A1 ID: 47899907 27-05-2013 Tiragem: 16997 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,65 x 20,07 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 3 Câmaras rejeitam aplicar taxa turística em ano de autárquicas Autarcas dizem que o país não tem condições para uma nova taxa. Mas não a descartam em 2014. Inês David Bastos e Filipe Garcia [email protected] A orientação da Associação Nacional de Municípios (ANMP) para que fosse aplicada nos concelhos uma taxa turística não convenceu os autarcas que, em ano de eleições locais, se recusaram a aplicála. Aveiro, que começou este mês a impor uma taxa de um euro por dia nas unidades hoteleiras é a excepção. Depois da polémica recomendação da ANMP feita em 2012, e com a época balnear à porta (bem como as eleições autárquicas), os deputados do CDS perguntaram a cada um dos municípios se iam impor a Taxa Municipal de Ocupação Turística (que varia entre 0,50 cêntimos e um euro por dormida). As respostas já estão a chegar ao Parlamento e 58 autarcas - tanto do PSD, como do PS - já responderam que não, justificando que a aplicação de mais uma taxa teria impacto negativo no sector turístico local e no mercado de trabalho. Ao Diário Económico, o fiscalista Nuno Oliveira Garcia justifica que os municípios “compreenderam que os clien- tes não iam aceitar e não iam compreender nesta altura que lhes fosse cobrado mais um valor”. O fiscalista diz ter dúvidas que não se trate de um imposto porque o seu produto não tem um serviço concreto associado. Os autarcas do PSD são os que mais desvalorizam o impacto da taxa mas também há presidentes de câmara laranja que lançam duras críticas à medida. E há autarcas de todas as cores que admitem que a taxa pode avançar depois das autárquicas (que se realizam em Setembro ou Outubro deste ano). “Não está prevista de imediato”, responde o presidente da câmara de Batalha (PSD). “Quanto à intenção de aplicar devem os senhores deputados colocar a questão após as eleições autárquicas”, assume mesmo o social-democrata presidente de Murtosa. “[A autarquia] não adoptou, nem faz tenções de adoptar, pelo menos durante este mandato”, assumiu na resposta o autarca socialista de Vila Nova de Cerveira. De recordar que a situação financeira das autarquias está longe ser tranquila. No final do ano passado, o Executivo lan- O autarca de Faro vê com bons olhos a aplicação da taxa. Macário Correia diz que não prejudica o turismo local e lembra que já se aplica no mundo inteiro. Joaquim Manuel Santos Baptista, autarca da Murtosa (PSD), desafia os deputados a colocarem a questão da taxa turística depois das autárquicas. O fiscalista Nuno Oliveira Garcia explica que os autarcas rejeitaram a taxa porque compreenderam que os clientes não iam entender. çou o Programa de Apoio à Economia Local para que as câmaras saldassem as dívidas a curto prazo - um apoio a que mais de 80 câmaras recorreram. Agora, o financiamento do poder local está no Parlamento em discussão. A necessidade de obter novas formas de receita é uma das questões. Algarve aprovou a taxa mas autarcas não arriscaram Depois do caminho aberto pela ANMP, os autarcas do Algarve fizeram as contas e chegaram à conclusão que podiam arrecadar uma receita na ordem dos 15 milhões de euros. Por isso, ainda em 2012, sob protesto das unidades hoteleiras, a taxa sobre as dormidas dos turistas foi aprovada pela Comunidade Intermunicipal do Algarve, uma das zonas mais turísticas do país. Na ocasião, a Comunidade Intermunicipal decidiu que a taxa entraria em vigor quando fosse aprovada pelos executivos camarários. Mas nenhum levou a indicação em diante. Lagoa (PSD), Lagos (PS), e Aljezur (PS) são três dos concelhos algarvios que já responderam ao CDS/PP, confirmando a não aplicação. O social-democrata Macá- rio Correia, autarca de Faro, é dos que vê com bons olhos a medida. Em declarações ao Diário Económico, o também presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve diz que a recomendação “merece ser aprofundada”. O autarca lembra que é uma “prática corrente no mundo inteiro”, diz que a discussão devia fazer-se a nível nacional e sustenta que a taxa não “afecta o turismo local”. Mas a maioria dos autarcas que respondeu ao CDS não concorda. Para estes, a taxa iria afectar o sector turístico local, sobretudo numa altura em que o país enfrenta uma crise económico-financeira. Os autarcas de Elvas (PS), Castelo de Vide (independente), Vinhais (PS) e Lamego (PS) avisam mesmo que poria em risco empresas e postos de trabalho. Há, até, autarcas do PSD, como o de Abrantes, que desafiam os municípios a encontrarem outras formas de receita. E o autarca de Mação (PSD), para quem a taxa afectaria sobretudo o mercado interno, remata: “Mais do que adoptar uma taxa o caminho deveria passar pelo aproveitamento das receitas crescentes”. ■ P.C.S. Página 1 ID: 47899907 27-05-2013 Tiragem: 16997 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,55 x 11,75 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 3 QUATRO PERGUNTAS A... PEDRO PINTO Candidato a Sintra, vice-presidente e coordenador para as autárquicas do PSD “Neste contexto económico [a taxa] não faz sentido” Vice-presidente do PSD, candidato social-democrata e coordenador autárquico, Pedro Pinto defende que cada município avalie a aplicação da taxa, mas em Sintra, autarquia a que se candidata, é “completamente contra”. Em Sintra faz sentido aplicar uma taxa sobre os turistas? de si. Aqui [Sintra], sou completamente contra. Em Sintra sou completamente contra, para estarmos em igualdade com as câmaras vizinhas e com o turismo internacional. Cada município deverá fazer a sua avaliação. No estrangeiro já existe em muitos sítios, mas aqui, até pelo enquadramento económico, defendo que não deve existir. Está ao lado de quem defende que a questão deve ser discutida no Parlamento? É uma recomendação da Associação Nacional de Municípios, mas os municípios parecem não estar a aderir ... Cada concelho terá de fazer a sua avaliação. Neste contexto económico, aqui não faz sentido. Não me parece muito atractivo, ainda para mais quando quero atrair mais turistas, mas cada um saberá Estamos a falar de uma taxa municipal e isso é uma competência das autarquias. Eu que defendo uma maior passagem de competências do Estado central para o poder local, não vou nesta questão “Não é questão para ser discutida no Parlamento, devem ser os municípios a decidir e não faz sentido que exista qualquer obrigatoriedade sobre o assunto”. defender o contrário. Não é questão para ser discutida no Parlamento, devem ser os municípios a decidir e não faz sentido que exista qualquer obrigatoriedade neste assunto. Um dos argumentos a favor da taxa é que as câmaras devem ser compensadas pelos gastos que têm com o turismo. Faz sentido? O município tem de ser visto como um todo e o turismo é uma das suas partes. Já temos um conjunto de taxas e o que pretendemos fazer é atrair mais turistas. Em Sintra, quero alterar o comportamento dos turistas que por norma só ficam entre três a cinco horas em Sintra. Se quero mais camas no concelho e que os turistas passem a dormir cá, não faz sentido criar-lhes uma taxa adicional. F.G. Página 2 ID: 47899907 27-05-2013 Tiragem: 16997 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 9,71 x 3,69 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 3 de 3 Câmaras rejeitam nova taxa turística em ano de autárquicas ➥ P18 Página 3