Terça-feira, 11 de março de 2014 Gazeta do Povo Artigo / Por um espaço democrático na defesa dos direitos humanos Em 26 de fevereiro, depois de ser indicado pela bancada federal do meu partido, o PT, e passar por uma disputa no plenário da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, com o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ), assumi a presidência da comissão. A candidatura avulsa de Bolsonaro e o resultado apertado da eleição dão a ideia da polarização a que esse colegiado foi submetido na polêmica e tumultuada gestão de 2013. Registro a leitura política e a decisão inteligente da bancada do PT ao escolher a CDHM, abrindo mão da presidência de outras comissões importantes. A evidente e bem conhecida crise do ano passado nos remete a uma reflexão sobre o verdadeiro papel do colegiado. Devolver à Câmara dos Deputados e à sociedade a Comissão de Direitos Humanos e Minorias como espaço democrático é, pois, a primeira atividade a ser consolidada. Isso permite que um conjunto de demandas represadas possam ser apreciadas, bem como que os fatos cotidianos relacionados à violação de direitos recebam a devida atenção que merecem. Em um país com dimensão continental como o nosso, entender e respeitar a pluralidade racial, social, sexual, cultural, religiosa, além da laicidade do Estado, entre outros temas, constitui-se numa das primordiais tarefas dessa presidência, assim como aprofundar os motivos e propor ações de enfrentamento à crescente onda de violência a que algumas minorias estão submetidas. Não podemos permitir que a cultura da violência e do preconceito prospere. Para isso a CDHM estará atenta e trabalhará contra a impunidade, a intolerância e a homofobia. Ouviremos os movimentos e transformaremos a comissão em espaço democrático. Assim, vamos apresentar amanhã, dia 12, na primeira reunião ordinária da CDHM, uma proposta metodológica e eixos de ação para o ano de 2014 que contemple esse pensamento. Contamos com a colaboração e a cooperação da sociedade civil organizada, que tem um legítimo espaço para apresentar sugestões de pauta e outras atividades. Assis do Couto, deputado federal pelo PT, é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM). Artigo / Dever cumprido na CDHM A Comissão de Direitos Humanos e Minorias foi criada em 1995 com a finalidade precípua de proteger os direitos de minorias que porventura poderiam ter seus interesses contrariados por pessoas ou grupos de pessoas que impõem pontos de vista conflitantes com o que o mundo ocidental adotou como proteção a grupos ou etnias minoritárias na composição social, mas não menos importantes. Durante esses quase 20 anos, o que se observou foi a alternância, no comando dessa tão importante comissão, entre membros de um mesmo partido dito como progressista, e que deram muita ênfase ao tema GLBTT em detrimento de outras minorias tão importantes quanto essa. Talvez devido ao pouco conhecimento do povo em relação à comissão, pareceu a esse partido que ela não teria a mesma importância que outras com mais retorno político. Por isso a desprezaram, e em 2013 a CDHM veio a cair nas mãos de um pequeno partido, o PSC, ao qual sou filiado. Pelo fato de o PSC ser de bandeira de família cristã e estar bastante alinhado com os costumes enraizados em nossa sociedade de valorização da família tradicional composta de pai, mãe e filhos (tendo inclusive como lema “A família em primeiro lugar”), os movimentos que dizem defender grupos GLBTT e que, aparentemente, auferiram ganhos com o domínio de aliados dirigindo a CDHM foram ferrenhamente contra a minha escolha para presidi-la. Ao exigirem que meu partido escolhesse outro parlamentar para presidir a comissão, demonstraram desrespeito à democracia e à alternância de comando em órgãos que fazem parte da Câmara dos Deputados. Aceitei o desafio, e assim começou minha luta a que todo o Brasil assistiu. No princípio, confesso, pensei em desistir, tendo certeza que me faltariam forças, mas contei com incondicional apoio da minha família, do meu partido e de toda liderança evangélica importante. Isso me fortaleceu e me deu energia nos momentos tensos e resignação nos momentos de ataques, num equilíbrio que só pode ter vindo dos céus. Para mostrar aos críticos que estavam enganados em me atacar sem antes dar a mim e aos demais componentes da administração da CDHM a chance de mostrar nosso trabalho, procurei fazer a melhor gestão da história da comissão – não por competição, mas por necessidade. Escolhi assuntos antes relegados ao segundo plano, como a proteção aos movimentos indígenas e aos quilombolas, o assédio moral no trabalho, o trabalho em condição análoga à escravidão e muitos outros temas que se encontravam engavetados. Em números, consegui superar meus antecessores em audiências públicas e diligências – inclusive nos Estados Unidos, onde intercedemos com sucesso em defesa de brasileiros presos e perseguidos. Em Santo Amaro da Purificação (BA), várias famílias estavam sofrendo com uma demanda contra uma antiga indústria que manufaturava chumbo e que contaminou todo o solo da região fazendo centenas de vítimas, como crianças nascidas com deformação genética e adultos com graves sequelas. Após a audiência pública patrocinada pela CDHM e determinada por nós, o Ministério Público agiu, determinando providências aos responsáveis pelo passivo da empresa no sentido de acelerar a indenização às vítimas. Quando o projeto de lei que prevê cotas para negros na administração pública chegou à CDHM, além de apoiá-lo, apresentei emenda mais abrangente para que essas cotas também se aplicassem aos cargos de confiança. Assisti com alegria a antigos desafetos gratuitos pedirem a palavra e elogiarem meu trabalho como presidente da CDHM, no que foi, acredito, o fechamento com chave de ouro de minha gestão. Se não fiz mais, foi por absoluta força maior. Dei tudo de mim, trabalhei diuturnamente em prol do bom andamento dos trabalhos da comissão. Com a certeza do dever cumprido, obrigado. Marco Feliciano, deputado federal (PSC-SP), foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados em 2013. Transporte Coletivo / Estado entra na Justiça contra decisão que vetou queda da tarifa técnica TJ-PR recebeu ontem recurso movido pelo procurador-geral do Paraná contra a decisão que suspendeu os efeitos da cautelar do TCE-PR Raphael Marchiori A Procuradoria Geral do Estado entrou, na última sexta-feira, com um recurso de agravo no Tribunal de Justiça contra a liminar do desembargador Marques Cury, cuja decisão suspendeu os efeitos da medida cautelar do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) que havia derrubado em R$ 0,43 a tarifa técnica do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana. A PGE é o órgão é responsável por defender as decisões das entidades estaduais na Justiça. O TCE-PR havia determinado, no último dia 30 de janeiro, a redução da tarifa técnica em função de supostas irregularidades encontradas por seus conselheiros na planilha tarifária. A determinação ocorreu por meio de uma medida cautelar e teria validade a partir do próximo reajuste, previsto para o dia 26 de fevereiro. Antes mesmo dessa data, entretanto, a Justiça cassou os efeitos da cautelar atendendo a um mandado de segurança impetrado pelas empresas de ônibus. Marques Cury acolheu argumentação de que o TCE-PR estaria extrapolando os limites de sua competência ao realizar controle prévio de atos futuros da administração pública. Para justificar essa interpretação, o desembargador se valeu de uma ação direta de inconstitucionalidade julgada no Superior Tribunal Federal (STF). No julgamento, entretanto, o relator ministro Joaquim Barbosa ressalva a possibilidade de esse controle ser exercido, a qualquer tempo, quando de inspeções e auditorias in loco. Contra argumentando o desembargador, o procurador-geral do Estado, Eron Freire dos Santos, citou decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que ratificou a possibilidade de emissão de medidas cautelares quando a demora do julgamento do caso possa acarretar prejuízos à população ou ao resultado final da ação. Santos também rebateu a tese de controle prévio, haja vista que a cautelar se baseou em um relatório de auditoria do próprio TCE-PR e a concessão do transporte público da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é fruto de um contrato assinado em 2010. Santos ainda citou a Lei Complementar Estadual 111/2005, cujo artigo 53 confere ao TCE-PR o poder de aplicar medidas cautelares quando do risco de agravamento da lesão ou da impossibilidade de reparação. Passado Em 2011, o próprio TJ-PR teve entendimento diferente quando da análise da competência do TCE-PR para expedir medidas cautelares sobre licitações. Naquela ocasião, o TJ-PR julgou improcedente mandado de segurança impetrado por uma empresa de limpeza contra decisão do TCE-PR. Como a alta da tarifa técnica afeta usuários A tarifa técnica é aquela repassada às empresas de ônibus, cujo cálculo é definido por uma planilha prevista em contrato. Alta de impostos e de gastos com pessoal, além de reajustes de combustíveis e de manutenção, por exemplo, costumam afetá-la. Um aumento no valor repassado às empresas por passageiro pagante, entretanto, não significa necessariamente reajuste do preço cobrado de usuários. Atualmente, a diferença entre essas duas tarifas é de R$ 0,2353 e ela vem sendo coberta por subsídios públicos – tanto do governo do estado quanto da prefeitura de Curitiba. No ano passado, diz a prefeitura, o sistema teve um déficit mensal de R$ 7 milhões devido à operação das linhas metropolitanas. Para 2014, segundo a Urbs, caso a alta da tarifa técnica seja de R$ 0,26 sem que haja reajuste no preço do usuário, esse déficit saltará para R$ 12,7 milhões. Entrave / Imbróglio judicial cria impasse para ajuste da tarifa técnica Mesmo que tenha sido suspensa pela Justiça, a determinação cautelar do TCE-PR para que a tarifa técnica do transporte coletivo seja reduzida em R$ 0,43 cria uma insegurança em torno das discussões para o reajuste tarifário anual. Pelo contrato, esse reajuste deve ocorrer todo dia 26 de fevereiro. Mas o imbróglio judicial e a recente greve dos trabalhadores adiaram a decisão. Na última semana, a Urbs divulgou estudo no qual aponta a necessidade contratual de subir a tarifa técnica de R$ 2,9353 para R$ 3,2019 – alta de R$ 0,26. Segundo a Urbs, até ontem, as empresas de ônibus não haviam protocolado pedido para reajuste tarifário. O Setransp, sindicato que representa as empresas do setor, informou que ainda aguarda o recebimento oficial da proposta da Urbs para se manifestar. Investigação / Técnicos do TCE-PR depõem na polícia sobre a licitação Seis técnicos da comissão do TCE-PR que realizou uma auditoria na Urbs e Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) prestaram depoimento, ontem, no Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce). O órgão tem um inquérito aberto para apurar supostas irregularidades na licitação do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana. De acordo com a Polícia Civil, foram ouvidos, na condição de depoentes, dois engenheiros, dois contabilistas e dois advogados do TCE-PR. A suspeita é de que, na licitação realizada em 2010, tenha havido direcionamento para que empresas específicas vencessem o certame. O próprio relatório do TCE-PR concluiu que a concorrência deve ser declarada nula, mas esse documento ainda não teve seu mérito julgado pela corte administrativa. O relatório da CPI do Transporte Coletivo da Câmara de Vereadores também recomenda nova licitação. Prefeitos, Urbs e Comec criam grupo para discutir tarifa da RIT Um grupo de prefeitos de municípios da RMC, representantes da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e da Urbs vai analisar, até a próxima quintafeira, o valor da tarifa técnica da rede Integrada de Transportes (RIT). A prefeitura de Curitiba cobra do governo estadual um aumento no subsídio mensal para operação do sistema. O governador Beto Richa anunciou que manterá os atuais R$ 5 milhões mensais até dezembro. Ontem, em nota divulgada pela Comec, Reinhold Stephanes, secretário da Casa Civil do Paraná, disse que um eventual aumento desse valor depende da aprovação de financiamentos solicitados pelo Paraná que estão sob análise do governo federal. A licitação das linhas metropolitanas também foi assunto do encontro. Na semana passada, a prefeitura de Curitiba chegou a anunciar que havia entrado com pedidos de providência no Ministério Público e no TCE-PR para que o governo do Estado abrisse o edital de licitação – compromisso que teria sido assumido em maio do ano passado. A Comec informou que abrirá a licitação apenas após o término de uma pesquisa de origem e destino, que definirá o custo metropolitano para o sistema. O levantamento começa no próximo dia 19 e tem prazo de um ano para ser concluído. Celso Nascimento / Entre vivos e mortos Não se faz jornalismo sem boas fontes. E foi graças a uma boa fonte que esta coluna informou no dia 20 de fevereiro que a secretária da Fazenda, Jozélia Nogueira, desocuparia a cadeira logo depois do carnaval. A secretária desmentiu: apenas se submeteria a uma simples cirurgia de hérnia de hiato durante os dias momescos e, em seguida, voltaria ao posto onde se dedicava a recuperar as finanças do estado. As fontes de Jozélia estavam mal informadas: ontem, em seu primeiro dia de trabalho após voltar de férias caribenhas, o governador Beto Richa anunciou a demissão de Jozélia, ainda mal restabelecida da cirurgia. Para seu lugar, nomeou Luiz Eduardo Sebastiani, que já fora seu secretário municipal da Fazenda quando prefeito de Curitiba. Eleito governador, Richa levou-o para a Secretaria da Administração. Ultimamente ocupava uma diretoria da Copel. Richa também foi obrigado a refazer seus planos para preencher a vaga de secretário da Segurança deixada pelo procurador Cid Vasques. O governador pretendia nomear o delegado da Polícia Federal José Alberto Iegas. Chegou a anunciar a escolha, mas em seguida levou um rotundo “não” do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que se recusou a liberar o delegado. Sem alternativa melhor, Richa buscou no Instituto Médico Legal (IML) o legista Leon Grupenmacher, que deixa de lidar com a paz dos mortos para agora cuidar da segurança dos vivos. O novo secretário é médico oftalmologista, o que levou um delegado a brincar: “Enfim, um homem de visão na Segurança”. Cristaleira A procuradora Jozélia Nogueira assumiu a Fazenda em outubro num momento delicado. Pouco antes, o cargo fora abandonado pelo ex-secretário Luiz Carlos Hauly após constatar que, diante do descontrole das finanças provocado pelo “xoque de jestão” e pela prodigalidade de gastos determinados pelo Palácio Iguaçu, corria o risco de ser apontado como culpado pelo caos. Não era. Político vivo que depende de votos, preferiu reassumir a cadeira de deputado federal para não morrer sob o desgaste que sofreria em razão dos cortes brutais de despesas que teria de fazer para poder pagar o 13.º do funcionalismo. Jozélia, cuja única ambição era a de simplesmente chegar ao cume da carreira de gestora pública, aceitou o desafio. Abriu a porta da cristaleira e começou o serviço: suspendeu o pagamento de fornecedores, deixou viaturas policiais sem gasolina, paralisou obras, cortou telefones da Segurança Pública, racionou a comida dos cachorros da Polícia Militar e, sobretudo, estabeleceu confrontos até pessoais com colegas secretários. Enquanto livrava o governador do vexame de não pagar o 13.º, recebia dele carta branca. Agora a hora é outra. É hora de sepultar a política de terra arrasada que Jozélia pôs em prática e fazer ressuscitar a paz. E ninguém melhor do que o paciente e educado Luiz Eduardo Sebastiani para cumprir a missão pacificadora. A dúvida é se conseguirá cumprir a missão principal: reorganizar as finanças. Olho vivo / Limpeza Está no Diário Oficial de 24 de fevereiro: a empresa HigiServ Limpeza teve seu contrato com o Departamento de Imprensa Oficial prorrogado por mais um ano, um aditivo que vai custar ao cofres públicos mais R$ 1,7 milhão. Ministério Público e Tribunal de Contas já estão sendo alertados para possível ilegalidade. Segundo a legislação, após cinco anos de vigência (como é o caso) contratos não podem ser estendidos; é preciso fazer nova licitação. Uma curiosidade: a HigiServ destinou R$ 100 mil como doação à campanha eleitoral do governador em 2010. Caso de polícia O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), órgão da Polícia Civil do Paraná, abriu inquérito para investigar supostas irregularidades na licitação do transporte coletivo de Curitiba, em 2010. Intimados a prestar informações para instruir o inquérito, depuseram ontem na delegacia dois técnicos do Tribunal de Contas – um deles o diretor de Execuções, Cláudio Henrique de Castro, o homem que coordenou a auditoria da tarifa de ônibus e recomendou sua redução em 43 centavos. Centenas de documentos foram entregues ao Nurce. De ônibus Por falar em ônibus: estranhamente, as concessionárias não protocolaram na Urbs até agora nenhum pedido de aumento da tarifa – bem ao contrário da rapidez com que o faziam em anos passados. Ontem, o prefeito Gustavo Fruet manteve reunião no início da tarde com os prefeitos da região metropolitana e à noitinha recebia em seu gabinete representantes de entidades populares. Mas definição mesmo só uma: os colegas prefeitos metropolitanos se comprometeram a brigar pela licitação de suas linhas (coisa de responsabilidade da Comec). Sobre possível reajuste, nada. Folha de Londrina Comissão cobra definições sobre contrapartida no caso Marco Zero Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local O grupo que discute na Câmara de Londrina a situação do Marco Zero cobra da administração pública uma definição da natureza do fragmento florestal que é prometida à prefeitura como contrapartida ao empreendimento comercial levantado no local. A definição vai permitir saber se o ambiente pode comportar uma praça ou se é Área de Preservação Permanente (APP), o que impediria qualquer intervenção. A vereadora Sandra Graça (SDD) pediu um laudo da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) sobre o tema. O desencontro de repartições dentro da própria prefeitura pode ter provocado uma dificuldade na contrapartida. O motivo é a ausência de estudos sobre a área. A confusão foi evidenciada na reunião de ontem à tarde, com funcionários de carreira do Executivo que participaram da aprovação do empreendimento Marco Zero. O projeto passou pelas secretarias de Obras e Meio Ambiente, além da Procuradoria Jurídica e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul). Em alguns momentos, ficou clara a dificuldade entre representantes de cada repartição em esclarecer, por exemplo, quem deu determinado parecer e se havia corroboração. Uma dessas ocasiões foi a declaração do arquiteto e urbanista e ex-funcionário da prefeitura Humberto Marques de Carvalho, que participou da aprovação preliminar do empreendimento. De acordo com ele, quando o projeto chegou até a equipe, a administração municipal viu a possibilidade de resolver três ensejos da cidade: promover a revitalização daquela área urbana, implantação do Teatro Municipal e se apoderar do Marco Zero e transformar em uma área de lazer e recreação. "Houve a necessidade pública de capitalizar toda aquela área porque era desejo da administração. Não existe nenhuma indicação que naquele local existia minas", disse. A promotora do Meio Ambiente, Solange Vicentin, questionou a ausência de justificativa para o uso da área no projeto e também do desconhecimento de que é uma APP. A indicação caberia à Sema. Para ela, houve várias falhas no processo que estão se evidenciando agora. "Estamos levantando a real situação daquele local e se é possível fazer justificativa sobre o interesse histórico sobre a área, que não consta no processo", afirma. A promotora também afirma que, do ponto de vista dos trâmites, o empresário Raul Fulgêncio seguiu as regras determinadas pela prefeitura. Ele, por sua vez, disse que ficou claro, na fala dos técnicos das secretarias, que cumpriu todas as exigências feitas. Além do problema do uso do terreno, há outra questão que impede a transferência para o poder público: um morador no local que precisa ser retirado, que está processando o empresário por questões trabalhistas, já que moraria no Marco Zero há cerca de 40 anos como um tipo de zelador. Jozélia sairá do governo; Sesp tem novo secretário Ex-secretário de Administração, Luiz Eduardo Sebastiani assumirá Fazenda com a missão de solucionar dívida de mais de R$ 1,1 bi Mariana Franco Ramos e Rodrigo Batista Reportagem Loca Curitiba - O governador Beto Richa (PSDB) anunciou ontem, ao reassumir a chefia do Executivo após folga prolongada de Carnaval, duas mudanças no alto escalão da administração. A secretária da Fazenda, Jozélia Nogueira, deixará a pasta na sextafeira para a entrada do diretor financeiro da Companhia de Energia do Paraná (Copel), Luiz Eduardo Sebastiani. Já o novo secretário de Segurança será o atual diretor da Polícia Científica, Leon Grupenmacher. Jozélia não deu detalhes sobre o troca-troca, informando apenas que sua saída se dá por "motivos pessoais". A chefe da pasta tomou posse no dia 7 de outubro de 2013, após passagem relâmpago como procuradora-geral do Estado. O então secretário, o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), retornou à Câmara, em Brasília. A secretária deixará o posto sem ter apresentado o cronograma de pagamento de fornecedores, prometido há pouco mais de dois meses. No dia 24 de fevereiro, ao prestar contas do terceiro quadrimestre do ano passado na Assembleia Legislativa (AL), ela confirmou que a dívida já superava R$ 1,1 bilhão. Por outro lado, segundo os dados oficiais, na gestão de Jozélia as contas do Executivo começaram a se reequilibrar. A receita chegou a R$ 32,14 bilhões em 2013, um crescimento de 8,67% se comparado à arrecadação de 2012. Homem de confiança do governador, Sebastiani já foi secretário da Administração e Previdência e da Casa Civil do Estado, entre 2011 e 2012. Grupenmacher, por sua vez, assume hoje o posto deixado há 20 dias pelo procurador de Justiça do Ministério Público (MP) Cid Vasques. O antigo secretário anunciou seu desligamento um dia depois de o Tribunal de Justiça (TJ) ter retirado a liminar que o mantinha no cargo. Vasques foi pivô de uma série de desentendimentos entre a Sesp e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP. A função era exercida de forma interina pelo chefe de gabinete da Sesp, Walter Gonçalves. Beto chegou a anunciar o diretor de inteligência da Polícia Federal (PF) José Alberto Iégas para a pasta. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, contudo, não liberou o nome do delegado. Grupenmacher será o terceiro secretário de segurança na gestão de Beto Richa. O cargo também foi ocupado pelo delegado da PF Reinaldo de Almeida César, que saiu em setembro de 2012. O Diário do Norte do Paraná Richa anuncia dois novos secretários Murilo Gatti O médico, professor universitário e diretor da Polícia Científica do Paraná, Leon Grupenmacher, é o novo secretário de Estado da Segurança Pública. O anúncio foi feito na tarde de ontem pelo governador Beto Richa (PSDB) e a posse é prevista para acontecer ainda hoje. Desde meados de fevereiro, o governo buscava um sucessor para o procurador de Justiça Cid Vasques, que teve de retomar as atividades no Ministério Público do Paraná (MP-PR). Richa chegou a anunciar o nome do delegado e diretor de Inteligência da Polícia Federal em Brasília, José Alberto Iegas, para a pasta da Segurança, mas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, rejeitou o pedido do governo do Paraná para liberar o delegado. Segundo o governador, Cardozo alegou que Iegas ocupa um cargo estratégico de direção na Polícia Federal e haveria necessidade de haver uma espécie de “quarentena” para que ocupasse uma secretaria de Estado. “O próprio Iegas havia sinalizado favoravelmente ao convite. Mas agora vamos atrás de outro nome”, disse o governador. A solução foi encontrada no quadro interno do governo. Grupenmacher é funcionário de carreira do Estado desde 1997 e estava na direção do Instituto Médico-Legal (IML) e do Instituto de Criminalística desde abril de 2013, quando passou a atuar na reestruturação da Polícia Científica. Grupenmacher vai ser o terceiro a coordenar a pasta da Segurança Pública no governo Richa. O delegado da Polícia Federal Reinaldo de Almeida César respondeu pela pasta entre janeiro de 2011 e setembro de 2012. Ele foi substituído por Vazques . O impasse entre Vasques e o Ministério Público começou depois do ex-secretário determinar um sistema de rodízio para a cessão de policiais civis e militares ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o que desagradou promotores e procuradores. Avaliação O presidente do Conselho de Segurança de Maringá (Conseg), Antônio Tadeu Rodrigues, afirmou que apesar de desconhecer a carreira do novo secretário acredita que o governador tenha feito uma boa escolha. “O trabalho na direção da Polícia Científica demonstra que ele tem conhecimento na área. Esperamos que faça um bom trabalho e continuaremos a prestar nosso apoio para melhorar a segurança pública, principalmente em Maringá”, considerou. Fazenda Richa também anunciou na tarde de ontem que a secretária de Estado da Fazenda, Jozélia Nogueira, pediu afastamento do cargo por motivos pessoais e vai ser substituída por Luiz Eduardo Sebastiani. Ele ocupava o cargo de diretor financeiro da Companhia Paranaense de Energia Elétrica, a Copel. Sebastiani já foi secretário da Administração e Previdência e da Casa Civil do governo do Estado, entre 2011 e 2012. Sebastiani é o terceiro a assumir a Fazenda no governo Richa. Antes de Jozélia assumir o controle das finanças do Paraná, o cargo foi ocupado de janeiro de 2011 a setembro de 2013 pelo deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB). Gazeta do Povo Coluna do Leitor / Racismo 1 Não há dados na reportagem “Um crime que insiste em se repetir” (Gazeta, 10/3) que confirmem que o racismo está aumentando. Sou contra o racismo de qualquer forma, mas também sou a favor de saber a verdade. Se realmente há dados de que o racismo está aumentando, a lei é necessária; mas, se não há nada que confirme isso, será a lei realmente necessária? Até porque não vejo nenhum movimento pró-racismo crescendo no Brasil. Gabriel Tiago Schuhli Racismo 2 A expressão de desalento e tristeza estampada no rosto do haitiano Stanley Joseph revolta e, acredito, envergonha a todos os brasileiros. Necessário será averiguar sobre o ocorrido e penalizar a quem de direito. É o mínimo que se espera. Carlos Roberto de Oliveira, Foz do Iguaçu – PR Varas de família É preciso aprovar logo o Projeto de Lei do Senado 230/2010, que trata da implantação dos Juizados Especiais de Família (Gazeta, 9/3), que justamente têm como meta diminuir os trâmites, em especial os protelatórios; por exemplo, já na petição inicial a primeira audiência é marcada para daqui a 30 dias, como acontece nos demais juizados. Na Vara de Família comum, esse simples procedimento pode levar de seis a 12 meses para acontecer. Alexandre Gosenheimer Saúde / Início de vacinação contra o HPV é tranquilo em Curitiba Ágatha Déa, especial para a Gazeta do Povo A vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) destinada a meninas entre 11 e 13 anos começou ontem em todo país e teve boa procura nos postos da capital paranaense. Em todo o estado, o objetivo é imunizar gratuitamente pelo menos 208 mil meninas até o fim do ano – no país são 5,2 milhões. O HPV é um dos principais causadores do câncer de cólo de útero no mundo e no Brasil. A ação foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação a partir deste ano e passou a fazer parte do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. A diretora do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba (SMS), Juliane Oliveira, lembra que isso significa que, a partir de agora, as vacinas contra o HPV estarão sempre disponíveis nos postos de saúde. “Não é apenas uma campanha, como acontece com a vacina contra a gripe, por exemplo. É uma ação contínua que sempre estará à disposição da população gratuitamente”. Na capital, a vacina pode ser recebida em qualquer uma das 109 unidades básicas de saúde. Lorena Radatz, que levou a filha de 13 anos, Beatriz Radatz, para ser vacinada na unidade básica de saúde da praça Ouvidor Pardinho, no Rebouças, ficou satisfeita com a campanha gratuita. “O pediatra dela já tinha feito a indicação, mas eu não a levei antes porque não tinha disponível na rede pública e nas clínicas particulares estava muito caro. Resolvi trazê-la já no primeiro dia de vacinação porque vi a divulgação da campanha na televisão”. Maria Victoria Piccoli, de 13 anos, também tomou a vacina neste primeiro dia acompanhada da mãe, Silvana Piccoli. “Nós estamos cientes da importância dessa campanha de vacinação contra o HPV. Minha filha mais velha de 17 anos foi imunizada em uma clínica particular e agora que chegou a vez da menor finalmente disponibilizaram na rede pública. Isso facilita muito”, disse Silvana. Para Mara Ferreira, mãe de Eduarda Ferreira, de 12 anos, a campanha trará resultados bons, mas já deveria ter começado antes. “Essa campanha gratuita começou tardiamente, mas a consequência dessa vacinação vai ser ótima, com certeza o número de mulheres com câncer de colo de útero vai diminuir. Porém, acho que para acontecer uma verdadeira prevenção do HPV a vacina deve ser liberada para os meninos”. Próximas doses O processo de imunização contra o HPV tem três fases. “Após a primeira dose, as adolescentes vacinadas devem voltar ao posto de saúde para a 2.ª dose depois de seis meses, ou seja, se for vacinada em março a segunda dose deve ser tomada em setembro. Cinco anos após a 1.ª dose, elas devem retornar ao posto para a 3.ª dose. Só assim podemos dizer que estarão devidamente prevenidas”, explica Juliane, da SMS. Entrelinhas / Cidadania Um casal homoafetivo de Curitiba comemora o que considera uma grande vitória. Toni Reis, David Harrad e o filho adotivo deles foram aceitos como membros da Sociedade Thalia, clube tradicional da capital. “A Sociedade Thalia estava oferecendo um pacote para sócio contribuinte, em que uma pessoa paga a mensalidade e o cônjuge e os dependentes também têm direito de utilizar a infraestrutura do clube, sem custo adicional. Preenchemos o formulário e anexamos os documentos exigidos, inclusive da união estável e a certidão de nascimento do Alyson, na qual constamos como seus dois pais”, conta Reis. Ele diz que estava preparado para uma longa batalha judicial, mas, menos de meia hora após o pedido, recebeu um telefonema avisando que a solicitação havia sido aceita – com David como sócio, ele como cônjuge e Alyson como dependente. Assassinato / Suspeito de matar jovem uruguaia está foragido A Polícia Civil divulgou imagens do circuito interno do prédio onde Matina Piazza morava em Foz. O procurado é Jeferson Diego Gonçalves Denise Paro, da sucursal A Polícia Civil procura pistas de Jeferson Diego Gonçalves, 31 anos, acusado de matar a estudante uruguaia Martina Conde Piazza, 26 anos, na madrugada do dia 3 de março. O corpo da universitária foi encontrado em um apartamento na área central de Foz do Iguaçu três dias depois do crime. O pedido de prisão preventiva de Gonçalves foi decretado no último domingo, 9. Ele é considerado foragido. Imagens do circuito interno de segurança do edifício onde o crime ocorreu mostram Martina e Gonçalves subindo escadas do prédio, por volta das 5h20 do dia 3. Cerca de 50 minutos depois, o suspeito aparece saindo do edifício, com as chaves do apartamento. O imóvel pertence a amigos de Martina. Eles viajaram no carnaval e pediram a ela que cuidasse do apartamento. Laudo do Instituto Médico Legal (IML) indica que a estudante morreu por asfixia mecânica provocada por estrangulamento e enforcamento por fio elétrico. A polícia não encontrou no apartamento sinais de luta corporal. No entanto, o titular da Delegacia de Homicídios, Marcos Araguari de Abreu, diz que o suspeito pode ter se desentendido com a estudante. Gonçalves já tem passagens pela polícia, mas o teor das acusações anteriores não pode ser divulgado porque a investigação tramita em segredo de justiça. Ele é autônomo e divorciado. A foto do suspeito e a imagem do vídeo onde ele aparece foram divulgadas pela polícia. Martina morava em Foz do Iguaçu havia três anos e cursava Antropologia e Diversidade Cultural na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Os pais da estudante vieram do Uruguai para buscar o corpo da filha, levado ao país no último sábado, 8, em um avião do governo uruguaio. Bastante conhecida no meio cultural da cidade e admirada por professores e colegas, a estudante era considerada uma ativista em defesa dos direitos da mulher. Piraquara / Agente é feito refém por 4 horas em penitenciária Seis presos de um bloco da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), mantiveram um agente penitenciário como refém por mais de quatro horas na manhã de ontem. Dois membros do grupo reivindicavam a transferência para um presídio de Guarapuava, Centro-Sul do Paraná. Após a remoção ter sido concedida, o agente foi liberado. Segundo do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), esse foi o 12º caso de agente feito como refém em menos de três meses. Reforma do secretariado / Desgastada, Jozélia deixa a Secretaria da Fazenda Ela teria desagradado outros secretários e deputados ao não liberar verbas. Diretor da Copel, Luiz Sebastiani assume a pasta em meio à crise financeira do estado Taiana Bubniak e Euclides Lucas Garcia Em meio à crise financeira no caixa estadual, o governo do Paraná terá um novo secretário da Fazenda. Atual diretor-financeiro da Copel, Luiz Eduardo Sebastiani assume o cargo na próxima sexta-feira. Ele substituirá Jozélia Nogueira, que estava na chefia da pasta desde outubro. Ontem, ela pediu demissão. Oficialmente, Jozélia sai do cargo por motivos pessoais. Mas a Gazeta do Povo apurou que ela foi levada a se demitir porque teria desagradado outros secretários e deputados estaduais ao não liberar recursos para as demais pastas e para obras nas bases dos parlamentares – algo politicamente complicado em ano eleitoral. Jozélia foi procurada, mas não falou com a reportagem. Nomeada para salvar as finanças do estado, Jozélia ganhou carta branca do governador Beto Richa (PSDB) – sobretudo para conseguir dinheiro para pagar o 13.º salário do funcionalismo, em dezembro. Ela reduziu o comprometimento do caixa do estado com pagamento da folha de pessoal de 48,81% para 47,23% da receita corrente líquida – índice abaixo do limite máximo de 49% previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, mas superior ao limite prudencial de 46,55%. Isso, porém, teve um alto preço político. Gestora da conta única do estado, era Jozélia quem autorizava ou não a liberação de recursos para todo o governo. A atuação com mão de ferro para conter despesas a desgastou rapidamente. De perfil mais técnico do que político, Jozélia também teria desagradado a cúpula do Palácio Iguaçu ao revelar, no início do ano, que o governo tem uma dívida de R$ 1,1 bilhão com fornecedores, revelando o tamanho das dificuldades de caixa do estado. Prometeu apresentar um cronograma de pagamento para o início de fevereiro – o que até hoje não ocorreu. Na audiência de prestação de contas na Assembleia Legislativa, disse que, quando os empréstimos que o estado pleiteia forem liberados, os credores começam a receber os pagamentos. Cinco financiamentos que somam R$ 2 bilhões estão “travados” em Brasília. Nesse meio-tempo, descobriu-se que o estado havia sacado pelo menos R$ 3,5 milhões de depósitos judiciais de terceiros, causando mais desgaste do governo com a opinião pública. Essa revelação se somou às notícias que mostravam viaturas policiais e ambulâncias sem gasolina por falta de pagamento, delegacias sem material, obras paralisadas em todo o estado e até falta de ração para os cães da Polícia Militar. Em fevereiro, Jozélia anunciou que faria uma cirurgia de hérnia de hiato no carnaval. À época, surgiram os primeiros rumores de que ela não voltaria para o cargo. Na ocasião, porém, a secretária garantiu que reassumiria o comando das finanças estaduais tão logo estivesse recuperada. Sebastiani promete pagar credores Economista por formação, o novo secretário estadual da Fazenda, Luiz Eduardo Sebastiani, sabe que vai assumir um enorme desafio. “Vamos atuar com urgência para saber quais são os nós das finanças do estado. Precisaremos de muita energia”, diz. Ele se comprometeu a apresentar o cronograma para o pagamento da dívida de R$ 1,1 bilhão com fornecedores privados, prometido por Jozélia Nogueira. “Acredito que esse trabalho [de elaboração de cronograma] já esteja em fase de finalização. Vamos analisar o que foi programado e manter”, afirma. Sebastiani diz que, a partir de sexta-feira, quando toma posse, vai tentar desatar os “nós do orçamento”. Depois de pagar dívidas e encontrar quais são os maiores motivadores de gastos, haverá contenção de despesas. “Não pretendo conter a ação do estado, mas temos que torná-la mais eficiente.” Perfil Sebastiani foi secretário de Finanças de Curitiba enquanto Beto Richa era prefeito, entre 2005 e 2010. Ele considera que a situação atual do caixa estadual é parecida com a encontrada na prefeitura há quase dez anos. “A dificuldade é conseguir manter o equilíbrio das contas públicas sem prejudicar os credores e o atendimento à população. Mas isso é possível”, afirma. Ele acredita que a experiência que teve em outros cargos públicos pode ajudar a colocar as finanças em ordem. “A demanda é sempre maior que a possibilidade financeira, mas temos como adequar essa questão.” Formado em Economia pela UFPR, Sebastiani é funcionário público do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Além de secretário municipal, foi secretário da Administração e Previdência do Paraná e chefe da Casa Civil na atual gestão. Estava à frente da diretoria financeira da Copel desde fevereiro do ano passado. Gestão-relâmpago Jozélia Nogueira teve uma passagem rápida pelo primeiro escalão do governo Richa. Em setembro, assumiu a Procuradoria-Geral do Estado. Um mês depois, foi nomeada para a Fazenda. 4 de setembro – Jozélia assume a Procuradoria-Geral do Estado pela segunda vez. Em 2007, ela esteve à frente do cargo durante nove meses no governo de Roberto Requião (PMDB). Na gestão Richa, substituiu Julio Cesar Zem, que pediu exoneração. 7 de outubro – Assume a Secretaria da Fazenda. Ela substituiu Luiz Carlos Hauly (PSDB), que reassumiu o mandato de deputado federal. Ela afirma que continuaria a gerir a pasta como o antecessor. 21 de novembro – O governo do estado deixa de pagar regularmente fornecedores para fazer um pente-fino nos contratos de obras e serviços. Isso leva à interrupção de uma série de atividades públicas. A manobra da secretária foi para garantir o pagamento do 13.º dos funcionários, enquanto aguardava o desdobramento da liberação dos empréstimos em Brasília. 24 de janeiro – A secretária admite publicamente que o governo do estado tem dívidas de R$ 1,1 bilhão com fornecedores e empresas contratadas. Afirma que seria elaborado um cronograma de pagamento dos credores. 20 de fevereiro – A secretária afirma que passaria por uma cirurgia de hérnia de hiato durante o feriado do carnaval. Mas nega os rumores de que deixaria a pasta. Reforma do secretariado / Richa indica médico para a Secretaria da Segurança Segunda opção do governador, o legista Leon Grupenmacher é o atual chefe da Polícia Científica do Paraná. Nomeação foi bem vista no meio policial Diego Ribeiro Pela primeira vez na história do Paraná, o secretário estadual da Segurança Pública será um perito oficial. O médico-legista Leon Grupenmacher, de 46 anos, atualmente é diretor-geral da Polícia Científica. Ele assumirá hoje o comando da secretaria, que era chefiada pelo procurador de Justiça Cid Vasques até há 20 dias. Grupenmacher estará à frente das Polícias Civil e Militar, além da sua instituição de origem, em um momento complicado – entre a Copa do Mundo e a eleição e em meio a restrições orçamentárias. O novo secretário será o terceiro titular da Segurança Pública desde 2011, quando o governador Beto Richa assumiu o governo. Além de Vasques, o delegado da Polícia Federal Reinaldo de Almeida Cesar Sobrinho também havia comandado a pasta na gestão Richa. Grupenmacher foi a segunda opção do governador, que chegou a indicar, antes do carnaval, o delegado da Polícia Federal José Alberto Iegas, atual diretor do Departamento de Inteligência da PF. Porém, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não cedeu Iegas ao governo paranaense. Otimismo A indicação de Grupenmacher foi vista com otimismo nos órgãos da segurança estadual. A reportagem apurou que ele tem trânsito livre nas polícias. O médico-legista mantém ainda bom relacionamento tanto com o comandante-geral da PM, coronel César Kogut, como com o delegado-geral da Polícia Civil, Riad Farhat. Contudo, a primeira tarefa de Grupenmacher como secretário será decidir se os dois permanecerão nas chefias das instituições. O Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná (Simpoapar) comemorou a indicação do médico. De acordo com o presidente da entidade, Leandro Lima, ele já representava bem a classe dos peritos como diretor da Polícia Científica. “É o primeiro perito que vira secretário no Paraná. Ele tem feito um bom trabalho, estruturando a criminalística e o Instituto Médico Legal (IML)”, disse Lima. Para o presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos Inativos e Pensionistas (Amai), coronel da reserva Elizeo Furquim, o secretário é mais uma figura política, sem influência direta no trabalho das polícias. “Vai valer o que foi programado antes do governo começar, o que estava planejado. Que Deus o abençoe”, disse. Histórico Grupenmacher é médico legista concursado do estado desde 1997. Ele é formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com residência médica no Instituto Hilton Rocha, e fez mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), onde também é professor. Oftalmologista, ele foi o primeiro diretor-geral da Polícia Científica. Antes de março do ano passado, quando assumiu a chefia do Instituto Médico Legal e do Instituto de Criminalística, as duas instituições eram geridas separadamente. Desafios / Veja quais são os principais desafios do novo secretário: Assassinatos Manter a queda de homicídios no Paraná. O ano passado terminou com 2.575 homicídios dolosos (intencionais) em todo estado, 18% a menos do que em 2012. Copa do Mundo O risco de manifestações de grandes proporções tem feito todos os estados planejarem ações policiais especiais. Em Curitiba não será diferente. Superlotação carcerária Há 9.843 mil presos em delegacias do Paraná, de acordo com a Secretaria da Segurança. Parte deles está em guarda compartilhada com a Secretaria da Justiça e Cidadania. A superlotação tem gerado uma série de fugas e interdições de carceragens no estado inteiro. Falta de dinheiro Não é segredo o problema de caixa do estado. Até os cães da Polícia Militar tiveram ração racionada. Por algumas vezes, desde o segundo semestre do ano passado, policiais foram flagrados empurrando viaturas que precisavam de combustível e de manutenção. Os telefones da própria secretaria já foram cortados por falta de pagamento. Promessas não cumpridas No último ano de mandato, o governador Beto Richa ainda não cumpriu duas promessas. Não foi construída nenhuma das 12 delegaciascidadãs, que melhorariam o atendimento da Polícia Civil. Além disso, o estado não adquiriu os 400 módulos móveis prometidos para Polícia Militar. Há apenas três em Curitiba. Energia / Executivo da Alstom diz que conselheiro do TC recebeu propina Um executivo ligado à cúpula da Alstom na França disse que a multinacional pagou propina para Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas (TC) de São Paulo e ex-chefe da Casa Civil no governo de Mário Covas (PSDB), entre 1995 e 1997. A denúncia foi feita por Michel Cabane, ex-diretor da Cogelec, subsidiária da Alstom. A Cogelec produzia subestações de energia, equipamentos que seriam vendidos à Eletropaulo e à Empresa Paulista de Transmissão de Energia em 1998. A Alstom pagou R$ 23,3 milhões de suborno para conseguir um contrato de R$ 181,3 milhões, segundo o MP. Os pagamentos foram feitos entre 1998 e 2003, quando o estado era governado por Mário Covas e Geraldo Alckmin,. O advogado de Marinho, Celso Vilardi, diz que essas conversas se referem a 1998, quando foi assinado o contrato, e nessa época Marinho não havia julgado nenhum processo da Alstom. “Não faria sentido nenhum suborno porque não havia processos pendentes”, disse. A Alstom não quis comentar a declaração de Cabane. Investigação / MPF denuncia 20 por contratação de fantasmas na Câmara Integrantes do Ministério Público Federal em Brasília denunciaram à Justiça 20 pessoas acusadas de integrar um suposto grupo envolvido com contratação de funcionários fantasmas e fraude ao Programa de Assistência e Educação Pré-Escolar da Câmara dos Deputados. Segundo o MPF, as irregularidades teriam sido cometidas entre 2006 e 2009. Para os procuradores, os denunciados devem responder pelos crimes de peculato, estelionato e lavagem de dinheiro. Segundo o MPF, participaram do esquema um ex-parlamentar, servidores da Câmara, funcionários de escolas e trabalhadores fantasmas. De acordo com a denúncia, a fraude consistia na entrega de recibos falsos de mensalidades escolares para reembolso dos valores pela Câmara dos Deputados. Na apuração, foi descoberto que alguns dos beneficiados jamais trabalharam na Câmara. Imposto de Renda 2014 / OAB requer correção do IR pela inflação Entidade ingressa no STF contra defasagem de 61% na tabela entre 1996 e 2013. Ação pede aumento do limite de isenção para R$ 2.758 Agência O Globo O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) entrou ontem com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física seja realizada com base no índice oficial de inflação, o IPCA. O presidente da OAB federal, Marcus Vinícius Coêlho, disse que, nos últimos anos, a inflação real registrada foi superior à base de cálculo utilizada para a tabela do IR, o que causou defasagem na tabela. Desde 2007, por exemplo, a correção é realizada com base no centro da meta de inflação do governo, de 4,5% ao ano. No ano passado, a inflação fechou o ano em 5,91%. Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram uma defasagem acumulada de 61,24% na tabela de cálculo do Imposto de Renda entre 1996 e 2013. “A ação beneficia não apenas os isentos, mas toda e qualquer pessoa que paga Imposto de Renda nas tabelas que se seguem. De acordo com o nível de remuneração, se paga índice diferente”, disse. Coêlho considerou que a forma como a tabela é corrigida hoje fere comandos constitucionais como o conceito de renda, de capacidade produtiva e de não confisco tributário. Ele ressaltou que, enquanto em 1996 quem ganhava até oito salários mínimos estava isento do pagamento do imposto, hoje essa faixa compreende quem ganha cerca de 2,5 salários mínimos. “A correção da tabela, aumentando a carga tributária sobre o salário do trabalhador, é inconstitucional, porque fere o princípio do mínimo existencial. O trabalhador precisa de um mínimo para existir”, disse o presidente da OAB, que considerou a defasagem da tabela um “confisco” e uma “ofensa ao direito do trabalhador”. Ressarcimento Outro pedido da OAB é para que haja um ressarcimento, ao longo dos próximos dez anos, da defasagem acumulada de 62% da tabela. Com isso, os contribuintes não receberiam uma restituição do imposto pago, mas veriam o limite de isenção subir de R$ 1.787 para R$ 2.758. “O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal [Sindifisco Nacional] propôs um projeto de lei e incorporamos este raciocínio, de que o ressarcimento dos últimos anos, os 62%, seja feito em dez anos, para que não abale as contas públicas”, afirmou. “Hoje, o brasileiro trabalha 150 dias por ano para pagar tributos. É uma carga tributária das mais elevadas para o planeta Terra”, acrescentou. Na ação de inconstitucionalidade, a OAB pede a correção da defasagem cheia para o ano-calendário 2013 e para os exercícios seguintes, com aplicação imediata da nova faixa de isenção. Aplicativo Já está disponível o aplicativo que permite que usuários do sistema iOS façam a declaração do Imposto de Renda através de iPhones e iPads. Segundo a Apple, o sistema foi liberado para download na última sexta-feira. A empresa disse que não irá comentar o atraso na liberação do aplicativo, que, segundo a Receita Federal, deveria ter sido disponibilizado aos usuários na quinta-feira, primeiro dia da entrega do IR 2014. Malha fina A partir de 17 de março, a Receita Federal depositará R$ 6,7 milhões relativos à restituição de 994 contribuintes que tinham caído na malha fina do Imposto de Renda entre 2008 e 2013. Para saber se está incluído nesse lote, o contribuinte deverá acessar o site www.receita.fazenda.gov.br ou ligar para o Receitafone (146). Artigo / Tabela do leão precisa de revisão urgente Mario Elmir Berti, presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon) O prazo para entrega das declarações do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) 2014 já está aberto, e mais uma vez são discutidas as novidades para este ano e o que permanece como antes. O contribuinte com dependentes, que geralmente opta pela declaração completa, deve estar torcendo o nariz para algo que não mudou: valores completamente irreais permitidos nas deduções. As despesas com educação, por exemplo, impõem teto de R$ 3.230,46, o que dá uma média de cerca de R$ 270 por mês. Desnecessário dizer que o valor realmente gasto neste campo é muito maior. O mesmo vale para as deduções com dependentes, limitadas a R$ 2.063,64 anuais. Trata-se de uma quantia miserável diante do efetivo custo gerado. A tabela de incidência do Imposto de Renda está totalmente defasada e necessita de revisão urgente. Sobre este tópico, aliás, é importante lembrar que os dependentes só podem ser deduzidos na declaração do titular se constarem na sua declaração como tal, independentemente de o pagamento ter sido feito pelo declarante ou não. A novidade que mais facilita a entrega a partir de 2014 é a possibilidade de ter acesso direto às informações disponíveis nos computadores da Receita Federal, para os portadores de certificado digital. O mecanismo possibilita saber, por exemplo, os rendimentos declarados pelas fontes pagadoras, informações bancárias e transações imobiliárias. Essa ferramenta vai inibir erros no preenchimento da declaração, tendo em vista que não haverá cruzamento de informações se as importações de valores forem feitas diretamente dos computadores da Receita. Juntamente com a alternativa de entregar a declaração através de dispositivos móveis, é um dos pontos mais positivos a se destacar sobre as reformas no processo de declaração. De resto, vale o velho conselho: sai em vantagem o contribuinte que entrega a declaração o mais cedo possível, especialmente se houver restituição, pois a possibilidade de receber antes é maior. 968 mil pessoas já enviaram a declaração do Imposto de Renda 2014 até as 17 horas de ontem, segundo a Receita Federal. O prazo termina em 30 de abril. Neste ano, o Fisco espera receber 27 milhões de declarações, quase um milhão a mais que em 2013. Justiça / Madero vai repassar taxa de serviço a garçons Amanda Audi Funcionários da rede de restaurantes Madero Burger & Grill conseguiram, por acordo na Justiça do Trabalho, reaver pagamentos da taxa de serviço de 10% do total da conta – que eram cobrados dos clientes em alguns estabelecimentos da marca e não repassados integralmente aos garçons e garçonetes até outubro de 2012. No total, 226 trabalhadores e ex-funcionários serão beneficiados com um montante devido de mais de R$ 500 mil, que será pago em 10 parcelas até dezembro deste ano. Os funcionários que integram a ação receberão cerca de R$ 300 por cada mês cujo pagamento da taxa não foi repassado integralmente, contados desde a efetivação no trabalho até outubro de 2012, quando os restaurantes deixaram de cobrar os 10% dos clientes. O acordo, firmado na 1.ª Vara do Trabalho de Curitiba, partiu de uma ação coletiva proposta pelo Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Hoteleiro, Meios de Hospedagem e Gastronomia de Curitiba e Região (Sindehotéis). “Nós ajuizamos ação coletiva pleiteando esses 10% que não foram repassados no momento oportuno. Em audiência fizemos acordo e calculamos o valor devido a cada funcionário proporcionalmente por tempo de trabalho”, explica o advogado do Sindehotéis, Edson Massaro Postalli. Pagamento Para compensar a perda salarial desde o fim da cobrança dos 10%, a rede optou por manter o salário dos funcionários acima da média de mercado. A medida teve concordância do sindicato da categoria. Dos 226 funcionários que entraram na ação coletiva, apenas 21 ainda trabalham no Madero. Eles receberão o valor de R$ 300 a mais no salário a partir deste mês até fevereiro de 2015. O Madero, em nota assinada pelo chef e empresário Junior Durski, relatou que o acordo foi firmado espontaneamente pela rede. “Realmente repassávamos somente parte da taxa de serviço arrecadada aos funcionários, isso porque existiam e existem muitos custos sobre esta arrecadação dos 10% da taxa de serviço, como impostos, taxas de cartões de créditos e eventuais cancelamentos de recebimentos”, diz o texto. A rede Madero tem 32 unidades, que atendem cerca de 500 mil pessoas por mês. Políticas Públicas / Quadra Cultural opõe governo e prefeitura Evento tem gerado polêmica e depende de ação conjunta para acontecer neste ano Sandro Moser O impasse na realização da edição 2014 da Quadra Cultural tem servido para opor o governo estadual e a prefeitura de Curitiba em pleno ano eleitoral. A solução do problema, no entanto, depende de atuações técnicas e políticas complementares das duas esferas da administração pública. No início do mês de fevereiro, em reunião da Comissão Permanente de Análise de Eventos de Grande Porte (Cage), o representante da Polícia Militar disse que não há condições de segurança exigidas por lei para a realização da Quadra. A decisão mudou o foco do caso, até então pivô de uma polêmica entre o idealizador do evento, o empresário Arlindo Ventura, o Magrão, e a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), que agitou a cena política local (leia mais abaixo). Na última quinta-feira, o idealizador do evento, Magrão, radicalizou a negociação: acorrentou-se em frente à Prefeitura com a promessa de que só sairia do local depois que o prefeito o atendesse pessoalmente – o que ocorreu em poucos minutos. “Estava preparado para passar o fim de semana todo. Sei que não é a melhor forma de reivindicar, mas estou sozinho nessa e foi o que me sobrou”, justifica Magrão. Na versão do empresário, o prefeito teria se comprometido a buscar soluções para o financiamento da Quadra – cuja realização e incorporação ao calendário oficial da cidade foi promessa de campanha de Fruet –, desde que conseguidas as liberações exigidas na reunião do Cage. Segundo a assessoria de Comunicação da Prefeitura, não há o que a administração municipal possa fazer após a negativa da Polícia Militar. A assessoria do governo estadual, no entanto, afirmou que o governador Beto Richa determinou que desde que cumprida a legislação e que a Prefeitura se comprometa com a parte que lhe cabe a secretaria estadual de Segurança garante a realização do evento. Polêmica Até 2013, a realização da Quadra era custeada por uma verba de R$ 50 mil, proveniente de uma emenda parlamentar da então vereadora Renata Bueno (PPS). O resto das despesas, incluindo segurança privada e estrutura para shows, era custeado com recursos privados do organizador. Para 2014, porém, o empresário não conseguiu emendas ao orçamento de Curitiba na Câmara Municipal, nem foi selecionado para obter recursos via Lei de Mecenato. Magrão alega ter procurado a FCC no mês de outubro do ano passado para formular um projeto conjunto para custear a Quadra com recursos de uma emenda parlamentar do deputado Rubens Bueno (PPS). O projeto de requisição da emenda, no entanto, não foi apresentado em tempo hábil e a emenda não saiu. Segundo Magrão, a negativa do presidente da FCC, Marcos Cordiolli, ocorreu porque Bueno é de um partido que faz oposição ao governo federal do PT. Em entrevista à Gazeta do Povo, Cordiolli negou a versão e disse que como o empresário não apresentou projeto em tempo hábil e o evento é privado, a FCC não poderia dar apoio que não fosse a cessão da estrutura para o evento. Opinião / Festa de rua virou “batata- quente” e seu futuro não é garantido Sandro Moser Os 50 m² do Torto Bar têm agitado a política local. Tanto o prefeito Gustavo Fruet (em campanha), quanto o governador Beto Richa (para uma “despretensiosa” sinuca) passaram por lá recentemente. Em questão, a Quadra Cultural, o festival de música de rua que desde 2008 traz artistas locais e um nome da “velha guarda” da MPB. A festa é uma inusitada ocupação do bairro São Francisco e faz parte de um “pacote de eventos privados com função pública” adotados pela cena cultural da cidade (os Garibaldis e Sacis, o Psycho Carnival e o Paiol Literário são outros exemplos). A mudança de gestão municipal em 2013 obrigou a rediscussão de todos. Os eventos de Carnaval foram repaginados e saíram. O Paiol, politizado, deu polêmica braba e mudou de casa e cara. O futuro da Quadra é incerto, pois virou “batata quente” política, justo no momento em que a polarização deve se exacerbar. Neste caso, não ajudam extremismos como o episódio da corrente – que soa a chantagem. A solução depende de tanto de Richa, quanto de Fruet. Como em política tudo é possível, talvez os vejamos juntos na Quadra, em abril. Meu palpite é que isso não vai acontecer. Folha de Londrina Informe Folha / Novo líder? O prefeito de Londrina Alexandre Kireeff (PSD) pode trocar a liderança do governo na Câmara, atualmente ao encargo da vereadora Elza Correia (PMDB). Ele teria sondado o vereador do PPS Professor Fabinho, na semana passada, para a função. O assunto foi levado para a reunião do PPS em Londrina, no último sábado, quando Fabinho obteve carta branca dos correligionários para decidir se aceita ou não. Uma reunião entre ele e o prefeito estaria marcada para a manhã de hoje. Fabinho não foi localizado ontem para comentar o assunto, assim como Kireeff. Elza, que desconhece qualquer negociação, tentou uma reunião com Kireeff na tarde de ontem, mas não conseguiu devido à agenda lotada do prefeito. Ela disse que só se pronunciará quando houver algo concreto para comentar. Já apóia O deputado estadual Tercílio Turini (PPS) confirmou ontem que o partido liberou Fabinho para assumir a liderança do governo. "O partido discutiu e deu total liberdade para ele. Hoje temos um bom relacionamento com o prefeito e Fabinho já ajuda o governo", afirmou. Na sexta-feira, durante a visita da senadora Gleisi Hoffmann (PT) a Kireeff, o vereador era um dos presentes, junto com Elza, Lenir de Assis (PT) e o presidente da Câmara, Rony Alves (PTB). Troca-troca 1 Além da nomeação do novo secretário estadual de Segurança Pública, Leon Grupenmacher, e da mudança na Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) – sai Jozélia Nogueira e entra Luiz Eduardo Sebastiani – o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), deve promover pelo menos mais cinco alterações no alto escalão da administração até o final do mês. Isso porque, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o prazo para desincompatibilização daqueles que pretendem concorrer às eleições de outubro é de até seis meses antes do pleito. Troca-troca 2 Entre os nomes cotados para se candidatar a algum cargo na disputa proporcional estão os dos titulares das secretarias de Governo (Cézar Silvestri), Desenvolvimento Urbano (Ratinho Jr.), Casa Civil (Reinhold Stephanes), Indústria e Comércio (Ricardo Barros), Relações com a Comunidade (Ubirajara Schreiber), Assuntos Estratégicos (Edson Casagrande), Trabalho (Luiz Claudio Romanelli) e Meio Ambiente (Luiz Eduardo Cheida). Pessuti e Gleisi descartados O presidente do diretório estadual do PMDB no Paraná, deputado federal Osmar Serraglio, afirmou ontem, em visita à Assembleia Legislativa (AL), que a crise do partido com o governo Dilma Rousseff (PT) não deve afetar a disputa ao Palácio Iguaçu. Segundo ele, hoje existem apenas dois caminhos para a legenda no Estado: a aliança com o governador Beto Richa (PSDB) e a candidatura própria do senador Roberto Requião (PMDB). "Não temos um deputado estadual com o (ex-governador Orlando) Pessuti ou com a (senadora) Gleisi (Hoffmann). E temos de começar a definir", disse. Maior da AL, a bancada da legenda é composta atualmente por 12 parlamentares. Black Bloc "Tem muito ‘black bloc’ nesse governo fazendo quebradeira". Do deputado estadual Professor Lemos (PT), durante a sessão plenária de ontem na Assembleia Legislativa (AL), ao complementar a fala do líder da oposição, Elton Welter (PT), que criticava a crise financeira enfrentada pelo governo estadual. Promoção pessoal O Tribunal de Contas (TC) do Paraná acatou representação contra a ex-prefeita de Maripá (Oeste) Jacira Quirino Alves (gestão 2009/2012) por promoção pessoal. Ela foi acusada, pelo ex-vereador Altair João Pandini, de emplacar oito veículos novos do município com as iniciais do nome dela e o número do seu partido político, 15 do PMDB. 8 placas De acordo com informações da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) da região, ela reservou, às custas do erário, oito placas "personalizadas". Os valores pagos pelo município totalizaram R$ 750,00, sendo R$ 700,00 pela reserva de sete placas e R$ 50,00 pela escolha de uma placa, com contribuição destinada ao Provopar. Multa e restituição No voto pela procedência da representação, o conselheiro do TC e corregedor-geral Ivan Bonilha determinou a aplicação de oito multas a Jacira Quirino Alves, no valor total de R$ 11.607,84. Ela também deverá restituir aos cofres do município R$ 750,00, devidamente atualizado. A ex-prefeita poderá recorrer da decisão. Meta de campanha contra HPV é vacinar 270 mil meninas no PR Número é equivalente a 80% do público-alvo; doses previnem contra câncer de colo de útero Marian Trigueiros Reportagem Local Londrina – Cerca de 270 mil meninas paranaenses serão imunizadas contra o Papiloma Vírus Humano (HPV) na campanha nacional de vacinação aberta ontem. Esse número equivale a 80% do público-alvo, formado por adolescentes entre 11 e 13 anos. Pelo menos, essa é a meta estipulada pelo Ministério da Saúde (MS) para todo o País. Em Londrina, 12 mil adolescentes estão na faixa etária contemplada pela ação. Ao longo do ano, o Estado deve receber 573,3 mil doses da vacina, que previne o câncer de colo de útero. A primeira é aplicada agora, a segunda após seis meses e a terceira e última, depois de cinco anos. Em 2015, a vacina vai passar a ser oferecida para as adolescentes de 9 e 10 anos. As faixas contempladas foram definidas pelo MS. O objetivo é fazer a imunização antes do início da vida sexual e do possível contato com o HPV. De acordo com a gerente da Vigilância Epidemiológica em Londrina, Sônia Fernandes, 4,9 mil doses já estão disponíveis no Município. "Até o final do mês, a Secretaria Estadual de Saúde garantiu mandar o segundo lote da vacina." Neste primeiro momento, a vacinação é feita apenas nos 52 postos de saúde das zonas urbana e rural. "A princípio não haverá campanha nas escolas. Porém, estamos trabalhando com orientação em algumas instituições de ensino", adiantou. Agentes de saúde receberam treinamento para repassar aos usuários dos postos informações sobre o HPV, incluindo formas de transmissão e de tratamento da doença. A vacina utilizada é a quadrivalente, que confere proteção contra quatro subtipos do HPV (6, 11, 16 e 18). Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero no mundo. Para o primeiro ano de vacinação, o Ministério da Saúde está distribuindo 15 milhões de doses em todo o território nacional. A meta é atingir 80% do público-alvo, composto por 5,2 milhões de meninas. A dona de casa Débora Bueno aproveitou o primeiro dia da campanha para garantir a imunização da filha Aline Gomedi, de 11 anos. "Li várias informações a respeito da vacina e acredito que seja uma boa forma de prevenir o câncer de colo de útero. Gostaria que minha filha mais velha também fosse contemplada, mas ela já passou da idade da campanha. Vou atrás da vacinação particular para que ela fique protegida", comentou. Aline, por sua vez, conta que confiou na decisão da mãe e não teve medo da vacina. "É para minha saúde, minha mãe explicou", disse. ‘Recomendadas estão no calendário’ Beatriz Bulla Agência Estado São Paulo - O ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou que, com a campanha de vacinação contra HPV, o Brasil incorpora todas as vacinas recomendadas do ponto de vista da saúde pública. "Passamos a ter 14 vacinas no nosso calendário. Todas as vacinas recomendadas do ponto de vista da saúde pública passam a ser incorporadas na proteção das crianças, adultos e idosos do nosso País. Isso é uma grande conquista", disse Chioro, durante cerimônia de lançamento da campanha nacional de vacinação. "Estamos falando de um problema muito sério, que passa a ter mais um cuidado de prevenção", afirmou. Chioro destacou que o investimento feito pelo Ministério da Saúde é de R$ 465 milhões para garantir a vacinação. Antes do início da cerimônia, Chioro vacinou algumas crianças no CEU Butantã, na zona oeste de São Paulo. O mesmo fez o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tem formação em medicina. A presidente Dilma Rousseff acompanhou a vacinação ao lado das crianças. Motim destrói delegacia na RMC Campo Largo - A delegacia de Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), ficou destruída após um motim na noite de domingo. Celas e o setor de plantão foram destruídos. A carceragem abrigava 104 presos em 37 vagas. Um grupo ateou fogo no local para impedir a ação de um policial e dois carcereiros que faziam a vigilância. Em seguida, abriu buracos nas paredes para fugir. Dez foram recapturados. O delegado Antônio Macedo negociou com a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) a transferência de 30 presos, levados ontem para o sistema penitenciário.(Rodrigo Batista/Equipe Bonde) Justiça nega transferência de chefe de facção para isolamento São Paulo - A Justiça de São Paulo negou a transferência do principal chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para o regime de isolamento. Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, está preso em Presidente Venceslau, no interior paulista. A decisão do desembargador Péricles Piza, em caráter liminar, é de sexta-feira e foi tomada em resposta a um pedido do Ministério Público, feito em 2013. Na ocasião, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) solicitou a transferência de Marcola e de outros 34 membros do PCC para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), que prevê isolamento do preso 22 horas por dia. O pedido para o isolamento de Marcola foi negado em primeira instância. O Ministério Público recorreu, e impetrou um mandado de segurança, com pedido de liminar, contra a decisão do juiz de primeira instância. Agora, o desembargador Piza julgou o mandado de segurança improcedente e afirmou, em sua decisão, que a sentença de primeira instância não apresentou vício ou ilegalidade para ter de ser corrigida. O mérito da questão ainda será analisado em plenário por uma turma de desembargadores do Tribunal de Justiça. Plano de fuga No final de fevereiro, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) apresentou um novo pedido à Justiça para que Marcola seja transferido para o RDD, dessa vez com base em uma investigação que descobriu um plano de fuga do número um da facção e de outros três criminosos. Não há ainda decisão judicial sobre esse pedido. O RDD é a forma mais rígida de cumprimento de pena em São Paulo. Nesse sistema, o preso fica em cela individual, sem acesso ao noticiário, sem direito a visitas íntimas, e tem apenas duas horas diárias de banho de sol. Presos rendem agente penitenciário Piraquara - Um agente penitenciário foi mantido refém por quase quatro horas na manhã de ontem na Penitenciária Estadual de Piraquara 2, na Região Metropolitana de Curitiba. Dois presos renderam o funcionário para cobrar a transferência para uma unidade prisional de Guarapuava. A reivindicação foi aceita e os presos libertaram o refém. Segundo a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), o agente entrou sozinho na ala, o que caracteriza imprudência. A pasta vai investigar se houve facilitação. Os detentos terão agravamento de pena por cárcere privado.(Rodrigo Batista/Equipe Bonde) Vara trabalhista suspende parte de ação sobre Iguaçu Fábio Galiotto Reportagem Local A 7ª Vara do Trabalho de Londrina suspendeu ontem a tramitação de ação que pedia a inclusão de Guidimar dos Anjos Guimarães como sócio oculto da Iguaçu do Brasil, por entender que o fórum correto para o caso é a Justiça Cível. O autor do processo é o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Londrina (Sintracom), que buscava garantir recursos para quitar débitos trabalhistas com funcionários da construtora. Em audiência no Tribunal Regional do Trabalho em Londrina, o juiz Mauro Vasni Paroski afirmou que a ação do Sintracom não é o meio adequado para declarar a existência de sociedade de fato entre Guimarães e a Iguaçu, "tampouco a Justiça do Trabalho detém competência para isso". O advogado do Sintracom, Jorge Custódio, diz que passará a priorizar as ações individuais, porque tem uma decisão favorável na 6ª Vara do Trabalho. Ele diz que apenas gostaria da penhora de bens do suposto sócio oculto da construtora, para resguardar créditos para acordos trabalhistas. No entanto, os advogados que representam Guimarães, Caio Biasi e Celso Garutti Costa, argumentam que a Justiça do Trabalho deve somente tratar de relações entre empregador, no caso a construtora, e funcionários, mas não sobre a inclusão do cliente deles como sócio. Eles dizem que Guimarães apenas fez um empréstimo à Iguaçu e não tem ações da empresa. De propriedade do ex-prefeito de Mandaguari Carlos Alberto Campos de Oliveira, a construtora foi denunciada em março do ano passado pela venda irregular de imóveis a mais de 600 pessoas, com prejuízo superior a R$ 60 milhões. Justiça condena Ferroeste por demitir concursados Rodrigo Batista Equipe Bonde A Justiça do Trabalho concedeu liminar contra a Ferroeste, empresa que administra parte da malha ferroviária do Paraná. A empresa é acusada de demitir funcionários concursados sem justificativa e de contratar, para o posto de cada um deles, empregados terceirizados. A Justiça determinou que os funcionários sejam readmitidos e, caso não se cumpra a decisão, foi determinada multa. O pedido de liminar foi feito pelo Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPTPR) e a decisão saiu no dia 28 de fevereiro. A procuradora do Trabalho Mariane Josviak explica que as demissões sem justificativa no caso dos funcionários concursados, ainda que eles não tivessem estabilidade, é uma medida irregular da empresa. As demissões ocorriam, segundo a procuradora, de concursados para cargos de atividades fins. Esses cargos, em tese, devem ser exercidos apenas por funcionários concursados, mas, de acordo com a procuradora, a Ferroeste teria contratado profissionais terceirizados para as funções. "Apenas em casos de atividade meio, como limpeza, pode haver contratação de terceirizados". A Ferroeste é uma empresa de economia mista, com o governo do Paraná como acionista majoritário. Mesmo neste caso, segundo a procuradora, há necessidade de manter os concursados nessas atividades. Mariane ainda explica que a liminar tenta garantir que o concurso público seja mantido sem violações. Para garantir o cumprimento da liminar, da qual cabe recurso, a Justiça do Trabalho determinou multa de R$ 1 mil por trabalhador não readmitido. Caso haja nova demissão de concursados sem justificativa, a multa será de R$ 20 mil por trabalhador desligado da Ferroeste. Se houver contratação de terceirizados para atividade fim, a multa fica em R$ 100 mil por pessoa admitida. A Ferroeste informou, em nota, que "os desligamentos seguiram a lei trabalhista, bem como o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), uma vez que a Ferroeste é sociedade de economia mista regida pela CLT". Ainda segundo a empresa, não houve substituição desses funcionários por mão de obra terceirizada. A Ferroeste não confirmou se vai recorrer da decisão. Bem Paraná Procuradoria Geral entra na briga pela redução da tarifa de ônibus em Curitiba PGE ingressou com medida no Tribunal de Justiça para garantir a redução de R$ 0,43 pagos às empresas de ônibus A Procuradoria Geral do Estado do Paraná (PGE) ingressou com Recurso de Agravo no Tribunal de Justiça para manter a medida cautelar do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que determinou a redução da tarifa técnica de ônibus praticada em Curitiba e Região Metropolitana. Com 14 páginas, o recurso é assinado pelo procurador do Estado Eron Freire dos Santos e foi protocolado no final da tarde da última sexta-feira. A PGE é o órgão responsável pela defesa das decisões do TCE e das demais entidades estaduais na esfera judicial. A cautelar do TCE foi emitida em 30 de janeiro pelo conselheiro Nestor Baptista, relator de processo resultante de auditoria realizada por seus técnicos nas planilhas do sistema de transporte. A medida determinou que, no momento do reajuste, previsto contratualmente para fevereiro, fossem excluídos do cálculo da tarifa técnica (o valor pago às empresas) quatro itens considerados ilegais e readequados outros dois, que estavam majorados. O reflexo seria a redução de R$ 0,43 no valor da tarifa técnica, hoje em R$ 2,99. A cautelar do conselheiro foi referendada pelo Pleno do TCE, em 6 de fevereiro. No dia 20, porém, o desembargador do TJ, Marques Cury, concedeu liminar suspendendo a eficácia da medida do Tribunal de Contas. A decisão foi tomada em mandado de segurança apresentado pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp). No Recurso de Agravo, a PGE pede a cassação da liminar do desembargador Marques Cury e contesta os argumentos jurídicos utilizados por ele para deferir a medida. Enfatiza que, ao contrário do que afirma a liminar do TJ, o Tribunal de Contas não ultrapassou os limites de sua competência administrativa e nem “exerceu controle prévio de atos futuros da administração pública”. Cálculo realizado pelos técnicos do TCE, anexados ao recurso, apontam que, em decorrência das irregularidades atacadas na medida cautelar, os usuários do sistema arcam com um prejuízo mensal de R$ 10,9 milhões. O cálculo leva em consideração os itens incorporados ao cálculo da passagem e que não deveriam integrar a planilha. Médico-legista assume a Segurança Pública Leon Grupenmacher atualmente é diretor-geral da Polícia Científica do Paraná Depois de 20 dias da saída do ex-secretário de Segurança Pública, Cid Vasques, o governador Beto Richa encontrou seu substituto. Quem assume a pasta é Leon Grupenmacher, que deve ser empossado hoje. Grupenmacher já faz parte da equipe de governo como diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, responsável pelas atividades do Instituto Médico Legal (IML) e o Instituto de Criminalística (IC). Grupenmacher é médico-legista concursado do Estado desde 1997. Ele é formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com residência médica no Instituto Hilton Rocha, e fez mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), onde atua como professor. A escolha de Grupenmacher acaba com um hiato na Sesp desde o dia 18 de fevereiro, quando Cid Vasques anunciou sua saída para retornar ao Ministério Público. No dia seguinte, o governador chegou a anunciar o delegado da Polícia Federal José Alberto de Freitas Iegas como novo secretário. Porém, a saída do delegado não foi autorizada pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que justificou uma quarentena para liberar o delegado da PF. Folha de S.Paulo Esporte - Atlético-PR gasta verba de estádio para contratar atleta Clube usou R$ 1,5 milhão de empresa que recebe dinheiro público Bernardo Itri O Atlético-PR usou dinheiro que deveria ser aplicado na reforma da Arena da Baixada, estádio mais atrasado da Copa do Mundo, para contratar um jogador. A CAP S/A, empresa constituída pelo clube para receber recursos públicos específicos para a obra do estádio, transferiu R$ 1,5 milhão ao Vitória-BA para comprar 50% dos direitos econômicos de Léo, lateral-direito. A transação foi efetuada em 26 de dezembro de 2013, conforme extrato da transferência obtido pela Folha A conta da CAP S/A, de onde saiu esse valor, recebeu R$ 226,4 milhões de dinheiro público. São financiamentos do BNDES, que liberou R$ 131,1 milhões, e do governo do Paraná, cujo empréstimo foi de R$ 95,3 milhões.Essa quantia deveria ser utilizada exclusivamente para a reforma do estádio.O Atlético-PR também aportou cerca de R$ 38 milhões na obra da arena. Ou seja, não é possível saber se o R$ 1,5 milhão usado na contratação é dinheiro público ou do próprio Atlético-PR. No entanto, a quantia não poderia ser utilizada para outro fim que não fosse a reforma do estádio. "A CAP S/A é uma empresa de propósito específico: a reforma do estádio", afirma Reginaldo Cordeiro, secretário da Copa em Curitiba. "Eu não sabia dessa movimentação. É estranha", completa. "O dinheiro da CAP S/A é para a Copa", emenda Mário Celso Cunha, coordenadorgeral da Copa no Estado do Paraná, que também desconhecia a operação. A falta de verba para a obra da Arena da Baixada, aliás, colocou em risco a participação de Curitiba na Copa. No início de 2014, o Atlético-PR sinalizou que só possuía dinheiro para tocar a reforma até o fim de fevereiro. Este fato gerou insegurança na Fifa, que ameaçou excluir a sede do Mundial. Para solucionar o problema, o governo do Paraná se comprometeu a ajudar e tenta levantar mais R$ 65 milhões com o BNDES. Se aprovada, a nova remessa entrará na conta da CAP, que também se beneficia de isenções fiscais concedidas pelo governo federal. Negócio Desfeito A transferência do valor serviria para que o Atlético-PR comprasse 50% dos direitos econômicos de Léo. A transação foi efetuada, mas um conflito entre o clube paranaense e o Vitória fez com que contratação do jogador naufragasse. Agora, o Atlético-PR quer receber de volta a quantia paga. E Léo acabou contratado pelo Flamengo.