TREINAMENTO AVANÇADO A seguir parte do material didático que é distribuído aos participantes do curso. A próxima turma do curso VÁLVULAS INDUSTRIAIS está programada para o período de 16 a 19 de setembro de 2013, no Rio de Janeiro. Para maiores informações entre em contato com o NTT pelo telefone: (21) 3325-9942 ou e-mail: [email protected] 6 - Válvulas Gaveta PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS VÁLVULAS GAVETA • Atuação • Movimento do obturados perpendicular ao fluxo • Aplicações • Válvula de bloqueio de uso geral • Hidrocarbonetos, água, vapor, borra, fluidos densos • Vantagens • Adequada para operações frequentes • Baixo custo relativo • Boa vedação para líquidos limpos e vapor • Baixa perda de carga • Pode ser recuperada e reciclada • Válvulas resistentes ao fogo TREINAMENTO AVANÇADO • Desvantagens • Não adequada para controle de vazão • Deve operar totalmente aberta ou fechada • Não propicia estanqueidade total • Acionamento multivolta DESCRIÇÃO É o principal tipo de válvula encontrado na indústria do petróleo, principalmente nas instalações terrestres. Atualmente outros tipos de válvulas mais leves e de menor custo principalmente as válvulas esfera e borboleta passaram a concorrer com as válvulas gaveta. São empregadas como válvulas de bloqueio em serviços com líquidos em geral, água, hidrocarbonetos, para fluidos sem sólidos em suspensão. Não devem ser empregados onde os fluidos transportados possam vir a se solidificar no interior das válvulas, como é o caso de resinas, tintas e vernizes. Entre as principais vantagens no emprego de válvulas tipo gaveta, podemos mencionar a passagem livre, quando totalmente aberta, a boa estanqueidade, a grande diversidade de diâmetros, a variedade de meios de ligação, aplicação em larga gama de pressões e temperaturas, permitir o fluxo nos dois sentidos, ter um grande número de fabricantes e ser de fácil manutenção. As válvulas gaveta são em geral robustas e algumas estão em operação a mais de 20 anos podendo ser recuperadas diversas vezes ao longo de sua vida para reparo ou substituição dos componentes internos, mas mantendo o mesmo corpo. As válvulas gaveta fabricadas em aço forjado ou aço fundido e com internos em metal com alto ponto de fusão e sistema de vedação em grafite são consideradas resistentes a fogo em caso de incêndio. Entre as principais desvantagens no emprego de válvulas gaveta, podemos mencionar que não são indicadas para operações frequentes, não devem ser usadas para regular o fluxo, não permitem uma estanqueidade total, as válvulas possuem um maior peso quando comparadas a outros tipo de válvulas, grandes dimensões externas e custo elevado de alguns modelos. Figura 6.1 – Identificação das partes de uma Válvula Gaveta TREINAMENTO AVANÇADO TIPOS DE EXTREMIDADES DAS VÁLVULAS GAVETA Os principais tipos de extremidades utilizadas nas válvulas gaveta são: Extremidades com rosca NPT ou BSP, geralmente empregadas para válvulas de pequeno diâmetro ( ½” a 1 ½”), construídas em bronze e utilizadas para serviço com água. Extremidades de encaixe para solda, geralmente empregadas para válvulas de pequeno diâmetro ( ½” a 1 ½”), fabricadas conforme a norma API 602, construídas em aço forjado e utilizadas para serviços mais críticos com hidrocarbonetos e vapor. Extremidades flangeadas conforme ASME B16.5 ou ASME B16.47, geralmente empregadas para válvulas de médio e grande diâmetro (acima de 2”), fabricadas conforme as normas API-600, construídas em ferro fundido para serviço com água ou em aço fundido para serviços mais críticos com hidrocarbonetos e vapor. Extremidades para solda de topo, fabricadas geralmente nas válvulas com diâmetro acima de 2”, empregadas em serviços críticos em altas pressões e temperaturas, onde se quer uma estanqueidade absoluta. Rosca Encaixe para Solda Flange Solda de Topo Figura 6.2 – Tipos de Extremidades para Válvulas Gaveta TIPOS DE LIGAÇÃO CORPO COM A TAMPA DAS VÁLVULAS GAVETA Para as válvulas gaveta de Bronze, com diâmetros menores ( ½” a 2 ½”), utilizadas em serviço com água, ou outros fluidos com menor criticidade, a ligação entre o corpo e o castelo pode ser roscada, com rosca interna, rosca externa, ou com rosca tipo união. TREINAMENTO AVANÇADO Tampa com Rosca interna Tampa com Rosca externa Tampa com Rosca tipo união Figura 6.3 Válvulas Gaveta de Bronze com rosca interna, rosca externa e rosca tipo união Para as válvulas gaveta de ferro fundido ou aço fundido, com diâmetro de 2” e acima , a ligação entre o corpo e castelo das válvulas gaveta é normalmente feito com o uso de flanges aparafusados e possuem uma junta de vedação entre a flange do corpo com a flange da tampa ou castelo. Para as válvulas gaveta da classe 125 e 150 o flange tem o formato oval e para as válvulas classe 300 e acima o flange é circular. Para os serviços mais críticos com altas pressões e temperaturas, a ligação do corpo com o castelo da válvula pode ser soldada para os diâmetros de ½” a 1 ½ “ ou através de Castelo Selado à Pressão (Pressure Seal), para as válvulas com diâmetro acima de 2”. Neste caso a própria pressão interna do fluido atua sobre um anel cônico metálico que faz a vedação do corpo com a tampa da válvula. Castelo Aparafusado Castelo Selado à Pressão Castelo Soldado Figura 6.4 - Válvulas Gaveta com Castelo Aparafusado, Selado à Pressão e Castelo Soldado TREINAMENTO AVANÇADO TIPOS DE HASTE E VOLANTE As Válvulas Gaveta possuem uma haste que faz o movimento de translação da gaveta e um volante cujas múltiplas voltas no mesmo provocam o movimento da haste. As formas construtivas da haste e volante podem ser: Haste e volante fixos com rosca interna A haste é fixa ao volante e o movimento de rotação do volante transmite à haste apenas o movimento de rotação e por meio de uma rosca a haste transmite à cunha o movimento de translação o que possibilita a abertura e o fechamento da válvula. O sistema é empregado em válvulas de pequenos diâmetros, geralmente de bronze, para uso doméstico e em serviços de pequena responsabilidade. Uma das desvantagens do sistema é a impossibilidade de se saber, visualmente, se uma válvula está aberta ou fechada e a outra grande desvantagem é o frequente contato do fluido com as roscas da haste e da cunha. As principais vantagens são as menores dimensões externas e o preço em relação a outros modelos dessa mesma válvula. As duas primeiras válvulas da figura 6.3 representam esse tipo de ligação da haste com o volante. Haste e volante ascendentes com rosca interna A haste é fixa ao volante e o movimento de rotação do volante confere à haste os movimentos de rotação e de translação. A cunha é encaixada na haste e consequentemente também recebe o movimento translação o que permite a abertura e fechamento da válvula. Estas válvulas são empregadas em serviços de uso industrial de pequena responsabilidade em baixas temperaturas e baixas pressões. Uma das vantagens em relação ao sistema anterior é a possibilidade de se saber, visualmente, se uma determinada válvula está aberta ou fechada e as principais desvantagens são as dimensões externas e a rosca interna da haste que mantém contato com o fluido. Haste ascendente, volante não ascendente com rosca externa Neste modelo o volante é fixo ao castelo e recebe apenas movimento de rotação e este movimento de rotação do volante transmite à haste somente o movimento de translação. A cunha é encaixada na haste e consequentemente também recebe o movimento de translação o que permite a abertura e o fechamento da válvula. São válvulas empregadas em serviços mais críticos, para as mais variadas combinações de pressão e temperatura. Uma das vantagens em relação aos sistemas anteriores é de que a rosca da haste sendo externa, não entra em contato com o fluido e a outra vantagem é a possibilidade de se saber, visualmente, se a válvula está aberta, fechada ou semiaberta. As principais desvantagens são as dimensões externas e o alto custo em relação aos outros modelos desta mesma válvula. TREINAMENTO AVANÇADO Haste e Volante Ascendente, Rosca Interna Haste Ascendente, Volante Fixo, Rosca Externa Figura 6.5 - Válvulas Gaveta com Haste e Volantes ascendente e fixo, com roscas Interna e externa TIPOS DE GAVETA OU CUNHA O elemento obturador da válvula Gaveta é chamado de gaveta ou cunha e possuem as seguintes formas construtivas: Cunha sólida: Construída de uma peça sólida e recomendada para fluidos com algumas impurezas, fluidos densos, para vapor e para condensado. Cunha flexível: Composta de dois discos justapostos unidos internamente por ressaltos circulares. Este tipo de cunha absorve movimentos de dilatação e contração do corpo. É recomendada para água, hidrocarbonetos, vapor e gases para todas as temperaturas. Cunha bipartida: A cunha é formada de dois discos paralelos e independentes dentro dos quais se desloca um dispositivo de expansão que impõem aos mesmos movimentos de ajuste à sede acarretando a vedação. São raramente empregados, limitados a serviços com água, óleo ou gás para temperatura ambiente e baixas pressões. Devem ser instaladas na posição vertical. TREINAMENTO AVANÇADO Cunha Sólida Cunha Flexível Cunha Bipartida Figura 6.6 - Tipos de Gaveta ou Cunha TIPOS DE ANEL SEDE A sede é a região do corpo da válvula que se ajusta à cunha para proporcionar a vedação. Os tipos mais usuais de fixação da Anel-sede usinados: São empregados em válvulas de pequenos diâmetros, geralmente de bronze. Anel-sede roscados: São de fácil substituição, geralmente executados de material diferente do material do corpo e são empregados quando existe a presença de fluidos agressivos e devem ser construídos com materiais compatíveis com o fluido a ser transportado e sua agressividade. Possui a vantagem de facilitar a manutenção, porém tem a desvantagem de possibilitar um vazamento através da rosca. Anel-sede soldado: Semelhante ao modelo anterior, porém soldado ao corpo da válvula. Recomendados para serviços de responsabilidade em tubulações de altas pressões e temperaturas. Anel-sede prensado: São empregados para fluidos agressivos mas a sua substituição não é tão fácil quanto as roscadas. Quanto ao material empregado também deve atender as exigências da agressividade do fluido transportado. TREINAMENTO AVANÇADO Figura 6.7 - Tipos de fixação do Anel nas válvulas gaveta SISTEMAS DE VEDAÇÃO As Válvulas Gaveta possuem os seguintes pontos de vedação: Bucha de contra-vedação: A maioria das válvulas podem ser reengaxetadas em serviço, sob pressão, desde que sejam totalmente abertas. A haste possui uma saliência cônica que na posição totalmente aberta encosta em uma bucha presa à tampa ou castelo, propiciando uma vedação metal-metal. Apesar dessa facilidade, que permite o reengaxetamento sem a parada do sistema, esse tipo de procedimento não tem sido permitido por questões de segurança. Vedação do corpo: Entre o corpo e o castelo existe uma junta que é o elemento de vedação e a estanqueidade se processa pelo aperto dessa junta entre o corpo e o castelo. Para válvulas da classe 125 e 150 o flange e juntas são no formato oval e para as classes 300 e acima os flanges e juntas são no formato circular. Vedação da haste: Este sistema de vedação feito através de gaxetas enroladas na haste e prensadas por meio de um dispositivo denominado preme-gaxetas. TREINAMENTO AVANÇADO Figura 6.8 – Sistemas de vedação das Válvulas Gaveta ACIONAMENTO DAS VÁLVULAS Existem várias formas de se transmitir o movimento de abertura e fechamento do obturador tipo cunha nas Válvulas Gaveta. Podemos ter o acionamento através do volante ligado diretamente à haste ou ainda a força do volante à haste por meio de engrenagens de redução. Utilizando somente o volante temos as seguintes possibilidades: Acionamento direto por meio de volante fixo à haste. Sistema usado em válvulas de uso doméstico e em válvulas industriais empregadas em serviços de pequena responsabilidade, para todos os diâmetros, é o meio mais comum de acionamento. Neste caso podemos ter o volante e a haste fixos, usados principalmente em válvulas de uso domiciliar ou ainda o volante e a haste ascendentes, sistema que é usado em válvulas industriais e de saneamento, em serviços de baixa pressão e temperatura ambiente. TREINAMENTO AVANÇADO Figura 6.9 – Volantes fixos à Haste Acionamento por volante fixo ao castelo. Sistema usado em válvulas industriais de maior responsabilidade, neste caso o volante é fixo e a haste é ascendente, este sistema é conhecido pela sigla OS&Y (Outside screw and yoke). Neste sistema de acionamento a haste não possui movimento de rotação, apenas o movimento de translação. Por meio de volante e engrenagens de redução. Este tipo de acionamento é empregado sempre que se deseja diminuir a força de acionamento do volante ou ainda quando se deseja aumentar o tempo de abertura e fechamento das válvulas. O acionamento pode ser por meio de engrenagens paralelas, cônicas ou um sistema combinado. Figura 6.10 – Volantes não ascendente e Volante com Engrenagem de Redução TREINAMENTO AVANÇADO Por meio de corrente Este tipo de acionamento é empregado quando a válvula está instalada em posição acima do operador e este tem dificuldades em acessar o volante. Neste caso o volante comum é substituído por outro próprio para uso com corrente. Acionamento com Haste de Extensão Este tipo de acionamento é usado principalmente quando as válvulas são instaladas abaixo da superfície. Neste caso a haste deverá ter a cabeça com quadrado próprio para haste de extensão, que pode ser uma barra em “T” ou um volante. Figura 6.11 – Acionamento com corrente e Acionamento com haste de Extensão Acionamento com válvula de contorno (by-pass). Este tipo de acionamento, com válvula de contorno ou “by-pass” é usado sempre que se tem um diferencial de pressão muito alto entre montante e jusante da válvula. A finalidade do by pass é a equalização das pressões de montante e jusante com o objetivo de diminuir a pressão na cunha e com isso a consequente diminuição da força de atrito entre cunha e anel sede facilitando a operação de abertura e poupando os internos das válvulas. A válvula de contorno pode ser uma gaveta ou uma globo, dependendo das condições de operação mas o material da válvula de by-pass deve ser no mínimo igual ao da válvula principal. Os pontos de by-pass podem ser roscados ou soldados e devem obedecer os locais estabelecidos (boses) nas normas de fabricação das válvulas. TREINAMENTO AVANÇADO Figura 6.12– Contorno (by-pass) de Válvulas Gaveta EXEMPLOS DE ESPECIFICAÇÃO DE VÁLVULAS GAVETA Fluido: água potável Instalação: aparente Pressão de serviço: baixa Temperatura: ambiente Válvula gaveta, corpo e castelo de bronze fundido ASTM B62, classe 125#, castelo roscado ao corpo, haste fixa com rosca interna, cunha inteiriça cônica deslizante, volante de alumínio e extremidades roscadas conforme ABNT NBR 6414 (BSP). Fluido: água industrial Instalação: aparente Pressão de serviço: 10,0 kgf/cm 2 Temperatura: ambiente Válvula gaveta, corpo e castelo de bronze fundido ASTM B62, classe 200#, castelo roscado ao corpo, haste ascendente com rosca interna, cunha inteiriça cônica, volante de alumínio e extremidades roscadas conforme ASME B1.20.1(NPT). TREINAMENTO AVANÇADO Fluido: vapor saturado Instalação: aparente Pressão de serviço: 13 kgf/cm 2 o Temperatura: 250 C Válvula gaveta, corpo e castelo de aço carbono forjado ASTM A105, classe 800#, castelo aparafusado ao corpo, haste ascendente com rosca externa, volante fixo, cunha sólida de aço inoxidável ASTM A217 CA15, haste de aço inoxidável forjado ASTM A182 F6a, gaxetas de grafite flexível com fios de Inconel, volante de ferro nodular e extremidades com encaixe para solda conforme ASMEI B16.11.