1 – A obra escolhida VIVENDA UNIFAMILIAR NA ALEMANHA Não é fácil estudar a obra de David Chipperfield, pelo que se impõe que esta casa mais que ser lida, deve ser estudada, porque também não é fácil que a sua arquitectura complexa possa proporcionar uma fácil leitura numa primeira abordagem. Alguns críticos incluem David Chipperfield entre os chamados “Minimalistas”, porquanto se vêm uns espaços mais ou menos despojados, formados por paramentos nus. Se numa primeira abordagem isto poderá ser considerado, verifica-se contudo, e numa análise mais profunda, que a sua obra de minimalista nada tem. Pelo contrário, apresenta-se-nos complexa, e ele que é um cultor da complexidade. Esta complexidade é a que se verifica nesta e em todas as obras, isto é, a obtenção de “mais com menos”, mais espaço com menos volume. Se atendermos às próprias palavras do arquitecto no que a esta casa concerne, podemos entender que é uma “VILLA” no sentido mais próprio do termo, o que se reforça pela imponência e solidez que transmite. Mas mesmo sendo uma “villa”, esta acaba de uma maneira ou de outra por corresponder a uma tipologia a que não são alheios os conceitos de frontalidade, axialidade ou em definitivo uma certa igualdade em todas as direcções. Contudo esta casa move-se, na sua forma com toda a liberdade, isto é na distribuição do tipo, entendendo-se aqui a destruição do volume singelo a partir do qual de irá verificar a sua desconstrução selectiva até chegar à forma final. Assim e sempre que Chipperfield destrói um tipo “mais com menos”, com os seus próprios elementos característicos , uma varanda, uma abertura uma escada, etc., os quais são perfeitamente reconhecíveis nesta casa, tornando-a assim dinâmica na obtenção da forma. Trata-se de uma continuidade que a um ritmo mais rápido e como tal mais dinâmico, faz com que as sequências espaciais desta casa possam ser percorridas numa espécie de contínuuo. Nesta casa podemos entrar e sair continuamente, subir e descer, uma vez que a organização espacial assim o permite. Contudo e com o intuito de “refrear” este dinamismo o arquitecto matiza as duas sequências de entrada , isto é uma pequena rampa que descende a partir do alçado posterior para o jardim a Norte e uma escada que permite o acesso desde a rua localizada a Sul. Também e mediante uma astuta estratégia de adição Chipperfield vai obtendo espaços que se olham uns aos outros u que se articulam nas três direcções numa espécie de diagonalidade. Complexidade, contradição, continuidade dinâmica, contraste espacial e diagonalidade são assim componentes originais desta nova tipologia que podemos dizer que são muito próprias da arquitectura de Chipperfield. O EDIFÍCIO EM SI O edifício organiza-se, em volta de um páteo orientado a Sul e vinculado pela parte posterior com o jardim Numa tentativa de ampliar o espaço disponível e de criar uma clara relação entre o interior e o exterior, os materiais convertem-se num elemento essencial do projecto. A pele cerâmica que o reveste cria assim uma solidez física. A preocupação pela textura é um aspecto é um aspecto que está presente nas obras mais recentes de Chipperfield. A consciente colisão de materiais irregulares, cerâmicos, y superfícies lisas, vidro, e rebocos interiores, torna-se demonstra por assim dizer, uma crítica ante a crescente tendência para a perfeição dos acabamentos e à neutralização dos materiais de construção, isto é não se aproveita a textura dos materiais permitindo que da mesma resulte toda a sua beleza. Esta ideia materializa-a Chipperfield no contraste entre as grandes superfícies de vidro e a textura artesanal do material cerâmico.com todas as suas imperfeições. Assim a casa apresenta-se em si mesma como uma superfície opaca orientada para a rua, enquanto a parte posterior se converte no ponto central voltada para o jardim. Mediante o recurso de dispor um páteo orientado a sul a planta propões uma progressão de simples volumes internos, isto é, cada espaço estabelece uma série de volumes que expressam tanto as qualidades abstractas como as físicas . Se bem que o projecto corresponde eventualmente a um programa doméstico muito particular, o arquitecto tentou na medida do possível, que a forma dos espaços gerados não surjam de uma descrição funcional precisa. Todos os espaços possuirão assim uma disciplina espacial própria. A composição espacial considera as três dimensões e permite a manipulação com a obtenção de vários níveis de tectos. No exterior do edifício, de onde se deixa antever um jogo entre a contenção física e a liberdade abstracta. A compressão e expansão dos elementos verticais expressamse assim Pelos elementos de que dispomos todas as superfícies externas estão, como já acima frisamos, revestidas em material cerâmico, feito à mão, cuja textura contribui para o resultado final, aqui bem expresso. Também o arquitecto reveste os intradorsos das varandas para permitir um tratamento contínuo da superfície, o que possibilita que o material cerâmico marque uma forte presença física maciça ao mesmo tempo que permite ser manipulado para dar resposta a composições abstractas e formais. Como resultado final, o edifício construído com uma gama rigorosamente limitada de materiais, apresenta-senos com uma composição completamente entrelaçada de matéria e forma, espaço interno e externo, dimensão vertical e horizontal, espaço abstracto e o próprio programa doméstico.