ESTUDO BIOMÉTRICO DE UMA POPULAÇÃO DE COELHO-BRAVO (ORYCTOLAGUS CUNICULUS) Catarina Coelho1, Jorge Oliveira1,3, Cármen Nóbrega1,2, Helena Vala1,3, Madalena Viera-Pinto2 1 Escola Superior Agrária de Viseu, IPV. Quinta da Alagoa. Estrada de Nelas. 3500-606 Viseu CECAV – Centro de Ciência Animal e Veterinária, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Apartado 1013, 5001-801 Vila Real. 3 Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde (CI&DETS), Instituto Politécnico de Viseu, Av. Coronel José Maria Vale de Andrade, Campus Politécnico, 3504-510 Viseu 2 O coelho-bravo europeu, Oryctolagus cuniculus (Linnaeus, 1758) é originário da Península Ibérica, encontrando-se actualmente distribuído por todo o mundo. Raramente se encontra acima dos 800 metros, contudo, em regiões de clima mediterrânico, pode ser encontrado a cerca de 1200 metros, desde que sejam encostas cultivadas e soalheiras. Na Península Ibérica existem duas subespécies com características morfológicas e genéticas distintas, distribuídas por diferentes regiões. A nordeste encontramos a subespécie Oryctolagus cuniculus cuniculus e a sudoeste encontramos a subespécie Oryctolagus cuniculus algirus. O presente estudo foi efectuado em coelhos provenientes de duas zonas de caça municipais pertencentes ao concelho de Vila Nova de Paiva, distrito de Viseu, com o objectivo de caracterizar a população de coelho--bravo presente na região. Encontrando--se a zona de estudo inserida no sudoeste da Península Ibérica seria de esperar que estes indivíduos fossem pertencentes à subespécie Oryctolagus cuniculus algirus. Em todos os animais foi avaliado o peso, o sexo e foram recolhidos vários parâmetros biométricos: comprimento total (CT), comprimento da cauda (CC), comprimento da orelha (CO), comprimento do pé (CP) e perímetro torácico (PT). A amostra consistiu em 39 coelhos, 23 fêmeas, das quais 1 jovem e 22 adultas e 16 machos, sendo 2 jovens e 14 adultos. Para análise do dimorfismo sexual foi efectuado o teste t para amostras independentes e verificada a relação entre parâmetros, através de uma análise de correlação de Pearson, utilizando o SPSS, versão 18. O peso dos coelhos variou entre 579,0g e 1172,0g, sendo o valor médio da amostra 942,5±124,3g. O CT obtido variou entre 22,0cm e 39,3cm, com as fêmeas a apresentarem valor médio de 28,1±4,1cm, enquanto os machos apresentaram 26,8±2,3cm. Para o CC foi obtido o valor mínimo de 3,0cm e máximo de 6,0cm, já o CO variou entre 5,0cm e 8,0cm, o CP entre 6,0cm e 8,0 cm e o PT entre 14,7cm e 28,2cm. Não foram observadas diferenças significativas entre sexos para os parâmetros biométricos analisados (P>0,05), à semelhança do verificado em estudos por Alves et al. (1996) e GonzálezRedondo et al. (2008) nesta mesma espécie, em Espanha. Palavras Chave: Coelho-bravo, parâmetros biométricos, Oryctolagus cuniculus algirus IMUNOMARCAÇÃO DE VITELOGENINA E CONDIÇÃO DE INTERSEXO EM TAINHAS DO RIO DOURO E DO RIO AVE João Carrola1, Paula Silva2, António Fontainhas-Fernandes1, Diana Coelho1, Pedro Oliveira3 e Eduardo Rocha2 1 CITAB – Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas, Escola das Ciências da Vida e do Ambiente, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal 2 CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, CIMAR LA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Laboratório Associado e ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Portugal 3 ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto, Portugal Numerosas substâncias químicas são libertadas para o ambiente diariamente (nalguns casos voluntariamente como é o caso dos pesticidas) e a maioria delas vão acabar nos ecossistemas aquáticos, incluindo nos lençóis freáticos. Parte desses produtos químicos são compostos disruptores endócrinos (CDE). Estes compostos alteram o sistema endócrino, interferindo na produção, transporte e activação/inibição de receptores de diversas hormonas, incluindo as fundamentais para o normal funcionamento do sistema reprodutivo. Mesmo em concentrações muito baixas (ng/L) os CDE podem causar diversos efeitos nocivos nos peixes selvagens, mas também podem afectar o Homem. Este facto é confirmado, e.g., pela ocorrência da condição de imposexo, em gastrópodes, ou de intersexo, em peixes, neste ultimo caso normalmente pela condição de ovotestis (presença de ovócitos no testículo). Neste trabalho, e como primeira abordagem, o objectivo foi avaliar a presença da condição de intersexo em estuários Portugueses – do Douro (neste estuário a situação já tinha sido relatada) e do Ave (onde não existem dados sobre a temática) – de modo a comparar a situação local com a observada em vários estuários europeus (havendo também registos em peixes de água doce do Reino Unido). Para este objectivo, foram capturadas tainhas (Mugil cephalus) no estuário do rio Douro e do Ave. As capturas foram realizadas duas vezes por ano recorrendo à ajuda de pescadores locais, visando cerca de 50 animais por época: primavera/verão (P/V) e outono/inverno (O/I). Foram observados casos de intersexo em ambos os estuários, com prevalências (P/V e O/I, respectivamente) de 29% vs 8% no Douro e 12% vs 22% no Ave, não existindo diferenças estatísticas entre estuários quanto às frequências. Foram observados peixes com diferentes graus de severidade de ovotestis, nalguns casos com severidade muito elevada; principalmente nas tainhas do Ave. Paralelamente e utilizando técnicas de imunohistoquimica (Histostain Plus, Zymed, San Francisco (CA), usando o anti-corpo ND-2D3 de Biosense, Noruega) verificou-se a marcação de VTG em fígado de peixes machos, com condição de ovotestis, sendo que também foi observada em peixes machos que não apresentavam ovotestis. Estes dados preliminares comprovam a existência e a exposição das tainhas a concentrações fisiologicamente relevantes de CDEs, tal com foi detectado em análises químicas realizadas na água. Isto confirma a libertação e presença de CDEs estrogénicos, alertando-se para um risco para os organismos aquáticos (e em particular a ictiofauna) relacionado com a exposição destes compostos, com eventuais prejuízos para o normal desenrolar da fisiologia da reprodução (e quiçá de outros aspectos fisiológicos essenciais) e, consequentemente, para a dinâmica destas populações. Em trabalhos futuros pretende-se quantificar prevalência mas também a severidade da condição, utilizando a metodologia de Ovocite Intersex Severity (OSI), como proposta por Bateman et al. (2004) e por outro lado ainda, quantificar a concentração plasmática de vitelogenina e correlacionar essa informação com o OSI. Agradecimentos: à FCT, projecto PTDC/MAR/70436/2006 (POCI2010/FEDER) e bolsa de doutoramento SFRH/BD/25746/2005. Palavras-chave: peixes, histopatologia, poluição, ovotestis, vitelogenina PESQUISA DE FACTORES DE VIRULÊNCIA E DIVERSIDADE FILOGENÉTICA EM ESCHERICHIA COLI ISOLADA DE LINCE E LOBO IBÉRICO Alexandre Gonçalves1,2,3,4, Gilberto Igrejas1,2, Hajer Radhouani1,2,3,4, Luis Pinto1,2, Susana Correia1,2,3,4, Rui Pacheco1,2,3,4, Eva Alcaide 6, Irene Zorrilla 6, Rodrigo Serra7, Ana Guerra8, Francisco Petrucci-Fonseca 8, Jorge Rodrigues 3,4, Carmen Torres 5, Patrícia Poeta 3,4 1 Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia, Centro de Genómica e Biotecnologia, Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro, Vila Real, Portugal; 2 Departamento de Genética e Biotecnologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Vila Real, Portugal; 3 Departamento de Ciências Veterinárias, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal; 4 CECAV – Centro de Ciência Animal e Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal; 5 Área de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade de La Rioja, Logroño, Espanha; 6 Centro de Análise e Diagnóstico da vida selvagem (CAD), Ministério do Ambiente (EGMASA), Junta de Andalucía, Espanha; 7 Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico, Silves, Portugal. 8 Grupo Lobo, Faculdade de Ciências de Lisboa, Lisboa, Portugal. Devido à natureza predatória e selvagem do Lince e do Lobo Ibérico podemos utilizar estas espécies como indicadores de contaminação ambiental por estirpes bacterianas resistentes aos antibióticos, como previamente demonstrado em investigações preconizadas pelo nosso grupo. Por outro lado, através da análise destas estirpes poderemos observar se existe a presença de diversos factores de virulência impulsionadores da disseminação deste problema. Escherichia coli é um microrganismo comensal do trato gastrointestinal de animais e humanos embora, por vezes, seja considerado um importante agente patogénico para estes. Várias investigações realizadas permitiram identificar, em diferentes regiões do cromossoma de Escherichia coli, alguns genes codificadores de factores de virulência que lhe conferem a capacidade de invadir tecidos e, mais importante, sobreviver resistindo ao sistema imunitário do hospedeiro. A classificação de E. coli em 4 grupos filogenéticos permite distinguir estirpes tipicamente comensais de estirpes com potencial patogénico. Pretendeu-se com este trabalho efectuar a detecção de diferentes factores de virulência e classificar filogeneticamente estirpes de Escherichia coli, resistentes a uma cefalosporina de 3ª geração, isoladas em amostras fecais de Lince e de Lobo Ibérico. As 105 amostras fecais de Lince I e as 137 amostras fecais de Lobo foram semeadas em meio de Levine agar suplementado 2 µg/ml de cefotaxima e duas colónias por amostra foram seleccionadas para análise. A presença dos genes codificadores de factores de virulência fimA, aer, papGIII, papC, cnf1 e stx foi investigada nos isolados pela PCR através de primers específicos. A classificação das estirpes obtidas nos grupos filogenéticos A, B1, B2 e D foi realizada de acordo com o método proposto por Clermont e colaboradores em 2000. Foram obtidos 22 isolados de Lince e 26 isolados de Lobo sendo todos positivos no teste de sinergia em dupla difusão usado para a detecção fenotípica da produção de beta-lactamases de amplo espectro. Treze isolados pertenceram ao grupo A, 21 ao grupo B1 e 14 ao grupo D. Quarenta e seis isolados apresentaram o gene fimA e 34 o gene aer. Os genes papGIII, papC, cnf1 e stx não foram detectados nos isolados obtidos. Esta investigação fornece dados essenciais para a avaliação da situação epidemiológica de estirpes potencialmente patogénicas de E. coli num ecossistema selvagem que poderão acarretar consequências nefastas em saúde animal. Palavras-chave: Escherichia coli, Lince Ibérico, Lobo Ibérico, virulência. ASPECTOS LESIONAIS OBSERVADOS NO EXAME PÓS MORTE DE ANIMAIS SELVAGENS Isabel Pires1, Anabela Alves1, Filipe Silva1,2, Roberto Sargo2, Joana Valente 2, Luís Sousa2, Justina Oliveira1 1 CECAV – Centro de Ciência Animal e Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5001-801 Vila Real, Portugal. 2 Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da UTAD, 5001-801 Vila Real, Portugal. A determinação da causa e circunstâncias da morte tem uma importância fundamental em Medicina Veterinária, em especial no campo da medicina de animais selvagens. A doença é um dos muitos factores que afecta a viabilidade das populações selvagens. Neste contexto, a necropsia constitui uma ferramenta essencial no estudo e identificação das entidades nosológicas que afectam estes animais. A realização de uma necropsia requer bases sólidas de anatomia patológica e tem como objectivos principais determinar: o que causou a morte do animal, as circunstâncias em que esta ocorreu e que mecanismos a provocaram, assim como a recolha de amostras para outros exames (histopatológicos, microbiológicos, parasitológicos, toxicológicos ou genéticos). Neste trabalho, os autores apresentam várias lesões observadas no exame pós morte de animais selvagens, que pela sua peculiaridade ou pela sua frequência, podem ter um interesse acrescido no estudo da patologia destes animais. Os animais foram sujeitos a exame pós morte no Laboratório de Histologia e Anatomia Patológica da UTAD. A necropsia foi efectuada segunda a técnica adaptada de Petisca, 1962, para cada espécie, de forma sistemática e incluiu a observação do hábito externo do animal assim com a observação dos diferentes órgãos. As lesões foram descritas, fotografadas e recolhidas para outros exames. As lesões observadas relacionaram-se principalmente com alterações da cor, forma, consistência e tamanho normal dos órgãos e tecidos. Dependendo das estruturas afectadas, reflectiam-se, por vezes, em alterações do hábito externo do animal. As lesões foram descritas isoladamente, como achados de necropsia, ou faziam parte de um mesmo quadro lesional, com afecção de diferentes tecidos. A interpretação das alterações patológicas permitiu, na maioria dos casos, o estabelecimento de um diagnóstico macroscópico e identificar ou pelo menos suspeitar da causas de morte: doenças infecciosas, infestações parasitárias, colisão de veículos, electrocussão, ataque por predadores ou práticas de crueldade. O exame pós morte de animais selvagens é de extrema importância e constitui uma oportunidade única para o estudo das normais características das estruturas anatómicas e das suas alterações nas diferentes espécies. Só uma experiente e acurada observação poderá permitir uma correta interpretação e consequente identificação das lesões. Contactos: Filipe Silva, 250350637, [email protected] Palavras-chave: animais selvagens, lesões, necropsia, pós morte DETERMINAÇÃO DO PERFIL HEMATOLÓGICO E BIOQUÍMICO DE TRACCHEMYS SCRIPTA ELEGANS EM CATIVEIRO. Baptista, D. M. 1, Teixeira, E. P. T.2, Stasienuik E. V. Z. 2, Silva F. F.2, Nogueira A.2, Azevedo L.2, Ferreira M. W.2, Vilela D. A. R.3 1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ([email protected]) Universidade Federal de Minas Gerais 3 Analista ambiental, IBAMA – 2 As tartarugas apresentam um grande interesse para o homem como animais de estimação (Ribeiro e Queiroz, S/D; Sun et al., 2007), como atracção nos jardins zoológicos (Ribeiro e Queiroz, S/D) e até como alimento (Sun et al., 2007). A tartaruga de água doce Trachemys scripta elegans é das tartarugas mais usualmente mantida como animal de estimação em todo o mundo (Bager, 2003; Bartlett, 1996). A sua utilização como animal de estimação aumenta a necessidade de informações sobre alterações fisiológicas e patológicas. Existe certa dificuldade na execução de um exame clínico adequado em tartarugas, em consequência das suas particularidades anatómicas e comportamentais. Na maioria das ocasiões as informações que podemos obter são mínimas e inadequadas para o estabelecimento de um diagnóstico. Em virtude disto, existe a opção do uso de exames complementares de diagnóstico. São necessários valores de referência para avaliar os resultados hematológicos e bioquímicos e, de preferência, poderem ser comparados com os intervalos de referência para a espécie. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi determinar os valores hematológicos e bioquímicos para Trachemys scripta elegans adultas em cativeiro, contribuindo para o conhecimento dos valores de referência para esta espécie. Os resultados obtidos constituem uma importante base de dados sobre a hematologia e bioquímica sérica de Trachemys scripta elegans, devido ao elevado número de animais avaliados. Entretanto evidencia-se a necessidade de outros estudos para o estabelecimento de valores de referência mais consolidados LEVANTAMENTO DE MAMÍFEROS SILVESTRES ATROPELADOS EM RODOVIAS NA REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA, BRASIL Ederson Américo de Andrade 1, Wando Antonio Pase 2, Dilmar Baretta 3 1 Acadêmico do curso de Zootecnia da UDESC – Universidade de Estado de Santa Catarina, CEO – Centro de Educação Superior do Oeste, Chapecó, Santa Catarina, Brasil. ([email protected]) 2 Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da UNOESC – Universidade do Oeste de Santa Catarina, Campus de Xanxerê, Santa Catarina, Brasil ([email protected]) 3 Professor da UDESC – Universidade de Estado de Santa Catarina, CEO – Centro de Educação Superior do Oeste, Chapecó, Santa Catarina, Brasil ([email protected]) Tanto a perda quanto a fragmentação do habitat são resultantes de atividades humanas e as maiores ameaças à mastofauna terrestre, especialmente de mamíferos que se encontram na lista das espécies ameaçadas de extinção. As intervenções antrópicas estão relacionadas ao desenvolvimento econômico através do crescimento de áreas cultivadas e urbanas, aumento da densidade populacional, poluição atmosférica e aumento da malha rodoviária. Destaca-se ainda, que o aumento de emissão de ruídos, poeiras e gases, contribuem na alteração do comportamento da fauna. Como consequência deste conjunto de impactos tem-se a perda de indivíduos, a perda de espécies, a alteração das comunidades, o aumento de caça e o aumento do risco de acidentes como atropelamentos de animais em rodovias. A morte de animais por atropelamento ocorre, durante e depois da pavimentação, pois os animais deslocam-se naturalmente em busca de alimentos ou de melhores habitats. No decorrer do deslocamento algumas espécies ficam expostas, pois utilizam as rodovias como trajeto, resultando na intensificação desses atropelamentos. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi realizar um levantamento da mastofauna silvestre atropelada nas rodovias que interligam os municípios de Águas de Chapecó a Xanxerê, entre os meses de julho/2010 a outubro/2010. Para tanto, realizaram-se seis viagens semanais, sendo três idas e três voltas, pelas rodovias, BR282 e SC286, resultando em um esforço amostral de 54 dias e 5.194 km rodados, com média de deslocamento de 65 km/h. Foram registrados 38 indivíduos, distribuídos em seis espécies e três ordens. As espécies com maiores ocorrência de atropelamentos foram Didelphis albiventris, Cerdocyon thous, Procyon cancrivorus, Galictis spp., com 50, 28,9, 10,5 e 5,2%, respectivamente. Dasypus novemcinctus e Tamandua tetradactyla apresentaram-se menos freqüentes, ambos com 2,7%. A média foi de um animal atropelado para cada 2,53 km de extensão das rodovias, com um total de 0,7 atropelamentos de animais por viagem percorrida. O alto índice de animais atropelados é preocupante para a sobrevivência e manutenção das espécies de mamíferos silvestres na região Oeste de Santa Catarina , sendo necessárias medidas urgentes, que minimizem esses atropelamentos de animais nas rodovias BR282 e SC286. Palavras-chave: Acidentes com animais, biodiversidade, mastofauna NÍVEIS NUTRICIONAIS PARA ENXAMES DE ABELHAS JATAÍ (TETRAGONISCA ANGUSTULA) PROVENIENTES DE DIVISÃO Gustavo Krahl 1, Diovani Paiano 2, Maristela Bombana ¹, Ederson Américo de Andrade 1 1 Acadêmico do curso de Zootecnia da UDESC – Universidade de Estado de Santa Catarina, CEO – Centro de Educação Superior do Oeste, Chapecó, Santa Catarina, Brasil ([email protected]; [email protected]; [email protected]) 2 Professor Orientador, UDESC – Universidade de Estado de Santa Catarina, CEO – Centro de Educação Superior do Oeste, Chapecó, Santa Catarina, Brasil ([email protected]) Cerca de 20.000 espécies de abelhas habitam os mais variados ecossistemas. No Brasil existem mais de 200 espécies de Abelhas Nativas Sem Ferrão (ASF) catalogadas. A abelha estudada, de nome popular Jataí (Tetragonisca Angustula) está inserida na tribo Trigonini, no Gênero Trigona. São abelhas de pequeno porte, de ampla distribuição geográfica, o tamanho das colônias vai de 2.000 a 5.000 abelhas, podendo-se obter de 0,5 a 1,5 litros de mel/ano de colônias fortes, além de serviços de polinização. O trabalho foi realizado com o objetivo de desenvolver uma dieta baseada na composição do pólen coletado e armazenado pela espécie, para viabilizar a multiplicação artificial das colméias pelo processo de divisão, para sua reintrodução em áreas onde sua população foi reduzida ou extinta, serviços de polinização e produção de mel. Foram coletadas amostras de pólen de cinco colônias de abelhas jataí, consideradas saudáveis, e com a composição nutricional obtida (proteína bruta 28,0%, extrato etéreo 3,6%, matéria mineral 3,0%, cálcio 0,12% e fósforo 0,47%) foram formuladas quatro dietas com níveis crescentes de proteína bruta (20,0%; 24,5%; 29,0%; 33,5% e testemunha sem alimentação), as rações foram isonutritivas para os demais nutrientes. Os ingredientes utilizados para formulação das rações foram: concentrado protéico de soja, soja micronizada, milho pré-gelatinizado, fosfato bicálcico e calcário calcítico. Para as divisões foram selecionadas cinco colméias saudáveis e de bom tamanho, das quais foram produzidas cinco novas famílias (compostas por favos de cria, célula real e operárias) que foram acondicionadas em caixas experimentais com dimensões de 15 x 15 x 15 cm de madeira eucalipto proveniente de florestamento com 2,5 cm de espessura. A alimentação foi fornecida três vezes por semana na parte interna da colméia. As rações secas (94% de matéria seca) eram misturadas a um xarope composto de água, açúcar e corante comestível, para que apresentassem consistência pastosa de cor esverdeada (para facilitar a visualização do alimento dentro da colméia). As variáveis estudadas foram: dias de sobrevivência, variação da temperatura interna da colméia, consumo de ração, armazenamento de alimento e o peso da colônia. Houve aumento linear nos dias de sobrevivência com o aumento do teor de proteína das dietas (Dias de Sobrevivência = 1,2667% PB + 64,867; R²=0,704). Não houve efeito dos tratamentos sobre as demais variáveis. Novos estudos devem ser realizados para a avaliação dos demais nutrientes sobre a sobrevida das colméias e ou possível interação entre nutrientes. Palavras-chave: Abelhas sem ferrão, conservação, níveis nutricionais, alimentação artificial OPORTUNIDADES E AMEAÇAS NA PRODUÇÃO DE MEL NO BARROSO – IMPORTÂNCIA DA SANIDADE APÍCOLA Catarina João Magalhães Gomes1,2, João Paulo Costa1, Teresa Letra Mateus2 1 Cooperativa Agrícola de Boticas (CAPOLIB), Boticas, Departamento do Mel de Barroso – DOP ([email protected]) 2 Escola Universitária Vasco da Gama, Departamento de Medicina Veterinária, Coimbra O Agrupamento de Produtores de “Mel de Barroso – DOP” tem como objectivo favorecer e impulsionar a apicultura como atividade agrícola economicamente viável na Zona Controlada da CAPOLIB. Durante o ano apícola de 2008 acompanhamos todos os apicultores deste agrupamento, com os objectivos de observar as suas técnicas de maneio produtivo e sanitário, de avaliar a qualidade físico-química e sanitária do mel e das abelhas e de promover ações de sensibilização/formação na área de acordo com as não conformidades detectadas. Para o efeito, realizamos visitas aos apicultores, nas quais acompanhamos as suas atividades de maneio produtivo, dando desde logo alguma informação. Foram ainda colhidas 10 amostras de mel para a realização de análises físico-químicas. Por fim, colhemos 172 amostras de abelhas para análise anatomopatológica de todos os apicultores, tendo sido recolhidas cerca de 60 abelhas por colónia e um fragmento de favo com criação. Os parâmetros analisados nas análises físico-químicas encontravam-se todos dentro dos limites de valores admitidos. Quanto ao resultado das análises anatomopatológicas, constatamos que a doença mais predominante na Zona Controlada da CAPOLIB durante este ano apícola foi a varroose com 56% de positividade na totalidade de amostras analisadas, seguida da nosemose com 18%, e da senotainiose com 9% das amostras analisadas. As não conformidades mais frequentemente identificadas estavam relacionadas com maneio sanitário pelo que as acções de sensibilização/formação planeadas e administradas foram nestas áreas. O cuidado no maneio apícola e as medidas preventivas, com vista ao ataque de inimigos das abelhas, têm vindo a ser implementadas e, quase de imediato, demonstraram a sua eficácia. No que concerne a doenças das abelhas, a situação é bem mais problemática, devido à elevada capacidade de contágio destas, nomeadamente da Varroose, que se mantém de difícil erradicação até ao momento. A implementação do projeto da Zona Controlada da CAPOLIB e o início deste trabalho deramse simultaneamente. Apesar de terem sido os primeiros passos para o controlo e erradicação das doenças das abelhas, sentimos que o nosso desempenho contribuiu, de algum modo, para o desenvolvimento deste projeto, nomeadamente através das visitas aos apiários e do diagnóstico macroscópico das doenças in loco, o que permitiu a proceder ao respectivo tratamento, no campo, assim como a tomada de medidas que impediram a propagação das doenças. Este tipo de trabalho tem um grande potencial, ao permitir um aumento da rentabilidade desta atividade, o que resultaria numa mais-valia para os apicultores e para esta região. Palavras-chave: Agrupamento, Formação, Maneio, Sanidade SDS-PAGE DE PROTEÍNAS TOTAIS ISOLADAS DE SCHERICHIA COLI E ENTEROCOCCUS SPP. DE GAIVOTAS Luís Pinto 1,2, Hajer Radhouani 1,2,3,4, Jorge Rodrigues3,4, Carmen Torres 5, Carlos Carvalho1,2, Patrícia Poeta 3,4, Gilberto Igrejas 1,2 1 Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia, Centro de Genómica e Biotecnologia, Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro, Vila Real, Portugal; 2 Departamento de Genética e Biotecnologia, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; Vila Real, Portugal; 3 Departamento de Ciências Veterinárias, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal; 4 CECAV – Centro de Ciência Animal e Veterinária, Vila Real, Portugal; 5 Área de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade de La Rioja, Logroño, Espanha. Escherichia coli e Enterococcus spp. são bactérias utilizadas como indicadores Gramnegativos e Gram-positivos, respectivamente, em programas de monitorização da resistência antimicrobiana. A elevada prevalência no trato digestivo de animais selvagens e a sua capacidade de acolher vários genes de resistência justificam o interesse nestes microrganismos. De forma a melhor caracterizar os isolados de Enterococcus spp. e de E. coli foi realizada electroforese em gel de poliacrilamida na presença de dodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE) de proteínas totais e comparação dos perfis proteicos. A presença de Enterococcus spp. e E. coli foi analisada em 57 amostras fecais recolhidas de gaivotas (Larus cachinnans) obtidas em diferentes áreas do Arquipélago das Berlengas. As células microbianas foram recolhidas na fase de crescimento exponencial tendo o processo de extracção proteica decorrido por processos de centrifugação e ressuspensão sequenciados. A disrupção celular foi obtida por sonicação, sendo os restos celulares removidos por centrifugação. Entre os isolados de Enterococcus spp. recolhidos foram observados 28 perfis proteicos diferentes, tendo os mesmos sido distribuídos no gel de electroforese com base nas semelhanças ao nível dos perfis genotípicos. As 57 amostras fecais obtidas foram ainda estudadas quanto à presença de isolados de E. coli, tendo sido detectados 53 isolados de E. coli (93%). Foram detectadas estirpes de E. coli produtoras de beta-lactamases de amplo espectro em 11 isolados (19.3%). Neste trabalho, de entre os isolados de E. coli recolhidos verificou-se a presença de 26 perfis proteicos diferentes. A separação de proteínas pelo método de SDS-PAGE revelou ser uma ferramenta útil para a identificação de estirpes bacterianas permitindo a sua utilização como um método complementar para as práticas de identificação convencionais e genotípicas. No futuro perspectiva-se uma abordagem proteómica tendo como objectivo o melhor conhecimento das proteínas agora identificadas e a avaliação das mesmas sob condições de stress. Este trabalho permitirá a determinação das alterações na expressão proteica e testar os potenciais alvos para desenhar novos medicamentos que inibam o crescimento de bactérias multiresistentes. Palavras-chave: Enterococcus spp., Escherichia coli, resistência antimicrobiana, SDSPAGE, Genómica, Proteómica. UM CASO LETAL DE HERPES VIRUS EM BUTEO BUTEO Roberto Sargo1, Joana Valente1, Fernanda Seixas2,3, Filipe Silva1,2, Maria dos Anjos Pires2,3 1 Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 2 Departamento de Ciências Veterinárias, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ([email protected]) 3 CECAV – Centro de Ciência Animal e Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Uma cria de Aguia-d’asa-redonda (Buteo buteo), com cerca de 3 meses, deu entrada no Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário (CRASHV) da UTAD devido a captura ilegal. O animal apresentava-se aparentemente saudável, sem alterações dignas de registo aos exames de rotina. Sete dias depois do ingresso no CRASHV, foi detectada biliverdinúria. Os exames de rotina detectaram apenas presença de alguns heterófilos com sinais de toxicidade e uma ligeira hepatomegalia. A ecografia realizada denotou uma maior densidade, sem perda da estrutura normal do parênquima hepático. A águia morreu subitamente no 14º dia pós ingresso no CRASHV, 6 horas após ter-se alimentado normalmente. À necrópsia a ave apresentava fígado aumentado de volume e congestionado, hemorragia no papo e moela, enterite mucóide. Observou-se também ligeira esplenomegalia. Ao exame histológico observou-se esplenite e hepatite multifocal necrótica. Observaram-se inclusões intranucleares no fígado, baço e adrenal sugestivas de infecção por herpesvirus Foram enviados órgãos congelados para análise virulógica por PCR, que confirmou a presença de herpes vírus. Em conclusão, esta é a primeira vez que a infecção por Herpesvírus como causa de morte em Aguia-d’asa-redonda foi confirmada por análise virulógica situação não descrita previamente em Portugal. Palavras-chave: Buteo buteo, herpes virus, hepatomegalia, necrópsia, PCR HEMATOLOGICAL PROFILE OF TUFTED CAPUCHIN MONKEY (Cebus spp., LINNAEUS, 1758) CLINICALLY HEALTHY KEPT IN CAPTIVITY IN THE PARAIBA STATE, BRAZIL Adriano Fernandes Ferreira1, Rinaldo Aparecido Mota2, Felisbina Luisa Pereira Guedes Queiroga3, Eneida Willcox Rego4, Débora Rochelly Alves Ferreira5, Aura Antunes Colaço6 1 Unidade Acadêmica de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande/Brazil, [email protected] 2 Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Brazil, E-mail: [email protected] 3 Departamento de Medicina Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/Portugal, [email protected] 4 Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Brazil, [email protected] 5 Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco/Brazil, [email protected] 6 Departamento de Medicina Veterinária, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro/Portugal, [email protected] E-mail: E-mail: E-mail: E-mail: E-mail: Nonhuman primates are an important group among the animals utilized to various studies, particularly in research involving the several areas of medicine, however, most works are related to monkeys of the Old World. The monkeys of the genus Cebus, or capuchin, are primates of the "New World" and are distributed throughout the Central and South America. The purpose of this study is to establish reference intervals for hematologic variables of 50 animals clinically healthy, kept in captivity in the State of Paraiba/Brazil and to evaluate the influence of sexual and age factors. Individuals were kept in similar conditions and were grouped according to sex and age. Were performed the total numbers of erythrocytes, leukocytes and platelets, hemoglobin, hematocrit, mean corpuscular volume, mean corpuscular hemoglobin concentration and differential count of leukocytes. Differences were statistically significant for erythrocytes, hematocrit, hemoglobin and lymphocytes when compared the groups male (erytrocytes: 6,22 x 106 cells/mm3, hematocrit: 40,16%, hemoglobin: 12,91 g/dl, lymphocytes: 3377 cells/mm3) versus female (erytrocytes: 5,21 x 106 cells/mm3, hematocrit: 37,72%, hemoglobin: 11,73 g/dl, lymphocytes: 4792 cells/mm3) and young (erytrocytes: 6,99 x 106 cells/mm3, hematocrit: 42,40%, hemoglobin: 14,40 g/dl, lymphocytes: 5069 cells/mm3) versus adult (erytrocytes: 6,02 x 106 cells/mm3, hematocrit: 39,60%, hemoglobin: 12,54 g/dl, lymphocytes: 2680 cells/mm3) . The total count of leukocytes and the differential of bands and eosinophils also differed between young (leucocytes: 12910 cells/mm3, bands: 66 cells/mm3, eosinophils: 452 cells/mm3) and adult (leucocytes: 8550 cells/mm3, bands: 54 cells/mm3, eosinophils: 90 cells/mm3) groups. When evaluating the group formed exclusively by young, there were differences in the levels of hemoglobin between males (14,40 g/dl) and females (12,21 g/dl). In group formed only by adults, there was difference in erythrocytes, hemoglobin, hematocrit and lymphocytes between males (erytrocytes: 6,02 x 106 cells/mm3, hematocrit: 39,60%, hemoglobin: 12,54 g/dl, lymphocytes: 2680 cells/mm3) and females (erytrocytes: 4,89 x 106 cells/mm3, hematocrit: 33,41%, hemoglobin: 10,90 g/dl, lymphocytes: 4028 cells/mm3). In conclusion, the sexual and age factors are responsible for variations found in the blood and therefore must be considered when conducting an examination and interpretation of blood in this species. Palavras-chave: Primates, Blood, Hemogram