ALIMENTAÇÃO EXTERIOR DA CÂMARA E FLASH Texto e fotos: Paulo de Oliveira Coruja-das-torres Tyto alba fotografada com sensor de infravermelhos, câmara e flashes alimentados por baterias de chumbo. O conjunto esteve montado vários dias sem ser preciso recarregar o grupo de alimentação. Quando precisamos deixar os flash e as câmaras permanentemente ligadas durante largas horas, ou dias, os sistemas compactos de alimentação a pilhas com que vêm normalmente equipadas têm, quase sempre, uma autonomia insuficiente. A maioria dos fabricantes comercializa como opção um acessório de alimentação externa, de maior capacidade, que permite obter uma autonomia mais alargada de funcionamento. Estes módulos de alimentação, chamados "battery-packs" pelos ingleses, ficam quase sempre ligados à câmara ou aos flash por um fio espiralado suficientemente comprido para nos permitir resguardá-los do frio bem junto do nosso corpo, debaixo do casaco, quando trabalhamos a temperaturas muito baixas. O frio intenso diminui consideravelmente as prestações da maioria das pilhas e baterias. Algumas câmaras, como por exemplo a Nikon F5, dispõem de um acessório semelhante a um suporte de pilhas comum, de onde sai um fio de dois condutores que pode ser ligado a uma bateria de 12 V (por exemplo no automóvel) ou a uma fonte de alimentação no estúdio regulada para esta voltagem (foto: 1). Foto 1 Cabo de alimentação MC-32 para ligar a Nikon F5 a uma fonte de alimentação de 12V Mas, apesar da maioria das câmaras e flash não possuírem este prático acessório de alimentação externa isso não deve fazer recuar minimamente um bom fotógrafo de natureza amante de "bricolage" (termo francês que significa aqui desenrascar-se a fazer quase tudo o que não se vende já feito). Mesmo que não seja um engenheiro electrotécnico deve saber que todas as pilhas e baterias possuem um pólo positivo, indicado pelo sinal +, e um negativo indicado por -. Se observar com atenção os porta-pilhas dos seus flash e câmaras fotográficas vai verificar que todo aquele "ramalhete" de duas, quatro, seis ou oito pilhas está ligado em série e vai dar apenas a dois contactos finais com polaridade oposta. Se não estiver indicado, ou em caso de dúvida, confirme e identifique a respectiva polaridade através de um multímetro. Depois conte o número de pilhas para ficar saber a voltagem de trabalho do aparelho: se cada pilha tem 1,5V, quatro pilhas fazem 6 V, seis pilhas 9V e oito pilhas 12V. Foto 2 Nikon F4 com um acumulador MN20 transformado para ligar a câmara directamente a uma fonte de alimentação, como a da foto, ou a uma bateria. Foto 3 Nikon F3 com um porta-pilhas transformado para ligar a câmara a uma fonte de alimentação. Na foto uma bateria de 12V e uma ligação para o isqueiro do automóvel. Sabendo a voltagem de trabalho, onde ligar a corrente e a respectiva polaridade só lhe resta escolher um bom sistema de alimentação e proceder à sua ligação ao equipamento. As pequenas baterias de chumbo estanques são óptimas para esta função, porque funcionam em qualquer posição, carecem de manutenção e podem ser facilmente recarregadas com carregadores apropriados. Aconselho uma bateria de 6V - 4 A/H para a maioria das câmaras e flashes que funcionam com esta voltagem. Têm cerca de 900 gr de peso e uma dimensão de 68 x 48 x 105 (altura) mm que as torna suficientemente compactas e fáceis de guardar num pequeno saco com uma alça de transporte ou mesmo no bolso de um casaco de campo. Para alimentar as outras câmaras e a maioria das armadilhas electrónicas use uma bateria de 12V - 7 A/H que com os seus 2,6 Kg de peso e uma dimensão de 150 x 64 x 100 (altura) mm oferece a melhor relação capacidade/portabilidade de todos os modelos existentes no mercado. Para ligar a bateria à sua câmara ou flash utilize um cabo liso ou espiralado, com cerca de 2 metros de comprimento e uma boa secção de fio. Convém comprar um fio com os dois condutores coloridos de vermelho e preto para evitar erros de polaridade: o vermelho liga ao pólo positivo e o preto ao negativo. Foto 4 Flashes Metz 40 MZ com jacks instalados na base, e que permitem ligá-los a uma bateria de 6V exterior. Foto 5 Flash Vivitar 283 com uma ficha RCA instalada lateralmente, onde se pode conectar um cabo de ligação para uma bateria exterior de 6V. Repare na caixa de ligação, no lado esquerdo da imagem, que permite a ligação de 8 flash à bateria e dispõe de interruptor e leed avisador de ligação à corrente. Assim consegue-se diminuir ao máximo a multiplicação de cabos eléctricos em instalações complexas com muitos flash. A ligação à bateria pode fazer-se através de uma ficha do tipo "jack", RCA ou uma das fichas brancas das vulgarmente utilizadas nos sistemas eléctricos dos automóveis. Para evitar enganos, por vezes desastrosos, na voltagem de alimentação dos vários aparelhos use, por exemplo, uma ficha macho na saída da bateria de 12V e outra fêmea na de 6V. Assim nunca poderá ligar por engano um flash de 6V a uma bateria de 12V uma vez que as fichas são iguais e como tal impossíveis de encaixar. Adquira um porta pilhas suplementar adequado, para fazer chegar a corrente eléctrica à sua câmara ou flash. Abra-lhe um furo à medida do cabo eléctrico e solde os dois condutores aos respectivos contactos eléctricos respeitando sempre a polaridade. Quando não existam porta-pilhas, ou sejam demasiado dispendiosos, pode resolver o problema mandando tornear duas pilhas falsas, por exemplo em PVC, onde dois parafusos roscados no topo dos cilindros fazem a ligação com o fio que vem da bateria. Estas pilhas falsas, de dimensão exactamente igual ás verdadeiras, são colocadas directamente no aparelho ou no respectivo porta-pilhas fazendo finalmente a ligação entre a bateria e o equipamento. As tampas do compartimento das pilhas ou do porta-pilhas precisam sempre de ser perfuradas ou limadas junto ao bordo de encaixe de forma a permitir a passagem do fio de ligação. Foto 6 Flashes Mets CT3 com pilhas falsas em PVC que permitem ligar estes flash a uma bateria exterior de 6V. Repare no entalhe, na tampa do flash da direita, para permitir a saída do cabo eléctrico. Nos meus flash Metz da série 40 e Vivitar 283 fiz-lhes uma operação de "barriga aberta" para instalar na própria armadura uma ficha "jack" nos primeiros e RCA nos segundos que me permite usar os flash sem as pilhas interiores, alimentados exteriormente por baterias de chumbo ou através de uma fonte de alimentação no estúdio (fotos: 4 e 5). Nos flash Metz da série 32, como o seu reduzido tamanho torna difícil a instalação permanente de fichas exteriores, construí vários módulos duplos de pilhas falsas em PVC, conforme atrás descrito e que cumprem perfeitamente a mesma tarefa (foto: 6). Nas câmaras Nikon F3 com o motor MD-4, F4E e Canos RS aproveitei uns "battery packs" recarregáveis estragados, que já não recebiam carga, como armadura para fazer adaptadores de ligação para 9 e 12V (fotos: 2 e 3). Finalmente deixe-me chamar a sua atenção para o facto de as pilhas de chumbo não reagirem bem a ciclos completos de carga e descarga como acontece com a maioria dos acumuladores de níquel-cádmio. Devem por isso ser sempre carregadas logo após cada utilização e antes de sofrerem uma descarga excessiva. Os leitores mais habilidosos podem, inclusivamente, manter sempre carregadas estas pilhas de chumbo no campo, através de um pequeno painel de energia solar. Foto 7 A fotografia de aves no ninho é uma das situações que requer longas permanências da câmara e flashes em posição, devidamente camuflados. Para evitar um excessivo manuseamento do equipamento convém aumentar ao máximo a sua autonomia através de fontes de alimentação de grande capacidade