturais (Biennial conference on parks, protected areas & cultural sites) Organização: The George Wright Society Data: 16 a 20 de Abril de 2007 Local: St Paul, Minnesota – Estados Unidos Mais informações: www.georgewright.org/2007.html Congresso Internacional – Serviços ambientais dos ecossistemas no neotrópico Organização: FORECOS Data: 13 a 19 de novembro de 2006 Local: Valdívia – Chile Mais informações: [email protected] ou www.forecos.net IV Simpósio Universitário Iberoamericano sobre Meio Ambiente Organização: Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría (ISPJAE) Data: 28 de novembro a 1 de dezembro de 2006 Local: Havana - Cuba Mais informações: [email protected] ou www.cujae.edu.cu Primeiro congresso Internacional sobre biodiversidade: trabalhando em conjunto para segurança da sobrevivência, da alimentação e ecologia, pela vida na Terra (st International Biodiversity Congress: Working Together for Livelihood Security, Food Security and Ecological Security for Life on Earth) Data: 22 a 25 de maio de 2007 Local: Bangkok, Thailand Mais informações: [email protected] or [email protected] Encontro Regional de Áreas Úmidas e Recursos Hídricos (Regional Wetlands and Water Resources Meeting) Organização: USEPA Data: 16 de dezembro de 2006 Local: Kansas City, Estados Unidos Mais Informações: [email protected] Primeiro Congresso Internacional sobre Biodiversidade (First International Biodiversity Congress) Organização: Himalyan Resources Institute and the Mountain Fund Data: 22 a 31 de maio de 2007 Local: Kathmandu, Nepal, Asia Mais informações: RAM BHANDARI, Congress Secretariat, Himalayan Resources Institute, [email protected] Conferência Internacional Sobre o Meio Ambiente: Sobrevivência e Sustentabilidade (International Conference on the Environment : Survival and Sustainability) Organização: Near East University Data: 19 a 24 de fevereiro de 2007 Local: Nicosia -Chipre Mais informações: [email protected] or http://www.neuconference.org/ V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação – Simpósio Internacional de Áreas Protegidas – II Mostra de Conservação da Natureza Terceiro congresso internacional de conservação de Orquídeas (3rd International Agenda 104 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 106-109 Agenda Organização: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Data: 17 a 21 de junho de 2007 Local: Foz do Iguaçu Mais informações: www.fundacaoboticario.org.br Local: Scottish Exhibition & Conference Center, Glasgow, Reino Unido Mais informações: http://www.bcpc.org/iapps2007 VII Simpósio Internacional de Zoologia Organização: Instituto de Ecologia y Sistematica e Sociedad Cubana de Zoologia Data: 12 a 17 de novembro de 2007 Local: Lopes de Collantes, Sancti Spiritus, Cuba Mais informações: daysitarb_@T_ecologia.cu Continuidade e mudanças na paisagem: 13º Simpósio Internacional da Sociedade de Manejo de Recursos (Landscape Continuity and Change: 13th International Symposium on Society and Resource Management) Data: 17a 21 de junho de 2007 Local: Park City, Utah – Estados Unidos Mais informações: www.ISSRM2007.org Primeiro Congresso Europeu sobre Biologia da Conservação: Diversidade para Europa (The 1st European Congress of Conservation Biology (ECCB) “Diversity for Europe”) Data: 22 a 26 de agosto de 2007 Local: Eger, Hungria Mais informações: ([email protected]) ou http://www.eccb2006.org Nona Conferência Internacional sobre Ecologia e Manejo de Invasão de Plantas Exóticas (9th International Conference on the Ecology and Management of Alien Plant Invasions) Data: 17 a 21 de setembro de 2007 Local: Perth, Austrália Mais Informações: http://www.congresswest.com.au/emapi9/ ou [email protected] 16º Congresso Internacional de Proteção de Plantas (XVI International Plant Protection Congress) Data: 15 a 18 de outubro de 2007 Agenda 105 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 104-105 Instruções Gerais para Autores Agenda métodos, resultados, discussão, conclusão (quando couber) e referências bibliográficas. Os textos devem ser originais, com no máximo 25 páginas. NATUREZA & CONSERVAÇÃO Instruções Gerais para os Autores ESCOPO NORMAS GERAIS Natureza & Conservação é um periódico semestral bilíngüe (português e inglês) que tem por objetivo promover discussões, disseminar idéias e apresentar resultados de pesquisas voltadas à conservação da natureza com enfoques locais, regionais, nacionais e globais. Caracteriza-se por apresentar textos de caráter científico, filosófico e técnico, abordando temas relacionados à biologia da conservação, manejo de áreas naturais protegidas e ética conservacionista. Não existem restrições com relação aos potenciais autores de artigos publicados em Natureza & Conservação; no entanto, os artigos devem estar diretamente relacionados com a conservação da natureza. O Comitê Editorial de Natureza & Conservação entenderá que todos os textos enviados à apreciação não foram publicados anteriormente, nem estão sendo submetidos à publicação em outros periódicos. O autor principal é responsável por assegurar que o manuscrito foi visto e aprovado por todos os co-autores, e a carta de encaminhamento do artigo deve ser assinada por todos os autores. É também responsabilidade do autor principal assegurar que os manuscritos oriundos de uma instituição tenham sido por ela aprovados ou referendados. O Conselho Editorial se reserva o direito de decidir quando o trabalho será publicado, no caso de aprovação. Os autores devem manter uma cópia do artigo, de modo que os editores não se responsabilizam por perdas ou danos de originais. Para difundir de forma mais efetiva a questão conservacionista, a revista é distribuída para mais de 400 bibliotecas do Brasil e mais 43 outros países. Esta iniciativa da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza enquadra-se na sua missão de promover e realizar a conservação da natureza. SEÇÕES Este periódico está dividido em duas seções: PROCEDIMENTOS PARA APRECIAÇÃO DE MANUSCRITOS Ponto de Vista: onde são apresentados artigos de opinião e/ou ensaios, embasados com referências bibliográficas. A estrutura é livre, desde que o texto não exceda 15 páginas, e não tenha sido publicado anteriormente. Deve apresentar resumo, palavras-chave e referências bibliográficas completas. Artigos Técnico-científicos: reúne artigos que apresentam resultados de trabalhos científicos com dados primários ou secundários (de compilação). Devem ser estruturados em título, resumo, introdução, objetivos (podem estar inclusos na introdução), material e Instruções Gerais para Autores Todos os manuscritos serão submetidos à revisão de pelo menos três especialistas no assunto. É utilizado o sistema de duplo-cego, ou seja, os especialistas desconhecem a autoria do artigo que revisaram e o(s) autor(es) do artigo desconhece(m) que revisores que analisaram o seu artigo. O Conselho Editorial procurará avaliar o mérito de parte ou de todo o manuscrito. As recomendações dos revisores serão encaminhadas ao autor principal, e a decisão final sobre a publicação cabe ao Conselho Editorial. 106 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 106-109 Informações Gerais para Autores final, até cinco palavras-chave diferentes das do título. Formato do manuscrito O manuscrito deverá ser formatado em tamanho A4, margens de 2 cm, espaçamento duplo. No caso de material enviado impresso, as páginas devem ser numeradas seqüencialmente a lápis. Deve ser editado em Word for Windows 6.0 ou versões mais novas, fonte Times New Roman 12 para o texto e 10 para referências bibliográficas e legendas de figuras e tabelas. O texto deve ser justificado, usando estilo “normal”; colocar apenas um espaço entre as palavras, e não separar as sílabas. Não utilize a tecla “tab” para começar os parágrafos, nem espaços entre eles. Evitar o uso de negrito ou sublinhados. Use apenas itálico no caso de nomes científicos, ou de palavras em latim ou em língua diferente da utilizada no manuscrito. O manuscrito pode ser enviado via correio (quatro cópias impressas e uma cópia em disquete ou cd-rom), ou através de mensagem eletrônica (colocando o arquivo do manuscrito em anexo, com extensão “rtf” e as figuras em “jpg”). Unidades de medida: deve ser utilizado o sistema métrico, devidamente abreviado, quando for o caso. Nomes científicos: devem ser em itálico, sempre que possível antecedidos do nome comum (por exemplo, tesourão-pequeno Fregata ariel ). Nomes não adotados na língua original: também devem ser grafados em itálico (ex.: em português – “... estas informações encontram-se no site...”; em inglês – “pressure of the sem terra movement...”). Tabelas: usar os recursos do Word for Windows para montar e formatar as tabelas. Não insira linhas verticais. Evite abreviações, a não ser no caso de unidades de medida. Os títulos, com apenas a primeira letra em caixa-alta, devem vir precedidos pela palavra Tabela, seguida do número correspondente. Devem ser informativos e sucintos. A primeira citação de uma tabela no texto deve ser realçada em caixa alta e negrito (ex.: TABELA 3), e as demais apenas em caixa-alta. O texto pode ser enviado em sua língua original, mas é desejável que seja enviado também em inglês. Título: deve ser conciso e informativo, com no máximo 15 palavras, somente com a inicial maiúscula. Os subtítulos incluídos no texto devem ser em maiúsculas, não numerados em negrito e alinhados à esquerda. Figuras: quaisquer ilustrações (fotos, desenhos, diagramas, gráficos, mapas) serão consideradas Figuras, e devem ser numeradas consecutivamente. No caso de envio de material impresso, todo material ilustrativo deve ser inserido no texto. Na cópia em meio digital que deve acompanhar o material enviado impresso, e nos manuscritos enviados por e-mail, não inserir as figuras nos arquivos de texto. Nestes, nos lugares onde as figuras são inseridas, colocar seu título. As Figuras deverão vir em arquivos separados, sendo que: gráficos devem ser elaborados em programas adequado e apresentados em formato que permita sua manipulação. Não são aceitos gráficos em cópias xerográficas ou imagens escaneadas. Imagens: deverão vir com extensão “.jpg”, com resolução mínima de 600 dpi. Os títu- Autores: o manuscrito deve ter uma folha de rosto, que inclua o título do artigo, os nomes dos autores, sua titulação e organização a qual pertencem. Incluir o endereço postal completo e o e-mail do autor principal, para onde devem ser enviados correspondência e o material a ser corrigido. Nesta folha podem ser incluídos os agradecimentos (quando couberem). Resumo: um resumo deve acompanhar o texto, deve ter caráter informativo, apresentando as idéias mais importantes do artigo, escrito em espaçamento 1, em um único parágrafo e não excedendo duzentas palavras. Incluir, ao Instruções Gerais para Autores 107 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 106-109 Informações Gerais para Autores los das Figuras devem ser colocados na parte debaixo dessas, com apenas a primeira palavra em maiúsculas. As legendas deverão acompanhar as figuras, inseridas nas mesmas ou junto com os títulos. As imagens, em que as dimensões sejam essenciais, devem trazer escala gráfica, não numérica. A primeira citação de uma figura no texto deve ser realçada em caixa alta e negrito (ex.: FIGURA 5); as demais, somente em caixa alta. O espaço disponível para as figuras vai depender de considerações de editoração da revista, devendo ser tomado o cuidado para que o tamanho das letras, números, escalas e símbolos utilizados possibilitem uma redução de até 60%. Os autores devem evitar duplicidade de informações entre figuras e tabelas e o uso de informações irrelevantes (ex.: dígitos não significativos). Fernandez, F. A. dos S. 2000. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, Conservação da Natureza e seus heróis. Curitiba: UFPR / FBPN.. Terborgh, J. 1986. Keystone plant resources in the tropical forest. In: Soulé, M. E. (ed.). Conservation biology: the science of scarcity and diversity. Pp. 330-344. New York: Sinauer Associates. Sunderland. Olmos, F. 1993. Birds of Serra da Capivara National Park, in the “caatinga” of north-eastern Brazil. Bird Conservation International 3 (1): 21-36. Tabanez, A. A. J.; Viana, V. M.; Dias, A. S. 1997. Conseqüência da fragmentação e do efeito de borda sobre a estrutura, diversidade e sustentabilidade de um fragmento de floresta de planalto de Piracicaba, SP. Rev. Bras. Biol. 57: 47-60. Citações e referências bibliográficas: As citações no texto devem seguir o sistema de nome e ano, como: Númenor (1980); (Númenor & Yergos, 1990); Yergos et al. (1986). Usar ponto e vírgula para separar citações entre parênteses (Fernandez, 2004; Smith, 2001; Klaus & Herbert, 2003). Se houver mais de uma publicação do mesmo autor em um mesmo ano, estas devem ser especificadas por letras, como: Yergos (1976a, 1976b). Evitar utilizar material bibliográfico não consultado diretamente, mas se imprescindível, referenciar através de “apud”, como: Silva, 1980 apud Yergos, 1981. Evitar notas de rodapé. Serão aceitas citações de trabalhos no prelo (Yergos, no prelo), ou comunicações pessoais: Olmos (2005, comunicação pessoal). Transcrições de texto devem ser representadas em itálico, entre aspas, citando a respectiva fonte bibliográfica e número da página de onde foi retirado o texto. Equações devem ser digitadas com o editor de equações do Winword ou equivalente, e todos os símbolos e abreviaturas devem ter seus significados explicitados no texto. As referências bibliográficas devem ser listadas em ordem alfabética de autor, apresentadas conforme exemplos abaixo: Instruções Gerais para Autores Rolston III, H. 2000. Intrinsic values in nature. In: Milano, M. S.; Theulen, V. (orgs.). II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Anais, V. I, Conferências e Palestras, Campo Grande. Pp. 76-84. Rede Nacional PróUnidades de Conservação / Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Campo Grande. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 1989. Lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção. Portaria no 1522, publicada no Diário Oficial da União de 19 de dezembro de 1989. Runte, Alfred. Why National Parks? George Wright Forum. Disponível em www.george-wright. org/192runte.pdf . Acesso em 12/08/2003. Anexos e apêndices: devem ser incluídos apenas se imprescindíveis à compreensão do texto, como documentos de fundamentação, comprovação ou ilustração. A numeração será através de algarismos arábicos (ex.: ANEXO 1), seguidos do respectivo título, cada um iniciando em uma página. 108 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 106-109 Informações Gerais para Autores viar o material com as alterações que se fizerem necessárias. Cada autor terá direito a cinco cópias de Natureza & Conservação, além do arquivo em “pdf” correspondente a seu artigo. PROCEDIMENTOS APÓS ACEITAÇÃO DO ARTIGO Caso o artigo seja aceito, o autor será comunicado e terá no máximo dez (10) dias para en- Os textos devem ser encaminhados em meio digital para: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Revista Natureza & Conservação Rua Gonçalves Dias, 225 Batel – Curitiba - Paraná, Brasil, CEP 80.240-340 Fone: (41) 33402644 – Fax: (41) 3340-2635 Ou por e-mail: natureza&[email protected] Instruções Gerais para Autores 109 Natureza & Conservação - vol. 4 - nº2 - Outubro 2006 - pp. 106-109 branca (como na rrevista anterior) Natureza & Conservação com 4 números, basta preencher a ficha abaixo: Nome: CPF: RG: Endereço para entrega: Número: Complemento: CEP: Cidade Tel. para contato: ( UF: ) Como ficou sabendo? Bairro: e-mail: e-mail biblioteca País: site da Fundação Indicação jornal ou revista Outro. Qual? Assinatura Para fazer assinatura bianual de Valor: R$ 40,00 Efetue o depósito na conta do Banco do Brasil: Agência: 3306-5 – Conta corrente: 5828-9 ATENÇÃO: SERÁ PEDIDO UM CÓDIGO VERIFICADOR. DIGITE O SEU CPF, SEM PONTO OU TRAÇO. Para fazer assinatura bianual de Natureza & Conservação com 4 números, basta preencher a ficha abaixo: Nome: CPF: RG: Endereço para entrega: Número: Complemento: CEP: Cidade Tel. para contato: ( Como ficou sabendo? e-mail biblioteca Bairro: UF: ) País: e-mail: site da Fundação Indicação jornal ou revista Outro. Qual? Valor: R$ 40,00 Efetue o depósito na conta do Banco do Brasil: Agência: 3306-5 – Conta corrente: 5828-9 ATENÇÃO: SERÁ PEDIDO UM CÓDIGO VERIFICADOR. DIGITE O SEU CPF, SEM PONTO OU TRAÇO. Envie o comprovante juntamente com a ficha preenchida para o fax 41 3340-2635 ou para o endereço: R. Gonçalves Dias, 225 - Batel - CEP: 80240-340 - Curitiba, PR Assinatura Envie o comprovante juntamente com a ficha preenchida para o fax 41 3340-2635 ou para o endereço: R. Gonçalves Dias, 225 - Batel - CEP: 80240-340 - Curitiba, PR Subscription order for Subscription Natureza & Conservação Please print or type information YES, sing me up for Natureza & Conservação for two years US$ 30,00 (two issues per calendar year) Note: please note that subscription is for a calendar year (January - December) Name: Organization: Address: City: Phone: ( State: ) Zip code: Fax: ( Country: ) e-mail: How did you know about Natureza & Conservação? e-mail Fundação Boticário website or Magazine or Newspaper Library Others. Which? Subscription Mail order to: Gonçalves Dias, 225 - Batel - CEP: 80.240-340 - Curitiba - PR - Brazil Subscription order for Natureza & Conservação Please print or type information YES, sing me up for Natureza & Conservação for two years US$ 30,00 (two issues per calendar year) Note: please note that subscription is for a calendar year (January - December) Name: Organization: Address: City: Phone: ( State: ) Zip code: Fax: ( Country: ) e-mail: How did you know about Natureza & Conservação? e-mail Fundação Boticário website or Magazine or Newspaper Library Others. Which? Mail order to: Gonçalves Dias, 225 - Batel - CEP: 80.240-340 - Curitiba - PR - Brazil ISSN 1679-0073 Natureza & Conservação Revista Brasileira de Conservação da Natureza The Brazilian Journal of Nature Conservation October, 2006 - vol. 4 - n.2 H LIS DED G N LU LE FUL ON INC SI VER Nature Conservation is our mission The Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (O Boticário Foundation for Nature Protection) is a non-profit organization, headquartered in Curitiba, South Brazil, and with operations throughout national territory. It was founded in 1990 by the O Boticário company to promote and carry out nature conservation actions. Since then, the Fundação O Boticário has produced effective and expressive results not only favoring the protection and conservation of species and natural heritage being threatened by extinction, but of nature as a whole. Operations throughout Brazil The Fundação O Boticário’s actions are defined and planned in an integrated manner. Thus, resources are optimized and increasingly more effective results are achieved for nature conservation in Brazil, guaranteeing conditions for life for this and future generations. The Fundação O Boticário creates and maintains natural preserves in locations of relevant environmental importance to protect samples of different Brazilian biomes, with their own characteristics, and which are fundamental for maintaining the life of all species. And it also contributes with public efforts in nature conservation. Estação Natureza Exhibits are created as strategic support for nature conservation actions. They are set up in urban centers near the preserves and they hold an active schedule of education and mobilization for schools and the public in general. Because it believes it is fundamental to disseminate knowledge, values and conservationist attitudes, the Fundação O Boticário holds technical courses at training centers, and by the Environment Trainee Program, which prepares young professionals from all over Brazil to strengthen the conservationist sector. The publication of books, journals and technical series, and the holding of events complement the strategy. The Brazilian Congress of Protected Areas, considered one of the most relevant regular events on nature conservation in Latin America, is at the forefront here. The Fundação O Boticário gives priority to its activities in those regions where it maintains natural preserves and Estação Natureza Exhibits. However, since its commitment is to generate knowledge and to make consistent nature protection projects feasible, it also promotes activities of other organizations through its support for conservation projects, which finances initiatives in every region of Brazil. Natureza & Conservação October 2006. Vol. 4. n. 2. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Natureza & Conservação. Curitiba-PR. V.4 n.2. pp 1-224. October 2006 ISSN 1679-0073 Credits Language (Portuguese) reviewed by Jan Gerd Schöenfelder Language (English) reviewed by Maísa Guapyassú Translation Arabera Traduções Graphic design supervision by Daniélle Carazzai Editing: SK Editora Ltda. Printed by: Oficina do Impresso Copies Printed : 1.200 exemplares This journal is printed in offset alkaline 100% recycled paper (25% post-consumption – information given by the supplier), grammages 90 and 150 g/m2.This is a Fundação O Boticário’s choice, which reinforces its commitment to protect nature. Cover’s pictures: Haroldo Palo Jr. Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus): the Hyacinth Macaw is the largest representative of the Psittacidae family, reachinhg a height over 1.5 meters. It lives in forest edges and trees canoples, nesting only in natural cavities on a tree species: the manduvi, Sterculia apetala. This bird species is endangered with extinction due to illegal trade of living animals and habitat destruction by fires and deforesting. Pantanal It is considered the world’s largest wetland, with the Brazilian’s biggest fauna concentration. It reaches 185,000 square kilometers, being 150,000 of them inside Brazilian territory, in Mato Grosso and mato Grosso do Sul states. Inner pictures: Gustavo Gatti and Haroldo Palo Jr. Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Rua Gonçalves Dias, 225. Batel. Curitiba – Paraná – CEP 80240-340 – Brazil Phone: +55 41 3340-2636 Fax: +55 41 3340-2635 e-mail: [email protected] http://www.fundacaoboticario.org.br Editorial Staff of Natureza & Conservação EXECUTIVE COMMITTEE From Fundação O Boticário de Proteção à Natureza: Miguel Serediuk Milano – Editor; Maísa Guapyassú; Leide Yassuco Takahashi; Maria de Lourdes Nunes; Laurenz Pinder EDITORIAL BOARD Alfred Runte – Independent Rersearcher – USA; Carlos Firkowski – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brazil; Cláudio Valladares Pádua - Universidade de Brasília (UNB) – Brazil; Fabio Olmos– Independent Rersearcher – Brazil; Fernando Fernandez - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Brazil; George Wallace – Colorado State University – USA; Glenn Haas– Colorado State University – USA; Gustavo Fonseca - Conservation International – USA; Ibsen Gusmão Câmara – Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação – Brazil; John Terborgh – Duke University - USA ;; Katrina Brandon - Conservation International – USA; Kent H. Redford – The Wildlife Conservation Society – USA; Kenton R. Miller – World Resources Institute- USA; Leide Yassuco Takahashi – Fundação O Boticário de Proteção à Natureza – Brazil; Marc Douroujeanni –Pro-Naturaleza Foundation- Peru; Mauro Galetti – Universidade Estadual Paulista – (UNESP-Rio Claro) – Brazil; Patrick Tierney – San Francisco State University – USA; Paulo Kageyama – Universidade de São Paulo - ESALQ – Brazil; Peter Grandsen Crawshaw Jr – IBAMA –– Brazil; Richard Primack – Boston University – USA; EDITORIAL COMMITTEE Ademir Reis – Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Brazil; Adriana Maria Zalla Catojo Rodrigues Pires - Universidade Federal de São Carlos – Brazil; Anthony Brome Rylands - Conservation International – USA; Antonio Solé Cava - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)– Brazil; Armando Cervi - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brazil; Carlos Peres – University of East Anglia – United Kingdom; Cristina Myiaki - Universidade de São Paulo (USP)– Brazil; Efraim Rodrigues – Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Brazil; Emygdio Leite de Araújo Monteiro Filho - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brazil; Érica P. Caramaschi - Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)– Brazil; Everton Passos – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brazil; Francisco Manuel de Souza Braga Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro) – Brazil; Frederico Pereira Brandini – Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brazil; Gunars Hauff Platais – Banco Mundial – USA; Jaqueline Maria Goerck - Birdlife International do Brazil – Brazil; James J. Roper – Independent Researcher – USA; Jane Maria Vasconcellos – Independent Researcher – Brazil; Jean Paul Metzger – Universidade de São Paulo (USP) – Brazil; José Salatiel Rodrigues Pires – Universidade Federal de São Carlos – Brazil; Letícia Peret Antunes Hardt – Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) – Brazil; Luciano M. Verdade - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ – USP – Brazil; Luiz dos Anjos – Universidade Estadual de Londrina (UEL) – Brazil; Luiz Carlos de Miranda Joels – Ministério da Ciência e Tecnologia – Brazil; Marcos Rodrigues – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – Brazil; Marcelo Tabarelli – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Brazil; Márcia Cristina Mendes Marques - Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Brazil Maria Cecília Martins Kierulf – Conservation International do Brasil – Brazil; Milton Kanashiro – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) – Brazil; Paulo dos Santos Pires – Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) – Brazil; Pedro F. Develey - Birdlife International do Brasil – Brazil; Sandro Menezes Silva – Conservation International do Brasil – Brazil; Sérgio Lucena Mendes – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) – Brazil; Stuart Marsden – Manchester Metropolitan University – England; Teresa Cristina Magro – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ – USP – Brazil; Virgílio Maurício Viana - Universidade de São Paulo – ESALQ – Brazil; Wesley Silva - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Brazil; Wiliam Magnusson – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA – Brazil; William Laurance – Smithsonian Tropical Research Institute – USA Objectives ans scope Natureza & Conservação is a biannual, bilingual (Portuguese and English) peer-reviewed scientific journal whose objective is to promote discussion, disseminate ideas and introduce research about the nature conservation with local, regional, national and global importance. Natureza & Conservação is published by the Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (O Boticário Foundation for Nature Protection), a Brazilian, non-profit, non-governmental organization. In harmony with the Fundação O Boticário´s mission of promoting conservation actions, the journal is a forum for presenting scientific, technical and philosophical texts whose themes include, but are not limited to, biological conservation, management of protected areas and environmental ethics. The only prerequisite is that papers submitted have an important conservation component. Submission of papers All submissions, including articles, book reviews and notes, must be sent to the Natureza & Conservação Editorial Committee, preferably in English and Portuguese, by e-mail (natureza&[email protected]) or by mail to: Natureza & Conservação Executive Committee Rua Gonçalves Dias 225, Batel Curitiba, Paraná 80240-340 - Brazil The Editorial Board has the right to accept or to reject articles for publication once they have been reviewed by members of the journal’s Editorial Committee and outside reviewers. The Fundação O Boticário retains all the rights on the published material. Rights of the authors The authors will be totally accountable for the information and opinions expressed in the articles. The accepted articles are copyrighted by the Journal (© 2006 Fundação O Boticário de Proteção à Natureza). Total or partial reproduction of articles must be by consent of the copyright holder, and articles may be duly quoted following scientific quotation conventions. Commercial use of articles is prohibited without express authorization by the Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Abstracting and indexing Periodica, CABI International and Latindex cover Natureza & Conservação. 123 Some comments about the public forest management law Ibsen de Gusmão Câmara Point of View 125 How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger 138 Comparative study between the global, national and state list of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Technical – Scientific Articles 164 Estimated loss of natural cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo – Sandro Menezes Silva 180 Appraisal of the age of the trees used as nests by Hyacinth Macaw in the Pantanal, Mato Grosso Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando lara R. de Almeida 189 Selection of Priority Areas for Consevation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha Book Reivew 212 “Não verás país nenhum” (You Won’t See Any Contry) By Ana Cristina Suzina 214 Valuing Ecosystems Services: Toward Better Environmental Decision-Making By Ricardo Y. Tsukamoto 216 Datebook 218 General guidelines to contribuitors Contents Reflections Editorial climatic changes that affect us, tend more towards an environmental nightmare. After all, in Brazil, they already provide the new, great justification for further destruction of natural ecosystems, as well as to raise severe concern to the generally inefficient form of managing associated industrial enterprises. Therefore, the trend towards expansion of the so-called agribusiness’ monocultures not only continues, but gains in strength. The dire shadow cast by the expansion of soy bean, corn, sugarcane and castor bean crops, as well as meat exportation, now dominates the landscape once so rich in biodiversity. In short, the businesses associated with biofuels and meat exportation, considered the new panacea for all of Brazil’s evils and carried out without any consistent plans and effective measures to mitigate their impacts, tend to drive the country even more towards the poor condition of a commodity producer and exporter and paying for the costs of all the resulting environmental externalities. Therefore, the wellknown model that has existed since the hereditary provinces of Colonial Brazil continues. Actually, some of the states still have the same beneficiaries, and they still roll the dice in the state power game. The eighth edition of Natureza & Conservação arrives together with the result of Brazil elections and it reveals that the already well-known developmental political orientation of economic growth at any cost will continue to dominate the Brazilian quotidian life. From the federal to the state executives, without any exceptions worthy of note, we can expect everything for short-term social and economic goals. Furthermore, there is not any minimally optimistic news on the legislative scope, whether at federal or states level. Despite the profusion of technical reports, scientific articles, books and all sorts of material warning about the proximity of an environmental crisis of unprecedented planetary proportions since the existence of humankind, we sadly ascertain that nature conservation is still not a priority and is only considered by the ‘mistaken discourse’ of a minority. This differs little from the way public and private enterprises view environmental planning and management, whether at the level of involved processes or location options. Biodiversity and Brazilian ecosystems, which have carried the burden of inconsistent attempts at solving the country’s social and economic problems, will continue to be overloaded. In short, the threat to all ecosystems continues, and it grows as the false idea of perennial development sustained by nature becomes more solid and gains in strength, in an absurd process that any economic reasoning could destroy in half a paragraph if it was a traditional enterprise: “development” whose operational base is the dilapidation of the capital that should maintain it. Among the ecosystems suffering the most pressure is the Brazilian Pantanal, and this pressure is most often surreptitious, hidden in the idea that seems etched by fire in the minds of every Brazilian: the idea of the “splendid native land” and nature’s wonders. Those who knew the Pantanal a long time ago and see it today know much has changed. And changed for the worse, although it is increasingly becoming the favorite destination for a growing number of tourists, which is explainable because other destinations are even worse off. Biofuels (ethanol and biodiesel), dreamed of as a planetary environmental solution, or at least, a consistent alternative to the burning of fossil fuels, which is the main culprit for the Editorial 120 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 120-122 The pressures of a globalized economy associated with the lack of appropriate planning, inspection and integration between the diverse jurisdictions of public power are being felt in the region, with its unparalleled natural characteristics and elevated fragility given the complexity of the ecological relations that keep the local ecosystems operating. Those who read me must have a feeling of déjá-vu: “wow, I read about that somewhere.” And definitely you must have read something very similar related to the Atlantic Forest, today restricted to almost nothing of what it once was; in relation to the Brazilian Pine Forest, of which only the living dead remain, sad memories of an ecosystem condemned to disappear; to the Cerrado (Brazilian Savanna), increasingly transformed into large monoculture areas; the Caatinga, exploited, plundered and depreciated for centuries; the Amazon Forest, for which the government is celebrating the nearly fifty percent reduction in the annual deforestation rate in comparison to the previous year, a celebration that only means we have reduced the speed of its demise and not the end of its destruction. And to these biomes that are symbols of our national identity, some destroyed and others threatened of such, we now add the Pantanal. concern by the state government as to the fact they are merely bureaucratic or pro-forma with regard to their effects on the ecological systems responsible for the Pantanal being what it is, or what it once was. This edition of Natureza & Conservação has two articles about the Pantanal, both with information that makes us reflect. One, by Mônica Harris and collaborators, speaks of deforestation in the Pantanal and the perspectives for its conservation when considering the current situation: changes in the system of cattle raising, charcoal exploitation, officially authorized deforestation, with the 87 townships that comprise the Upper Paraguay Basin having already destroyed more than half the original vegetation in 59 of them, more than 80% in another 22, and more than 90% in another 19. The other article, by Antônio dos Santos Jr. and collaborators, whose title seems to interest only those who study birds or trees (“Evaluation of the age of trees used as nests by the hyacinth Macaw in the Mato Grosso Pantanal”) zooms in on a situation that describes the increased threat on an endangered bird, caused by the same problems pointed out in the first article cited: the accelerated modification of habitats in a region with its own rhythm and cycles. This article also has numbers that make us think: in order to be used as nests by the macaws, the manduvi trees must be at least 60 years old. How can we analyze this fact in light of the growing deforestation? Will the young manduvi trees ever live long enough to have nest cavities for the blue macaws? And what about the other species that are part of the Pantanal biome? Where will they seek for shelter and food? Where will they fulfill their ecological functions? What will become of that unique heritage that should belong to all Brazilians, but that is being dilapidated by a few who received – or not – a license to do so? When one speaks of the Pantanal, one thinks of a regime of dry and rainy seasons, in a pulsation of waters that govern life there. To ignore this pulsation is to condemn the ecosystem to death. These wetlands encompass nearly 40% of the Upper Paraguay Basin and occupy nearly 140,000 km2 of Brazilian territory, where they are at their fullest. They spread over the states of Mato Grosso do Sul and Mato Grosso and depend on a water regime and care in land use that transcends perceptible limits. The waters that feed the “land of waters” come form the surrounding highlands, from the mountain ranges that are losing their native vegetation, giving way to pasture for cattle and soy bean plantations. The charcoal factories are transforming its trees and bushes into charcoal. Industries are moving in, plans are being made for waterways expansions and pipelines without any Editorial And since the issue of dilapidation of public heritage has come to the forefront, it is worth mentioning the article for reflection by the al- 121 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 120-122 English Editorial Editorial ways lucid Admiral Ibsen de Gusmão Câmara, who briefly yet severely analyzes the Law for Public Forest Management using irrefutable reasoning. When one thinks one has seen it all when it comes to bureaucratic-legal frameworks to authorize the dilapidation of a natural heritage, along comes another law that not only “rule out” the destruction, but goes a step further and creates a new public entity that already has 49 Direction and Superior Advisory positions, overlays attributions with already existing ones and is yet another ingredient in this great stew of catastrophe called Brazilian public administration – with all the ominous consequences to public funds and the country’s natural heritage. about fragmented landscapes and he introduces a methodological reference to select priority areas for nature conservation in typical fragmented landscapes in western Brazil that with the appropriate adjustments could be used for other landscapes. The author suggests a series of ecological indicators that can be confronted with biodiversity data already known for the region where the study is being developed, thus permitting adjustments and providing the model with more robustness. The eighth edition of Natureza & Conservação reaches the reader with a mix of reflection, discussion and science. It is the fruit of a lot of work and dedication by the journal team, its volunteer reviewers, the members of its Editorial board, and of course, all those who submitted articles for publication. And it is with all those people and with you, dear reader, that we share the joy of announcing that our journal has received the Qualis B classification from Capes in the area of Ecology and the Environment. The article by Frederico Rodrigues and Miguel Ângelo Marini deals with the country’s ornithological heritage. By comparing the lists of endangered bird species elaborated by the IUCN, by Ibama and by some Brazilian states, the authors reveal their discrepancies, mainly due to a lack of knowledge about the diverse species, the lack of uniform classification criteria and the reduced dissemination of knowledge available on Brazilian ornithology outside the country. By the way, it is important to point out that this consideration matches the objectives of Natureza & Conservação, which include national and international dissemination of scientific knowledge generated in Brazil. Created and published outside the traditional academic environment, with only four years of existence, but with a regular publication as well as quality articles, Natureza & Conservação is Qualis B for Ecology and the Environment, Qualis B for Agrarian Science and is indexed in the LatinIndex, CAB International and Periodica. This further encourages us to work for the dissemination of serious and quality knowledge that can make nature conservation possible, the heritage of all living beings that cohabit this planet. When dealing with scientific knowledge, Jean Paul Metzger brings us a valuable theoretical contribution in his article that addresses the possibilities for rapid diagnosis of the minimal conditions necessary to maintain biodiversity in fragmented landscapes, which has become a dominant characteristic of the planet’s landscapes due to actions by humankind. I wish you all a good reading Miguel Serediuk Milano President - Editorial Board The article by Carlos Hugo Rocha is also Editorial 122 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 120-122 Some comments about the public forest management law Ibsen de Gusmão Câmara1 Law # 11.284 was sanctioned in March 2006. It establishes the groundwork for public forest management for sustainable production, establishes the Brazilian Forestry Service (SFB - Serviço Florestal Brasileiro) and creates the National Forestry Development Fund (FBDF - Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal). It also establishes: a Public Forest Management Commission as a consulting body to the Ministry for the Environment; a Board of Directors to run the SFB; and an Advisory Board to opine on the distribution of FNDF resources and evaluate their application. tremendous bureaucracy in its fulfillment, if it ever becomes truly enforceable. The Brazilian Forestry Service will be a heavy bureaucratic structure, with 49 Direction and Superior Advisory (DAS) positions that will probably generate an overlapping of competence attributions and conflicts with already existing bodies, in particular the SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente – Environment National System), and most especially IBAMA. The effectively sustainable exploration of tropical forests has always been a motive for controversy due to the tremendous diversity of the species that exist therein, their complex interrelationships and the prevailing lack of knowledge concerning ecological processes that govern such highly diversified ecosystems. A commercially explored tropical forest can grow back, but nothing ensures that its flora and fauna composition will be identical to the original. The new Law considers “public forests” as being “those natural or planted forests located in the diverse Brazilian biomes, on Federal, State, Municipal or Federal District property or on property belonging to indirect administration entities” (Art. 3rd). Therefore, it includes several categories of protected areas managed today by IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente - Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources) and different state and municipal environmental bodies. The sustainable handling of those species of commercial interest cannot fail to consider the others. Since the interactions of the entire set are not satisfactorily understood – pollination, seed dispersion, trophic chains, predation, mutual dependency, etc. – you may be seriously affecting biodiversity if the noncommercial species are not considered and monitored. Experience has shown that as a The Law is extremely complex, containing no less than 86 articles with many paragraphs and sub-clauses, and it will inevitably create 1 [email protected] Reflections 123 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 123-124 Reflections Some comments about the public forest management law Ibsen de Gusmão Câmara rule of thumb, the exploration of certain species causes great destruction to others due to the opening of roads, movement of trunks, tree felling and soil compaction. produced and verified after the exploration period. In short, the law seems to be an attempt by Public Authorities to pass those obligations they are responsible for, but have not demonstrated the capacity to fulfill on, to private initiative; the complicated bureaucratic structure created is not able to provide any real guarantee the objective will ever be reached. The Law considers “forest management” to be the “administration of the forest to obtain economic, social and environmental benefits, respecting the ecosystem sustenance mechanisms that are the object of this management, and considering, cumulatively and alternatively, the use of multiple wood species, multiple non-wood products and subproducts as well as the use of other goods and services of forest nature” (Art. 3rd). But how can we respect the “ecosystem sustenance mechanisms” if you do not know enough about the ecological relations that exist in the ecosystem, and even many of the species that comprise it? The new Law prohibits granting access to genetic heritage for research and development, bioprospection and making collections (Art. 16th). Public authorities have always shown a tremendous incapacity to inspect and control the abusive use of Brazilian forests, broadly submitted to illegal exploration, fires and deforestation. What structures and means do you intend to use to effectively inspect the exploration of concessions that are granted for the commercial exploration of forests? The duration of contracts and similar instruments has been limited to ten years in the case of national, state and municipal forests (Art. 5th), and between five and 20 years for other public forests (Art. 35th). These periods are excessively short to permit the proper evaluation of the effects of the commercial exploration of forests and their effective degree of sustainability, especially those that require very long periods for verification – a tree can take decades to reach maturity and in the short period of 5 to 20 years, forest recomposition cannot be properly evaluated. At the end of the contract, there will be nothing more to do about the possible damage Reflections 124 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 123-124 How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas1 Jean Paul Metzger, PhD1 • Department of Ecology - Institute of Biosciences - University of São Paulo ABSTRACT Many proposed rules for the conservation of species in fragmented landscapes are difficult to put into practice by environmental planners. This include adopting a multi-species umbrella approach, seeing the landscape from the view point and indeed scale of the species, considering the whole mosaic, including the matrix permeability, and identifying key patches and key connections. In the present paper, I suggest a possible way in which to consider these questions without a detailed biological knowledge of a large number of species. This is based on a modified multi-species umbrella approach, where the choice of umbrella species (those that have greater environmental demands than any other species) should be carried out by functional group. The efficacy of these species as umbrellas must first be tested using data from areas previously well-studied. Once the species are chosen, the proposed approach should include some basic biological knowledge of these species in structural landscape indices (which are then called “ecologically scaled landscapes indices”). Structural and compositional similarities of habitat with the inter-habitat matrix units could be used to estimate the matrix permeability. Finally, the graph theory (applied in different scientific fields to describe the intensity of information fluxes in networks) can be useful to ascertain the necessary conditions for the maintenance of umbrella species. This approach should facilitate the application of non-obvious rules of conservation and appears to be a good option for a quick diagnosis of minimal conditions needed to maintain biodiversity in fragmented landscapes. Key words: Fragmented landscapes, biodiversity conservation, umbrella species, landscape indices, inter-habitat matrix. cially around its borders), and the isolation of small populations in fragments, making them increasingly susceptible to environmental changes or demographic variations (Fahrig, 2003). In view of the alarming rates of deforestation and fragmentation in tropical zones (Laurance et al., 2001; Achard et al., 2002), the conservation of biodiversity in tropical fragmented landscapes has become INTRODUCTION The loss and fragmentation of natural habitat are considered as the main causes of species extinction due to the area reduction of avai-lable habitat, the disturbance of this habitat (espe- 1 [email protected] Point of View 125 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 Point of View How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger one of the major worries in Conservation Biology. versity or the minimum width requirements for a corridor to carry out its function of providing a biological flux (if, indeed, it functions in this way), these questions are generally dealt with case by case, using “common sense”: one should always preserve the largest fragments and the widest corridors of ones landscape (nevertheless, not always is common sense a good strategy for conservation, see FIGURE 1). Several theories and approaches have been used in an attempt to understand fragmented landscapes. The Theory of Island Biogeography (MacArthur & Wilson, 1967) has determined for quite some time a vision based on community richness, this being controlled by the area and isolation of these fragments from a stable source of species, similarly to ocean islands. Afterwards, based mainly on the theory of metapopulations (Hanski & Gilpin, 1997), and in genetics and population viability analyses (Young & Clarke, 2000), the emphasis shifted from the communities to populations, from fragments to networks of fragments connected by biological fluxes. The maintenance of a species in fragmented landscape is then viewed as a balance between the process of local extinction, that depends basically on the habitat area and suitability, and the possibilities of recolonization, that rely on the connectivity of the fragments, i.e. the capacity of these fragments to receive biological fluxes from neighboring patches (Moilanen & Hanski, 2001). More recently, landscape ecology has placed the habitat networks in a more realistic context formed by a heterogeneous matrix composed of a variety of modified or introduced landscape units (e.g., agricultural and urban areas, highways, woodlands). In this manner, a greater emphasis is placed on the notion of landscape connectivity, the capacity of landscapes as a whole to facilitate biological fluxes (Tischendorf & Fahrig, 2001), recognizing that all the units have an influence on these fluxes. Figure 1. Example of a landscape with seven fragments acting as potential habitat for 18 functional groups of species with different biological characteristics (Table 1). Fragment F is the only one to present the habitat for specialized species. A combination of species from groups 6 and 11 has an adequate potential for a multi species umbrella approach. These different approaches and theories provide the formulation of a large range of rules of thumb for conservation (IUCN, 1980; Forman & Collinge, 1997; Haila, 2002). Many of these rules are relatively obvious and simple to put into practice by landscape planners. For example, large fragments should be preserved maintaining them connected through wide corridors (Fischer et al., 2006). Even without knowing the size needed for a fragment to preserve the totality of the biodi- Point of View This figure shows that: i) not always are obvious rules the best: the preservation of the largest fragments does not allow the conservation of all functional groups; ii) overly demanding functional groups such as groups 1, 3 and 5 (which are absent in the landscape) are not suitable umbrella for this landscape; iii) a unique umbrella species would not be enough to indicate all the fragments needed 126 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 for the maintenance of all functional groups: one needs to adopt a multi species umbrella approach (in the present case, using species from groups 6 and 11); iv) umbrella species from groups 6 and 11 are a combination of diverse characteristics (mainly, large area requirements and low dispersal capacity in the case of group 6, and microhabitat specialization with low dispersal capacity and medium area requirement, in the case of group 11); v) the two “umbrella functional groups” are related to a higher richness, however they represent different groups of species. In this way, if the efficacy of umbrella species was confirmed in a previous test, the presence of those species can be used as a first indication of species richness. ledge from a few species or processes to a complex system of multiple species. For the efficiency of biodiversity conservation plans, this partial knowledge needs to represent in some way the whole system. To do so, several strategies of conservation are based on the study of surrogate species, which represent the responses of several other species, or in the study of functional groups, i.e. groups formed by species which have the same biological requirements, and in this way respond to fragmentation in a similar way. To acquire a deeper knowledge of fragmentation responses is a complex matter that requires detailed biological data on several topics, such as demography, dispersal capacity, species interactions, food and environmental preferences. In such a way, studies on a selected group of species have been adopted as a short cut. The detailed knowledge of this reduced number of species should enable us to infer the responses of the other species. With this in mind, the multispecies umbrella approach (Lambeck, 1997) has been in the headlines. On the other hand, some conservation suggestions are not so obviously understood nor easily put into practice, such as: i) to adopt a multi-species umbrella approach; ii) to see the landscape from the view point and indeed scale of the species; iii) to consider the whole mosaic, including the matrix permeability; iv) to identify key patches and key connections. The umbrella species are defined as those that have greater environmental demands than any other species, in such a way by providing the conditions for the maintenance of those species it would be possible to maintain the others. These requirements may be of different natures: large area requirements, close proximity among habitat patches due to limited dispersal capacities, specific micro-habitat needs, for example. For each of these requirements, one may define a gradient of demand, the umbrella species being the most demanding. The idea of multi-species umbrella is then to select a group of highly demanding species with different ecological requirements (Lambeck, 1997). A detailed study of these species would allow us to understand the minimum conditions required for the persistence of these, and theoretically, for all other less demanding species (Figure 1). Such conditions can serve as a guide for conservation plans. In the present paper, I will discuss these suggestions and propose a possible way to facilitate the use of these rules by adopting a modified multi-species umbrella approach. HOW TO CHOOSE A GROUP OF UMBRELLA SPECIES? It is well known that each species responds to its habitat fragmentation in different ways depending on its biological characteristics (such as size and life histories). Nonetheless, the major worry in Conservation Biology is with the maintenance of biodiversity as a whole, including all species of a region, their interactions, and the diversity of habitats in which they are present. Any ecological study, whether it be more focused on the ecosystem processes or on the structure and richness of a community, will always cover a small part of this biodiversity. Probably one of the main challenges for the conservation of biodiversity will be to extrapolate the acquired know- Point of View The approach proposed by Lambeck (1997) 127 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 English How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger presents three main practical difficulties (see other limitations in Lindenmayer et al., 2002). First, he considered that species sensitivity to disturbance could be on the whole inferred by using only one biological characteristic (area demands, micro-habitat specialization, etc.). However, Henle et al. (2004), in a recent revision about predictors of species sensitivity to fragmentation, showed clearly that demographic parameters (population size and dynamics, dispersal power, reproductive potential, sociality), ecological traits (body size, microhabitat specialization, trophic position, interaction with other species) or biogeographic characteristics (natural rarity, biogeographic location and fragmentation history), when considered alone, are not good predictors of habitat fragmentation sensitivity. In general, this depends on the interaction of different factors. For example, a specialized species may be considered more sensitive, however this specialization may be compensated for by a large dispersal capacity (as in group 7 in FIGURE 1, TABLE 1). The great neotropical felines, for instance, are often considered umbrella species as they require large areas of habitat. And yet, as well as having a large dispersal capacity, many of these species appear to tolerate or cross altered environment with ease (see group 2). Once more, this capacity to disperse through human-dominated matrices may compensate for the large area demands. Therefore, it is difficult to define sensitivity using only one parameter (Fleishman et al., 2000), as proposed by Lambeck (1997). Instead of choosing an umbrella species for each ecological requirement, I suggest to define potential umbrella species using a set of biological characteristics. In this case, the concept of functional group applied to fragmentation may be useful. These groups may TABLE 1. Potential of functional groups to act as umbrella according to their area requirement, dispersal capacity and micro-habitat specialization. Biological parameters that are used to define Functional Groups should be chosen according to the known main threatening processes, which varies from one landscape to another. Functional group Symbol Area requeriment Dispersal capacity Microhabitat specialization Umbrella potential 1 High High High Intermediate 2 High High Low Intermediate 3 High Medium High Very High 4 High Médio Low Intermediate 5 High Low High Very High 6 High Low Low Intermediate Continues Point of View 128 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 Continuation Table 1 Functional group Symbol Area requeriment Dispersal capacity Microhabitat specialization Umbrella potential 7 Medium High High Intermediate 8 Medium High Low Low 9 Medium Medium High Intermediate 10 Medium Medium Low Low 11 Medium Low High Intermediate 12 Medium Low Low Intermediate 13 Low High High Low 14 Low High Low Low 15 Low Medium High Intermediate 16 Low Medium Low Low 17 Low Low High Intermediate 18 Low Low Low Low be defined by the use of different biological characteristics, varying according to the landscape, as shown in a simplified form in the example of FIGURE 1 and TABLE 1. It is therefore possible to identify groups of greater or lesser sensitivity to fragmentation. The multi-species umbrella strategy can then be to choose species of functional groups po- Point of View tentially more sensitive to fragmentation. A second limitation of the Lambeck approach is related to the difficulty in selecting umbrella species. In statistical terms, to test if the presence of a determined species is able to infer with precision the presence of other species or the richness of a community is a 129 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 English How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger simple task (Chase et al., 2000; Fleishman et al., 2001; Mac Nally & Fleishman, 2002). The difficulty is related to a lack of necessary data (Lindenmayer et al., 2002), or due to an incapacity of a particular umbrella species to serve as an indicator of other species presence. For example, Rubinoff (2001) showed that a species considered umbrella for vertebrates (the “California Gnatcatcher” bird, Polioptila californica, Muscicapidae) does not serve as an umbrella for invertebrate species (in the case of three butterfly species), which greatly limits the use of these species as umbrella. I think it is clear that the test of umbrella species efficacy should consider a more ample range of species and not remain restricted to a small group of species belonging to the same taxonomic group. This test must be carried out using data banks of projects where intensive biological census of different communities have been done in similar ecosystems or landscapes to those one is considering for conservation. For instance, the Biological Dynamics of Forest Fragments Project possesses the best biological data bank on the Central Brazilian Amazon (Laurance & Bierregaard, 1997; Bierregaard et al., 2001), permitting one to carry out the choice and the test of umbrella species for this region. To test the efficacy of a umbrella species is an essential step towards the success of this approach. mentation. In this way, in very disturbed landscapes it would, in principal, be better to work with umbrella species not overly demanding (a “small parasol” species, such as group 10), while in more favorable conditions one may choose highly demanding species (a “large sunshade” species, such as group 5). The efficacy of conservation actions based on this approach will depend on the right choice of umbrella species. HOW TO SEE THE LANDSCAPE FROM THE VIEW POINT OF THE SPECIES? To understand what determines the persistence of a species in a fragmented landscape one needs to understand how the landscape structure is seen through the mind’s eye of the species (FIGURE 2), and then relate this structure to the main processes that act on species extinction and dispersal. In such a way, instead of defining the landscape according to our own human criteria and in an undistinguished form for all the habitat species (using landscape metrics without any biological basis), one must to understand the landscape through the “eyes” of the studied species (the umbrella species defined above). This means being able to perceive the landscape structure and to realize its function for that particular species. Structural landscape components (patches, corridors and matrices) must be defined according to their use (e.g., feeding, resting or breeding supply) and/or their habitat suitability. The appropriate scale for landscape analyses, in terms of spatial extension and resolution, depends also on species characteristics. For instance, the landscape extension should be defined in accordance with the species dispersal capacity: the greater the dispersal capacity, the greater is the extent of the landscape that can possibly influence the maintenance of this species (Pearson, 1993; Metzger, 2000; Steffan-Dewenter et al., 2002). In functional terms, it would be necessary to understand how each landscape element influences species persistence, particularly knowing the main local factors that lead to extinction The third limitation of Lambeck’s approach is in the choice of adequate species for the degree of habitat fragmentation of the studied landscape. It is not worth using a species overly demanding if the degree of environmental degradation is very advanced (see groups 3 and 5, Figure 1). Or, inversely, it would be of little use to work with non-demanding umbrella species if the landscape supports a more demanding species (e.g., species from group 11). In choosing this group of umbrella species, it is important to remember that there is a gradient of environmental demands. I suggest that the choice of a demanding threshold must be done according to the conservation target to be reached, which in turn depends on the degree of frag- Point of View 130 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 (fragment size and suitability), the capacity of corridors to facilitate movement (Uezu et al., 2005), the barrier effects of roads (Forman & Alexander, 1998), and the importance of the matrices as secondary habitats (Antongiovanni & Metzger, 2005), source of predator species, parasites, or filters to biological fluxes. This detailed knowledge can only be obtained after intensive research and for a small number of species, and often not even this information is available for landscape managers. How may one succeed in obtaining a minimal collection of data that permits an approximation to the mind’s eye of the species in question? Species 14 Species 4 I think one good alternative might be the use of ecologically scaled landscape indices (Vos et al., 2001). Considering that species’ responses to fragmentation differ with the landscape, and that the same landscape is perceived differently depending on the species, these authors proposed to evaluate the structure of a fragmented landscape using metrics that combine species and landscapes characteristics. In this way, instead of considering only the fragment area, one should likewise account for the relation between the fragment area and the species area requirement, in order to access the carrying capacity of the species in the patch. Similarly, the patch connectivity can be evaluated considering distances to neighboring patches (landscape characteristic) and a parameter that weighs the contribution of a patch according to the dispersal capacity of the species (species-specific characteristic). Thus, one can get a first approach from the view point of the species, how carrying capacity and fragment connectivity are affecting the extinction risks and the colonization possibilities, two of the main processes acting on the persistence of species in fragmented landscapes. Species 9 Figure 2. Three different views of the same landscape, according to species from groups 2, 9 and 14 (see Table 1). This landscape presents 7 fragments (nodes, in the theory of graphs). The potential biological connections are represented with lines (edges); the carrying capacity or the suitability of the habitat is represented by the density of points; the number of functional groups symbols represents their abundance. Point of View The substitution of purely descriptive and spatial landscape structural indices by ecologically scaled indices may be an essential step towards the understanding of the landscape through the mind’s eye of the focal species. 131 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 English How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger this permeability and so one would need data on the species abundance and use (e.g., secondary habitat, crossing or foraging area) for the different matrices. However, often that kind of data is not available to environmental managers and there is little chance of obtaining it in a short time. What would be the alternative? HOW TO CONSIDER THE WHOLE LANDSCAPE, INCLUDING THE MATRIX? Fragmentation is a process that modifies the whole landscape and not only the spatial distribution of one of its habitats (McGarigal & Cushman, 2002). Besides shrinkage and sub-division of habitat patches, fragmentation also promotes the expansion of other land covers, creating borders among them, increasing the mosaic heterogeneity, affecting the matrix permeability to biological fluxes. In spite of the limitation of a large number of fragmentation studies to the effect of habitat area and isolation, there is clear evidence that both composition and configuration of the whole mosaic affect fragmented communities (Laurance, 1991; Gascon et al., 1999; Metzger, 1998; 2000; Viveiros de Castro & Fernandez, 2004). Fragments are increasingly viewed not as analogues to islands, but rather as habitat patches embedded in particular types of surrounding habitats (Wiens, 1995). In my opinion, the best option is to accept the assumption that matrix permeability/quality for a particular species or group of species is directly related to the structural or composition similarity of this unit to the native habitat. For instance, a se-condary forest is so much more permeable to biological fluxes of forest species than a pasture area, and this will, in turn, be more permeable than urban areas. In this step, physiognomic parameters or other relevant features can be used to define the integrity of habitat, such as using a habitat suitability index function (Brooks, 1997; Akçakaya et al., 1995). Those parameters can be combined in a Geographic Information System in order to create images with the “expected” suitability, and so permeability, of the matrix for each studied species (e.g., the previously defined umbrella species). An inter-habitat matrix can act modifying dispersal and colonization rates (Stouffer & Bierregaard, 1995); providing less suitable habitats for the focal species or for generalists species (Antongiovanni & Metzger 2005); offering habitat for invaders, so being sources of disturbances (Cantrell et al., 2001); and determining the severity of edge effects (Mesquita et al., 1999). Matrix effects are so clear that the vulnerability to fragmentation was inversely related to the capacity of species to use the matrix (Gascon et al., 1999). These authors observed this relationship with the abundance of birds, mammals and frogs in matrices and fragments in the Central Brazilian Amazon (North of Manaus), confirming that the matrix may affect the response to fragmentation. Higher matrix permeability to biological fluxes may attenuate fragmentation effects, and serve as a management alternative to increase landscape connectivity. This kind of data will be of great help in predicting biological fluxes throughout the landscape. For example, instead of considering that the intensity of biological fluxes between two fragments is directly related to their spatial distance, one can state that fluxes will vary with the effective distance or the less costly distance, considering also the matrix resistance to these fluxes (FIGURE 3). The presence of a road between two fragments may increase significantly the cost of this crossing (effective distance), in a way that fluxes will be much lower than the expected one according to the shortest distance (spatial distance). Permeability values can be used in several models, as the ones of graph (Urban & Keitt, 2001) and metapopulation theories (Hanski, 1994; Moilanen & Hanski, 1998), approximating those models to the real complexity of landscape mosaics. Fragmentation studies must, thus, consider Point of View 132 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 species or the maintenance of biodiversity if a patch or a corridor is removed, or if the matrix is modified. In these circumstances, an environmental manager should be aware of which landscape elements are essential for the conservation of species. How to identify those elements with a limited biological background (as is usually the case)? Spatial distance Once a range of the umbrella species is selected, conservation biologists can use different ways to identify key-elements: regressions between species presence/absence or abundance with fragment size and connectivity (Wiens, 2002); Incidence Function (Hanski, 1997); or combinations of population viability models (e.g., Akçakaya et al., 1995; Lindenmayer & Possingham, 1995) with ecologically scaled indices (Vos et al., 2001). Nonetheless, the viability of those approaches is restricted to well-known species or for landscapes with intensive biological surveys. Effective distance In my opinion, an easier and useful alternative approach is provided by the graph theory (Gross & Yellen, 1999). This theory has been applied to describe the intensity of information fluxes in different kinds of networks, such as those of roadways, computers, and corporate hierarchies. In landscape ecology this theory has been used as an alternative to structural analyses (Cantwell & Forman, 1993; Keitt et al., 1997; Urban & Keitt, 2001). Graphs are then considered as a group of habitat fragments (or nodes, in graph terminology) linked by vertices (or edges) (Figure 2). This linkage occurs only if fragments are sufficiently close and separated by a permeable matrix in a way that biological fluxes can occur between them. Once defined the graphs of a particular landscape, their degree of connectivity can be evaluated with simple measurements: the larger the graph (e.g., measured by the numbers of nodes or the distance between opposite nodes), the larger its connectivity. With this data, one can easily eliminate a particular node or edge (connection) and observe the loss of connectivity on the landscape (FIGURE 4). The importance of each fragment or linkage can so be accessed, Figure 3. Expected rates of dispersal among fragments according to the spatial and effective distances (considering the matrix permeability). The thickness of arrows indicates the intensity of expected biological fluxes. A darker matrix is more resistant to fluxes, while a lighter one is less resistant. Notes: Despite the short spatial distance between fragments A and B, the effective distance is much greater due to the barrier effect of a road. Fluxes are possible only because the barrier presents a gap (such as under or overpasses designed for animal crossing). The spatial distance between fragments A and D is equal to the distance between fragments B and C, however, due to different matrix permeability, the effective distance between A and D is lower. HOW TO DEFINE KEY-PATCHES AND KEY-CONNECTIONS FOR CONSERVATION PURPOSES? Landscape planners are usually faced with problems of management of previously established mosaics, where the most pertinent questions are related to the persistence of a Point of View 133 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 English How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Jean Paul Metzger CONCLUSION Many proposed rules for biodiversity conservation in fragmented landscapes are difficult to put into practice. A promising way to apply these rules is based on the choice of a group of umbrella species. Using those species, one should try to understand the minimal requirement for their persistence in terms of area, habitat suitability, and fragment arrangement. A first and fast diagnosis of those necessities may be obtained, even in the absence of detailed biological data, by using: metrics that combine basic biological knowledge and landscape features; structural similarity indices to infer the permeability of the matrix; and graph theory for helping in determining key landscape elements. Obviously, this approach does not substitute all detailed knowledge on the ecological processes that act on population growth or extinction necessary to fully analyze the persistence of species in a fragmented landscape. However, this seems to be a good alternative approach to purely structural landscape analysis (e.g., conserve large and well connected fragments) when extensive biological data is not available. Figure 4. Example of a simulation to identify key elements in a landscape. Lines represent the connections for a species with low dispersal capacity in the absence of fragment E. Despite its small area and low richness, this fragment has a key role in the landscape because it allows the connection between fragments F with D and G for species with low dispersal capacity. Without fragment E, the functional groups 11 (an “umbrella group”), 12, 17 and 18 would disappear from fragment F. The efficacy of this approach will depend on the accurate choice of umbrella species, itself often not an easy task. First, one should test if the presence of those species is significantly related with the co-occurrence of a large number of other species, using areas previously well studied. Second, the choice should be made according to the degree of fragmentation and by group of species defined by their biological behavior towards fragmentation. This approach combines an analysis of the ecological processes leading to extinction (that vary according to functional group) with detailed studies of a restricted group of species (chosen among the “umbrella functional groups”). I believe that the understanding of how different umbrella species respond allowing a first identification of the key-elements of the landscape (Keitt et al., 1997) for the maintenance of a focal species. As graph definition depends on a clear definition of habitats (nodes) and connections (edges), and both parameters are species-specific (Figure 2), different graphs will be obtained in a same landscape for species with different requirements. Once again, umbrella species should be used as a short cut for the identification of key elements for a large number of species. The main advantage of this approach is that it requires little biological data, facilitating its use for environmental planning purposes. Point of View 134 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 to the same landscape, and how these umbrella species respond to different landscape structures, can lead us to the application of non-obvious rules for conservation biology, and in this way find the minimal conditions needed for the preservation of a large number of species in fragmented landscapes. Chase, M.K.; Kristan, W.B.; Lynam, A.J.; Price, M.V.; Rotenberry, J.T. 2000. Single species as indicators of species richness and composition in California Coastal Sage Scrub birds and small mammals. Conservation Biology 14: 474-487. Fahrig, L. 2003. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annual Review of Ecology, Evolution and Systematics 34: 487-515. Fischer, J.; Lindenmayer, D.B.; Manning, A.D. 2006. Biodiversity, ecosystem function, and resilience: ten guiding principles for commodity production landscapes. Frontiers in Ecology and the Environment 4: 80-86. 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Predicting species occur- Point of View 137 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 125-137 English How to deal with non-obvious rules for biodiversity conservation in fragmented areas Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia1 • Zoology Department – Biology Institute – Brasília University Miguel Ângelo Marini, PhD • Zoology Department – Biology Institute – Brasília University ABSTRACT Brazilian birds have been appraised regarding their threat level through the comparison of the main list of bird species threatened with extinction in Brazil, on the global (IUCN), national (IBAMA) and local scopes, on state lists from Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo and Pará, with the purpose of providing subsidies for future projects for conservation of the Brazilian avifauna. 494 taxa that are threatened or nearly threatened with extinction in the Brazilian territory have been cited; 72% in the state appraisals, 48% in the national appraisal and 43% in the global appraisal. The differences between the listed species and the categories under threat have been analyzed. More than 50% of the species that are nationally threatened with extinction require high priority of research. Special efforts must be made by Brazilian ornithologists, to complement the knowledge about the rare species or those under the risk of extinction, in order to prevent further species from becoming extinct without even having been properly known. It is also necessary to publish this knowledge on the threatened species and the use of adequate tools, so that it becomes possible to advance regarding the classifications of the species under categories of threat. Key words: avifauna conservation, list of threatened species, research priorities. INTRODUCTION the long run (Bruner et al., 2001). In order to identify these areas, most studies adopt, among other parameters, patterns of occurrence of the endemic and threatened species, which form a group of target species (Bonn et al., 2002). The loss of biodiversity is pointed out as one of the main conservation problems in Brazil and throughout the world. The tropical biodiversity survival is unlikely without an effective protection (Myers et al., 2000), which should prioritize the areas of major biologic importance and under great antropic pressure (Silva, 2005). Thus, the implementation of protected areas is many times the main component of the conservation strategies in 1 The lists of threatened species are of extreme importance for planning strategies and for the definition of conservation priorities. Many governmental and non-governmental organizations take their decisions based on the conservation status of species, using the lists to define priorities of research and allocation of resources for biodiversity conserva- [email protected] Point of View 138 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 tion (Gärdenfors et al., 2001). The indication of a species on a red list forces the public decision makers to give it special protection, and this could be seen as the main role of such lists (Machado et al., 2005). In Brazil, since 1967, the threatened species receive attention from the legislation through the Law for Protection of the Brazilian Fauna (Law # 5197, January 3rd 1967), which forbids capturing, hunting, purchasing, sales and exports of all the listed species. The current legislation for crimes against the fauna foresees the aggravation of the charges when the crime is practiced against species that are threatened with extinction (Law # 9605/98; Federal decree # 3179/99; chapter 5; section I; paragraph 4th; article I) (MMA, 1999). information, in the case of birds, a wide consultation to the ornithologists community succeeded, and the final decision regarding the species conservation status has been taken during a workshop which occurred in 2002 (Machado et al., 2005). Acknowledging the utility of lists of threatened species, the states of the Southeast and some states of the Brazilian South have already carried out their own appraisals: Paraná, the pioneering state, had its 1995 list recently reviewed by Mikich & Bérnils (2004); Minas Gerais (Machado et al., 1998) has just reviewed its 1998 list, which will be certified soon (Biodiversitas, 2006); São Paulo (São Paulo, 1998); Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000); Rio Grande do Sul (Fontana et al., 2003); Espírito Santo (Espírito Santo, 2005); and Pará (Aleixo, 2006). Different systems are used to demonstrate the level of threat to the species. Among these systems, the red list of threatened species, published by the Union for Conservation of Nature (IUCN) is a widely used tool among the wild animals conservationists (Gärdenfors et al., 2001). The scale of the extinction threat can be local, national or global. However, the non-existence of a vocabulary able to distinguish them causes confusion on the threat level of the species (Collar, 2001). The IUCN red list was planned to evaluate the risk of species extinction on a global scope, and its efficiency is diminished for conservation actions on a national scope (Rodríguez et al., 2000). In Brazil, the first lists of species of the Brazilian fauna threatened with extinction were compiled in the 1960’s and 1970’s decades (Carvalho, 1968; Coimbra-Filho & Magnanini, 1968; ABC, 1972). In 1989, the Ministry of the Environment (MMA), together with the National Environment Institute (IBAMA), prepared the first official list of Brazilian fauna species threatened with extinction, and its second edition has been published in 2003 (IBAMA, 2003). The elaboration of this list started on 1997, with the publication of the Methodologic Guide for the Elaboration of Lists of Species Threatened with Extinction (Lins et al., 1997). After the implementation of a database with already published and new Point of View The appraisals of threatened species are not definitive, because as new information is published, some species are inserted on the list and others are considered threateningfree (Collar et al., 1992). The “data deficient” category, defined by IUCN in 1994, was created to describe a taxon which information regarding its distribution and/or status of the population are insufficient or inadequate for its classification of threatening (Collar et al., 1994). For Parker and collaborators (1996), the research priority of neotropical bird species is based on the species knowledge of natural history, distribution and taxonomy. The current study has the goals: a) to compare the lists of bird species threatened with extinction in Brazil – global scope, according to the IUCN evaluation (2006), national through the IBAMA appraisal (2003) – and local – through the state appraisals from Minas Gerais (Machado et al., 1998), São Paulo (São Paulo, 1998), Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000), Rio Grande do Sul (Fontana et al., 2003), Paraná (Mikich & Bérnils, 2004), Espírito Santo (Espírito Santo, 2005) and Pará (Aleixo, 2006), considering the species mentioned and the number of threatened species, by threat category; and b) to compare the le- 139 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini vel of knowledge of the species listed by IBAMA and IUCN, using the research priority level proposed by Parker and collaborators (1996), in order to provide subsidies to future projects for Brazilian avifauna conservation. South American Classification Committee – SCAA (2006). The subspecific names follow those proposed in the lists where they have been mentioned. Where there has been divergence in the nomenclature used between the lists and the CBRO, the divergent name appears on the tables, highlighted between brackets. When the species was regarded as threatened by one list, and one of its subspecies was regarded as threatened by another list, the subspecific name was highlighted between parentheses. MATERIALS AND METHODS The present study considered: the IUCN (IUCN, 2006) red list of threatened species, the official national list of threatened birds species in Brazil from IBAMA (IBAMA, 2003), with the addition of the nearly threatened species list presented by Machado and collaborators (2005) and the lists of the states of Minas Gerais (Machado et al., 1998), São Paulo (São Paulo, 1998), Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000), Rio Grande do Sul (Fontana et al., 2003), Paraná (Mikich & Bérnils, 2004) and Espírito Santo (Espírito Santo, 2005) and Pará (Aleixo, 2006). RESULTS Altogether 484 bird taxa have been cited (species and subspecies) as threatened or nearly threatened in Brazil comprising 23 of the 26 orders and 69 of the 96 families which represent the Brazilian avifauna (CBRO, 2006) (ANNEX 1). The IUCN list mentions 125 globally threatened species and 98 as nearly threatened, IBAMA lists 160 nationally threatened taxa, with 44 subspecies and 53 nearly threatened taxa, with 13 sub-species. Locally, the state of Minas Gerais lists 83 species; São Paulo lists 163 taxa, with five subspecies: Rio de Janeiro lists 82 species; Rio Grande do Sul lists 127 taxa, being one subspecies; Paraná lists 68 species, Espírito Santo lists 81 species and Pará 31 taxa (TABLE 1 and ANNEX 1). The Pará State oficial list of threatened species, with 198 birds taxa, wil be homologated soon (SECTAM/PA, 2006) The similarities between the global and national lists were compared through the qualitative indexes of similarity from Jaccard & Sorensen (Magurran, 1988). The threat categories proposed by the IUCN, IBAMA and state lists have been compared for each bird species. The level of knowledge of the species listed as globally and nationally threatened was measured from the degree of research priority, as proposed on the database of the neotropical birds species by Parker and collaborators (1996). The fusion of the global (IUCN) and national (IBAMA) lists has a total of 194 taxa of threatened birds, of which only 91 are featured on both lists. The similarities between the species mentioned on the lists was of 47% (Jaccard index = 0.47 and Sorensen index = 0.64). Of the species listed by only one of the appraisals, 34 are listed only by IUCN, while 69 taxa (25 species and 44 subspecies) are listed by IBAMA. The status of Brazil’s endemic species was appraised based on references from Sick (1997), NatureServe (2005), Olmos (2005) and Sigrist (2006). The species described after 1995 (CBRO, 2006) were appraised regarding their threat level. The scientific nomenclature, as well as the filogenetic sequence, have followed the proposal of the Brazilian Committee for Ornithological Records (CBRO, 2006). The nomenclature in Portuguese follows the proposal of Souza (2002), Sigrist (2006) and the Point of View The differences between the lists included, for instance: 38 species mentioned only by IBAMA; of the thirty one migratory species listed 140 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 TABLE 1: Number of threatened species, by threat category, on the global scope from IUCN lists, national from IBAMA and local from the states of Paraná (PR), Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro RJ), Rio Grande do Sul (RS), Espírito Santo (ES) and Pará Threat category NUMBER OF THREATENED SPECIES IUCN 1 IBAMA 2 PR 3 MG 4 SP 5 RJ 6 RS 7 ES 8 PA9 EX 0 2 3 0 0 X 3 0 0 EW 1 2 0 4 20 X 7 0 0 CR 23 24 14 12 47 X 31 37 1 EN 31 47 25 27 37 X 42 18 17 VU 70 85 26 40 59 X 44 26 13 QA 98 53 - - - - - - - Total 223 212 68 83 163 82 127 81 31 Caption: EX – extinct; EW – extinct in Nature; CR – critically threatened; EN – endangered; VU – vulnerable; QA – nearly threatened; - X - without classification of threat – non-appraised category Sources: 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005); 9: Aleixo (2006) as threatened or nearly threatened, 17 are cited only by IUCN. tioned or are mentioned as almost threatened in the IUCN and IBAMA lists (TABLE 3). Among the species mentioned by IUCN, four of them: Blue-Cheeked Parrot (Amazona dufresniana); Cerulean Warbler (Dendroica cerulea); Black-capped Petrel (Pterodromax hasitata) and Andean Condor (Vultur gryphus), are regarded as an unlikely occurrence in Brazil by CBRO (2005), which included them on its secondary list. Apart from these, five other species, the Speckled Chachalaca (Ortalis squamata), Easter Long-tailled Hermit (Phaethornis margarettae), Long-tailed Hermit (Phaethornis ochraceiventris camargoi), Greybreasted Parakeet (Pyrrhura anaca) and Araguaia Spinetail (Synallaxis simoni) present a taxonomic discrepancy between the CBRO (2006) appraisals and the SCAA (2006). Among the 91 species classified as threatened by the global and national lists, 42 (46%) are classified as vulnerable, 20 (22%) in danger, 13 (14.5%) critically endangered, one (1%) extinct in nature and 15 (16.5%) species presented discrepancy regarding the threat category, where 7 of them were placed on a higher threaten category by IUCN and eight by IBAMA. Among the species listed in the extinct or extinct in nature categories, four are considered by IBAMA: Alagoas Curassow (Mitu [crax] mitu), Spix´s Macaw (Cyanopsitta spixii), Glaucous Macaw (Anodorrhynchus glaucus) and the Eskimo Curlew (Numenius borealis). At the IUCN list only the Alagoas Curassow is regarded as extinct in nature (TABLE 2). The state lists mention a total of 356 threatened bird species (ANNEX 1). 32 of these species are regarded as extinct or as extinct in Nature, by at least one of these lists (TABLE 2) and six species are mentioned in all lists of the South and Southeast states and are not men- Point of View Among the species mentioned by only one of the two lists, 21 are classified as critically endangered or in danger of becoming extinct, being 11 cited by IBAMA and 10 by IUCN (ANNEX 1). 141 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini TABLE 2: Species and subspecies classified as extinct and/or extinct in Nature for at least one of the lists of threatened bird species on the global evaluation from IUCN, national from IBAMA and local from the states of Paraná (PR), Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro RJ), Rio Grande do Sul (RS) and Espírito Santo (ES) Taxon name *,S Accipiter poliogaster Anodorhynchus glaucus Charitospiza eucosma Columbina cyanopis EB Crypturellus noctivagus (noctivagus) EB Cyanopsitta spixii EB Diopsittaca [Ara] nobilis Dromococcyx phasianellus Eleothreptus [Caprimulgus] candicans Falco deiroleucus Geositta [Geobates] poeciloptera Harpia harpyja Heliactin bilophus [cornuta] Ibycter [Daptrius] americanus Jacamaralcyon tridactyla EB Lophornis magnificus EB Mergus octosetaceus Mitu [Crax] mitu EB Morphnus guianensis Myrmeciza ruficauda EB Nemosia rourei EB Neochen jubata Numenius borealis VN Paroaria capitata Penelope superciliaris (alagoensis) Primolius [Propyrrhura] maracana Ramphastos vitellinus pintoi Salvatoria [Amazona] xanthops Spizaetus ornatus Sporophila [Oryzoborus] maximiliani Sporophila bouvreuil saturata Sporophila frontalis Taoniscus nanus EB Common name* IUCN1 IBAMA2 CR QA CR EX CR Yellow-legged Tinamou Spix´s Macaw Red-shouldered Macaw Pheasant Cuckoo QA CR VU EW White-winged Nightjar Organge-breasted Falcon EN Campo Miner Harpy Eagle Horned Sungem Red Throated Caracara Three-toed Jacamar Frilled Coquette Brazilian Merganser Alagoas Curassow Crested Eagle Scalloped Antbird Cherry-throated Tanager Orinoco Goose Eskimo Curlew Yello-billed Cardinal QA QA VU QA VU QA CR EW QA EN CR QA CR CR EW QA EN CR Grey-bellied Hawk Glaucous Macaw Coal-crested Finch Blue-eyed Ground Dove PR3 MG4 EW STATUS SP5 RJ6 EW X EN CR EN CR CR VU EW EX VU CR CR EX CR EW EN EW CR EW EW EW VU EW CR X QA QA QA Great-billed Seed Finch Capped Seedeater Buffy-fronted Seedeater Dwarf Tinamou QA CR VU VU VU VU EW CR EN X EW X EW CR X EX X EW CR CR EW EW EW EW EN QA PA9 VU EW EW EX Blue-winged Macaw Channel-billed Toucan Yellow-faced Parrot Ornate Hawk Eagle ES8 EW EW EW EW Rusty-margined Guan RS7 CR EX EN EN VU EN CR VU EX EN VU EN EW EW CR EW EW CR EW EX X EW VU CR X X CR EW CR * The scientific nomenclature, as well as the filogenetic sequence follow the proposal of the Brazilian Committee of Ornithological Records (CBRO, 2006) and the common nomenclature follows the proposal of CBRO (2006) and Sigrist (2006). The subspecific names follow those proposed in the lists where they have been mentioned. Where there has been divergence in the nomenclature used between the lists and the CBRO, the divergent name appears highlighted in brackets. When the species was regarded as threatened by one list and only one of its subspecies was regarded as threatened by another list, the subspecific name has appears highlighted between parentheses. S - Status: EB – Endemic from Brazil (Sick, 1997; NatureServe, 2004; Olmos, 2005; Sigrist, 2006); VN – Seasonal visitor originating from the Northern hemisphere Sources: 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005); 9 Aleixo (2006) Caption: QA – Nearly Threatened; VU – Vulnerable; EM – In Danger; CR – Critically Endangered; EW – Extinct in Nature; EX – Extinct; X – No classification of threat. Point of View 142 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 TABLE 3: Birds listed as threatened in all lists of the South and Southeast states and which are not mentioned or are mentioned as nearly threatened by the national lists of IUCN and IBAMA. Taxon name* Common name* IUCN1 Triclaria malachitacea Blue-bellied Parrot QA Tinamus solitarius Solitary Tinamou QA Sporophila [Oryzoborus] angolensis Lesser Seed Finch Spizaetus [Spizastur] melanoleucus Black-and-white Hawk Eagle Spizaetus ornatus Ornate Hawk Eagle Harpia harpyja Harpy Eagle QA IBAMA2 QA QA QA PR3 VU VU VU EN EN CR STATUS MG4 SP5 EN CR CR VU EN VU EN EN EW EN CR CR RJ6 X X X RS7 VU CR EN ES 8 CP CP CP X X X CR EW EW VU CP CP * The scientific nomenclature, as well as the filogenetic sequence follow the proposal of the Brazilian Committee of Ornithological Records (CBRO, 2006) and the common nomenclature follows the proposal of CBRO (2006) and Sigrist (2006). The subspecific names follow those proposed in the lists where they have been mentioned. Where there has been discrepancy in the nomenclature used between the lists and the CBRO, the discrepant name appears highlighted in brackets. 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005) Caption: QA – Nearly Threatened; VU – Vulnerable; EM – In Danger; CR – Critically Endangered; EW – Extinct in Nature; EX – Extinct; X – No classification of threat. Of the 194 bird species listed as globally or nationally threatened, 164 were appraised regarding the research priority as proposed by Parker and collaborators (1996). Due to some disagreements in the taxonomic concept of species or for having been recently described, 30 species have been excluded from this analysis. The 69 taxa listed only by IBAMA have been appraised; however, the subspecies were considered only by their specific name; for the species with two subspecies, the result was repeated. 70 50 30 10 Low Average Research priority I IUCN and IBAMA I IUCN High I IBAMA Figure 1: Number of species from the IBAMA (2003) and IUCN (2006) lists by level of research priority according to Parker et al., (1996) Among all the species appraised, 86 have a high research priority and 70% of these species were cited by the two lists. Of the species cited only by IUCN’s list, 50% have a high research priority; for those listed only by IBAMA, 43.5% have a low research priority (FIGURE 1). No species is included in the insufficient data category on the IUCN list. The IBAMA list (2003) also does not list species in this category, but the re-edition of this list made by Machado and collaborators (2005) listed in this category 69 bird taxa, where 40 are considered threatened or nearly threatened with extinction by other appraisals (ANNEX 1). Point of View Nº of species Recent taxonomic reappraisals (CBRO, 2006; SACC, 2006) have altered the nomenclature of 38 of the species listed as threatened or nearly threatened on the appraised lists: for these species, the discrepant name was highlighted in brackets (ANNEX 1). Of the 15 species described after 1995, the six first species described until 2000 have been regarded as threatened or nearly threatened and one described in 2005 has been regarded as threatened (TABLE 4) 143 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini TABLE 4: Species described after 1995 (CBRO, 2006) regarded as threatened or nearly threatened by IUCN (2006), IBAMA (2003), Paraná (Mikich & Bérnils, 2004) and Pará (Aleixo, 2006). YEAR 1995 1996 1997 1998 1998 2000 2001 2002 2002 2002 2002 2003 2004 2005 2005 TAXON NAME Stymphalornis acutirostris Acrobatornis fonsecai Arremon franciscanus Antilophia bokermanni Scytalopus iraiensis Herpsilochmus sellowi Suiriri islerorum Micrastur mintoni Pyrrhura snethlageae Xiphocolaptes carajaensis Caica aurantiocephala Glaucidium mooreorum Thamnophilus divisorius Scytalopus pachecoi Aratinga pintoi COMMON NAME IBAMA EN VU QA CR EN - Marsh Antbirdn Pink-legged Graveteiro San Francisco Sparrow Araripe Manakin Tall Grass Wetland Tapaculo Caatinga Antwren Tyrant Flycatcher Cryptic Forest Falcon Madeira Parakeet Carajás Woodcreeper Orange -headed Parrot Pernambuco Pygmy Owl Amazonian Antshrike Planalto Tapaculo Sulphur-breasted Parakeet STATUS IUCN PR EN EN VU QA CR EN EN QA - PA VU Caption: EM – in danger; VU – vulnerable; QA – almost extinct; - no classification of threat The level of research priority has been compared among the categories under threat. In all of them, an expressive number of species require high research priority, including among them all the species regarded as extinct or extinct in nature. In this analysis, 15 species mentioned on both lists and which are discrepant regarding the threat category have been excluded, as well as 30 species that have been excluded due to some discrepancy in the taxonomic concept of species or for having been recently described. (FIGURE 2). 50 40 30 20 10 Low I Vulnerable I Critically endangered Average Research priority High I In danger I Extinct nature Figure 2: Level of research priority of the species threatened with extinction in Brazil according to Parker et al., (1996) classified by threat category Regarding endemism, 134 of the species regarded as endemic from Brazil are pointed out as under threat or nearly threatened for at least one of the appraised lists. 121 species are mentioned by the national and global lists, where 59.5% are common to both lists. Of the 15 species (12%) listed only by IBAMA, two are classified as critically threatened with extinction, three in danger of becoming extinct, five vulnerable and five nearly threatened. Point of View Nº of species Of the 34 endemic species from Brazil (28.5%), listed only by IUCN, six are classified as critically threatened with extinction, four vulnerable and 24 nearly threatened; 11 are categorized under data insufficiency by Machado and collaborators, 2005. (ANNEX 1). 144 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 latter is also not recognized by CBRO (2006) as a valid species. DISCUSSION Over 25% of the birds occurring on Brazilian territory (1,796 species, according to CBRO, 2006) are threatened or nearly threatened with extinction, according to the state, national and global appraisals made for Brazil. The frigates Lesser Frigatebird (Fregata minor nicoll) and the Mascarene Lesser Frigatebird (Fregata ariel trinitatis) are listed under their specific names under the IBAMA appraisal, but they are endemic subspecies from Brazil, with distribution restricted to Trindade island (Olmos, 2005). As the IUCN list features a global appraisal of extinction threat, a species that is threatened in only one region of its distribution area is not necessarily globally threatened (Gärdenfors, 2001). Among the 34 (28.5%) endemic species from Brazil that are listed only by IUCN, for example: Cipó Canastero (Asthenes luizae), an endemic species from Brazil and Cerrado, restricted to the rocky portions of Espinhaço Range (Sick, 1997; Silva & Bates, 2002) and Three-toed Jacamar (Jacamaralcyon tridactyla), an endemic species from Brazil and the Atlantic Forest of the southeastern coast (Sick, 1997), regarded as extinct in nature in São Paulo State (São Paulo, 1998) and threatened in the states of Minas Gerais (Machado et al., 1998) and Rio de Janeiro (Bergallo et al., 2000). These discrepancies involving endemic species from Brazil should be reappraised. Costa and collaborators (2005) have also identified discrepancies among the mammal endemic species from Brazil, cited by both national and global lists, and concluded that some of them are even illogic, due to the lack of available information about the species and because there are divergent appraisals and opinions on the available data interpretation. A kind of endemic owl from Brazil, Pernambuco Pygmy Owl (Glaucidium moororum) has been recently described, as nearly extinct, on the Brazilian Northeast Atlantic Forest, and the authors have classified it as critically threatened (Silva et al., 2002); however, its extinction condition has not yet been recognized in any of the lists, and none of the further eight species described since 2001. Among these, the Sulfur-breasted Parakeet (Aratinga pintoi), Madeira Parakeet (Pyrrhura snethlageae) and the Carajás Woodcreeper (Xiphocolaptes carajaensis) are not recognized as valid species by the SACC (2006). This could be due to the fact that all these species are still little known. As expected by Gärdenfors (2001), the highest number of threatened taxa (71%) was classified by the state appraisals, while 33% were regarded as threatened by the national appraisal and 26% threatened throughout the world, on the global evaluation. Through the state appraisals, a high number of species and subspecies regarded as extinct in at least part of its original distribution area can be registered; such situation has been defined by Collar (2001) as extirpating. Due to the large extension of the Brazilian territory and the regional distinct pressures, the state lists of threatened species are required (Costa et al., 2005). Such lists can also be regarded as warnings for local problems faced by the species and, thus, help prevent conservation problems in wider spatial scales. When considering subspecies, the IBAMA list points out regional conservation problems, compensating, partially, the lack of a regionalized list. Approximately 60% of the species regarded as endemic from Brazil are pointed out as under threat or nearly threatened with extinction. It is expected that, as these species are restricted to a single country, all their endemic taxa should be included in the global and national appraisals (Gärdenfors, 2001). Among the fifteen species endemic from Brazil listed only by IBAMA, the Eastern Long-tailed Hermit, Araguaia Spinetail and Marron-faced Parakeet are not recognized as valid species by the SACC (2006), where the Point of View 145 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini The greatest changes in the composition of listed species originate from changes on the knowledge about them, and this increase and the taxonomic changes are the true modifications on the conservation level (Possingham et al., 2002). for each species (Gärdenfors, 2001). The greatest number of species filed under higher categories of threat by IBAMA contradicts the opinion from Gärdenfors (2001), who expects that the threat level is lower or equal to the category proposed by the global appraisal, when compared to the national appraisal. For J. F. Pacheco and collaborators, there are two main advancements responsible for the relevant qualitative difference between the first and the second editions of the IBAMA list: the information quality improvement about the species and the strict application of the IUCN criteria (Machado et al., 2005). This can also explain some of the differences presented between the IBAMA and IUCN appraisals, detected on the current work: the criteria are the same; however, the available information volume to Brazilian scientists is bigger, due to the greater communication and exchange of unpublished scientific information on the species among ornithologists. Thus, the need to disseminate such information through publications in international circulation renowned periodicals is highlighted, ensuring that those in charge of the IUCN list have access and incorporate this data to their reviews. Among the species described in the past 16 years, all those described until 2000 have been regarded as threatened and only one described since 2001 has been regarded as threatened. Among these, the Sulfurbreasted Parakeet (Aratinga pintoi), the Madeira Parakeet (Pyrrhura snethlageae) and the Carajás Woodcreeper (Xiphocolaptes Carajaensis) are not yet recognized as valid species by the SACC (2006). The non-inclusion of these species in any list is possibly due to the fact that all of them are relatively unknown and their discoveries occurred after the appraisal dates . The main disagreement is on the extinction definition, which should be reappraised, particularly in the case of two endemic species from Brazil, Alagoas Curassow and the Blue Macaw. Few species from neotropical region have been studied in detail (Parker et al., 1996) and the lack of data is the biggest problem for the classification of the species threat level (O’Grady et al., 2004). The analyses revealed that there is a bad to average knowledge on most of the threatened species, and that extinct species disappeared without the acquirement of a good knowledge about their biology, which represents an unrecoverable knowledge loss. The lack of knowledge about some species makes many status and threat appraisals subjective, which could explain most of the discrepancies between the IBAMA and IUCN lists. The use of adequate tools to evaluate a species threat status, such as geoprocessing, is required to avoid improper appraisals. CONCLUSION Many of such disagreements could reduce the confidence on the conservation decisions and make difficult public policies implementation. Local organizations may find it difficult to raise international funding because the sponsors believe, wrongly, that the global lists are more accurate, reducing the conservation efficiency in the national scope, where the conservation actions cause a higher impact (Rodríguez et al., 2000). Comparisons of classifications made on global and national levels can show some incompatibilities, as different methods are used, giving distinct answers to the level of species conservation. Thus, the differences between the threat categories can originate from differences in the criteria used for the classification or in the quality of information accessed Point of View Special efforts must be made by Brazilian ornithologists, to complement the knowledge about the rare species or those under the risk of extinction, in order to prevent further 146 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 species from becoming extinct without having even been properly known. It is also necessary to publish this knowledge about threatened species and the use of adequate tools, so that it becomes possible to advance regarding their classifications of threat categories. in protecting tropical biodiversity. Science 291: 125-128. Carvalho, J. C. de M. 1968. 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ANNEX 1: Comparative list of the globally threatened and nearly threatened bird species by IUCN, nationally by IBAMA and locally by the states of Paraná (PR), Minas Gerais (MG), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Sul (RS), Espírito Santo (ES) and Pará (PA) NAME OF TÁXON*,S STRUTHIONIFORMES Rheidae (1/1) Rhea americana TINAMIFORMES Tinamidae (23/6) Tinamus solitarius Crypturellus undulatus Crypturellus noctivagus (noctivagus) EB Crypturellus noctivagus (zabele) EB Crypturellus variegatus Nothura minor EB Taoniscus nanus EB ANSERIFORMES Anhimidae (2/1) Anhima cornuta Anatidae (25/7) Dendrocygna bicolor Neochen jubata Cairina moschata Sarkidiornis sylvicola [melanotos] Anas bahamensis COMMON NAME* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 Greater rhea NT Solitary Tinamou Undulated Tinamou NT Yellow-legged Tinamou NT Yellow-legged Tinamou Variegated Tinamou Lesser Nothura Dwarf Tinamou CR VU CR NT VU CR CR VU VU X CR CR VU EN CR CR X EW CR EX EN VU VU NT VU VU VU VU Horned Screamer EN Fulvous Tree-duck Orinoco Goose Muscovy Duck Comb Duck White-cheeked Pintail PA9 CR EN X CR EW CR X NT DD EW X X EN VU VU Continues Point of View 149 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Netta eryththalma Mergus octosetaceus GALLIFORMES Cracidae (22/12) Ortalis squamata EB Ortalis superciliaris EB Penelope superciliaris (alagoensis) Penelope obscura Penelope pileata EB Penelope ochrogaster EB Penelope jacucaca EB Aburria [Pipile] jacutinga Mitu [Crax] mitu EB Crax globulosa Crax fasciolata (pinima) Crax blumenbachii EB Odontophoridae (4/1) Odontophorus capueira (plumbeicollis) SPHENISCIFORMES Spheniscidae (4/3) Spheniscus magellanicus VS Eudyptes chrysolophus VA(S) Eudyptes chrysocome VA(S) PROCELLARIIFORMES Diomedeidae (10/8) Phoebetria fusca VA(S) Phoebetria palpebrata VA(S) Thalassarche chlororhynchos VS Thalassarche melanophris VS Diomedea epomophora VS Diomedea sanfordi VA(S) Diomedea exulans VS Diomedea dabbenena VS Procellariidae (27/10) Macronectes giganteus VS Macronectes halli VS Pterodroma hasitata OP Pterodroma incerta VS Pterodroma arminjoniana Procellaria cinerea VA(S) Procellaria aequinoctialis VS Procellaria conspicillata VS Puffinus griseus VS Puffinus lherminieri COMMON NAME* Southern Pochard Brazilian Merganser STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU CR CR CR CR EW Speckled Chachalaca Buff-browed Chachalaca PA9 VU NT Rusty-margined Guan Dusky-legged Guan White-crested Guan Chestnut-bellied Guan White-browed Guan Black-fronted Piping-guan Razor-billed Curassow Wattled Curassow Bare-faced Curassow Red-billed Curassow DD EN EW VU NT VU VU EN EW VU EN Spot-winged Wood-quail DD VU VU EN EW EN EN EN EN CR CR CR VU CR CR EN Magellanic Penguin Macorani Penguin Rockhopper Penguin NT VU VU Sooty Albatross Light-mantled Albatross Yellow-nosed Albatross Black-browed Albatross Royal Albatross Northern Royal Albatross Wandering Albatross Tristan Albatross EN NT EN EN VU EN VU EN Antarctic Giant Petrel Northern Giant Petrel Black-capped Petrel Hooded Petrel Trindade Petrel Gray Petrel White-chinned Petrel Spectacled Petrel Sooty Shearwater Dusky-backed Shearwater VU NT EN VU VU NT VU CR NT VU VU VU EN VU EN VU VU X CR EN X CR VU VU VU VU EN VU VU VU VU VU VU EN CR EN EN VU VU EN CR Continues Point of View 150 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S PELECANIFORMES Phaethontidae (3/2) Phaethon aethereus Phaethon lepturus Sulidae (5/2) Morus capensis VA Sula sula (sula) Anhingidae (1/1) Anhinga anhinga Fregatidae (3/2) Fregata minor EB,R# Fregata ariel EB,R# CICONIIFORMES Ardeidae (25/3) Tigrisoma fasciatum Cochlearius cochlearius Nyctanassa violacea Threskiornithidae (9/3) Eudocimus ruber Mesembrinibis cayennensis Platalea [Ajaia] ajaja Ciconiidae (3/3) Ciconia maguari Jabiru mycteria Mycteria americana COMMON NAME* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 Red-billed Tropicbird White-tailed Tropicbird PA9 VU VU Cape Gannet Red-footed Booby VU NT EN Anhinga X Great Frigatebird Lesser Frigatebird CR CR Fasciated Tiger-heron Boat-billed Heron Yellow-crowned Night-heron EN CR CR EN CR CR EN X CR X EN Scarlet Ibis Green Ibis Roseate Spoonbill CR EN VU Maguari Stork Jabiru American Wood-stork EN VU PHOENICOPTERIFORMES Phoenicopteridae (4/2) Phoenicopterus chilensis VS Phoenicoparrus andinus VA(S) Chilean Flamingo Andean Flamingo NT VU CATHARTIFORMES Cathartidae (6/2) Sarcoramphus papa Vultur gryphus OP King Vulture Andean Condor NT FALCONIFORMES Accipitridae (47/19) Leptodon cayanensis Leptodon forbesi EB,D Chondrohierax uncinatus Circus cinereus Circus buffoni Accipiter poliogaster Leucopternis lacernulatus EB Leucopternis polionotus Buteogallus aequinoctialis Gray-headed Kite White-collared Kite Hook-billed Kite Cinereous Harrier Long-winged Harrier Gray-bellied Hawk White-necked Hawk Mantled Hawk Rufous Crab-hawk VU CR VU X EN X CR CR VU CR CR DD VU VU VU VU VU VU NT DD VU NT EN EN EW EN EN EW CR VU EN X X CR EN VU Continues Point of View 151 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Harpyhaliaetus coronatus Busarellus nigricollis Parabuteo unicinctus Percnohierax [Buteo] leucorrhous Buteo [Geranoaetus] melanoleucus Morphnus guianensis Harpia harpyja Spizaetus tyrannus(tyrannus) Spizaetus [Spizastur] melanoleucus Spizaetus ornatus Falconidae (21/4) Ibycter [Daptrius] americanus (pelzeni) Herpetotheres cachinnans Falco rufigularis Falco deiroleucus GRUIFORMES Psophiidae (3/1) Psophia viridis obscura EB Rallidae (32/8) Coturnicops notatus Micropygia schomburgkii Aramides mangle EB Laterallus jamaicensis VA Laterallus xenopterus D Porzana spiloptera Porphyrio [Porphyrula] flavirostris Fulica armillata Heliornithidae (1/1) Heliomis fulica CHARADRIIFORMES Charadriidae (11/1) Vanellus cayanus Haematopodidae (1/1) Haematopus palliatus Scolopacidae (29/4) Gallinago undulata Limosa haemastica VN Numenius borealis VN Tryngites subruficollis VN Rostratulidae (1/1) Nycticryphes semicollaris Laridae (8/2) Larus atlanticus VS COMMON NAME* Crowned Eagle Black-collared Hawk Harri’s Hawk White-rumped Hawk STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 EN VU VU EN CR CR VU X VU EN EN CR Black-chested Buzzard-eagle Crested Eagle Harpy Eagle Black Hawk-eagle NT NT NT NT NT Black-and-white Hawk-eagle Ornate Hawk-eagle EX CR EN EN Red-throated Caracara Laughing Falcon Bat Falcon Orange-breasted Falcon DD Darck-winged Trumpeter EN Speckled Crake Ocellated Crake Little Wood-Rail Black Rail Rufous-faced Crake Dot-winged Crake Azure Gallinule Red-gartered Coot DD DD DD DD NT VU VU EW EN CR CR VU X X VU EW EW CR EN EN EN CR X X CR EW X VU EN EW EX CR CR VU VU CR PA9 VU EW CR EN EN VU VU VU CR VU EN VU VU Sungrebe VU Pied Lapwing VU American Oystercatcher VU Giant Snipe Hudsonian Godwit Skimo Curlew Buff-breasted Sandipiper VU EW X VU CR NT EX NT South American Painted Snipe VU VU Orog’s Gull VU VU VU Continues Point of View 152 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Chroicocephalus [Larus] maculipennis Sternidae (17/5) Gygis alba alba Phaetusa simplex Sterna hirundinacea Thalasseus sandvicensis eurygnatha Thalasseus [Sterna] maximus COLUMBIFORMES Columbidae (23/7) Columbina cyanopis EB Claravis pretiosa Claravis godefrida Patagioenas [Columba] speciosa Patagioenas [Columba] cayennensis Patagioenas [Columba] plumbea Geotrygon violacea PSITTACIFORMES Psittacidae (84/35) Anodorhynchus hyacinthinus Anodorhynchus glaucus Anodorhynchus leari EB Cyanopsitta spixii EB Ara ararauna Ara chloropterus Orthopsittaca [Ara] manilata Primolius [Propyrrhura] maracana Primolius couloni Diopsittaca [Ara] nobilis Guaruba guarouba EB Aratinga auricapillus EB Aratinga pintoi EB Pyrrhura cruentata EB Pyrrhura lepida (coerulescens) EB Pyrrhura lepida (lepida) EB Pyrrhura lepida (anerythra) EB Pyrrhura perlata lepida Pyrrhura leucotis EB Pyrrhura anaca EB ,T Pyrrhura pfrimeri EB ,T COMMON NAME* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 Brown-hooded Gull PA9 X Fairy Tern Large-billed Tern South American Tern NT Sandwich Tern Royal Tern NT VU VU CR EW X VU Blue-eyed Ground-dove Blue Ground-dove Purple-winged Ground-dove CR VU EN CR CR CR CR Scaled Pigeon CR X VU X Pale-vented Pigeon CR VU Plumbeous Pigeon Violaceous Quail-dove VU Hyacinthine Macaw Glaucous Macaw Indigo Macaw Little Blue Macaw Blue-and-yellow Macaw Red-and-green Macaw Red-bellied Macaw EN CR CR CR Blue-winged Macaw Blue-headed Macaw Red-shouldered Macaw Golden Parakeet Golden-capped Parakeet Sulphur-breasted Parakeet Ochre-marked Parakeet NT EN Pearly Parakeet Pearly Parakeet Pearly Parakeet Crimson-bellied Parakeet Maroon-faced Parakeet Gray-breasted Parakeet Pfrimer’s Conure DD EN VU EX CR EW CR CR VU EX CR CR NT VU VU EN EN CR CR CR X X EN EX VU EW EN NT VU VU VU NT NT NT EN EN DD VU VU X VU EN X EN EN X EN VU EN VU CR VU Continues Point of View 153 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Nannopsittaca dachilleae R# Touit melanonotus EB Touit surdus EB Caica [Pionopsitta] aurantiocephala Pionopsitta pileata Salvatoria [Amazona] xanthops Pionus menstruus (reichenowi) Amazona pretrei Amazona brasiliensis EB Amazona dufresniana OP Amazona rhodocorytha EB Amazona aestiva Amazona ochrocephala xantholaena Amazona farinosa Amazona vinacea Triclaria malachitacea CUCULIFORMES Cuculidae (20/7) Coccyzus cinereus Coccyzus euleri Crotophaga major Dromococcyx phasianellus Dromococcyx pavoninus Neomorphus geoffroyi (dulcis) Neomorphus geoffroyi (geoffroyi) Neomorphus squamiger STRIGIFORMES Strigidae (22/6) Pulsatrix perspicillata (perspicillata) Pulsatrix perspicillata (pulsatrix) Strix hylophila Strix [Ciccaba] virgata (borelliana) Strix [Ciccaba] huhula (albomarginata) Glaucidium minutissimum Asio stygius CAPRIMULGIFORMES Nyctibiidae (5/2) Nyctibius grandis Nyctibius aethereus Caprimulgidae (24/7) Nyctiprogne vielliardi COMMON NAME* Amazonian Parrotlet Black-eared Parrotlet Golden-tailed Parrotlet STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 NT EN VU VU CR X EN VU NT CR X EN Orange-headed Parrot Red-capped Parrot Yellow-faced Parrot Blue-headed Parrot Red-spectacled Parrot Blue-cheeked Parrot Blue-cheeked Parrot Red-crowned Amazon Turquoise-fronted Parrot PA9 NT NT VU VU NT EN Yellow-crowned Parrot Mealy Parrot Vinaceous-brested Parrot Blue-bellied Parrot NT NT VU VU EN VU VU EW VU VU VU EN EN CR CR CR VU X CR CR CR X X X CR VU VU NT Ash-colored Cuckoo Pearly-breasted Cuckoo Greater Ani Pheasant Cuckoo Pavonine Cuckoo Rufous-vented Ground-cuckoo Rufous-vented Ground-cuckoo Scaled Ground-cuckoo VU NT VU EN EN EN VU CR CR VU EN EW NT Spectacled Owl Spectacled Owl Rusty-barred Owl Mottled Owl CR DD DD DD X X X EN EN EN VU VU EN EN CR CR EN EN NT DD Black-banded Owl Least Pygmy-owl Stygian Owl CR DD VU EN VU Great Potoo Long-tailed Potoo DD Bahian Nighthawk NT EN VU X VU VU DD Continues Point of View 154 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Nyctiphrynus ocellatus Caprimulgus sericocaudatus (sericocaudatus) Caprimulgus hirundinaceus vieliardi EB Macropsalis forcipata [creagra] Eleothreptus anomalus Eleothreptus [Caprimulgus] candicans APODIFORMES Apodidae (18/3) Cypseloides senex Tachornis [Reinarda] squamata Panyptila cayennensis Trochilidae (82/16) Ramphodon naevius EB Glaucis dohrnii EB Threnetes leucurus medianus Phaethornis idaliae EB Phaethornis ochraceiventris camargoi EB,T Phaethornis eurynome Phaethornis margarettae EB,T Aphantochroa cirrhochloris EB Lophornis magnificus EB [Discosura] Popelaria langsdorffi langsdorffi Thalurania furcata Thalurania watertonii EB Hylocharis sapphirina Augastes scutatus EB Augastes lumachella EB Heliactin bilophus [cornuta] TROGONIFORMES Trogonidae (9/1) Trogon collaris CORACIIFORMES Momotidae (4/2) Baryphthengus ruficapillus Momotus momota marcgraviana COMMON NAME* Ocellated Poorwill STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 EN Silky-tailed Nightjar DD Pygmy Nightjar Long-trained Nightjar Sickle-winged Nightjar NT NT NT White-winged Nightjar EN EN EN EN PA9 VU CR VU Great Dusky Swift Fork-tailed Palm-swift Lesser Swallow-tailed Swift VU EN EN EW VU CR EN Saw-billed Hermit Hook-billed Hermit Pale-tailed Barbthroat Minute Hermit NT EN EN CR EN EN NT Eastern Long-tailed Hermit Scale-throated Hermit Eastern Long-tailed Hermit Sombre Hummingbird Frilled Coquette EN Black-bellied Thorntail Fork-tailed Woodnymph Long-tailed Woodnymph Rufous-throated Sapphire Hyacinth Visorbearer Hooded Visorbearer Horned Sungem VU VU EN CR VU EN EX CR VU NT VU EN NT NT EW Collared Trogon EN Rufous-capped Motmot CR Blue-crowned Motmot EN GALBULIFORMES Galbulidae (15/2) Brachygalba lugubris (naumburgi) Brown Jacamar DD CR Continues Point of View 155 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S COMMON NAME* Jacamaralcyon tridactyla EB Three-toed Jacamar Bucconidae (26/5) Notharchus swainsoni Nystalus [Bucco] maculatus EB Nonnula rubecula Monasa morphoeus Chelidoptera tenebrosa Buff-bellied Puffbird Spot-backed Puffbird Rusty-throated Nunlet White-fronted Nunbird Swallow-wing PICIFORMES Ramphastidae (21/6) Ramphastos vitellinus pintoi Selenidera maculirostris (boturitensis) Pteroglossus [Baillonius] bailloni Pteroglossus bitorquatus bitorquatus Pteroglossus aracari Pteroglossus castanotis Picidae (50/14) Picumnus exilis pernambucensis Picumnus fuscus Picumnus fulvescens EB Picumnus limae EB Picumnus nebulosus Melanerpes flavifrons Picoides mixtus Piculus chrysochloros (polyzonus) Piculus chrysochloros (paraensis) Piculus aurulentus Celeus flavus Celeus torquatus (tinnunculus) Celeus torquatus (pieteroyensi) Dryocopus galeatus Dryocopus lineatus Campephilus robustus PASSERIFORMES Melanopareiidae (1/1) Melanopareia torquata Thamnophilidae (164/39) Mackenziaena severa Sakesphorus luctuosus araguayae EB Biatas nigropectus Thamnophilus aethiops distans Thamnophilus aethiops incertus STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU NT VU EW X PA9 CR VU VU X X Channel-billed Toucan CR VU EW Spot-billed Toucanet Saffron Toucanet DD NT CR CR VU Red-necked Araçari Black-necked Araçari Chestnut-eared Araçari VU Golden-spangled Piculet Rusty-necked Piculet Tawny Piculet Ochraceous Piculet Mottled Piculet Yellow-fronted Woodpecker Checkered Woodpecker VU DD EN VU EN X CR NT NT VU NT EN VU CR Golden-green Woodpecker VU Golden-green Woodpecker White-browed Woodpecker Cream-colored Woodpecker Ringed Woodpecker Ringed Woodpecker Helmeted Woodpecker Lineated Woodpecker Robust Woodpecker CR X X EN NT CR CR VU EN VU VU CR CR EN Collared Crescentchest CR VU EN EN Tufted Antshrike EN Glossy Antshrike White-bearded Antshrike White-shouldered Antshrike White-shouldered Antshrike VU VU VU EN VU EN CR EN Continues Point of View 156 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Thamnophilus caerulescens cearensis Thamnophilus caerulescens pernambucensis Clytoctantes atrogularis EB Dysithamnus stictothorax Dysithamnus plumbeus EB Thamnomanes caesius Myrmotherula klagesi EB Myrmotherula minor EB Myrmotherula urosticta EB Myrmotherula fluminensis EB Myrmotherula unicolor EB Myrmotherula snowi EB Herpsilochmus sellowi EB Herpsilochmus pileatus EB Herpsilochmus pectoralis EB Herpsilochmus longirostris Formicivora iheringi EB Formicivora erythonotos EB Formicivora littoralis EB Formicivora melanogaster Stymphalornis acutirostris Drymophila rubricollis Drymophila genei EB Drymophila ochropyga EB Terenura sicki EB Cercomacra brasiliana EB Cercomacra laeta sabinoi Cercomacra carbonaria Cercomacra ferdinandi EB Pyriglena leuconota pernambucensis Pyriglena atra EB Pyriglena leucoptera Rhopornis ardesiacus EB Myrmeciza ruficauda EB Myrmeciza squamosa EB Phlegopsis nigromaculata paraensis Conopophagidae (6/2) Conopophaga lineata cearae Conopophaga melanops nigrifrons EB Grallariidae (8/3) Grallaria varia (intercedens) Grallaria eludens R# Hylopezus ochroleucus EB COMMON NAME* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 Variable Antshrike EN Variable Antshrike Rondonia Bushbird Spot-breasted Antvireo Plumbeous Antvireo Cinereous Antshrike Klage’s Antwren Salvadori’s Antwren Band-tailed Antwren Rio de Janeiro Antwren Unicolored Antwren Alagoas Antwren Caatinga Antwren Pileated Antwren Pectoral Antwren Large-billed Antwren Narrow-billed Antwren Black-hooded Antwren Restinga Antwren Black-bellied Antwren Marsh Antbird Bertoni’s Antbird Rufous-tailed Antbird Ochre-rumped Antbird Alagoas Antwren Rio de Janeiro Antbird Willis’s Antbird Rio Branco Antbird Bananal Antbird VU DD CR NT VU NT VU PA9 X CR NT VU VU CR NT CR NT VU VU VU VU VU DD NT CR VU VU EN X X VU EN EN VU VU VU NT EN CR NT EN CR VU X X VU EN EN EN EN NT NT EN NT White-backed Fire-eye Fringe-backed Fire-eye White-shouldered Fire-eye Slender Antbird Scalloped Antbird Squamate Antbird VU EN NT VU VU VU VU EN VU EN EN EN EN EN VU VU EW EN Black-spotted Bare-eye EN Rufous Gnateater VU Black-cheeked Gnateater VU Variegated Antpitta Elusive Antpitta White-browed Antpitta VU NT NT EN VU VU NT Continues Point of View 157 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Rhinocryptidae (10/7) Psilorhamphus guttatus Merulaxis ater EB Merulaxis stresemanni EB Scytalopus iraiensis EB Scytalopus novacapitalis EB Scytalopus indigoticus EB Scytalopus psychopompus EB Formicariidae (7/2) Formicarius colma Formicarius rufifrons Scleruridae (7/4) Sclerurus mexicanus Sclerurus caudacutus (caligineus) Sclerurus caudacutus (umbretta) Sclerurus scansor cearensis Geositta [Geobates] poeciloptera Dendrocolaptidae (42/14) Dendrocincla fuliginosa trumai Dendrocincla turdina Dendrocincla merula badia Dendrocincla merula trunayi Deconychura longicauda zimmeri Glyphorinchus spirurus Drymornis bridgesii Dendrexetastes rufigula paraensis Xiphocolaptes falcirostris (franciscanus) EB Dendrocolaptes certhia medius Xiphorhynchus picus Xiphorhynchus fuscus atlanticus Xiphorhynchus guttatus Lepidocolaptes wagleri EB Campylorhamphus trochilirostris (omissus) Furnariidae (102/34) Cinclodes pabsti EB Phleocryptes melanops Leptasthenura platensis Leptasthenura setaria Spartonoica maluroides Oreophylax moreirae EB Synallaxis cinerea [whitneyi] Synallaxis infuscata EEB COMMON NAME* STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 Spotted Bamboo-wren Slaty Bristlefront Stresemann’s Bristlefront Tall-grass Wetland Tapaculo Brasília Tapaculo White-breasted Tapaculo Bahia Tapaculo NT NT CR EN NT NT CR Rufous-capped Antthrush Rufous-fronted Antthrush PA9 VU CR EN NT EN VU EN CR VU NT Tawny-throated Leafscraper EN Black-tailed Leafscraper Black-tailed Leafscraper Rufous-breasted Leafscraper X CR EN EN VU Campo Miner NT Plain-brown Woodcreeper Plain-winged Woodcreeper White-chinned Woodcreeper White-chinned Woodcreeper CR CR VU VU EW VU CR EN EN Long-tailed Woodcreeper Wedge-billed Woodcreeper Scimitar-billed Woodcreeper CR Cinnamon-throated Woodcreeper EN EN EN VU Moustached Woodcreeper Barred Woodcreeper Straight-billed Woodcreeper Lesser Woodcreeper Buff-throated Woodcreeper Wagler’s Woodcreeper VU CR EN VU EN EN EN X VU CR VU Red-billed Scythebill DD Long-tailed Cinclodes Wren-like Rushbird Tufted Tit-spinetail Araucaria Tit-spinetail Bay-capped Wren-spinetail Itatiaia Spinetail Bahia Spinetail Pinto’s Spinetail NT EN VU VU CR NT NT CR NT VU CR VU EN VU EN Continues Point of View 158 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S COMMON NAME* Synallaxis albescens Synallaxis rutilans omissa Synallaxis cherriei Synallaxis simoni EB ,T Synallaxis kollari Gyalophylax hellmayri EEB Pale-breasted Spinetail Ruddy Spinetail Chestnut-throated Spinetail Araguaia Spinetail Hoary-throated Spinetail Red-shouldered Spinetail Limnoctites rectirostris Straight-billed Reedhaunter Thripophaga macroura EBB Striated Softtail Asthenes baeri Short-billed Canastero Asthenes luizae EB Cipó Canastero Phacellodomus striaticollis Freckle-breasted Thornbird Clibanornis dendrocolaptoides Canebrake Groundcreeper Coryphistera alaudina Lark-like Brushrunner Acrobatornis fonsecai EB Pink-legged Graveteiro Pseudoseisura lophotes Brown Cacholote Anabacerthia amaurotis White-browed Foliage-gleaner Syndactyla [Philydor] dimidiatum Russet-mantled Foliage-gleaner Simoxenops ucayalae Peruvian Recurvebill Philydor lichtensteini Ochre-breasted Foliage-gleaner Philydor novaesi EB Alagoas Foliage-gleaner Philydor atricapillus Black-capped Foliage-gleaner Cichlocolaptes leucophrus EB Pale-browed Treehunter Automolus leucophthalmus (lammi) White-eyed Foliage-gleaner Hylocryptus [Automolus] rectirostris Chestnut-capped Foliage-gleaner Xenops minutus alagoanus Plain Xenops Megaxenops parnaguae EB Great Xenops Tyrannidae (209/44) Corythopis delalandi Southern Antpipit Hemitriccus diops Drab-breasted Bamboo-tyrant Hemitriccus zosterops naumburgae White-eyed Tody-tyrant Hemitriccus orbitatus EB Eye-ringed Tody-tyrant EB Hemitriccus mirandae Buff-breasted Tody-tyrant Hemitriccus kaempferi EB Kaempfer’s Tody-tyrant EB Hemitriccus furcatus Fork-tailed Tody-tyrant Phyllomyias griseocapilla EB Gray-capped Tyrannulet Myiopagis gaimardii Forest Elaenia Elaenia ridleyana EB Noronha Elaenia Elaenia cristata Plain-crested Elaenia Ornithion inerme White-lored Tyrannulet Capsiempis flaveola Polystictus pectoralis (pectoralis) R# Bearded Tachuri Polystictus superciliaris EB Gray-backed Tachuri Euscarthmus rufomarginatus Rufous-sided Pygmy-tyrant Phylloscartes eximius Souther Bristle-tyrant STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU PA9 EN NT VU NT NT VU VU DD VU VU VU VU VU X VU VU VU VU NT VU NT CR VU CR VU CR CR VU NT CR NT EN CR CR CR EN EN CR VU VU VU EN EN EN NT NT VU CR VU NT CR EN CR NT VU VU CR EN VU VU X VU NT NT NT NT VU CR NT NT EN CR VU EN Continues Point of View 159 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Phylloscartes kronei EB Phylloscartes beckeri EB Phylloscartes ceciliae Phylloscartes roquettei EB Phylloscartes paulista Phylloscartes oustaleti EB Phylloscartes difficilis EB Phylloscartes sylviolus Tachuris rubrigastra Culicivora caudacuta Rhynchocyclus olivaceus Tolmomyias assimilis paraensis Platyrinchus mystaceus niveigularis Platyrinchus leucoryphus Onychorhynchus coronatus Onychorhynchus swainsoni EB Cnemotriccus fuscatus fuscatus Contopus cooperi VN Contopus cinereus Knipolegus franciscanus EB Xolmis irupero Xolmis [Heteroxolmis] dominicanus Alectrurus tricolor Alectrurus risora D Colonia colonus Attila rufus EB Attila spadiceus Cotingidae (32/13) Phibalura flavirostris Carpornis cucullata EB Carpornis melanocephala EB Cotinga maculata EB Procnias averano averano Procnias nudicollis Tijuca atra EB Tijuca condita EB Calyptura cristata EB Lipaugus vociferans Lipaugus lanioides EB Xipholena atropurpurea EB Pyroderus scutatus Pipridae (38/13) Neopelma pallescens Neopelma aurifrons EB Piprites chloris (griseicens) Piprites pileata Machaeropterus regulus (regulus) COMMON NAME* Restinga Tyrannulet Bahia Tyrannulet Long-tailed Tyrannulet Minas Gerais Tyrannulet São Paulo Tyrannulet Oustalet’s Tyrannulet Serra do Mar Tyrannulet Bay-ringed Tyrannulet Many-colored Rush-tyrant Sharp-tailed Tyrant Olivaceous Flatbill Yellow-olive Flycatcher STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU VU VU VU VU EN EN EN EN CR CR EN NT NT VU NT X NT VU NT NT X VU VU VU VU VU VU EN CR X VU PA9 EN White-throated Spadebill Russet-winged Spadebill Royal Flycatcher Atlantic Royal-flycatcher Fuscous Flycatcher Olive-sided Flycatcher Tropical Peewee Caatinga Black-tyrant White Monjita Black-and-white Monjita Cock-tailed Tyrant Strange-tailed Tyrant Long-tailed Tyrant Gray-hooded Attila Bright-rumped Attila VU VU NT EN EN EN VU DD X X CR VU EN VU NT EN NT NT EN VU VU VU NT VU VU EN VU CR VU CR VU Swallow-tailed Cotinga Hooded Berryeater Black-headed Berryeater Banded Cotinga Bearded Bellbird Bare-throated Bellbird Black-and-gold Cotinga Gray-winged Cotinga Kinglet Calyptura Scraming Piha Cinnamon Piha White-winged Cotinga Red-ruffed Fruitcrow NT NT VU EN VU NT VU CR VU VU VU EN VU VU EN CR CR VU VU EN VU VU VU EN CR X X VU VU CR EN VU CR EN NT EN Pale-bellied Manakin Wied’s Tyrant-manakin Wing-barred Manakin Black-capped Manakin Striped Manakin NT EN NT X X X CR CR VU VU VU NT VU NT X EN VU EN X VU EN EN EN VU Continues Point of View 160 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S vilasboasi EB Lepidothrix Manacus manacus Antilophia bokermanni EB Antilophia galeata Chiroxiphia pareola Dixiphia [Pipra] pipra (cephaleucos) Pipra fasciicauda Pipra rubrocapilla Tityridae (20/4) Schiffornis turdina (intermedius) Laniocera hypopyrra Laniisoma elegans EB Iodopleura pipra (leucopygia) EB Vireonidae (16/1) Vireo gracilirostris EB Corvidae (8/2) Cyanocorax caeruleus Cyanocorax cristatellus Troglodytidae (18/1) Cistothorus platensis Polioptilidae (8/2) Ramphocaenus melanurus Polioptila lactea Turdidae (17/2) Cichlopsis leucogenys (leucogenys) VA(N) Turdus fumigatus Mimidae (3/1) Mimus gilvus (antelius) Motacillidae (5/2) Anthus nattereri Anthus hellmayri Thraupidae (85/18) Orchesticus abeillei EB Schistochlamys melanopis Cissopis leverianus Neothraupis fasciata Conothraupis speculigera VO# Conothraupis mesoleuca EB Nemosia rourei EB Cypsnagra hirundinacea Thraupis cyanoptera EB Tangara mexicana (brasiliensis) Tangara fastuosa EB Tangara seledon Tangara cyanocephala (cearensis) COMMON NAME* Golden-crowned Manakin White-bearded Manakin Araripe Manakin Helmeted Manakin Blue-backed Manakin STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU DD EN CR CR CR EN EN White-crowned Manakin Band-tailed Manakin Red-headed Manakin NT Trush-like Mourner Cinereous Mourner Shrike-like Cotinga Buff-throated Purpletuft VU NT NT EN\NT Noronha Vireo NT VU Azure Jay Curl-crested Jay NT PA9 X VU X VU VU CR VU CR EN EN Grass Wren VU Long-billed Gnatwren Cream-bellied Gnatcatcher NT NT Rufous-brown Solitaire Cocoa Trush EN Tropical Mockingbird NT Ochre-breasted Pipt Hellmayr’s Pipit VU Brown Tanager Black-faced Tanager Magpie Tanager White-banded Tanager Black-and-white Tanager Cone-billed Tanager Cherry-throated Tanager White-rumped Tanager Azure-shouldered Tanager Turquoise Tanager Seven-colored Tanager Green-headed Tanager NT EN X X EN EN EN VU X VU VU CR CR CR EN VU X VU NT NT CR CR EN DD DD CR EN EW EN CR EN NT VU NT VU X VU Red-necked Tanager EN EN Continues Point of View 161 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Frederico Innecco Garcia – Miguel Ângelo Marini Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Tangara cyanocephala (corallina) Tangara peruviana EB Tangara velia (cyanomelaena) Tangara velia (signata) Dacnis nigripes EB Chlorophanes spiza Conirostrum bicolor Emberizidae (74/27) Porphyrospiza caerulescens Poospiza cinerea Sicalis flaveola Emberizoides ypiranganus Embernagra platensis Embernagra longicauda EB Sporophila frontalis Sporophila falcirostris Sporophila plumbea Sporophila collaris Sporophila melanops EB,D Sporophila nigrorufa Sporophila bouvreuil (pileata) Sporophila bouvreuil (saturata) Sporophila hypoxantha Sporophila ruficollis VS# Sporophila palustris Sporophila hypochroma VS# Sporophila cinnamomea Sporophila melanogaster EB Sporophila [Oryzoborus] angolensis Sporophila [Oryzoborus] maximiliani Amaurospiza moesta Arremon franciscanus EB Charitospiza eucosma Coryphaspiza melanotis (marajoara) Gubernatrix cristata Paroaria capitata Cardinalidae (16/4) Caryothraustes canadensis frontalis Saltator fuliginosus Saltator atricollis Cyanocompsa [Passerina] brissonii Parulidae (23/4) Dendroica cerulea OP COMMON NAME* Red-necked Tanager Black-backed Tanager Opal-rumped Tanager Opal-rumped Tanager Black-legged Dacnis Green Honeycreeper Bicolored Conebill STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU EN VU DD EN EN NT X X NT NT EN X VU Blue Finch Cinereous Warbling-finch Saffron Finch Lesser Grass-finch Great Pampa-finch Buff-throated Pampa-finch Buffy-fronted Seedeater Temminck’s Seedeater Plumbeous Seedeater Rusty-collared Seedeater Hooded Seedeater Black-and-tawny Seedeater Capped Seedeater Capped Seedeater Tawny-bellied Seedeater Dark-throated Seedeater Marsh Seedeater Rufous-rumped Seedeater Chestnut Seedeater Black-bellied Seedeater NT VU DD VU VU PA9 EN EW EN EN NT VU VU CR VU NT EN NT VU NT VU VU NT DD VU DD DD DD DD EN DD EN VU Lesser Seed-finch Greater Large-billed Seed-finch Blackish-blue Seedeater San Francisco Sparrow Coal-crested Finch NT NT NT NT CR NT NT Black-masked Finch Yellow Cardinal Yellow-billed Cardinal VU EN VU CR VU VU VU EN EN CR CR EN X X X EW CR CR EN VU CR EW CR EN VU EN CR CR EN VU VU VU EN VU X CR VU EW VU X X EN CR EN VU EN CR CR EW VU CR VU EN EW Yellow-green Grosbeak Black-throated Grosbeak Black-throated Saltator VU Ultramarine Grosbeak NT VU VU Cerulean Warbler VU X CR VU Continues Point of View 162 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 Continuation Annex 1 NAME OF TÁXON*,S Basileuterus flaveolus Basileuterus leucophrys EB Phaeothlypis rivularis Icteridae (40/7) Psarocolius decumanus Procacicus [Cacicus] solitarius Curaeus forbesi EB Agelasticus cyanopus Xanthopsar flavus Molothrus oryzivorus Sturnella defilippii D Fringillidae (18/3) Carduelis yarrellii Euphonia violacea Euphonia chalybea COMMON NAME* Flavescent Warbler White-striped Warbler Riverbank Warbler STATUS IUCN1 IBAMA2 PR3 MG4 SP5 RJ6 RS7 ES8 VU VU VU CR Crested Oropendola Solitary Black Cacique Forbe’s Blackbird Unicolored Blackbird Saffron-cowled Blackbird Giant Cowbird Pampas Meadowlark CR EN VU VU VU VU PA9 VU EN EN VU EN VU VU Yellow-faced Siskin Violaceous Euphonia Green-throated Euphonia VU VU VU NT EN *The scientific and popular nomenclature, as well as the filogenetic sequence, have followed the proposal of the Brazilian Committee for Ornithological Records (CBRO, 2006). The subspecific names follow those proposed in the lists where they have been mentioned. Where there has been divergence in the nomenclature used between the lists and the CBRO, the divergent name appears highlighted in brackets. When the species was regarded as threatened by one list and only one of its subspecies was regarded as threatened by another list, the subspecific name has appears highlighted between parentheses. S - Status: EB – Endemic from Brazil (Sick, 1997; NatureServe, 2004; Olmos, 2005; Sigrist, 2006); VS – Seasonal visitor originating from the South of the continent; VN – Seasonal visitor originating from the Northern hemisphere; VO – Seasonal visitor originating from areas West of the Brazilian territory; VA – Roamer (an apparently irregular kind of occurrence in Brazil; it can be a regular migrant in neighboring countries, originating from the South [VA (S)], the North [VA (N)] or the West [VA (O)], or irregular on a wider level [VA]); D – Unknown status; R# -Resident, but unconfirmed; Further resident species (CBRO, 2006); T – Species with taxonomic discrepancies between the lists (CBRO, 2006; SACC, 2006) Source: 1: IUCN (2006); 2: IBAMA (2003); 3: Mikich & Bérnils (2004); 4: Machado et al. (1998); 5: São Paulo (1998); 6: Bergallo et al. (2000); 7: Fontana et al. (2003); 8: Espírito Santo (2005) Caption: NT – Nearly Threatened; VU – Vulnerable; En – In Danger; CR – Critically Endangered; EW – Extinct in Nature; EX – Extinct; X – No classification of threat. Next to the family between parentheses: Total number of species in the family/ Total number of threatened species in the family, considering the primary and secondary CBRO(2006) list Point of View 163 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 138-163 English Comparative study between the global, national and state lists of threatened birds in Brazil Technical – Scientific Articles Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris, MSc • Director of the Pantanal Program of the Conservation International; current Corporate Partnership Manager, Fauna & Flora International – FFI, Cambridge, UK; Claudia Arcângelo • SIG Expert of the Pantanal Program of the Conservation International; Elaine Cristina Teixeira Pinto • Expert in Protected Areas of the Pantanal Program of the Conservation International; George Camargo1, MSc • Biodiversity Analyst of the Pantanal Program of the Conservation International; Mário Barroso Ramos Neto, Dr • Manager of the Cerrado Program of the Conservation International; and Sandro Menezes Silva, Dr • Manager of the Pantanal Program of the Conservation International. ABSTRACT A study was conducted on the current situation of the original vegetation covering in the Upper Paraguay River Basin (UPRB), including the Brazilian Pantanal and its neighboring area, using MODIS satellite images. The results show that the situation is preoccupying, up to 2004 around 44% of the natural area had been fully removed. Considering the 87 municipalities covered by the UPRB, 59 presented over half of their respective territories with natural cover area changed; 22 municipalities deforested over 80% of their territories and 19 municipalities destroyed over 90% of their natural cover. In the Brazilian Pantanal, the natural cover destruction until 2004 represented about 17% of its original area, which corresponded to approximately 25,750 km2, with 11% of this amount only in the State of Mato Grosso do Sul. Previous studies involving the Brazilian Pantanal revealed a deforestation rate of 0.46%/year between 1990–2000, but that reached 2.3%/year in this study. The main cause is the expansion of grazing areas and related activities in the Pantanal. Based on such data, if the current natural cover destruction pace is kept, the Pantanal natural cover e will have disappeared completely in about 45 years. Key words: threats, Cerrado, protection, deforestation, wetlands. Basin (UPRB) covers approximately 600,000 km2 in South America, 363,442 km2 of which are in the Brazilian territory. The Brazilian Pantanal, fully inserted in the UPRB, is 147,629 km2, representing about 41% of the basin. The region with headwaters of the rivers that make up the UPRB occupies 215,813 km2, and is located in neighboring uplands, which represents 59% of the Basin area. That means an important portion of the central hydrographical INTRODUCTION The Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal The Paraguay River headwaters are in the Brazilian territory and its watershed covers 1,095,000 km2. The Upper Paraguay River 1 [email protected] Technical – Scientific Articles 164 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 drainage of the South American continent being dependent on the UPRB (ANA et al., 2004). The Brazilian Pantanal is considered the world’s largest wetland and was declared as Brazilian National Heritage site by the 1988 Brazilian Constitution, besides being the home to areas of great international importance established by RAMSAR (the Convention on Wetlands). In addition, it covers areas of Biosphere Reserve, established by UNESCO in 2000 (Harris et al. 2005). For Olson et al. (1998), the Brazilian Pantanal is a region of high relevance to conservation, which should be given priority in regional programs and special attention, due to its vulnerability to the main impact vectors acting in the region. covery of gold in Cuiabá attracted a high number of people to the region and, in the areas surrounding the mines, sugar plantation and mills, agriculture and cattle raising activities were established, which strongly contributed to the territory occupation. However, the mines were exhausted in the 19th century and the region kept abandoned for a long time (Por et al., 2003). In the beginning of the 20th century, the region started to produce again with the arrival of cattle raisers and the first industrial activities in the Pantanal: the manufacture of meat tablet and extract and leather hardening. In the 50s and 60s, the caiman (Caiman yacare) hunt was one of the most profitable activities of the region, as the skins were exported to an increasing international market. This activity was responsible for the substantial reduction of the caiman populations, and even with the hunt prohibition, declared in 1967, the activity actually stopped in the 80s, when the international market started to buy only legalized skins (Verdade, 2004). As it is located in a region of contact with different natural domains, such as the Cerrado (Brazilian Savanna), the Amazon forests and the Paraná River basin forests, as well as the Bolivian chaco vegetation, the Pantanal’s fauna and flora were constituted of and still depend on elements of these biomes (Cartelle, 1994; Mourão et al., 2004). The wildlife populations in the Brazilian Pantanal are dynamic and their migration from and to other regions is strongly influenced by the climatic-hydrological oscillations that occur annually in the area. The hydrological cycle and the river basin changes, mainly represented by the alternations between dry and flood seasons, are environmental factors that ensure the high biodiversity and keep the ecological features of the entire region (ANA et al., 2004; Harris et al., 2005). In this context, Pantanal’s neighboring areas, with the headwaters of the rivers that compose it, contribute to the demographical increase in the wildlife species in the lowland, but also serve as refuges for the fauna during unfavorable seasons, sheltering species that migrate to avoid floods and climate extremes. Still in the 80s, another gold exploitation cycle brought millions of people to the region, mainly from the states of São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul and Paraná. At this time, the expansion in agriculture attracted farmers from several Brazilian places, encouraged by the low prices of the lands (Por et al., 2003). Nowadays, the regional economy is based on beef cattle raising practiced extensively, once the agriculture activities are not recommended for the local lowland, mainly because of the periodic floods and poor soils. The agriculture has been restricted to the uplands that surround the plainland, which has been an important vector of environmental degradation. In general, the regional cattle raising activity does not present specific environmental management, provoking soil destruction, mainly erosion and compacting, due to fires, opening and deforestation for pasture (BRASIL, 1997). In addition, poor government inspections, combined with non-popularized legislation and the absence of awareness programs on the environmental importance of the Brazilian The human occupation in Pantanal The human occupation process in the Brazilian Pantanal started in the 17th century, with the Bandeirantes2 from São Paulo State in search of precious stones, precious metals and natives (Costa, 1999; Por et al., 2003). In 1718, the dis- Technical – Scientific Articles 165 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Pantanal, allow predatory activities, such as illegal fishing and hunting, to become threats to the fauna, mainly during reproduction periods (Mourão et al., 2004). many of them with relatively abundant populations. This diversity is lower if compared to the Amazon and the Atlantic Forest (Mourão et al., 2004; Camargo, 2003). However, the Pantanal is one of the only places in the world that shelter numerous populations of globally threatened species, such as the Hyacinth Macaw (Anodorhynchus hyacinthinus), the giant otter (Pteronura brasiliensis) and the Marsh Deer (Blastocerus dichotomus). The tourism activity has been increasing in the last years in the UPRB region. The easy forms of admiring the wild fauna in a relatively preserved place, and the beautiful sceneries of Bodoquena and Maracaju mountains, as well as the Pantanal traditional landscapes, are great attractions to tourists, who have increasingly visited the region. Although the growing tourism-related activities and great potential as a source of revenue to rural owners, there is still no installed infrastructure and use regulation to offer a quality and safe service to visitors, as well as suitable conservation of the natural sites. Bonito, the municipality located in the south part of the Pantanal, is an exception to that which offers a good installed infrastructure (Trevelin, 2003). The globally threatened species in Pantanal and in its neighboring Cerrado areas present different ecological requirements. For example, the Giant Otters live basically in non-polluted rivers with fishes in sufficient number to maintain their populations (Waldemarin, 2003). This species reproduction sites and shelters are diverse, frequently in riverbanks with preserved riparian vegetation. Then, the greatest threats to this species are the excessive fishing activity associated with the riverbank erosion provoked by the water course alteration and the vegetation removal, as well as the water pollution. It illustrates the importance of maintaining UPRB’s natural land cover and river vegetation types, as a basic strategy for the biological diversity maintenance. Recent studies show that a loss may occur of up to 25% of the birds species associated with the riparian forests in case of natural area destruction in the neighboring sites of these forests, even if the riparian forests themselves are kept intact (Machado, 2000). The excessive reduction of areas with natural vegetation can also provoke the extinction of bird species unable to survive in small separate fragments, according to the study conducted by Hass (2002). In the last years, several mining companies have settled in municipalities located in the UPRB (IBGE, 1998), with activities of strong visual impact that cause sediment build-up and change the water courses, contaminating basins with wastes of different kinds and collaborating to erosive processes, resulting in alterations to the region’s natural characteristics (Almeida et al., 2003; Dias, 1994). This colonization processes, combined with the implementation of large economic projects, such as Brazil-Bolivia gas pipeline and the mining companies in the region of Corumbá, are gradually changing the Pantanal landscape and its neighboring areas (Fonseca et al., 1995). The vegetation destruction, mainly in the uplands where the headwaters of the rivers that constitute the Pantanal are settled, has sped up the destruction of habitats, and is the main cause of sediment build-up in lowland rivers and intensified floods (Mourão et al. 2004). However, although the importance of the Pantanal and its neighboring areas to maintain the river resources and protect the regional biodiversity is widely known, there are few areas that ensure the UPRB protection. Based on official data from the State Department of Environment of Mato Grosso do Sul (SEMA/MS) and the IBAMA (Brazilian Institute of Environment and Conservation of the Pantanal and the Cerrado in its neighboring areas The different terrestrial and aquatic sites of the Pantanal enable high species richness, Technical – Scientific Articles 166 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 Renewable Natural Resources), only 2.9% of the UPRB and 4.5% of the Pantanal area are protected by protected areas (PA). Considering UPRB’s 363,442 km2, only 10,596 km2 are protected by integral protected areas (19 public PA) and 34 private PA. In the lowland area that occupies the two states (147,629 km2) there are only five public PA and 16 private PA, totaling 6,757,99 km2. In the Pantanal area located in Mato Grosso do Sul State, there is just one public protected area: the State Park of Pantanal do Rio Negro, still in implementation phase, and that protects only 0.5% of the Pantanal in this state. tation types, the quality bands were eliminated and the values for the indexes and bands were normalized. The classification process was ‘non-supervised’, generating initially 50 classes. These classes were grouped and separated, using high resolution sensors, in vegetation remnants classes and non-remnant classes. In doubtful cases about the spectral answer, field visits were made to check the local outline adequacy within the considered classes. About 60 field visits were required for the validation. The vegetation remnant class considered all native vegetation classes (forests, cerrados, natural fields and wetlands) and the non- remnant class considered the utilization class (agriculture, cattle raising in vegetation-covered pasture area, reforestations, urban areas etc.) and natural areas with no vegetation (water courses). The purpose of this study was to evaluate the amount of natural cover area that has already been removed in the Upper Paraguay River Basin, including the Brazilian Pantanal, trying to correlate the process to its causes, and suggest some actions that may mitigate its consequences, aiming at the region conservation. The satellite information and the official information used in this study constitute the best data available so far. However, considering the resolution of the satellite images, which is not the most refined, and the limited field inspection efforts, the results may present a certain error margin. For this reason, a conservative attitude was adopted for estimating the natural vegetation, opting for the classification as “remaining natural area”, in case of a doubtful analyzed area, a procedure that safely underestimated degraded areas, mainly with field vegetation. MATERIAL AND METHODS Evaluation of the natural vegetation area using satellite images The identification of the remaining vegetation types was performed by the MOD13Q1 (MODIS/Terra Vegetation Indices 16-Day L3 Global 250m SIN Grid) equipment, which uses bands 1, 2, 3 and 7 (MOD09), as well as NDVI and DVI indexes. MODIS (Moderate Resolution Spectroradiometer) Sensor, launched in 1999 with TERRA platform and subsequently with AQUA platform (2002), was configured to provide data on the land biosphere, and uses 36 spectral bands, seven of which are similar to ETM+ Sensor, then providing global and continuous images each two days, with spatial resolutions from 250 to 1,000 m. With a good temporal resolution (daily imaging), the available products are compositions of 16 or 32 days, available with different correction levels. MODIS sensor is easy to use, as the data is already georeferred and its distribution is free of charge. The differences in the utilization of MODIS sensor for the land use classification and vegetal types are still being improved. Unlike the clear answer that this sensor provides for forests, the identification of targets with open vegetation structure is still problematic, mainly for the field areas, pastures with vegetation planted in certain periods, and, depending on the cultures, the agricultural areas. However, it is possible to operate this sensor in areas with available information from other sensors of higher spatial resolution, such as LANDSAT. The UPRB area was covered by LANDSAT ETMVII of 2002 (image and classification), For the identification of the remaining vege- Technical – Scientific Articles 167 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva which facilitated the target identification process. Considering the pixel original size (250 x 250 m = 6.25 ha), small areas - between 1 and 10 hectares – are difficult to be identified. The minimum adaptable size was considered as 50 ha, eliminating this way a very large group of remaining areas, especially in the region outside the lowland. Pantanal lowland, the analysis of the satellite images show that up to 2004 the UPRB’s natural cover corresponded to 161,845 km2, i.e., 44.5% of the basin’s total area (FIGURE 1). In the uplands, the original vegetation destruction reached 63% of its total area, and in the Pantanal’s lowland this rate was around 17.5%. The destructed area in the UPRB is larger than the total area of the Pantanal lowland, and such destruction is mostly in the upland region (TABLE 1). Licenses for vegetation removal A search was conducted to analyze the licenses for the native vegetation removal issued by the State Department of Environment of Mato Grosso do Sul between 2002 and 2004, published in the Government Official Journal. Based on such data, a calculation was made to estimate the annual legalized deforestation rate in the total area of the municipalities in this state covered by the UPRB and the Brazilian Pantanal. All UPRB area is in the Brazilian states of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, 48% and 52%, respectively. Most of the uplands is located in the State of Mato Grosso (123,508 km2 - 57% of the upland region), while most of Pantanal lowland is in the State of Mato Grosso do Sul (95,958 km2 - 65% of the Pantanal area). Mato Grosso was the state that presented the largest destroyed original vegetation area: 88,785 km2, i.e., 24% of the UPRB area. The State of Mato Grosso do Sul has now 73,060 km2 of deforested area (20% of the UPRB area). Considering the 161,845.98 km2 of UPRB’s deforested area, 55% are in the State of Mato Grosso and 45% in the State of Mato Grosso do Sul (TABLE 2). This searching addresses the causes and some consequences of the native vegetation removal in the UPRB, and, based on some effects already observed in certain parts of the region, some technical and political actions are recommended. RESULTS Regarding the uplands, considering the 136,102 km2 destroyed until 2004, about 59% are in the State of Mato Grosso and 41% in Mato Grosso do Sul. These values represent the loss of 37% and 26%, respectively, of the natural cover area in the UPRB uplands. UPRB’s states and municipalities deforestation Considering the UPRB’s total area of 363,442 km2, 215,813 km2 of which constitute the uplands and 147,629 km2 include the Brazilian TABLE 1. Original vegetation area, destroyed area and original vegetation remaining in the Pantanal, upland and Upper Paraguay River Basin, with their values in relation to the UPRB, Brazil Original vegetation Pantanal km 2 (% UPRB) area Total Destroyed Remaining Upland (% km 2 (% UPRB) Pantanal) 147.629 25.743 121.886 41 7 34 Technical – Scientific Articles 100 17 83 168 UPRB (% 2 km (%) 363.442 161.846 201.596 100 44 56 Upland) 215.813 136.103 79.7101 59 37 22 100 63 37 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal TABLE 2. Original vegetation deforestation in the States of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, Brazil, with the respective proportions in the upland, Pantanal lowland and Upper Paraguay River Basin regions Region Deforestd area (km2) UPRB (Upper Paraguay River Basin) 88.785 UPRB Upland Region 79.775 Pantanal Lowland - UPRB 9.010 Mato Grosso Proportion of UPRB area Proportion of the total deforested area in UPRB Deforested area (km2) 55% 59% 35% 73.061 56.328 16.733 24% 37% 6% In Pantanal, the original vegetation removal until 2004 represented around 17% of its total area (about 25,750 km2; FIGURE 1), being 11% in the Pantanal in Mato Grosso do Sul and 6% in the Pantanal in Mato Grosso. In absolute terms, Mato Grosso represents 35% and Mato Grosso do Sul represents 65% of Pantanal’s total deforested area. 20% 26% 11% 45% 41% 65% Number of municipalities 24 21 18 15 12 9 6 3 The annual deforestation rate in the Pantanal between 1990 and 2000 was estimated at 0.46% (see Silva et al., 1998; Padovani, et al. 2004). Between 2000 and 2004, this rate grew to 2.3%/year, i.e., in only five years (2000 to 2004), the annual deforestation rate increased five times if compared to the previous period of ten years (1990 to 2000). 0 0- % 20 21 -4 0% 41 -5 0% 51 -6 0% 61 0% -7 71 -8 0% 81 Percent of deforested municipal area Figure 2: Number of municipalities in the Upper Paraguay River Basin, according to the deforestation percent classes The Upper Paraguay River Basin area covers 87 municipalities, 53 in the State of Mato Grosso and 34 in Mato Grosso do Sul. In general, all these municipalities present territories with high deforestation level. Fiftynine municipalities present over 50% of their ori-ginal vegetation with alterations and only 28 of these municipalities present between 12% and 49% of deforested area (FIGURE 2). Twenty-two of these municipalities destruc-ted over 80% of their official territories (FIGURE 2; FIGURE 3). Among these, 19 municipalities of the two states presented until 2004 over 90% of deforested areas in their territories, being 15 municipalities in Mato Grosso and four in Mato Grosso do Sul (FIGURE 3). Considering the municipalities that constitute the UPRB, 25% of them have over 80% of deforested Technical – Scientific Articles Mato Grosso do Sul Proportion Proportion of UPRB of the total area deforested area in UPRB areas, 68% present deforestation over 50% and only 5% (five municipalities) present 20% or less of deforested area. Note that these percent estimates correspond only to the territorial portion of the municipality in the UPRB, which may have a wide variation, mainly in the municipalities in the upland region. Governmental licensing for vegetation removal in the Mato Grosso do Sul portion of UPRB Between January 2002 and September 2004, the State Department of Environment of Mato 169 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 0% 10 Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Figure 1: UPRB (UPRB Paraguay River Basin) and the Brazilian Pantanal, with the areas with original vegetation removal Technical – Scientific Articles 170 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 Figure 3: Original vegetation destruction estimated per municipality constituting the Upper Paraguay River Basin, Brazil. Technical – Scientific Articles 171 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva Grosso do Sul (SEMA/MS) issued 1,218 licenses for vegetation removal, which represented a total licensed area of around 2,506.57 km2 (TABLE 3). The municipalities with more removal licenses are fully located in the Pantanal lowland, such as Corumbá, Porto Murtinho and Aquidauana (TABLE 3; FIGURE 4). The municipalities with more removal licenses are the same as those present- ing deforested areas over 80% of the UPRB territory. DISCUSSION The original vegetation area in the Brazilian Pantanal destroyed between 2000 and 2004, and calculated in this study, was of 3,395.5 km2 (2.3%), representing in this period a natural cover loss that is relatively lower than TABLE 3. Municipalities and their respective licensed areas for deforestation and respective number of licenses issued between January 2002 and September 2004 (only municipalities of Mato Grosso do Sul that constitute the Upper Paraguay River Basin, Brazil) Municipalities Corumbá Porto Murtinho Aquidauana Ribas do Rio Pardo Camapuã Caracol Miranda Bonito Campo Grande Rio Verde de Mato Grosso Bela Vista Sonora Coxim Costa Rica Nioaque Anastácio Corguinho Alcinópolis Terenos Jaraguari Dois Irmãos do Buriti Pedro Gomes Maracaju Jardim São Gabriel do Oeste Bodoquena Sidrolândia Bandeirantes Antônio João Rio Negro Guia Lopes Ponta Porá Rochedo Ladário Total Area Licensed for Deforestation (km2) 342.49 283.10 218.73 211.00 159.21 144.87 130.30 120.93 100.43 88.58 78.90 67.21 61.67 60.18 56.23 49.42 42.86 35.71 33.15 28.97 24.12 24.05 22.56 21.42 18.76 17.34 17.26 13.07 10.21 9.25 7.07 4.70 2.12 0.69 2,506.57 Technical – Scientific Articles 172 Number of Issued Licenses 66 102 70 105 132 53 39 75 55 37 41 12 18 58 43 30 29 25 42 21 15 6 15 18 19 13 25 16 6 13 10 6 2 1 1218 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 Figure 4: Original vegetation destruction estimated per municipality constituting the Upper Paraguay River Basin, Brazil, in the State of Mato Grosso do Sul and the respective licensed area for deforestation between January 2002 and September 2004. Technical – Scientific Articles 173 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva the values estimated to other Brazilian biomes, such as the Amazon, Cerrado and the Atlantic Forest. area in the Pantanal reached 12,182 km2, which corresponds to 8.8% of Pantanal’s total area. Considering this deforested area, about 35% of the area was located in Mato Grosso State and 65% in Mato Grosso do Sul State, the last one with the largest area covered by the Pantanal lowland. In the Amazon region, where the INPE (Brazilian Space Agency) has monitored the deforestation since early 90s, the deforested area between 2001 and 2002 grew from 18,166 km2 to 25,476 km2, one of the highest values since the monitoring implementation. The main causes include the wood extraction, the soybean culture expansion and the infrastructure implementation, with highly concentrated benefits and elevated social costs (Margulis, 2003). The highest deforestation rates observed per municipality in the UPRB mostly indicate municipalities whose territories are in the upland portion, which can be explained by the pressure to change these areas in agriculture and cattle raising sites. When compared to data obtained by Silva et al. (1998), some municipalities keep as those with the largest deforested areas, such as Rio Verde de Mato Grosso and Porto Murtinho, the latter almost fully located in the Pantanal lowland. Padovani et al. (2004) confirm this trend in the municipalities referred to above, also including Coxim, with areas both in the lowland and in the neighboring upland, and which is pressured by the agricultural and cattle raising activities. In the Cerrado region, the study conducted by Machado et al. (2004) showed that until 2002 about 55% of the original area had already been altered. A calculation based on the average values of three studies on the altered Brazilian Cerrado area indicates the annual deforestation rate of around 1.1%, which, when considering the remaining area and the current extension of protected areas, would lead to the total destruction of the Cerrado region until 2030. The municipalities of Miranda and Bodoquena, in Mato Grosso do Sul, and Cáceres in Mato Grosso, show a preoccupying trend. The latter only was among those that Silva et al. (op. cit.) indicated as having relatively high deforestation values in 1990/91, with the others among those with the lowest deforestation rates. Currently, the three of them are among those between 40 and 60% of destroyed original vegetation area, tending to increase due to the number of deforestation licenses issued and the areas licensed for vegetation removal by the State Department of Environment of Mato Grosso do Sul. The municipality of Miranda, for instance, had between 2002 and 2004 the total licensed area of over 130 km2. Regarding the Atlantic Forest, the deforestation monitoring has been performed systematically since 1990 (SOS Mata Atlântica / INPE, 2002). The deforested area in the last period analysis (1995-2000) is of 4,032.53 km2, and reminding that there are still only about 7% of the remaining forest, mostly in protected areas and in by law permanent preservation areas (SOS Mata Atlântica / INPE, 2002). For the Pantanal, the study conducted by Silva et al. (1998) showed that until 1990/91, only 3.9% of the area were deforested, as the result of the regional hydrological system that, due its flooding cycles, regulating the life rhythm in Pantanal, and naturally protecting it against the expansion of agricultural activities. In the referred study, only the Pantanal lowland area was considered, unlike this present study, in which all the Upper Paraguay River Basin (UPRB) was analyzed. The study conducted by Padovani et al. (2004) concluded that in 2000 the deforested Technical – Scientific Articles According to Machado and collaborators (2004), between 1985 and 1993, the loss of the Cerrado biome area was in average 1.5% a year. Based on this rate, it would be expected to see the UPRB and the Pantanal lose about 5.500 km2 a year. The high deforestation rate 174 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 in Pantanal (2.3%), combined with the number of licenses issued by the SEMA/MS, indicates that a great part of the deforestation process is legally supported by the state government. In Pantanal, the mostly deforested municipalities (deforested area over 80%) are those with the largest areas licensed for deforestation, such as Corumbá, Porto Murtinho and Aquidauana. preoccupying. The immediate impact of original vegetation destruction, with the elimination and reduced habitats quality, is biodiversity loss. The original vegetation destruction makes the soils more susceptible to degradation, with lixiviation of nutrients, alteration of their physical properties and contamination caused by agrochemical products (Rodrigues & Filho, 2001). The hydrological processes changed due to the vegetation destruction affect the dry and flood cycles, and are greatly responsible for all the biological richness in the Pantanal’s region. Comparing the results presented to socioeconomic indicators of Corumbá, the municipality with the largest area in the Pantanal lowland, for instance, it is noted that, although it has had increased cattle raising activity in the last years, the Human Development Index (HDI) has kept practically the same: 0.723 in 1991 to 0.771 in 2000 (IBGE – www.ibge.gov.br; PNUD – www.pnud.org.br). About 75% of Corumbá’s area are occupied by pastures, many of them still using the extensive handling system, which is characteristic of the region. Corumbá is one of the municipalities that presented increased heat islands between 2002 and 2004, probably resulting from burns for opening new grazing areas. Porto Murtinho, fully located in the Pantanal lowland, presents a situation that is similar to Corumbá, but lower number of heat islands within the considered period. The same occurred with Aquidauana, where the occupation by bovine cattle is between 75 and 100% of the municipal area, over the numbers for Corumbá and Porto Murtinho. The State Department of Environment of Mato Grosso do Sul (SEMA/MS) and IBAMA admit structure and staff limitations to monitor the actions. Additionally, although we have the Ministry of Environment - MMA (MMA, 2002) working to increase the amount percent of protected areas in Pantanal and Cerrado (today the protected areas represent 2.9% of the UPRB original area and only 1.6% of the lowland portion), the Ministry of Agriculture works with a perspective of using additionally over one million square kilometers for agriculture expansion, which will certainly speed up the deforestation process in UPRB and Pantanal. The greatest threat to the UPRB in general, and specifically the Pantanal, is the change of its natural environments into exotic monocultures, such as the soybean and pastures, besides the activities associated with the resulting activities, as the vegetal coal companies. Harris et al. (2005) reported the loss of habitats as one of the main threats to the Pantanal, caused by the original vegetation destruction, especially due to agriculture and cattle raising activities. Practices associated with the agriculture and cattle raising, such as the introduction of exotic foraging species and the use of fire in pasture renewal, enhance this impact. Besides, the deforestation in the Cerrado regions located in the headwaters has provoked erosion and sediment build-up in rivers, changing the river flows and hydrological systems in the Pantanal, with negative consequences for the regional biodiversity. The present situation of UPRB is critical and Technical – Scientific Articles Information obtained from the IBGE’s database (Sidra – available in http://www.ibge.gov.br) indicates that the area occupied by the soybean culture has dramatically increased in the country. According to an agribusiness statistical yearbook of 2003, even considering that the technology has increased the productivity, which augmented from about 2,5 tons per hectare in 1995 to 2,9 tons per hectare in 2002, the planted area has increased in a much higher proportion. The area dedicated to the soybean plantation has practically doubled, indicating that at this moment, the market may be attracting more people for the activi- 175 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva ty (Dias, 1994). Otherwise, traditional cultures in the region, as the manioc, associated with small properties, have declined along the time. steel industries in Mato Grosso do Sul and Minas Gerais (Corrêa e Oliveira, 2005). The present economic development method adopted by the state government, which aims at implementing in the Pantanal lowland and neighboring area large infrastructure of power production, mining and steel exploitation and production, has not found any obstacle in the different sectors of the society, except for the non-governmental organizations that are involved in the social and environmental issues. There is a clear perception in this sector that, if the economic development projects are implemented in the Pantanal, without the proper environmental precautions, the hydrological processes will be seriously affected in a short term, and consequently, disturbing the regional climatic stability. In the medium term, an irreversible loss of biodiversity is estimated to occur, as a result of natural area conversion into plantation areas for the power supply and the migration of local wild populations, leading to regional and even global extinctions. The cattle raising, still the main activity, presented a growth in 2003 of 5.5% if compared to the previous year. The Brazilian Midwest region has the country’s largest bovine cattle (69,9 millions of animals), with growth of 6,59%, above the national average States of Mato Grosso do Sul and Mato Grosso are the main cattle raisers, concentrating respectively 12.8% and 12.6% of the Brazilian cattle. Nine out of ten Brazilian bovine cattle groups are in municipalities belonging to the Midwest region. Corumbá (in Pantanal) and Ribas do Rio Pardo (in the upland region of the UPRB), both in Mato Grosso do Sul, are the main regional producers. Also ranking among the ten greatest producers are the municipalities of Cáceres, Camapuã and Aquidauana, all located in the UPRB areas (available in www.ibge.gov.br). Another factor that threats the region is the activity of the vegetal coal companies, which has expanded very fast in the Pantanal region in Mato Grosso do Sul. This activity is closely associated with cattle raising, as part of the vegetation destruction in the Pantanal is a result of partnerships between farmers, who are interested in expanding the grazing area, and owners of vegetal coal companies, who need wood to run their businesses. SEMA/MS is trying to regulate this type of activity in the region, but its technicians admit that the monitoring structure is insufficient to solve the irregularities which many times go beyond the environmental level and include social and labor levels. It is estimated that there are about five thousand vegetal coal companies operating in Mato Grosso do Sul. In six cities in Pantanal only, there are today 28 vegetal coal companies in regulation process. Just in one coal company near Aquidauana River, in a region of bays and flooded areas, there are 46 active furnaces and 106 people employed, producing monthly the average of 3,000 m? of coal, enough to fulfill thirty haul trucks. The production goes to Technical – Scientific Articles CONCLUSIONS AND RECOMMENDATIONS Crosschecking the vegetation destruction information with IBGE data, regarding the increase in bovine cattle raising and agricultural activities, the heat islands, and the Human Development Index (HDI), allows concluding that the expansion in the cattle raising activity is related to the increased deforested area in the Pantanal lowland. In Pantanal’s neighboring region, the upland with the main headwaters that run to the lowland, there has been an increase in the cultivation area (cotton, sugar, corn and soybean – IBGE – www.ibge.gov.br), which appears as the main factor of original vegetation destruction or alteration. The results presented in this study indicate that the native vegetation condition in the UPRB is seriously affected, particularly due to the increased human occupation pressure, combined with the absence of criteria and 176 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 monitoring for the deforestation licenses issued by the government. The results herein presented show that, if the deforestation rate is kept at 2.3% a year, within a little more than 45 years the original vegetation area of the Pantanal will be completely destroyed and/or changed in such way that it will be improbable to restore the climatic-hydrological complex, the exuberance of the waters and rich regional biodiversity. UFMT (Federal University of Mato Grosso) and EMBRAPA Pantanal in 2005; 3 Create RAMSAR sites in the Brazilian Pantanal region, providing the proper recognition to the region, for its intrinsic characteristics, mainly considering that it constitutes the world’s largest floodable lowland and that it shelters several species that are threatened by extinction at both national and global levels; The present situation reveals that the public policies adopted for the UPRB region, including the Pantanal region, are far from the real conservation needs and sustainable use of such heritage, added to evident public sector ineffectiveness in complying with the existing regulations. Based on all these arguments presented in this study aiming at protecting this natural heritage, it is recommended to: 4 – Integrate the policies of conservation and use of natural resources from the States of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, adapting the legislations and promoting joint efforts for licensing, monitoring and protection in the UPRB and Pantanal area, Promote the multinational integration with the other involved countries, particularly Bolivia and Paraguay, recognizing them as important agents for the elaboration of a common conservation and sustainable development strategy; 1 – Align the actions from the different levels of the public sector (municipal, state and federal), in order to define public policies, regulations and criteria of rational use that consider the ecological fragility of Pantanal and its neighboring area, understanding all this area as a group of interdependent landscapes that need a differentiated attention. Recent occupation experiences in other regions of the country, and even in the same region, show that the costs to recover degraded areas are much higher than the costs needed for the adoption of preventive measures; 5 - Implement a system of protected areas that is representative regarding the main landscapes of the area, aiming at protecting at least 10% of the region and complementing the efforts dedicated by the civil society to create the private protected areas in the region. This strategy should necessarily include the creation of a structure with protected areas of full protection and sustainable use, the latter complementing the first ones mentioned before, in order to ensure core areas where the maintenance of natural fauna and flora populations is ensured. In this sense, it is a priority to ensure the prompt operation and management of the protected areas that have already been created; 2 – Revise the existing legislation regarding the permanent protection areas and legal reserves for the UPRB region, considering that the region specifications demand a properly adapted legislation and that it takes into account the area’s hydrological and biological rhythms, particularly in the Pantanal. This subject was discussed in the workshop “Bases Técnico-Científicas para uma Política de Áreas Úmidas para o Pantanal” (Technical and Scientific Bases for a Wetland Policy to the Brazilian Pantanal), promoted by the CPP (Pantanal Research Center) and organized by the Technical – Scientific Articles 6 - Establish the creation and maintenance of a fund for the Pantanal and UPRB conservation, which can be used for implementation and operation of the protected areas, for maintenance of the traditional and low-impact activities (extensive cattle raising, manioc plantation, etc.), and for 177 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 164-179 English Estimated Loss of Natural Cover in Upper Paraguay River Basin and the Brazilian Pantanal Mônica Barcellos Harris – Claudia Arcângelo – Elaine Cristina Teixeira Pinto – George Camargo Mário Barroso Ramos Neto – Sandro Menezes Silva the ecological tourism regulation. Among other actions, it is also recommended to comply with the guidelines established in the planning for the Upper Paraguay River Basin (PCBAP, 1997); gresso/ABIOTICOS/ALMEIDA-055.pdf. Acessado em 25/01/2006. ANA – Agência Nacional de Águas. 2004. Implementação de práticas de gerenciamento integrado de bacia hidrográfica para o Pantanal e a Bacia do Alto Paraguai: programas de ações estratégicas para o gerenciamento integrado do Pantanal e Bacia do Alto Paraguai. GEF. Relatório Final. Brasília. 513 pp. 7 – Obtain the public sector permanent commitment in terms of licensing and monitoring projects that impact the UPRB region, analyzing them deeply and based on technical, scientific, social, economic and environmental criteria, checking their real implementation and operation need; BRASIL. 1997. Plano de conservação da Bacia do Alto Paraguai – PCBAP: Projeto Pantanal, Programa Nacional do Meio Ambiente - PNMA. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, v. 3, t. 7. 8 – Elaborate a comprehensive environmental restoration program in areas already degraded, and that do not comply with the existing legislation, ordering the people or organization in charge of the degradation to financially assume this process, involving civil society different sectors in the technical support for the execution of such actions. Camargo, G. 2003. Riqueza e diversidade de morcegos no Pantanal Miranda-Abobral, Mato Grosso do Sul. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 67 pp. Cartelle, C. 1994. Tempo passado: Mamíferos do Pleistoceno. Belo Horizonte: Editora Palco. 132 pp. ACKNOWLEDGEMENTS Corrêa, H. & Oliveira, E. 2005. Carvoarias ilegais avançam sobre o Pantanal. Matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, 11/12/2005, C4. We are especially grateful to Dr. Alexandre Raslan, justice prosecutor of Mato Grosso do Sul, who systematically collected the information on licenses for deforestation published in the D.O.U. and our partners at the OIKOS – Social and Environmental Work Cooperative - who compiled all these information. We would also like to thank Carlos Firkowski, Marc Dourojeanni and an anonymous reviser for the critical reading and valuable recommendations to the final document. Costa, M. F. 1999. História de um país inexistente: o Pantanal entre os séculos XVI e XVIII. Kosmos. São Paulo. 277 pp. Dias, B.F.S. 1994. A conservação da natureza. In: Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. M.N. Pinto (org.). 2a edição. Brasília Editora Universidade de Brasília. Pp: 607-663. Fonseca, G.A.B. & Aguiar, L.M.S. 1995. Enfoques interdisciplinares para a conservação de biodiversidade. In: Fonseca, G.A.B.; Schmink, M.; Pinto, L.P.; Brito, F. (eds). 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Antônio dos Santos Júnior, MSc1 • Postgraduate Program on Ecology and Conservation Mato Grosso do Sul Federal University - UFMS Iria Hiromi Ishii, Dr • Mato Grosso do Sul Federal University – UFMS – Corumbá Campus Neiva M. R. Guedes, Dr • Coordinator of Arara Azul Project University for the Development of the State and Pantanal Region - UNIDERP Fernando Lara R. de Almeida • Biological Sciences undergraduate Mato Grosso do Sul Federal University – UFMS – Corumbá Campus SUMMARY Sterculia apetala, is a key species for Hyacinth Macaw conservation, as 94% of this bird’s nests are found in this tree species. Our goals were: (1) to determine the growth rate of S. apetala, (2) to estimate the age of the trees that have nest-cavities of Arara Azul2 Project and (3) provide subsidies to the Hyacinth Macaw conservation plan in Brazilian Pantanal. The area studied comprised ridge Semidecidual Forests in farms in the sub-regions of Miranda, Aquidauna and Nhecolândia, Mato Grosso do Sul. The methods used in this study were analyses of annual growth rings, or dendrochronology, in trees that are already used as Hyacinth Macaw for nests. It was observed that the nests are in trees over 60 years of age. Considering the age of the trees that shelter cavities and their frequent loss, there is a trend towards the reduction of availability of natural nests for the Hyacinth Macaw during the next decades, making the bird dependent on the provision of artificial reproductive sites that are made available by conservation projects. Key words: Hyacinth Macaw, nest-cavities, conservation, Brazilian Pantanal, Sterculia apetala. INTRODUCTION ting from cattle raising activity, inferred from the different densities of young manduvi individuals in areas without cattle, with cattle during six months/year and with cattle during twelve months/year. This study has shown that the density of S. apetala seedlings was inversely proportional to the duration of the cattle presence, a fact that can be the result of herbivory or cattle stepping on seedlings, and/or fires, during the drought (Padovani et al., 2004). All these factors could interfere in the structure and dynamics of S. apetala populations, in such a way that studies investigating it in isolation should be carried out (Guedes, 1995). Sterculia apetala (Jacq.) Karst, known as manduvi in the Pantanal (Pott and Pott, 1994) is a deciduous tree, of fast growth, large size and tropical distribution, composing the dossel or emergent stratum (Janzen, 1972; Cristóbal, 1983). In the Pantanal, manduvi grows in natural fragments of non flooded semidecidual forest (Ratter et al., 1988). Johnson et al. (1997) point out that S. apetala has been suffering from inadequate environment management, resul1 [email protected] Technical – Scientific Articles 180 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 The plant populations have their structure and dynamics affected by herbivores, pathogenous or by changes to the habitat due to human activities, or by association of these factors (Harris et al., 2005). Various studies have been shown the great impact of herbivorous mammals on plant species (Crisp e Lange, 1976; Gómez et al., 2003). Sterculia apetala is an important species for a significant portion of the Pantanal fauna. During the drought that assails the Pantanal, when there is an apparent lack of food, the seeds from this tree are excessively consumed by various animals, such as macaws, monkeys and rodents, due to the high level of macronutrients they contain (Chaves et al., 2004; Lorenzi, 1998; Pott and Pott, 1994). Approximately 17 species of birds use the cavities in the trunks of S. apetala as a reproduction habitat, for example, the Collared Forest Falcon and the Red Macaw (Guedes, 2002). However, the main reason for the development of investigations about the ecolo-gical relations of the manduvi is the fact that this tree is a key species for Hyacinth Macaw (Anodorhynchus hiacinthynus) conservation. In the Pantanal, 94% of this bird’s nests are located in cavities in the trunks of individuals of S. apetala (Pinho and Nogueira, 2003; Guedes, 1993) (FIGURE 1) . Figure 1. A Hyacinth Macaw couple (Anodorhynchus hyiacinthinus) occupying a nest-cavity in a trunk of Sterculia apetala. Caiman Farm, sub-region of Miranda. Photograph: Luciano Candisani (Archive Arara Azul Project / UNIDERP). serving as indicators of sustainability for economic enterprises in Pantanal. Thus, the characterization of the factors affecting reproduction and recruitment both of the Hyacinth Macaw and S. apetala and the interaction between these species, will be the foundations for discussions on how the economical activities should be developed so that the biodiversity at the Pantanal region is conserved. The Hyacinth Macaw is the largest representative of the Psittacidae family, reaching a height of over a meter. They are sociable birds, with sedentary populations that can make small daily migrations for feeding and/or reproduction (Guedes, 1993). It is a bird species that is endangered with extinction (Nunes et al., 2006) and the main factors pointed out as causes of its populational decline are the capturing of individuals for illegal trade of wild animals and environment degradation by fires or deforesting (Guedes, 2002). Cavities in trees constitute a limiting resource for birds that use them for nesting. The reduction in their availability, due to the loss of mature trees with natural cavities or with a size that is sufficient for its building, can result in low recruitment rates and gradual reduction of their populations. For instance, the Australian psittacid Polytelis swainsonii, a species vulnerable to become extinct, depends on cavities in trunks and The relationship between Hyacinth Macaw and S. apetala is particularly interesting, as both species are sensitive to human activities, Technical – Scientific Articles 181 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 English Appraisal of the age of the trees used as nests by the Hyacinth Macaw in the Pantanal, Mato Grosso. Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida branches of Eucalyptus spp. trees for its reproduction. However, the areas of remaining forests where they occur are being removed to be replaced by soy plantations (Manning et al., 2004). In Europe, two species of woodpeckers (Dendrocopos leucotos in Finland and Dendrocopos major in England), who reproduce in cavities of senile or dead trees, have their populations threatened with extinction due to forest management done by man, replacing mature oak (Quercus spp.) forests by conifer forests for commercial exploitation (Smith, 1997; Virkkala et al., 1993). MATERIALS AND METHODS Sampling was made at the following locations: (1) Santa Emília Farm (19º30’24”S – 55º36’00”W), base of studies of the University for the Development of the State and the Pantanal Region – UNIDERP, Aquidauana sub-region; (2) Caiman Ranch (19º56’23”S – 56º14’26”W), a cattle and ecotourism farm, field base of Arara Azul Project, Miranda subregion; 3) Nhumirim Farm (19º00’52”S – 56º38’38”W), research base of EMBRAPA Pantanal and neighboring properties, Nhecolândia sub-region (Silva & Abdon, 1998) (FIGURE 2). In all areas the sampling was done on ridges with presence of Semidecidual Seasonal Forest; further environment descriptions are found at Ratter et al., 1988; Silva et al., 2000; Salis, 2004. Similarly, the Hyacinth Macaw population could be reduced to critical levels due to the lack of a proper number of sites for nidification (Guedes, 1995). Thus, studies on the minimum age of S. apetala adult trees to have nest-cavities for the Hyacinth Macaw are important, as they will provide information on the present and future cavity availability, through forecasts on the dynamics of their populations (Garcia et al., 1999; Hutchings, 1997; Boot and Gullison, 1995). According to the climactic classification of Köppen, the Pantanal has a tropical sub-humid climate (Aw), with yearly average of around 1,100 mm of rain, with the rainy season from October to March and being relatively dry from April to September. The average annual temperature is 26 ºC, and sporadic frosts may occur (Soriano, 1997; Cadavid García, 1984). Such characteristics of the Pantanal plains climate induce the formation of annual growth rings in tree species, be it due to the excessive flooding (Ishii, 1998), or due to the lack of availability of water (Worbes, 1989). The existence of environmental factors that annually limit tree growth in the tropics, such as drought (Fahn et al., 1981), periodic flooding (Ishii, 1998; Worbes, 1989) and photoperiod (Cardoso, 1991), induce the formation of annual growth rings (Schweingruber, 1988). Thus, adopting techniques derived from dendrology it should be possible to determine the tree’s age. Applying dendochronological techniques in S. apetala that shelter nest-cavities of A. hyacinthinus, the age structure of its population can be characterized. Based on this information, suggestions for management of the tree population could be proposed to provide a satisfactory offer of nestcavities for the Hyacinth Macaw. At each of the working sites, S. apetala adult trees have been sampled. The sampling sought trees which had nest-cavities registered by Arara Azul Project and other nearby trees, both smaller and larger in diameter than the nest-trees. In all sampled trees the diameter was measured at chest height (DAP) (1.30 m from the ground) with a diameter tape. For a macroscopic description of the growth rings, six S. apetala trees were sampled, according to the destructive method presented by Worbes (1989), observing the IAWA Commitee (1989) recommendations. Only trees with registered cavities, used by the Hyacinth Macaw and monitored over the The goals of this study were: (1) to determine the growth rate of S. apetala, (2) to estimate the age of the trees recorded by Arara Azul Project that have nest-cavities and (3) to provide subsidies to the Hyacinth Macaw conservation plan in Pantanal. Technical – Scientific Articles 182 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 BRAZIL Nhumirim Farm Santa Emília Farm Caiman Farm Farm Pantanal of Nhecolandia Pantanal of Abobral Pantanal of Miranda Pantanal Figure 2. Situation of the sampling sites on Pantanal plains. Adapted from Silva & Abdon 1998. Picture editing by Macieira, A. (Instituto Arara Azul). past few years, but which broke at the nest height, were sampled using the destructive method. These trees broke at the height of the nest-cavity after storms, gales or deforesting, making their occupation by the Hyacinth Macaw unfeasible (Guedes, 2002). To confirm the existence of annual growth rings, in three of these six trees the cambial lesion method was applied, which consists in the removal of part of the tree’s bark, a technique known as Mariaux window (Déttienne, 1989). All the collected samples are in the wood sample collection at the COR/UFMS Herbarium. Pressler increment borer (Worbes et al. 2003), for the trees average radial growth rate calculation, taking the sample radius divided by the number of tree growth rings (age), as follows. TC = Rm/I RESULTS Sterculia apetala wood presents brown-reddish heartwood, distinct from the light yellow sapwood. The growth rings are distinct and individualized by marginal terminal parenchyma. The lesions provoked in the cambial tissue clearly show the formation of only one growth ring during the year in the three S. apetala sampled trees. The average annual radial growth rate of S. apetala trees in the investigated sub-regions are shown on TABLE 1. With this data, it can be noted that S. apetala growth is different among the investigated sub-regions (ANOVA; N=52; gl=49,2; F=15.465; P<0,001). The Despite being a destructive method, which demands time, it is considered one of the safest in studies, having been successfully used in trees of Pantanal floodable riparian forests (Ishii, 1998). Later, for the growth ring limit definition, another 46 S. apetala trees were sampled using the non-destructive method, which employs the Technical – Scientific Articles 183 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 English Appraisal of the age of the trees used as nests by the Hyacinth Macaw in the Pantanal, Mato Grosso. Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida growth differences can be explained either by the variation of the soil quality between (Adámoli 1982) and within the sub-regions (Salis 2004) or by other growth-limiting abiotic factors, which suffer spatial and temporal variations, such as the pluviosity difference between the sub-regions, which affects the flooding pulse regime (Junk and Silva 1999), reflecting the height and period of flooding. The manduvi, which is a kind of tree that grows on eutrofic soil spots (Ratter et al. 1988), has its growth strongly influenced by this spatial variation. The age and diameter data relating to the nest-trees registered in each region are shown on TABLE 2. Comparing the nest-trees growth response, it is possible to observe that in the Nhecolândia sub-region the trees are older and have a smaller diameter, while the trees in Miranda sub-region, on the other extreme, are younger, presenting a larger diameter. In the Aquidauana sub-region the youngest nesttree was found, 69 years old. General linear models generated for each sub-region from the sampled trees age, given in number of growth rings, due to the DAP size, have a high predictive power, explaining 97% of the variation in Miranda (FIGURE 3), 87% in Aquidauana (FIGURE 4) and 68% in Nhecolândia sub-region (FIGURE 5). DISCUSSION TABLE 1: Average Radial Growth Rate, in milimeters, of 52 S. apetala trees in the investigated sub-regions of Pantanal in Mato Grosso do Sul State SUB-REGION Aquidauana Miranda Nhecolândia Total N 19 14 19 52 The nests registered by Arara Azul Project are distributed in adult trees, aged 60 and over. Guedes (1995) explains that 5% of S. apetala trees which shelter nests used by the AVERAGE (mm) + SD 3.58±0.61 3.81±0.48 2.97±0.35 3.44 Where: N: number of trees sampled;; SD: standard deviation SUB-REGION Miranda Miranda Miranda Miranda Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Aquidauana Nhecolândia Nhecolândia AGE (YEARS) 96 74 71 89 107 72 83 104 97 83 69 96 114 86 Age (Numbers of growth rings) TABLE 2 – Age and diameter of S. apetala trees registered as reproduction sites by Arara Azul Project in the sub-regions investigated in Pantanal. DAP (cm) 105 77.9 74 98 85.5 76 73 106.5 73 73 62.5 90 91 78 Diameters at chest height (cm) Figure 3. Linear regression model of the age due to the size of the trunk diameter at chest height, at 1.3 m from the soil, for Sterculia apetala trees in Miranda sub-region, Pantanal, Mato Grosso do Sul State (GLM; N=14; gl= 13; F=463,845; r2= 0,975; P=0,0001; y=0,8209x+10,609). Where: DAP diameter at chest height, approximately 1.30 m from the floor surface. Technical – Scientific Articles 184 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 Age (Numbers of growth rings) Hyacinth Macaw are lost every year due to fires, deforesting or storms. This phenomenon can have as a serious secondary effect on the Hyacinth Macaw population depression in Pantanal, due to reduced offer of reproduction sites, compromising this bird’s population recruitment. Thus, the structure of the various populations of S. apetala must be investigated with the goal to confirm their status of conservation, evaluating whether the recruitment of new individuals is occurring, and in case of negative or unsatisfactory recruitment, it becomes urgent the development of a program for management and conservation of the habitats of occurrence of S. apetala and, consequently, the reproduction site conservation used by the Hyacinth Macaw in the Pantanal. Diameters at chest height (cm) Figure 4. Linear regression model of the age due to the size of the trunk diameter at chest height, at 1.3 m from the soil, for Sterculia apetala trees in Aquidauana sub-region, Pantanal, Mato Grosso do Sul State (GLM; N=19; gl= 18; F=122,88; r2= 0,87; P=0,0001; y=0,9658x+5,7373). Age (Numbers of growth rings) Based on the growth of S. apetala trees in Pantanal and on the recruitment age of new trees capable of providing nest-cavities, only after approximately 60 years will the trees be able to house nest-cavities for Hyacinth Macaw, if the deforested areas recomposing could be done. In the meantime, management actions such as those made by Arara Azul Project will be important for the Hyacinth macaw population maintenance in Pantanal. Regarding the linear adjustment models, Boninsegna et al. (1989), studying diameterage relations with tropical trees species, in Misiones, Argentina, obtained for Cedrela fissilis a high coefficient of correlation (r=0,87; N=13). Only the coefficient established for a similar relation investigated here to S. apetala in Nhecolândia sub-region was less than this value. Thus, it can be observed that the generated linear models show great ecological applicability. This is because they allow the age range forecast when a certain S. apetala tree, in one of the appraised populations, will present conditions to provide nest-cavities for the Hyacinth Macaw, despite an increase in the variation of the data as the trees grow bigger, which could be the effect of the big tabular roots that S. apetala develops to support itself Diameters at chest height (cm) Figure 5. Linear regression model of the age due to the size of the trunk diameter at chest height, at 1.3 m from the soil, for Sterculia apetala trees in Nhecolândia sub-region, Pantanal, Mato Grosso do Sul State (GLM; N=19; gl= 18; F=36,429; r2= 0,682; P=0,0001; y=0,635x+36,933). Technical – Scientific Articles 185 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 English Appraisal of the age of the trees used as nests by the Hyacinth Macaw in the Pantanal, Mato Grosso. Antônio dos Santos Júnior – Iria Hiromi Ishii – Neiva M. R. Guedes – Fernando Lara R. de Almeida with the age increase. These, many times, appear at over two meters of height in the main trunk, affecting the real trunk diameter measurement. To reduce this effect, it is suggested that subsequent studies should describe the size of S. apetala trees, adopting more refined techniques, such as Principal Components Analysis (PCA), which extracts from the individuals size measurements the axis for higher explanation. Despite this discussion, the generated models provide subsidies for studies on the ecology and management of S. apetala populations, which can compose the conservation plan for the Hyacinth Macaw in Pantanal. 0.045 nest/100 hectares) (Pinho e Nogueira, 2003). For the Nhecolândia sub-region, the estimated density is even lower, where an active Hyacinth Macaw nest is expected to be found at every 4,800 hectares (or 0,021 nest/100 hectares) (Guedes, 1993). Proposals for S. apetala populations management, which are also part of a Hyacinth Macaw conservation project, can be suggested: (1) the creation of protected areas to protect S. apetala populations in Pantanal region; (2) the development of legal protection aiming to preserve the ridges and S. apetala trees, such as State Law no 8.317/2005, which forbids the cutting of manduvi in the neighbor state of Mato Grosso, aiming to protect the Hyacinth Macaw reproduction habitat; (3) the offer of nest-cavities in manduvi trunks long term monitoring; finally, (4) vegetation recovery in the areas where the lack of reproduction sites for Hyacinth Macaw in Pantanal is detected, due to human activities. The authors thank Fundação O Boticário de Proteção à Natureza for the financial support (Proposal 646_20042). They also thank the Team of Instituto Arara Azul, Toyota do Brasil and EMBRAPA Pantanal, for the logistic support; the owners of Caiman Ranch and Santa Emília Farm – UNIDERP, for allowing the development of the works at their properties; and the reviewers who contributed anonymously in the publishing of these results. To make this fact even more preoccupying, the deforestation index in Pantanal for the year 2000 has been estimated to be approximately 9% (Padovani et al., 2004). ACKNOWLEDGMENTS REFERENCES Adámoli, J. 1982. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados e discussão sobre o conceito de complexo do Pantanal. In: 32o Congresso Nacional da Sociedade Botânica do Brasil, Anais, p.109-119. 32, 1981, Universidade Federal do Piauí. Teresina-PI. Ultimately, the ridges could be delimited as the properties’ legal reserve areas3, thus becoming legally registered. A simple legal instrument could consider such areas improper for cattle raising, due to the apparent impact on seedling establishment, leading the cattle raisers to fence them. Boninsegna, J.A.; Villalba, R.; Amarilla, L. e Ocampo, J. 1989. Studies on tree rings, growth rates and age-size relationship of tropical tree species in Misiones, Argentina. IAWA Journal 10 (2): 161-169. The proposals for manduvi’s habitat management and protection, aimed at Hyacinth Macaw conservation should be immediately considered by the decision makers, as the density of trees that are able to shelter nestcavities for this bird is low. The density estimate of active Hyacinth Macaw nests in the North of Pantanal, Poconé sub-region, is around one nest in every 2,200 hectares (or Technical – Scientific Articles Boot, R. G. A.; Gullison, R. E. 1995. Approaches to developing sustainable extraction systems for tropical forest products. Ecol. Appl. 5 (4): 896-903. Cadavid García, E.A. 1984. 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Technical – Scientific Articles 188 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 180-188 Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha, MSc1 • DESOLOS – State University of Ponta Grossa Doctorate Student at the Department of Natural Resource Recreation and Tourism – Colorado State University ABSTRACT This paper presents a methodological reference for the selection of priority areas for nature conservation in fragmented landscapes typical from the meridional Brazil: The purpose was to develop a simplified model in a SIG environment, based on the landscape analysis, and explore its potential application in order to identify, map and classify remaining landscape units and define priority areas for the regional biodiversity conservation. Founded on field works, aerial photos and LANDSAT images, analyzed in a SIG environment for the mapping of remaining landscapes, priority areas have been defined based on the following indicators of landscape ecological integrity: a) Conservation Status; b) Habitat Diversity; c) Fragment Context; d) Fragment Area; e) Nuclear Area. The combination of those parameters has produced results consistent with previously known occurrence areas for certain species, used as the model’s efficacy control reference. The purpose was to develop a reference for protected areas mosaic planning and the integrated landscape management, in such a way to optimize the habitat conservation in the management of natural resources of rural properties. Concepts and presuppositions of this paper have been explored for the selection of priority areas in Paraná State “Campos Gerais”. Key words: selection of priority conservation areas; landscape’s ecological integrity; landscape ecology; image interpretation; Campos Gerais Myers et al., 2000). The focus in those works is placed on large regions, including thousands of species and hundreds of natural communities. INTRODUCTION Several efforts implemented along the 90’s led to the identification of global priorities for conservation, based on criteria like biological diversity, endanger levels and ecoregions. The Conservation International and the WWF, jointly with other entities, have developed the management of “hotspots” and the priority ecoregions for conservation, including the most significant regions of the planet for conservation (Olson & Dinerstein, 1998; 1 In Brazil, the total efforts among various governmental, non-governmental institutions and researchers produced the map of the “Priority Areas for Conservation, Sustainable Use and Benefit Sharing of the Brazilian Biodiversity” (MMA/SBF, 2004). This work defines as priority conservation areas nine hundred regions that represent the Brazilian biomes. The identification of those priorities in macroregional scale is a fundamental step in the effort towards the Brazilian biodiversi- [email protected] Technical – Scientific Articles 189 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha ty conservation, guiding decisions that can be translated into concrete actions. oretical principles originated in the landscape ecology, associated with techniques for interpretation of remote sensoring photos and images. It is also founded on intensive field works to identify the typical patterns of the remaining vegetation and land using, to correlate them with the patterns identified in the images. The identification and correlation of such patterns will be discussed as potential tools for the selection of priority areas under conditions of fragmented landscapes. Due to the country’s dimensions and the wide goals of that work, the mapping was produced in a small scale and each mapped unit represents vast territory surfaces. For the typical landscapes in the meridional Brazil, composed of mosaics of human land using and fragmented natural ecosystems, agrarian system founded on private property and intensive use of resources, this mapping is valid as an indication of priority regions, but very generic for the definition of conservation areas in the landscape scale. It is necessary to refine this approach in order to define priorities in the landscape scale, in which decisions are taken towards the management or conservation of those priority areas, which are responsible for sheltering a significant portion of the Brazilian biodiversity (Ribon et al., 2003; MMA/SBF, 2004; Rambaldi & Oliveira, 2005). Thus, the purpose of this work was to develop a simplified model in a SIG environment, founded in the landscape analysis, and explore its potential application to: a) Identify, map and classify remaining landscapes; b) Define priority areas for conservation in the landscape scale: c) Test the model’s efficacy in the identification of areas with previously known occurrence of fauna and flora species used as a control reference. There are several methods for the selection of priority areas, where most of the strategies discussed in literature are directed to vast natural areas, still hardly exploited by anthropic activities (e.g. Soulé & Terborgh, 1999; Margules & Pressey 2000; Groves et al., 2002; Wiersma & Urban, 2005), despite the exceptions (e.g. Prendergast et al., 1999; Poaini et al; 2001 Rothley et al., 2004). The implementation of actions for the conservation of Brazilian fragmented landscapes requires, therefore, a pragmatic model, however scientifically founded, in order to define priority areas in local scale. With a view to contributing towards this reference, this paper presents a model developed in the SIG environment (Geographic Information System), founded on the analysis of the regional landscape for the selection of priority areas aiming at the biodiversity conservation. This model involves procedures to identify and map remaining units of natural vegetation and the classification of priorities to preserve such units, defined from the interpretation of landscape ecological integrity indicators. The proposed method is founded on the- Technical – Scientific Articles The concepts and presuppositions of this model were explored in the analysis of biodiversity conservation expressed in the remaining landscapes of Campos Gerais in the state of Paraná. At first, methods available in literature were discussed for the selection of priority areas, followed by the presentation of methodological procedures to identify priority areas and their theoretical foundation. After that, the results of the application of the model to the study area were discussed and considerations were created about the operationalization of the model’s parameters, their main limitations and the potential for the selection of priority conservation areas in fragmented landscapes. SELECTION OF PRIORITY AREAS FOR CONSERVATION The definition of priority areas for the biodiversity conservation has gained a considerable attention in the scientific literature produced in the last decades (e.g. Diamond, 190 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 1975; Pickett et al.,1978; Baker, 1989; Franklin, 1993; Prendergast et al., 1999; Margules & Pressey 2000; Van Langevelde, 2000; Pressey & Cowling 2001; Groves et al., 2002; Rothley et al., 2004; Newburn et al., 2005; Wiersma & Urban, 2005). Applications derived from the island biogeography theory (MacArthur & Wilson, 1967), were widely discussed for the formulation of reserves outline rules. With the development of new theories (e.g. landscape ecology and theory of metapopulations), approaches based on this theory have become less important as the main model (Franklin, 1993; Forman, 1995). species in the long-run (Margules & Pressey, 2000). In order to analyze the probability of persistence, the Population Viability Analysis (PVA) and the Minimum Viable Population (MVP) are tools with growing applications and discussion in literature (Reed et al., 2002). The utilization of spatially explicit models, that means, with the inclusion of the geographic and temporal location of components considered important for the population dynamics in the model structure, presents a vast potential (e.g. McKelvey et al., 1993; Lamberson et al., 1994; Kautz & Cox, 2001). A common characteristic of those models is the need of an adequate base over the species’ and populations’ biology and distribution. Particularly, spatially explicit models need a large amount of information (e.g. distribution and quality of habitats, demographic data about specific habitats, species autoecology, dispersion patterns and movement rules), rarely available (Menon et al., 2001; Reed et al., 2002). When the data are insufficient, the selection of areas can be established based on collected data for one or few taxons considered as indicators, in the expectation that those areas also concentrate a large number of other taxons. Originated in the modern Conservation Biology, several models and algorithms, based mainly on the distribution of taxons and species, have been proposed as guidelines for the selection of areas and the revision of the existing protected areas systems. When comprehensive data are available, it’s possible to determine areas with high concentration of species or taxons, high endemic rates and/or high concentration of rare, endemic or endangered species. The Gap Analysis, which means, the cartographic superposition of the distribution of indicator species and types of vegetation with the existing network of protected areas has been emphasized (Scott et al, 1993; Jennings et al., 2000). Despite constant innovations (e.g. Van Langevelde, 2000; Wiersma & Urban, 2005; Newburn et al., 2005), the application of those methods presents significant practical limitations (Franklin, 1993; Prendergast et al., 1999; Poiani et al., 2000; Menon, 2001), in a particular way for the tropical regions with high diversity rates, insufficient resources and rapid transformation of the natural landscapes. Before the rapid and irreversible biodiversity loss, alternative and pragmatic methods are necessary in order to identify priority areas for inventory and protection purposes (Prendergast et al. 1999; Menon et al., 2001; Grooves at al., 2001). The definition of priority areas for conservation in regions with incomplete biologic information constitutes a challenge for the science (Poiani et al., 2001). The presupposition of those approaches is that the best conservation way is through the maintenance of favorable environmental conditions for species, individual taxons or their groupings. As a last alternative, the efficiency of biodiversity conservation can only be measured through the monitoring of specific taxons (Haufler, 1999). A natural refinement of such approaches is the mapping of the genetic diversity existing between individuals and populations. The presence of rare or privative alleles in small populations may be extremely important for the conservation of genetically weakened populations. Besides meeting purposes of ecological representativeness, an effective system of protected areas must observe the persistence of Technical – Scientific Articles The approaches for conservation and manage- 191 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha ment of natural resources are improved in response to the advancements in the comprehension of ecological and biologic systems. Mechanisms and processes that rule biodiversity in the various organization levels (genetic, habitats, ecosystems, and landscapes) operate in a variety of spatial and temporal scales (Levin, 1992; Forman, 1995; Noss, 1996; Hobbs, 1998; Wiens, 1999; Poiani, 2000). Each level of the complex hierarchic organization exhibits characteristic composition, structure and functions. As a result, the current recommendations on conservation are focused on the need of maintenance of the pattern dynamics and ecological processes that occur in multiple scales and support biodiversity and the natural systems on which they depend. METHOD Study Area: Campos Gerais The Campos Gerais take the Eastern portion of the Second Plateau of the State of Paraná, on the reverse of the Devonian Scarp, a topographic tread that separates the prairie region of this Plateau from the forests situated in the First Plateau (FIGURE 1). In the Scarp, the maximum altitudes reach 1,250 m, being reduced westwards and northwestwards up to 750 m in the main rivers’ valleys. The expression “Campos Gerais do Paraná” was consecrated by Maack (1968), as a natural phytogeographic zone, with low prairies associated with riparian forests and isolated forest patches (capões) with the remarkable presence of Araucaria angustifolia. Such definition integrates phytogeographic and geomorphologic criteria, which express the rocks’ geologic structure and nature, responsible for shallow and sandy, little fertile soils that favor the prairie vegetation (Melo, 2002). Thus, complementary strategies for the selection of priority areas have been based on the distribution of habitats, ecosystems or landscapes (Franklin, 1993; With, 1999; Bennett, 1999; Poiani et al., 2000; 2001; Menon et al., 2001). The basic presupposition is, if the variation of the ecological conditions of a certain region is preserved, most of the species and their complex interactions will also be preserved. An integrated approach of landscape (Bennett, 1999) is particularly relevant in regions with fragmented natural landscapes with: a) insufficient natural reserves; b) intensive use of lands; c) growing pressure on the use of resources; d) insufficient biodiversity knowledge. The prairies are relictual formations of semiarid climate associated with the dynamic climatic alternation process during the Quaternary and constitute the State’s oldest vegetation forms (Maack, 1968; Klein & Hatschbach, 1971). It is about, therefore, a region with a great diversity of species and situated in a contact zone among different phytoecological regions of the Atlantic Forest and the Savanna Biomes, and Ecological Tension areas among such formations (IBGE, 2004). In a flower survey at the Vila Velha State Park– PEVV, Cervi & Hatschbach (1990) reported the occurrence of twenty-three rare and/or endemic vegetal species. Among the mammals typical from the regional fauna are the Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus), the Giant Anteater (Mirmecophaga tridactyla) and the Cougar (Puma concolor). Surveys of the Campos Gerais’ biological diversity are, however, rather restrict. The PEVV (3,200 ha) is the only relatively expressive protected area in this ecosystem. The establishment of integrated protected areas systems has been emphasized, provided that the protected areas in fragmented natural landscapes are usually limited to relatively small, isolated units surrounded by quite often inhospitable mosaics of land uses. The purpose of an integrated protected areas system, under such conditions, shall include the representativeness of species or ecosystems within the regional ambit, promote the persistence of those targets in the long-run and the maintenance of favorable supporting conditions for biodiversity, ecological processes and evolution (Rothley et al., 2004; Margules & Pressey, 2000). Technical – Scientific Articles As a study area, a reference for the model development for the priority areas selection, the region comprised by the Areas MA 717, MA 192 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 finition of priority areas in the landscape scale requires a compatible detailing. Brazil Thus, from this macro-regional priority reference, it was applied the model to define priority areas for conservation in the landscape scale. The study limits were defined so as to include the Vila Velha State Park and the regional context in which the Park is inserted, observing its Buffer Zone, the draining bays and the original distribution of the Woody Grassland Steppe. The western, northern and southern limits were defined by geographic coordinates in order to comprise the western extension of the Campos Gerais and the natural passages formed by the vast regional hydrographic system; the eastern limit was defined by the Devonian Scarp (FIGURE 1). The study area is considered as the Regional Matrix for the landscape analysis (Forman 1995; Forman and Godron, 1986) and comprises 3,422 km2, corresponding to 18% of the total surface of Campos Gerais (19,060 km2). Inserted in the Woody Grassland Steppe formation, part of the phytoecological region of the Atlantic Forest Biome (IBGE, 2004), the vegetation cover of this polygon is predominantly herbaceous and the prairies grant a typical and decisive phytophysionomic aspect to the region. Taking distinct positions in the landscape, there are alluvial systems and elements of the Mixed Ombrophilous Forest, dominated by the pinheiro-do-paraná (Paraná Pine-Araucaria angustifolia). Figure 1: Situation map of Campos Gerais in the State of Paraná (adapted from Maack, 1968) and study area (Regional Matrix) Mapping and Classification of Remaining Landscapes 718, and MA 720 mapped respectively as “High Priority, Very High Priority and Extremely High Priority” for the Conservation of the Brazil’s Biodiversity (MMA/SBF, 2004) was chosen. This region was also identified as one of the 66 “Áreas Valiosas de Pastizal en las Pampas y Campos de Argentina, Uruguay and Sur de Brasil” (Bilenca & Minarro, 2004) and as priority for the implementation of protected areas in the survey of the Campos Gerais’ Natural Patrimony (Melo, 2002). The indication of priority areas in such works is comprehensive, and the de- Technical – Scientific Articles For this work, at first, available information about the landscape’s component systems, topographic, geology, soils and vegetation maps (scale 1:600.000), aerial photos from 1952, 1962 and 1980 (scales 1:25,000 and 1:70,000) and LANDSAT TM5 images from 1990 and 1994 were collected and analyzed. Geological and geomorphologic information, hydrograhy, natural vegetation, pedology, agricultural aptitude, production and land management systems information were col- 193 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha lected and analyzed. This inventory constituted the basic reference for the subsequent analyses. total extension of the remaining surfaces, grouping, thus, distinct types of contiguous natural vegetation into the same landscape unit, by virtue of the work scale and extension and the LANDSAT image pixel. The surfaces larger than 40 hectares were considered as minimum areas able to be mapped, corresponding to a unit of 0.4 cm2 in the scale 1:100,000. In order to help in this task, it was used the composition that includes the panchromatic band of the LANDSAT 7 image, with a spatial resolution of 15x15m. The main highways and the railroad system were considered as obstacles for the movement of wild species and natural flows in the landscape and, therefore, used as a criterion to delimit remaining units. Two LANDSAT 7 ETM+ images, from September 2000 were georeferenced and used in the composition of the Regional Matrix. The identification of the remaining landscapes was obtained through image interpretation combining: a) non-supervised digital classification (Jensen, 1996) and b) visual landscape interpretation (Antrop 2000; Zonneveld, 1995; Grifith et al., 1995). The algorithm ISODATA was used to analyze the Erdas/Imagine program (v. 8.4) groupings for the digital classification. Thus, a map of land use and remaining natural vegetation was produced in matrix format (raster), used as an information plan in the SIG environment. The units of remaining landscape obtained through that means were classified into four categories, according to the typical patterns of the Campos Gerais’ formations of natural vegetation (Klein & Hatschbach, 1971; Cervi & Hatschbach, 1990; Moro et al., 1996;Moro, 2001) as follows: a) Native Prairies; b) Araucaria Forests; c) Mixed Riparian Systems; and, d) Alluvial Surfaces, as a result of the vegetation typology predominant in the mapped unit. The remaining native vegetation areas were manually outlined in the SIG environment (ArcView - v. 3.2), from the visual interpretation of the land use patterns, directly in the LANDSAT image, comparing the image patterns with the resulting digital classification. When both classifications corresponded, the mapping unit was defined. When the results were not corresponding, aerial photos and information available in the inventory were used, in the attempt to interpret the correct pattern. When there were still doubts, the pattern obtained through digital classification was used. Identification of Priority Areas for Conservation in the Regional Matrix To each remaining polygon mapped, the Conservation Priority (CP) was determined through the combination of five criteria considered as Indicators of the Landscape’s Ecological and Structure Integrity (Forman, 1995; McGarigal and Marks, 1995; Ritters et al. 1995; Noos, 1996; Antrop, 2000): a) Conservation Status; b) Habitat Diversity; c) Fragment Context; d) Area Index; and e) Nuclear Areas. Those parameters were operationalized through the individual assessment of the remaining units and quantitatively combined to determine the CP index. The value intervals for each parameter were determined in such a way to reflect the qualitative and quantitative differences existing among the units, considering equal weights in the assessment of such indicators. The visual interpretation is a non-numeric approach developed from an image’s aerial or satellite photo characteristics, observed on the computer screen or in hard copy. The visual interpretation offers an efficient method for the classification of complex and heterogeneous landscapes. Pre-processing and visual enhancement techniques for those data, available in the image digital processing softwares, are important because they can direct the interpretation, highlighting spectral responses linked to some feature of particular interest in different spectral intervals (Antrop, 2000). For the units outlining, it was considered the Technical – Scientific Articles 194 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 Conservation Status (CS): The Conservation Status represents the ecological conditions of the units of remaining landscapes, reflecting the intensity of the anthropogenic-nature activities (disorders or disturbances) to which they have been historically submitted. Those alterations interfere in the patterns and distinct ecological processes (e.g. populations’ dynamics, colonization and extinction rates, species succession, organic matter levels, fertility, water infiltration into soils, etc). The landscape’s management intensity presents a direct relation with the frequency of the anthropic disorders and the amount of energetic subsides necessary to its alteration and maintenance (Forman & Godron, 1986). getation patterns and associated ecological processes, when submitted to environmental disturbances (Noss, 1996). The Conservation Status was operationalized by the visual interpretation of the spectral patterns of the LANDSAT image in each polygon, relating them to the patterns typical from the regional vegetation and ecological succession, observed in field works. Those activities were founded by information available in the inventory, particularly the land use history, available by means of temporal collection of satellite photos and images. The CS index was qualitatively determined through a comparative evaluation among the units of the same vegetation class and classifying them into three categories, according to the Conservation Status. The TABLE 1 presents the reference matrix for the evaluation of the Conservation Status and determination of the CS index. The identification of fitted habitats to certain species is an important strategy to identify priority areas when information about species are not enough (Poiani et al., 2001). Higher CS indexes must indicate a better capacity to support and maintain a community of organisms with species composition, functional organization and resilience comparable to the natural habitats typical from the eco-region. A remaining unit’s CS index reflects, thus, the quality of its habitats and indicates the capacity to recover the structure, the ve- Habitat Diversity (HD): The habitat conservation is an essential element to any comprehensive biodiversity conservation program. High levels in the ecological hierarchy, like habitats or ecosystems, do not present the biological accuracy provided by individual TABLE 1: Matrix for evaluation of the remaining landscapes’ Conservation Status, based on the interpretation of patterns through satellite images, aerial photos and correspondence with field-evaluated vegetation patterns. Remaining Landscape Native Prairies Lands Use History and Management Intensity Correspondence of native vegetation patterns with the management intensity and anthropic disorders Conservation Status Index CS Never cultivated Phytophysionomic pattern typical of prairie vegetation with good vegetation coverage and with no apparent erosion. Suitable 3 Never cultivated; Previous excessive pasture Reasonable vegetation coverage with exposed soil spots or erosion. Predominance of native species. Areas under recovery from previous intensive pasture. Reasonable 2 Previously cultivated area (>20 years) or currently under excessive pasture Defective vegetation coverage with frequent exposed soil spots and erosion. Presence of introduced and/or invading native and exotic species. Degraded 1 Continues Technical – Scientific Articles 195 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha Continuation TABLE 1 Remaining Landscape Forest Patches and Riparian Forests with Araucaria Humid Areas Lands Use History and Management Intensity Correspondence of native vegetation patterns with the management intensity and anthropic disorders Conservation Status Index CS Never submitted to clear-cut; Few patterns with signs of selective extraction (> 50 years) Primary Forest (with the presence of advanced Secondary). Forest Patches and Forest dominated by Araucaria with a typical phytophysionomic pattern. Primary Forest 3 Evident patterns of selective extraction or old clear-cut (> 50 years) Advanced Secondary Forest. Forest Patches and Forests with the presence of Araucaria and typical phytophysionomic pattern. Secondary Forest 2 Evident patterns of selective extraction (> 20 years) or clear-cut (>40 years) Forest under natural regeneration state. Forest Patches and Forests with the presence of Araucaria and typical phytophysionomic pattern. Capoeirão 1 Never handled or modified; without discharge of urban or industrial bays Predominance of cultivated plains and humid riparian areas without a visible anthropic modification. Predominance of native species. Suitable 3 Never handled or few evidences or anthropic action; without discharge of urban or industrial bays Cultivated plains and humid riparian areas with evidences of anthropic interference. Predominance of native species. Reasonable 3 Areas with previous anthropic activity; areas with discharge of urban or industrial watersheds Cultivated plains and humid riparian areas with signs of significant anthropic interference. Presence of introduced and invasive exotic species. Degraded 1 pose is to maintain a high biological diversity. The spatial heterogeneity of habitats contributes to a better capacity of resistance to anthropic or natural disturbances (Meffe & Carrol, 1997; Tilman et al., 2006). The diversity among habitats (Beta diversity) may not be as important to the definition of conservation as the Alpha diversity, the habitats’ internal diversity (Wiersma & Urban, 2004). According to Margules et al. (1994), the selection founded on the habitats diversity can be more efficient than that founded on the species survey. species, but present other advantages as a biodiversity reference. Such levels integrate the ecological processes that contribute to the ecosystems’ functionality maintenance and there are clear evidences that environmental variables are functional indicators of spatial distribution of species (Franklin, 1993; Margules & Pressey, 2000). The information in such hierarchic levels can be acquired through aerial images and photographs, founded on field works for the comparison of patterns through images and in-field comparison. The vegetation structure and composition characteristics affect the interaction in the level of species and are determinant factors to the regional biodiversity (Franklin, 1993). Spatially and temporally heterogeneous natural areas are usually superior to homogeneous areas for conservation, when the pur- Technical – Scientific Articles The remaining units were outlined in a continuous manner, comprising different types of natural vegetation (Riparian Forests, Forest Patches, Rupicolous Formations, Dry Prairies, Humid Prairies and Cultivated 196 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 Plains), corresponding to habitats for distinct species inserted in the same remaining surface mapped. The HD Index was directly obtained through the identification of natural vegetation different formations inserted in the individuals units mapped and, thus, units with a higher number of habitats were assigned with higher Indexes. The TABLE 2 presents the reference matrix to determine the HD Index. gion. The combination of contexts formed by urban, suburban, industrial or handled areas for intensive and/or familiar agriculture, reforestation and pastures, represents different intervention potentials in the natural ecological processes, considering since invading plants and domesticated animals, large monocultures, until severe contamination cases (Franklin, 1993; Forman, 1995; Meffe & Carroll, 1997). TABLE 2: Matrix for determination of the Habitat Diversity Index (HD) Modifications in the ecological flows may provoke alterations in the vegetation’s structure, soil coverage, nutrient levels and microclimatic characteristics, which may occasionally favor some species, but can also lead to decrease of some populations or local extinction of others. Isolated fragments in the middle of intensive anthropic activities are more susceptible to the antagonistic effects for its conservation and to the persistence of species in the matrix than the units situated in contexts with the predominance of remaining areas. Once isolated, remaining habitats may start a continuous transformation process and deleterious effects may suffer feedback, enhancing degradation processes (Margules & Pressey, 2000). Number of types of vegetation formation identified in the mapped unit1 6 5 4 3 2 1 Habitat Diversity Index (HD) 3 2.5 2 1.5 1 0.5 Where::1 Native Prairies, Humid Prairies, Cultivated Plains, Forest Patches, Riparian Forests, Rupicolous Formations Fragment Context (FC): The biodiversity in fragments is influenced by the unit’s internal biological dynamics and the context in which each unit of remaining landscape is inserted, considering multiple analysis scales. The ecological processes in remaining landscapes are extremely dynamics, with extensive movement of plants and animals, sediment transportation and energy flows, directly interlinked to each fragment’s surrounding re- The FC Index was determined from the identification of the land use systems around each mapped unit, aided by digital classification and the information available in the Inventory, taking into account the potential positive and/or negative effects of the production systems adjacent to the units. The TABLE 3 presents the reference matrix for this evaluation. Thus, for example, a remaining TABLE 3: Matrix for the definition of the Fragment Context Index Land Use System Around the Remaining Unit Percentage of the Land Use Systems 0 – 25% -0.5 -0.5 -0.3 -0.2 0.5 Urban/ Suburban/Industrial Intensive Agriculture Familiar Agriculture Reforestation (Pinus/Eucaliptus) Remnants of natural vegetation Technical – Scientific Articles 197 26 – 50% -1.0 -0.8 -0.5 - 0.4 1.0 51 – 75% -1.5 -1.2 -0.8 - 0.7 1.5 76 -100% -2.0 -1.5 -1.2 -1.0 2.0 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha unit with 75% of its surroundings with intensive agriculture (Index = -1.2) and 25% of remaining areas (Index = 0.5), will have a FC Index equal to –0.7. the “Average Area”, to the average area of all the mapped units. The AR was normalized by the root function of the quotient between each unit’s area and the average area, creating, thus, a continuous index proportional to each unit’s size. Area Index (AI): A landscape unit area is the most useful landscape’s structure metrics and with the fundamental ecological content directly associated (McGarigal & Marks, 1995, Riitters et al., 1995). Vaster natural vegetation surfaces comprise larger and more practicable populations, particularly internal species or species that need a great territorial extension, offer a higher resources availability and habitat diversity, favor the conservation of ecological processes and provide larger and less modified core areas. Smaller areas can be important as passages and stepping stones in the dispersal of species throughout the landscape, besides providing habitats for edge species (Forman, 1995; Carroll & Meffe, 1997; Poiani, 2001). Nuclear Area Index (NA): High values of the area/perimeter ratio imply a high percentage of remaining habitats situated in the edge area; consequently, the limits and the reserve edge areas are critical factors to the protection of inside habitats. The core area is directly affected by the quantity of edges in a remaining unit; thus, a unit may have a sufficient surface for the occurrence of a certain species, but may not contain sufficient core areas. For ecological processes and species exclusive of internal portions, or affected in the opposite way by the edge effect, the Nuclear Area may be a better indicator of habitat quality than the Area Index (McGarigal & Marks, 1995). On the other hand, factors like easiness of infestation by exotic species, the entry of nutrients and pollutants from the surrounding region and modifications in the environmental conditions that regulate ecological processes in local scale, are more likely to occur and cause negative impacts in smaller areas. Small habitats are more susceptible to transformations in the case of catastrophic events, present a higher genetic vulnerability and lower chances of persistence in the long-run (Meffe & Carroll, 1997; Hobbs, 1998). The reduction of the fragment sizes in natural prairies may result in a reduction of the richness and density of characteristic species of such environments, starting from the fragments’ edges and going inwards (Kiviniemu et al., 2002). The Nuclear Area, in this work, corresponds to the area of the polygon internally formed from the distance of a hundred meters away from the limits of each remaining unit mapped. This data was obtained in SIG operation, so as to include the edge effect in the evaluation system. The Nuclear Area of each unit mapped was directly obtained from the SIG’s database. The Nuclear Area Index (AI) was obtained through the following equation: NA = (Nuclear Area /Average Nuclear Area)1/2 The Nuclear Area corresponds to the core are of each remaining unit mapped directly obtained from the SIG system’s database and the “Average Nuclear Area”, to the average between the core areas of all the mapped units. The NA was normalized by the root function of the quotient between each unit’s core area and the average nuclear area, creating, thus, a continuous index proportional to each unit’s size. The Area Index (AI) was obtained through the following equation: AR = (Area/Average Area)1/2 In the equation, “Area” corresponds to the area of each remaining unit mapped directly obtained from the SIG system’s database and Technical – Scientific Articles 198 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 The available occurrence data for such taxons have been mapped and inserted in the SIG environment for analysis of the correspondence between the occurrence areas, the remaining areas and the respective priority categories. The model presented can be considered as effective if the occurrence areas for the species above are inserted in the remaining units mapped in the Very High Priority categories. The correlation matrix between the variables was also produced, in order to identify the possible colinearity between the indexes and their correlation with the final result expressed by the CP. Conservation Priority Index (CP) The five indexes above were combined in the SIG environment in order to produce Conservation Priority Index (CP) for each mapped unit, through the following equation: CP = (CS, HD, FC, AR, NA) From the CP Index, the units mapped were classified into three regional priority categories: Very High, High and Medium. The CP values to determine the intervals of priority categories were defined so as to evenly distribute the total remaining surface among the three priority classes. It was also obtained the mapping of such units’ geographic distribution. RESULTS AND DISCUSSION Remaining Landscape Units 245 remaining landscape units have been mapped (FIGURE 2), totaling 105,066 ha, which corresponds to 30.7% of the total surface of the Regional Matrix analyzed (342,211 ha). The maximum and minimum areas mapped were respectively 13,561 and 40 ha; the average area of the remaining units is equal to 428.8 ha (TABLE 4). Among them, 51 units have been mapped as Native Prairies, 116 as Forests and Riparian Forests with Araucaria, 72 as Mixed Riparian Forests and six as Mixed Alluvial Forests. The matrix also includes reforestation activities, intensive agriculture, familiar agriculture areas and areas with urban-industrial occupation, totaling 237,145 ha (69.3% of the total surface). Model’s Efficacy Evaluation As a means to evaluate the model’s efficacy, a comparative analysis was performed between the conservation priority results found and the occurrence areas known in the Regional Matrix of new, rare and endemic Fish species (Characidae), Amphibians (Leptodactylidae), Lepidopters, Amarantaceae, Bromeliaceae, Cactaceae and Eriocaulaceae (Cervi and Hatschbach, 1990; Moro 2001; Artoni and Almeida, 2001; Estreiechen & Moro, 2003; Paraná, 2004; Polatti, 2005); and the Maned Wolf’s (Chrysocyon brachyurus) occurrence areas, mapped by Pontes Filho et al. (1997; 1999). TABLE 4: Remaining Landscape Units in the Regional Matrix (data from 2000) Remaining Landscape Units (LUs) Native Prairies No. of Mapped Units Total Area (ha) Total Area (%) Core Area (ha) Average Area (ha) Smaller Area (ha) Larger Area (ha) Number of LUs >429 ha Number of LUs >1.000 ha 51 51,332 48.9 30,839 1,006.5 43 13,561 19 13 Technical – Scientific Articles Forests and Riparian Forests 116 21,033 20.0 7,957 181.3 40 2,362 6 2 199 Mixed Riparian Forests 72 21,054 20.0 7,332 292.4 41 3,883 13 3 Mixed Alluvial Forests 6 11,647 11.1 5,362 1,941.2 94 5,113 4 3 Total 245 105,066 100 51,490 428.8 42 21 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha Figure 2: Priority areas for conservation in the regional matrix Among the 245 remaining landscape units, only 42 (17%) have an area larger than the average area, totaling 76,620 hectares (73% of the total remaining area) and, among them, only 21 (9%) present an area larger than one thousand hectares, totaling 63,031 hectares (60% of the total remaining area). The total nuclear area for the remaining units is equal to 51,490 ha (49% of the total); the remaining areas situated in areas considered as edge areas, thus, sum 53,576 ha (51% of the total). The edge effect is clearly more prominent for the Forest and Riparian Forest categories Technical – Scientific Articles (62% of the remaining area) and for the Mixed Riparian Forests (65% of the remaining area), for presenting smaller and isolated areas among anthropic areas, usually native prairies transformed into agricultural areas. Those data confirm the marked alteration of the natural landscapes in the Matrix, a typical situation in the Brazil’s meridional region. The great number of remaining units mapped (245) characterizes a fragmented regional mosaic, constituted mainly by small, isolated areas (median = 119.1 ha), at least for species with a bigger difficulty of dispersion 200 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 throughout wild landscapes. The 122 areas smaller than the median sum 9,360 ha, being only 1,982 ha of core areas. This situation becomes more critical for the fact that this region is inserted in an area considered as an “Extremely High” and Very High Priority” for the Brazil’s biodiversity conservation (MMA/SBF, 2004). It is emphasized, thus, the vital need of efforts to preserve and recover those remaining areas. classes’ characteristics and the FIGURE 2 shows their spatial distribution throughout the Regional Matrix. The Remaining Landscape Units classified as Very High Priority comprise seven mapping units, with a total surface of 37,070 hectares, corresponding to 35.3% of the total remaining surface. They comprise native prairie areas associated to forest patches and riparian forests, and the alluvial plains associated to the main rivers, with the significant presence of cultivated plains and riparian environments. This category comprises remaining units with extensive surfaces (between 1,911 and 13,561 ha), with an average area equal to 5.296 ha and expressive core areas (between 1,194 and 9,433 ha). They are, therefore, subject to a lower antagonistic influence of adjacent areas (lower edge effect). The agricultural transformation process in the Regional Matrix landscapes is a relatively recent phenomenon. The analysis of aerial photos from 1952 and 1962 shows agricultural use in the forest and forest patch areas, under the burn, cultivation and rest system. Due to the low natural fertility, the agricultural use of native prairies was rare until then. The intensive cultivation occurred from the early 70’s, with the introduction of systems founded on the use of chemical inputs. The transformation of the areas with less agricultural aptitude was enabled from the 90’s, with the technological improvements provided by the direct planting system. Historically, they were submitted to a less intensive anthropic exploitation, as in the case of native prairies and humid areas, or are at more advanced ecological succession stages, in the forest-associated areas. All the mapped units in this category present high habitat diversity. The mosaic context where they are situated includes landscapes with the predominance of intensive agricultural activities, intersected by the main highway axes, which exert an unfavorable pressure on conservation. The units’ significant sectors with native prairies, situated on the Devonian Scarp’s border, present a more favorable context, adjacent to the remaining areas of Araucaria Priority Areas for Nature Conservation The Remaining Landscape Units mapped were classified into three priority categories for nature conservation: a) Very High; b) High; and c) Medium, according to the Indexes obtained and distributing the total remaining surface in an even manner into the three categories. The TABLE 5 presents the TABLE 5: Regional priority classes for nature conservation Discrimination Very High 7 37,070 35.3 5,296 1,991 13,561 1,194 9,433 Number of Units Remaining Area (ha) Remaining Area (%) Average Area (ha) Smaller Area (ha) Larger Area (ha) Smaller Nuclear Area (ha) Larger Nuclear Area (ha) Technical – Scientific Articles 201 Priority Classes High Medium 31 207 33,946 34,050 32.3 32.4 1,095.0 167.6 101 40 3,883 922 25 0.4 3,445 561 Total 245 105,066 100 429 - Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha Forests. The spatial distribution of those units allows a potential connectivity (structural and functional), when considered jointly with the other high and medium-priority remaining units. considered as priority areas for the establishment of Full-Protection Protected areas. The remaining landscape units classified as High Priority comprise 31 mapping units with a total surface of 33,946 hectares, corresponding to 32.3% of the total remaining surface. They comprise native prairies associated to forest patches and riparian forests and surfaces including mainly riparian forests, humid prairies and cultivated plains. This category comprises remaining units that present surfaces with intermediary areas (between 101 and 3,883 ha) and average area equal to 1,095 ha and submitted to a higher negative edge effect (nuclear area between 25 and 3,445 ha). They are, therefore, considered as essential areas as habitats for various species, for the maintenance of ecological processes within the landscape ambit and for the regional biodiversity conservation. They need priority attention from the society in the form of resources and collaborative strategies for: a) The effective conservation of the remaining fragments; b) ecological restoration of transformed areas; c) reestablishment and enlargement of the functional connectivity among the landscape’s elements; and d) establishment of an integrated system of protected areas (SEE FIGURE 3). Those units are also They present differentiated combinations of characteristics more or less favorable to con- Figure 3: Detail of remaining landscape (central region of the image) with a higher conservation priority index in the Regional Matrix and adjacent units with very high, high and medium priority. In order to magnify the Matrix conservation potential, these images show: a) recovery of gaps existing in this unit, situated north and east of the Vila Velha State Park; b) functional connection among the remaining units; c) establishment of an integrated system (mosaic) of protected areas (including indirect-use Pas); d) landscape management program for the territory management with a higher regional biodiversity conservation potential. Technical – Scientific Articles 202 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 servation: high diversity of vegetation types (habitats), areas submitted to anthropic exploitation under diverse intensities or at intermediate or advanced ecological succession stages. The mosaic context where they are situated includes intensive agriculture landscapes, familiar agriculture, reforestation and remaining areas. The proximity to highway axes also exerts a strong unfavorable pressure on conservation. ly agricultural or urban-suburban-industrial context, which exert a strong unfavorable pressure on conservation. Those Units assume a medium regional importance to the maintenance of landscape’s structural connectivity, and a local importance as Legal Reserves and Permanent Preservation Areas in rural properties. Therefore, they are essential pieces as connection elements among the areas considered as priority areas. Such units are considered as of High Relevance to the nature conservation in the Regional Matrix, for they are habitats for diverse species and for the maintenance of the landscape’s structural connectivity, which particularly applies to larger areas, under a better Conservation Status and situated in the intermediary position among Very High priority units. The spatial distribution of those units allows a potential connectivity (structural and functional), when considered jointly with the other mapped (High and Medium priority) units. They represent, thus, an important role as linking passages among remaining units. Model’s Efficacy Evaluation: Priority Areas and Occurrence of Species As a means to evaluate the efficacy of the proposed model, a comparative analysis was performed between the priority results found and the occurrence areas for new, rare and endemic species and occurrence areas of the Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus), previously identified in the Regional Matrix. All the occurrence areas for previously known new, rare or endemic species are situated in remaining units mapped as Very High Priority areas for conservation, with two exceptions: one situated in a High Priority area and another one situated in a tourist visitation area (Furnas do PEVV -PEVV’s Caves), not mapped for being smaller than the minimum area to be mapped (40 ha). The Remaining Landscape Units classified as Medium Priority comprise 207 mapping units, with a total surface of 34,050 hectares, corresponding to 32.4% of the total surface. They comprise units in three distinct environments: Forests, Forest Patches (Capões) and Riparian Forests; Mixed Riparian Surfaces, including riparian forests, humid prairies and cultivated plains; and native prairies. This category comprises units with smaller surfaces (between 40 and 922 ha), average area of 166 ha and little expressive core areas (between 0.4 and 561 ha), with a clear predominance (66%) of edge habitats. The seven occurrence areas of the Maned Wolf mapped in the Matrix coincide with the mapped remaining areas. Among them, three are inserted in remaining units, classified as Very High and High Priority. Other two occurrence areas are inserted in contexts of High and Very High-priority units, also including transformed areas. Such fact may indicate a low availability of remaining habitats for this species and the use of those of lower quality as supplemental areas or as dispersion routes. On the other hand, two occurrence areas comprise units mapped as Medium Priority, besides including significant portions of landscapes transformed for agricultural use. They present differentiated combinations of characteristics less favorable to conservation: native prairies and humid areas submitted to a more intensive anthropic exploitation or forests and riparian forests at intermediate ecological succession stages and a smaller diversity of vegetation types (habitats). They are situated in landscapes with predominant- Technical – Scientific Articles This contradiction with the model can be explained by the relatively recent fragmentation 203 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha in such areas, enhanced from the 90’s. The Maned Wolf occurrence mapping works were performed between 1994 and 1999. Therefore, the fragmentation occurred within this time range contributed to a lower conservation index of those units in the model (developed over the image from 2000). The occurrence areas can also include several small humid remaining areas, smaller than the minimum area to be mapped, which may be used as supplemental habitats. of complex and heterogeneous landscapes (Antrop, 2000). Such approach is suitable to the analysis of fragmented tropical and subtropical landscapes that present a high spatial and temporal variability. It requires, however, an intensive work for manual outlining and a vast knowledge of the regional mosaic in order to interpret images. The digital classification is recommended in the analysis of large areas or areas with a better spatial resolution. For smaller areas, it is necessary a higher detailing level. However, the visual interpretation of aerial images and photos with a better spatial resolution is more suitable. The fact that those places are inserted among Very High Priority areas (not included in the Maned Wolf occurrence surveys) can also contribute to the species’ occurrence in those two areas. Another common factor of the maned wolf’s occurrence areas is the high Habitat Diversity Index (HD) of the mapping units, including mainly cultivated plains and humid areas. The presence of diverse habitats is certainly an important indicator of preferential areas for the maned wolf in fragmented environments, for making available different resources in the territory in different times of the year. The Conservation Status (CS) also showed to be a good indicator of occurrence for this species. Images with a better spatial resolution (e.g. IRS, IKONOS) may, evidently, provide more consistent results and an easier interpretation. The following factors are considered as fundamental in the visual interpretation of images and in the polygon outlining: a) previous knowledge of the lands’ use and management systems and the natural vegetation phytophysionomic characteristics; b) interpretation of different land use categories spectral response in the LANDSAT image; c) complementary data available in the inventory, particularly those related to the analysis of the lands’ use system evolution in the Matrix through the temporal collection of aerial images and photos; and d) associations among those factors and image elements already identified or previously known. Those data confirm the proposed model’s potential for the definition of priority areas. The effective conservation of those units can ensure the habitat maintenance for species occurring in the Matrix. Strategies for the effective interconnection of those units, including in this new reservation scheme, High and Medium Priority units, may provide more favorable structural improvements for the Matrix conservation than the current isolated unit distribution. Smaller areas may, thus, perform an important role as auxiliary areas for dispersion or as linking passages among the most significant areas. Like every work in the SIG environment, the digital base construction requires intensive works, where this is a method-limiting factor. The performance of the polygon outlining task is, in particular, extremely laborious. However, coherent criteria are produced for the subsequent interpretation and definition of the Conservation Status parameters, habitat diversity and fragment context, as previously discussed. The constitution of a georeferenced digital cartographic base and the respective database constitutes the potential base for various environmental studies, including landscape planning and management, environmental monitoring, and definition of priority areas for conservation. Considerations about the Proposed Model Identification of Remaining Landscapes: The visual interpretation of images is founded on holistic perception properties and offers an efficient method for the classification Technical – Scientific Articles 204 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 The NA index was operationalized considering an only 100-m band from the boundaries of the remaining units. When consistent data about the edge effects are available, this index can be operationalized considering distinct intervals as limits (e.g. fifty, a hundred, two hundred meters), variables for each formation of natural vegetation. Information about the edge effect for the Brazilian biomes starts to be more widely discussed and can be considered in the definition of edge effect intervals. Parameters for the Definition of Priority Areas: The validity of a model’s results depends on its structure adequacy, on the parameters used and defined values. The structure of the presented model, as well as the construction of the indexes used, are simple and direct, and has produced results considered as satisfactory, when compared to the known distribution of species through the Regional Matrix, used as a control. The index values were defined in such a way to establish a balance among the parameters, and the criterion to separate the CP index into three categories per equivalent remaining surface is justified for defining categories of priority areas. Different arrangements between values and intervals can be assigned to the same parameters, due to the regional ecological characteristics considered as important. The HD Index was determined in a diligent manner, computed by the presence of typical habitats inserted in the mapped remaining unit. A more robust approach may include the number of types of vegetation present in the unit, normalized by the relative area, composing a more representative index for diversity. In such case, the variability among units will be wider than that provided by the rigid intervals used. Altitude gradients present in a unit can also be important elements of diversity differentiation, particularly in regions with a high altitude range. The analysis of the correlation between the parameters allows a consideration on the used values. The Area Index (AI) and the Nuclear Area Index (NA) presented the highest correlation with the Conservation Priority Index (r = 0.89 and 0.88, respectively; p < 0.01). Although they are highly correlated (r = 0.98), both were kept in the equation. The other indexes presented lower correlation values with the Priority Index (Conservation Status (CS): r = 0.77; Habitat Diversity (HD): r = 0.78 and Fragment Context (FC): r = 0.47; all p < 0.01). The CS index was qualitatively determined, based on the visual interpretation of patterns in the LANDSAT image. This index can be automated from indexes like NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) or another digital vegetation index. They present typical responses by virtue of the type of vegetation, the climatic conditions and the respective Conservation Status for those units. The advantage, in this case, would be the production of a continuous index in matrix format (raster) according to the Conservation Status, and not a single index defined for each unit. The use of a digital vegetation index, however, would depend on long studies to calibrate the satellite image’s digital information with environmental and temporal variations that determine the spectral response. The high weight of the area indexes (AI and NA) on the final result of CP seems to be suitable to the analyzed landscape. We start from the principle that larger protected areas can be recovered in the medium and long run. Smaller isolated areas are likely to lose important ecological characteristics within the same time interval. However, medium priority areas can perform an important role in the connection between High and Very High priority areas. They should, however, be considered in the protected area mosaic planning. Besides, small isolated areas, in the middle of agricultural areas, may contain rare species of the Regional Matrix (Paraná, 2004; Polatti, 2005). Technical – Scientific Articles The FC Index was also qualitatively determined. The combination of landscape metrics like Isolation, Contagion, Interspersion, Contrast and Conectivity, (which can be obtained from softwares like Fragstats) can pro- 205 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Carlos Hugo Rocha duce an automatic FC index. The use of metrics, however, should be careful, because the parameters to generate reliable data that represent ecological interest patterns require a qualitative interpretation of the regional landscape. A landscape’s metrics value depends on how the landscape and the observation scale have been defined (McGarigal & Marks, 1995). model, contributing to a better accuracy. The model can also contribute to direct efforts in the survey of species, for inventory or area prioritization purposes. The principles presented in this model do not establish the magnitude of responses necessary to the prediction of each parameter’s contribution to conservation. Thus, there are no interferences about the minimum area size necessary for the species conservation or about the minimum practicable population. In a similar way, the method can not provide which species can be maintained or which tend to be extinguished in the medium and long run. The discussed approach indicates that the areas categorized as Very High Priority shall be more effective for conservation than the other remaining areas. This analysis did not include a parameter related to the importance of preserving remnants situated in a water supply watershed for Ponta Grossa municipality (21 units situated in the Matrix northwest portion). It’s clear the potential of mutual benefits come from the conservation of such remnants for biodiversity and water quality. Likewise, six remaining units situated in public areas with direct use of resources could be evaluated with a different weight. In theory, at least, the conservation of those units can be more easily negotiated. While this approach presents serious limitations, the fragmentation situation in intensively managed regions requires an urgent action. The ecology of species is not sufficiently known to help in the areas identification; those studies are expensive and timeconsuming. Records of new species or new species for the region have been frequent in the last years, in parallel to the enhancement of those areas fragmentation. In such circumstances, the proposed model presents as a pragmatic potential to map and define priority areas for conservation in the landscape scale, that means, the local scale in which the conservation or management decisions are taken. Model’s Limitations and Potential: There are different methodological approaches to identify priority areas for conservation. Those approaches reflect distinct purposes and different presuppositions, quite often implicit, about the conditioning factors to be considered at the moment of implementing conservation activities. The advancements of the conservation biology science points a clear tendency that no area identification procedure or algorithm will be considered as universal or suitable to all situations (Prendergast et al. ,1999; Jennings, 2000; Grooves et al., 2001; Rothley et al., 2004). The spatial distribution of remaining priority units indicates that conservation strategies should include a system of protected areas connected with Legal Reservations and Permanent Preservation Areas in rural properties. Within this context of fragmented Regional Matrix and particular property of territory, those strategies participate in the work jointly with the rural communities, in search of alternatives for conservation, linked to territorial development strategies more compatible with conservation than the current land use system. Thus, cultural, econo- The guidelines presented in this model point to the selection of larger areas, with a more significant nuclear area, a better diversity of habitats, a better Conservation Status and situated within the context most favorable to conservation. The combination of those factors has produced a consistent model with the previously known occurrence areas of indicative species used as control reference. If data about the occurrence of species are available, they can surely be incorporated to the Technical – Scientific Articles 206 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 mic and social aspects of the mosaic should be incorporated to the scheme of effective protected area systems. about the species occurrence or relevant parameters are available (or the possibility of collecting such data), they can be incorporated to the equation, making, thus, a more robust model. The implementation of integrated systems of protected areas can provide a suitable spatial context, a configuration and connectivity for conservation of at least some species in the regional scale (Poiani, 2000). Thus, remaining units and matrixes containing remaining unit groups can be continuously arranged within a region or in various adjacent regions for the species protection with a high territorial demand, like the Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus) or the Cougar (Puma concolor). Likewise, units in several sizes can be used as habitats for migratory species like birds, insects or bats. The selection of priority areas in this model is founded on qualitative decisions influenced by the level of available knowledge about natural landscapes and land use systems in the Regional Matrix. This model reproducibility is, therefore, limited. On the other hand, the qualitative analysis is one of the most important model’s references, for producing an approach in multiple scales and identifying factors that can contribute or act in an unfavorable way to the implementation of conservation practices in the local landscape. The interdisciplinary analysis of patterns for the purpose of remnants mapping and the definition of ecological integrity indicators will certainly produce more consistent results. CONCLUSIONS The characteristics of multiple use of resources, landscape fragmentation in the study scales and importance to preserve the remaining landscapes were the reference to develop this paper. The model presented for priority areas selection in the Regional Matrix showed to be efficient for the proposed objectives. The Index construction is relatively simple and direct, producing results considered satisfactory. The mapped priority areas showed an excellent geographic correspondence with the occurrence areas for known species, used as control. The model discussed can be applied to other regions of Campos Gerais, to select units in local scale, and constitute a regional mosaic of potential areas for conservation. By principle, this methodological reference can be applied to distinct fragmented landscapes with the intensive use of lands, in wider or more restrict analysis scales, for the priority area detailing. It can also be applied to the planning of interconnected protected areas systems for a certain ecoregion, involving public and private lands. The results found in this manner allow to direct resources and conservation efforts in more promising areas. The perspective is that, from the definition of areas considered essential, integrated landscape management and conservation programs can be fostered (Rocha & Milano 1997). REFERENCES The combination of complementary parameters for the Conservation Priority Index produced a more consistent reference for the planning of protected area system than the isolated indexes or methods. Different approaches can emphasize other characteristics of landscape that are considered essential for the maintenance of standards and processes that support biodiversity. If information Technical – Scientific Articles Antrop, M. 2000. Background concepts for integrated landscape analysis. Agriculture Ecosystems & Environment. 77, 17-28. 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Technical – Scientific Articles 211 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 189-211 English Selection of Priority Areas for Conservation in Fragmented Landscapes: Case Study in Paraná State “Campos Gerais” Book Review Book Review Não verás país nenhum (You Won’t See Any Country) Ignácio de Loyola Brandão. Rio de Janeiro: Editora Global, 24ª edição (384p) ISBN: 85-260-0199-X By Ana Cristina Suzina1 world. Brandão speaks about deserts – one in the Amazon Forest’s region, for example –, of global heating, full drought, vanishing of rivers, public forests concession, the Brazilian territory internationalization, expansion of big cities, accidents with nuclear power plants, coastal cities submerged by the sea, total disappearance of the fauna and flora species, among other natural catastrophes. Throughout the narrative, it’s explicit that the immoderate use of natural resources has led to this situation and caused more poverty, more inequality and a complete social chaos. It’s clear, in the narrative, how the destruction of nature has become worse or made people’s life impossible, causing deformations, diseases and big limitations to everyday life. In the city, there are the encampments of populations that migrated from the areas where the sun kills only for staying exposed for a short time, and these large human contingents try to invade the areas where there is still food, even though developed in laboratory. The book tells about the people’s despair, the lack of perspective and a day by day life of constant privations. Imagine a city with no animals anymore, no more plants, no more rain and the rivers’ beds are all dry. Foods, beverages and even smells are artificially produced in laboratories, the wind doesn’t blow and the sun burns on the skin until disintegrating the human flesh. This is São Paulo City, as realized by Loyola Brandão in the book “Não verás país nenhum” (You Won’t See Any Country), in an exercise to take a lacerative relationship between man and nature to the highest degree. In some passages, the characters describe the foods. Since there are no more plants, because the soil is completely depleted, there is no rain, nor rivers or wind, a state-of-the-art technology was developed to produce meals that imitate the foods’ image just like we know they are, but with no flavor distinction. “The lack of smell in those foods come from ministerial industries disturbs me. Who knows how they are synthesized. If they make water from urine, see what we are going to eat. Those foods are too aseptic. They leave a plastic flavor in the throat that lasts long”, complains the protagonist The plot’s setting surprises by the anticipation, made 25 years ago. The history is developed in São Paulo, but there are constant references about the whole Brazil and other regions of the 1 Journalist, post graduated in History and Political Sociology student Book Review 212 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 212-215 while remembering the flavors of the fruits picked up at the moment at the grandfather’s yard, in his childhood. In another passage of the book, the couple goes to the street market to buy aromas and choose, among the options of aromas, rain wetting the ground, some types of plants, cow’s excrement, sidewalk washed in the summer, etc. the chainsaw and how it speeded up the deforestation process. The novel has a more descriptive rather than lively introduction, which situates the reader in this imaginary devastation time. Little by little, the story gains complexity and agility, catching the attention and curiosity for the next page. There are strong moments of emotion, thriller and adventure. The descriptions of sceneries and personage’s sensations are rich and transport the reader to this surreal and disturbing scenery. In the book, São Paulo is divided into strata formed by several categories that distinguish from one another by rights of access to parts of the city, amounts of water tickets granted per month, some types of transportation. People walk in line and can only circulate through the districts where their identifications allow. Loudspeakers announce immediate death for those who dare to go out from below the overhangs, which supposedly protect people from the intense heat. At several moments, the epopee reminds parts of the movie Matrix I, like the passage where Morpheus tells Neil that the reality in which people live does not exist and, actually, it is about an illusion projected by a technological device installed inside their minds. In the movie, Morpheus explains that in fact, the world was totally devastated by man, whom he describes as a parasite that destroyed nature, the source of his own subsistence. Loyola Brandão also depicts a scenery of technological advancements to meet the human needs – in his book, there are no devices connected to people, but the food supposedly has tranquilizing chemical elements which prevent the population from rebelling before so much inequality and poverty. There are descriptions of awkward sceneries, like the car cemetery in the big overpasses of hundreds of roads. The main character speaks about a historic time in which everybody had and wanted to have more cars, and about how they had to abandon them at a certain moment, because they could no longer maintain the vehicles in traffic. “The free-way was crowded with cars. From one wall to the other, there was no space. Under the moonlight, darkened radiators, corroded hoods, glasses cracked or covered with dust, broken headlights were seen. (...) In their immobility, they gave the feeling of speed”, describes the protagonist. Throughout the narrative, Brandão leaves up in the air a question about the possibility of that society to survive before such annoyance. The plot seems to have been emerged from the surrealism and causes a double discomfort, for the agonizing course of the protagonists and the evident list of steps our real society has already taken towards the same direction as that realized in the work. Brandão also describes facts that would have occurred in the plot’s past, like the dramatic video that shows the last Brazilian tree’s cut. The main character shares memories of his childhood, when his grandfather worked cutting trees down with an ax. He tells how it was when he saw men annihilating huge forests until getting to the forest patch that was left at the end, where all the animals were sought shelter. He tells how the men set fire to this forest patch and hunted the animals that ran away through the plain. At this moment of reminiscence, one of the most touching of the plot, the protagonist speaks about the transition from the ax to Book Review The criticism is strong, both to the political decisions made in the past prior to the scenery described by the book as well as to the people’s behavior in their relationship with nature. It is apocalyptic, because it describes an extreme situation of nature exhaustion as a whole and social chaos. But, even though, it leads to a reflection, or at least, to the question: would it be really possible? 213 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 212-215 English Book Review Book Review Valuing Ecosystem Services: Toward Better Environmental Decision-Making. Heal, G.M. et all. National Academy Press. Washington, DC, EUA 277 p. 2004. By Ricardo Y. Tsukamoto, PhD. Does nature have value? What? This is the most important definition for human society to be able to decide what to do with each of the planet’s ecosystems. However, it is a topic rarely discussed objectively, which has been postponing effective and long-lasting environmental actions around the world. mote more broad-based decision making, the National Academy of Sciences of the USA organized a review of the subject, as it traditionally does with the more important topics of science. For such, it formed a committee comprised of eleven environmental specialists that belong to different areas of knowledge – biological, exact and human. The specialists debated the various aspects of the subject extensively and concluded by elaborating this work on theoretical and practical revision. It encompasses everything from the concepts used to value the ecosystems’ products and services to the decision process. An ecosystem is not more or less important simply because it exists. To establish a value or to value an ecosystem requires the quantification of functions and services carried out by that ecosystem. Who does it carry these out for? There are two different points of view here. The first says that the values of the ecosystems and their services should be considered non-anthropocentric and that the non-human species have interests or moral rights over them. Since this is an essentially philosophical position it is practically impossible to establish a value. The second point of view, which adopts an economic concept of value, considers the anthropocentric values. This perspective permits the calculation of costs and benefits associated with eventual changes in the services provided by the ecosystem and that until recently were disregarded in the analysis. Thus, the decision to conserve and restore some ecosystems versus to continue and expand human activities in others results from a weighing of this potential conflict based on the value of each ecosystem’s services. The analyses in the book use the aquatic ecosystems and their related land environments as a model. Each marine, estuary and fresh water environment integrates an ecological and hydrological structure that includes riparian zones, terrestrial ecosystems and subterranean aquifers. Thus, the analysis always encompasses the aquatic and its related land environment. The authors of the book consider the principles and practices used to establish value for an ecosystem’s products and services to be valid, whether in aquatic or land situations, to the point where the concepts presented therein can be applied to any ecosystem. The 227 page book is divided into 9 chapters: Table of Contents; 1. Introduction; 2. The meaning of value and the use of economic value in the decision process for environmental policy; 3. Aquatic and their related land To better characterize the complex task of establishing a value for an ecosystem and pro- Book Review 214 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 212-215 English Book Review ecosystems; 4. Non-market methods to establish value; 5. Translation of ecosystem functions into value of ecosystem services: case studies; 6. Weighing, uncertainty and establishing value; 7. Establishing an ecosystem’s value: synthesis and future directions; Annexes: A, B, C and D. The subject is introduced in a didactic and linked manner, but the chapters are fully understandable if read separately because each one contains a summary, conclusions, recommendations and references. Contrasting with most books written by several authors, this work does not indicate individual authorship in the different chapters in order to emphasize the joint elaboration of the entire book by committee members. In conclusion, this innovative work appeases the incorporation of practical economic concepts for analyzing and handling ecosystems with the assistance of real examples. For most of us environmental technicians, it provides a new universe where the settings for using, protecting or restoring ecosystems are evaluated in a more understandable and agreeable way of thinking for civil society. That is why it is an indispensable reading for environmental analysts and managers. This work is available for acquisition in the USA in English as a printed book. It can also be downloaded in pdf format – for free – on the publisher’s website: http://www.nap. edu/catalog/11139.html. Book Review 215 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 212-215 Datebook Datebook 52th National Bothanical Congress Biodiversity: Conserving and Using (LVII Congresso Nacional de Botânica: “Biodiversidade: Conservação e Uso”) Organizer: Sociedade Botânica do Brasil When: 6 -10 November 2006 Where: Gramado – RS – Brazil Further information: http://www.57cnbot.com.br/default.asp 3rd International Orchid Conservation Congress Organizer: Jardim Botânico Lankester When: 19 - 23 March 2007 Where: San José – Costa Rica Further information: www.jardinbotanicolankester.org ou [email protected] Rethinking Protected Areas in Changing World Organizer: The George Wright Society Biennial conference on parks, protected areas & cultural sites When: 16-20 April 2007 Where: St Paul, Minnesota Further information: www.georgewright.org/2007.html International Congress on “Ecosystem Services in the Neotropics” (Congreso Internacional “Servicios Ecosistémicos en los Neotrópicos”) Organizer: FORECOS When: 13 - 19 November 2006 Where: Valdivia – Chile Further information: [email protected] ou www.forecos.net 1st International Biodiversity Congress: Working Together for Livelihood Security, Food Security and Ecological Security for Life on Earth When: 22 a 25 de maio de 2007 Where: Bangkok, Thailand Further information: [email protected] or [email protected] 4th Ibero-American Symposium on Environment (IV Simposio Universitario Iberoamericano sobre Medio Ambiente) Organizer: Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría (ISPJAE) When: 28 November to 1 December 2006 Where: Havana - Cuba Further information: [email protected] ou www.cujae.edu.cu First International Biodiversity Congress Organizer: Himalyan Resources Institute and the Mountain Fund When: 22 a 31 de maio de 2007 Where: Kathmandu, Nepal, Asia Further information: RAM BHANDARI, Congress Secretariat, Himalayan Resources Institute, [email protected] Regional Wetlands and Water Resources Meeting Organizer: USEPA When: 16 December 2006 Where: Kansas City, United States Further information: [email protected] 5th Brazilian Congress on Protected Áreas – International Symposium on Nature Conservation – 2nd Exhibition on Nature Conservation (V Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação – Simpósio Internacional de Áreas Protegidas – II Mostra de Conservação da Natureza) Organizer: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza When: 17 - 21 June 2007 Where: Foz do Iguaçu - Paraná State – Brazil Further information: www.fundacaoboticario.org.br International Conference on the Environment : Survival and Sustainability Organizer: Near East University When: 19 - 24 February 2007 Where: Nicosia - Northern Cyprus Further information: [email protected] or http://www.neuconference.org/ Datebook 216 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 216-217 English Datebook Landscape Continuity and Change 13th International Symposium on Society and Resource Management When: 17-21 June 2007 Where: Park City, Utah Further information: www.ISSRM2007.org The 1st European Congress of Conservation Biology (ECCB) “Diversity for Europe” When: 22 -26 August 2007 Where: Eger, Hungary Further information: ([email protected]) ou http://www.eccb2006.org 9th International Conference on the Ecology and Management of Alien Plant Invasions When: 17–21 September 2007 Where: Perth, Australia Further information: http://www.congresswest.com.au/emapi9/ or [email protected] XVI International Plant Protection Congress When: 15 -18 October 2007 Where: Scottish Exhibition & Conference Center, Glasgow, UK Further information: http://www.bcpc.org/iapps2007 7th International Symposium on Zoology (VII Simposio Internacional de Zoologia) Organizer: Instituto de Ecologia y Sistematica e Sociedad Cubana de Zoologia When: 12 - 17 November 2007 Where: Lopes de Collantes, Sancti Spiritus, Cuba Further information: daysitarb_@T_ecologia.cu Datebook 217 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 216-217 General guidelines to contribuitors General guidelines to contribuitors thods, Results, Discussion, Conclusion (space permitting and if necessary), Literature Cited. The original texts may not exceed 25 pages. GENERAL GUIDELINES TO CONTRIBUTORS OBJECTIVES GENERAL RULES Natureza & Conservação is a bilingual (Portuguese and English), biannual journal with the objectives of promoting discussions, disseminating ideas and presenting the results of scientific and technical studies regarding the conservation of nature. The scope may be local, regional, national and global. The articles should be scientific, philosophical and technical, and address themes that are pertinent to conservation biology, natural areas management and environmental ethics. There are no rules regarding the author’s background or degrees. Those wishing to publish in Natureza & Conservação, however, should keep in mind that all articles must be directly related to nature conservation. Once a manuscript is submitted, the Natureza & Conservação Editorial Committee understands that it has not been previously published nor has been submitted for consideration elsewhere. The main author is responsible for guaranteeing that the submitted manuscript has been read and approved by all co-authors, all of whom should sign a cover letter. It is also the main author’s responsibility to see that the appropriate institutions have approved the manuscript. The Editorial Council has the right to decide when the article will be published, once it has been selected for publication. The authors should maintain an original copy of the article, in case damage or loss happen. In order to effectively disseminate research on conservation issues the journal is distributed to more than 400 libraries in Brazil and in 43 other nations. This initiative of the O Boticário de Proteção à Natureza Foundation is encompassed within its mission: To promote and carry on nature conservation. SECTIONS Natureza & Conservação is divided into two sections: INSTRUCTIONS FOR CONSIDERATION OF MANUSCRIPTS Point of View: Opinions or essays that are based on scientific literature. The structure of these articles is flexible, and the only restriction applied is that the original text does not exceed 15 pages and must have abstract, key words and complete references. All manuscripts will be reviewed by at least three experts in the subject area. The Editorial Council will evaluate the merit of part or all of the manuscript. Recommendations by the reviewers will be forwarded to the main author and the Editorial Council will make the final decision for acceptance of the manuscript. Scientific and Technical Articles: to present results of scientific studies that draw on primary or secondary data (compiled, meta-analysis). These articles will have the following structure: Title, Abstract, Introduction, Objectives (which may be included within the Introduction), Material and Me- General guidelines to contribuitors Manuscript format The manuscript should be double-spaced and be written in Word for Windows version 6.0 218 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 218-220 or newer, formatted on A4 sized paper, in the font Times New Roman, size 12 for the text, and 10 for the Literature Cited, and Table and Figure legends. The text should have one space between all words, never separating syllables. Do not use TAB or spaces between paragraphs. Do not use bold or underline. Use italics only for scientific names or for words in Latin, or words in a language other than that used in the manuscript. Mail four printed copies and an electronic version in floppy disk or cd-rom, or e-mail an electronic version (attaching the article in rich text format, with the “rtf” file extension, and illustrations in “jpg” format). Words not standardized in the original language: Also in italics (for example, in Portuguese – “…estas informações encontram-se no site…”, and, in English “…pressure of the sem terra movement…”). Tables: Use Word for Windows resources for creating tables. Do not include vertical lines. Avoid abbreviations, except where they are standards for units of measure. The table legend should be preceded by the word Table and the number to which it belongs. Tables should be informative and succinct. The first mention of the table within the text should be in bold capital letters (i.e. TABLE 3), and subsequent references to the table should be in capital letters. The text may be sent in either English or Portuguese, although it is desirable for it to be submitted in both languages. Figures and Illustrations: All illustrations are Figures, and should be consecutively numbered. Figures will be placed on separate pages. If the manuscript is sent via e-mail, do not insert the figures within the text, but rather send them as separate files in format JPG, with a minimum resolution of 300 dpi. Figure legends should be placed beneath each figure, with just the first letter capitalized. The first reference to a figure should be capitalized and in bold (e.g. FIGURE 5), and subsequent references should be in capital letters. Space available for figures will depend upon the decisions of the editors and so the authors should see that the figure, and text and symbols therein, may be reduced legibly up to 50% of its original size. Authors should avoid duplication of information between figures and tables, as well as avoiding the use of irrelevant information (e.g. non-significant digits). Photographs (black and white) should be sharp, clearly demonstrating the details of interest, and include a reference scale for distance or measures. Title: It should be concise and informative, with a maximum of 15 words. Only the first word should be capitalized. The subtitles included within the text should be in Caps only, not numbered nor in bold, and left aligned. Authors: The manuscript should have a title page that includes the title of the article, the names of the authors, the title of the authors and the institution(s) where the author(s) belong(s). The main author’s full mailing address should be included (where correspondence will be sent), including e-mail. Acknowledgements should be included on this page, space permitting. Abstract: an abstract should accompany the text, be informative of the main ideas of the manuscript, written with single line spacing, in the form of one paragraph that should not exceed 200 words. Key words should be provided at the end of the abstract. Units of measurement: All units will follow the metric system. Sources and bibliography: References within the text should include the author’s last name and the publication year. Examples: Númenor (1980); (Númenor & Yergos, 1990); Yergos et al. (1986). If there is more than one publication by the same author, they should be separated by letters when in the same year: Scientific names: in italics (for example, Great Fregatebird Fregata ariel), whenever possible followed by the common name, the first time it is stated in the text. General guidelines to contribuitors 219 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 218-220 English General guidelines to contribuitors General guidelines to contribuitors Yergos (1976a, 1976b). Multiple citation should be separated by semicolon (Fernandez, 2004; Smith, 2001; Klaus & Herbert, 2003). Avoid the use of literature cited through a non-original source. If this is unavoidable, the reference should include apud, as in Silva, 1980 apud Yergos, 1981. For Personal communication use: Olmos (2005, pers. com.). Text transcription should be presented in italics, between quotation marks, and should be cited the original text’s reference and page number. Equations should be typed using the Winword’s equation editor, and all symbols should be explained in the text. Avoid footnotes. Manuscripts in press may be cited as (Yergos, in press). In the Literature Cited section, papers should be in alphabetical order, presented as in the following examples: ta de planalto de Piracicaba, SP. Rev. Bras. Biol. 57: 47-60. Rolston III, H. 2000. Intrinsic values in nature. In: Milano, M. S.; Theulen, V. (orgs.). II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Anais, V. I, Conferências e Palestras, Campo Grande. Pp. 76-84. Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação / Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. Campo Grande. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 1989. Lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçada de extinção. Portaria no 1522, publicada no Diário Oficial da União de 19 de dezembro de 1989. Runte, Alfred. Why National Parks? George Wright Forum. Disponível em www.georgewright.org/192runte.pdf . Acesso em 12/08/2003. Fernandez, F. A. dos S. 2000. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, Conservação da Natureza e seus heróis. UFPR / FBPN. Curitiba. Annexes and appendices: should be included only when absolutely necessary. Arabic numbering should be used (e.g. ANNEX 1), followed by its respective legend, each on a separate page. Terborgh, J. 1986. Keystone plant resources in the tropical forest. In: Soulé, M. E. (ed.). Conservation biology: the science of scarcity and diversity. Pp. 330-344. Sinauer Associates. Sunderland. Olmos, F. 1993. Birds of Serra da Capivara National Park, in the “caatinga” of north-eastern Brazil. Bird Conservation International 3 (1): 21-36. AFTER A MANUSCRIPT IS ACCEPTED: Should the manuscript be accepted for publication, the author will be notified and will have a maximum of 10 days to send a corrected version. Each author will have the right to claim five copies of Natureza & Conservação, and an article’s .pdf file. Tabanez, A. A. J.; Viana, V. M.; Dias, A. S. 1997. Conseqüência da fragmentação e do efeito de borda sobre a estrutura, diversidade e sustentabilidade de um fragmento de flores- Manuscripts should be sent to: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza Rua Gonçalves Dias, 225 Batel – 80.240-340 Curitiba - Paraná, Brazil Phone: (55 - 41) 3340-2644 – Fax: (55- 41) 3340-2635 Or by e-mail: natureza&[email protected] General guidelines to contribuitors 220 Natureza & Conservação - vol. 4 - n.2 - October 2006 - pp. 218-220 Anotações/Notes Como você pode colaborar Os valores do Boticário sempre estiveram ligados à natureza e ao respeito pelo meio ambiente. Coerente com esses valores, a empresa destina 1% do seu faturamento líquido para ações de investimento social privado, especialmente mantendo a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e apoiando seus programas e projetos de conservação da vida na Terra. Assim, quando você compra produtos da marca, está contribuindo com essas ações. Você pode participar diretamente, visitando ou atuando como voluntário na Estação Natureza, na Reserva Natural Salto Morato e fazendo contribuições específicas para outros eventos ou projetos conservacionistas da Fundação. How you can help The values of O Boticário always were linked to nature and to environmental respect. Coherent with these values, the company aplplies 1% from its net income in private social investment, specially supporting Fundação O Boticário de Proteção à Natureza and its programs and projects for the conservation of life in Earth. Then, when you buy products with O Boticário´s brand, you are contributing to those actions. You can participate directly, visiting or acting as a volunteer at Estação Natureza or at Reserva Natural Salto Morato (Salto Morato Natural Preserve), and making specific contributions to other conservationist events or projects of the Fundação. www.fundacaoboticario.org.br