ID: 50076480 04-10-2013 Tiragem: 16630 Pág: 15 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,72 x 36,45 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 João Paulo Dias / Arquivo Económico Uma semana depois, nem todos os serviços atendem mais uma hora por dia NOVO DIPLOMA DA REQUALIFICAÇÃO DEBATIDO NO PARLAMENTO A 11 DE OUTUBRO 40 horas Lei que obriga ao alargamento do horário de atendimento ao público em mais uma hora por dia está em vigor desde sábado. Denise Fernandes e Ana Petronilho [email protected] Quase uma semana depois da entrada em vigor do novo horário de trabalho das 40 horas na Administração Pública, há ainda serviços que não estão a cumprir o alargamento em uma hora por dia do atendimento ao público. A Direcção-geral do Emprego Público (DGAEP) garante que a aplicação do novo horário está a decorrer dentro da normalidade mas, dos vários serviços contactados pelo Diário Económico, em muitos casos a regra não está a ser cumprida. “A adequação dos horários a praticar nos diferentes serviços e organismos encontra-se a decorrer normalmente, estando a ser parametrizados em conformidade os sistemas de registo da assiduidade e revistos os regulamentos internos”, adiantou fonte de DGAEP. Por sua vez, as estruturas sindicais sublinham a “enorme confusão” em vários serviços gerada pelo alargamento das 35 horas semanais para as 40 horas. “Nas autarquias é a maior confusão e nas repartições de Finanças há quem faça 35 horas e quem faça 40”, conta o dirigente da Federação Sindical dos Trabalhadores da Administração Pública (Fesap), José Abraão. Depois, há casos em que os trabalhadores estão a pedir a aplicação da jornada contínua para que mantenham a hora de saída, como é o caso da Câmara de Matosinhos, refere. Hélder Rosalino Secretário de Estado da Administração Pública O diploma das 40 horas, da autoria de Hélder Rosalino, mereceu luz verde de Cavaco Silva e está em vigor desde sábado. Porém, os sindicatos tentaram entretanto travar a aplicação da lei com providências cautelares nos tribunais administrativos. Também os partidos da oposição pediram a fiscalização sucessiva ao Tribunal Constitucional, que ainda não se pronunciou. “Estamos a receber chamadas telefónicas no sindicato de cinco em cinco minutos de pessoas com dúvidas relativamente ao horário de trabalho”, diz José Abraão. A aplicação das 40 horas “parece que depende do humor dos dirigentes”, critica o sindicalista. Das várias repartições de Finanças contactadas pelo Diário Económico, apenas uma, situada em Lisboa, está a cumprir a nova lei, que obriga a que os serviços alarguem em uma hora por dia (para oito horas) o atendimento ao público. A maioria das repartições contactadas apenas está disponível para os utentes mais meia hora por dia. Porém, garantem que os funcionários estão a cumprir o horário das 40 horas, com serviço interno. Por sua vez, apenas os centros de emprego do IEFP com maior afluência alargaram o horário de atendimento, funcionando agora das 9 horas às 17 horas. É o caso do centro de emprego de Picoas (Lisboa). Mas entre as 16 e as 17 horas já não é permitido tirar senha. Também muitas escolas não estão a aplicar o alargamento do atendimento ao público nos serviços de apoio (secretarias, bibilotecas ou papelaria). O presidente do conselho de escolas, Manuel Esperança, conta que “esse é o cenário geral das escolas”, dando o exemplo da escola que dirige. Na Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, os serviços continuam a encerrar às 16h30, estando abertos à hora de almoço e antecipando a hora de entrada das 9h15 para as 9 horas. “O horário não será alargado no atendimento ao público, embora os funcionários cumpram com as 40 horas para trabalhos burocráticos”. Já no caso das universidades, no geral, o atendimento ao público foi alargado nos serviços académicos em mais uma hora por dia (meia hora de manhã e meia hora ao final do dia), como acontece na Universidade do Minho. Nos museus, varia. Foi dada liberdade aos directores para decidirem se abrem mais uma hora por dia ou não, esclareceu fonte do Instituto dos Museus e da Conservação. Nos centros de saúde como nas Lojas do Cidadão, as novas regras não têm qualquer impacto. Isto porque o horário de atendimento ao público já é superior a oito horas diárias. ■ As propostas de alteração dos partidos da maioria ao sistema de requalificação (mobilidade especial) da Função Pública já deram entrada no Parlamento e começam a ser debatidas dia 11 de Outubro. O objectivo é ‘limpar’ do diploma as inconstitucionalidades detectadas pelo Tribunal Constitucional, após as dúvidas levantadas por Cavaco Silva. Nas propostas, PSD e CDS eliminam a norma que previa a possibilidade de despedir os funcionários públicos que fossem colocados na requalificação e que passados 12 meses não fossem recolocados. Assim, os trabalhadores poderão manter-se em inactividade até à reforma, mas com cortes salariais mais significativos: no primeiro ano ganham 60% do salário e após esse período 40%. ID: 50076480 04-10-2013 Tiragem: 16630 Pág: 15 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 27,43 x 16,38 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2 Saiba como estão a ser aplicadas as 40 horas Aplicação A nova lei obriga os serviços a estarem abertos ao público oito horas por dia. A lei das 40 horas semanais obriga os serviços a alargarem o atendimento ao público até às oito horas por dia. Mas há muitos organismos que decidiram não o fazer. Saiba como está a ser aplicada a lei nos vários serviços públicos. lhadores estão a cumprir as oito horas de trabalho diário. É o caso, por exemplo, das repartições do Barreiro, Oeiras, Abrantes ou Arruda dos Vinhos. Mas há quem esteja a cumprir mais uma hora de atendimento, como dita a lei: é o caso da repartição do Parque das Nações (Lisboa), onde o horário foi alargado em meia hora da parte da manhã (até às 13h) e meia hora à tarde (até às 16h30). vários atendimentos ao público existentes, tal como previsto na lei”, garante a mesma fonte. 3 4 CENTROS DE SAÚDE E LOJAS DO CIDADÃO Os centros de saúde têm horários de atendimento ao público que atingem as 12 horas diárias. Por isso, a aplicação do novo horário não teve qualquer impacto neste sector. O mesmo se verifica nas Lojas do Cidadão com períodos de atendimento ao público superiores a oito horas diárias e que, por isso, vão manter os horários. SERVIÇOS DE APOIO ÀS ESCOLAS E UNIVERSIDADES 1 2 REPARTIÇÕES DE FINANÇAS SEGURANÇA SOCIAL A grande maioria das repartições de Finanças contactadas pelo Diário Económico apenas alargou o horário de atendimento ao público em meia hora por dia, fechando assim às 16h30 (e não às 16h). Mas todas garantiram que a nível de funcionamento interno, os traba- Os serviços do Instituto da Segurança Social estão a cumprir com o funcionamento de 40 horas semanais, segundo fonte oficial. Já relativamente ao atendimento, “este será preferencialmente alargado, tendo em consideração a natureza e as características dos No caso das escolas os serviços - secretarias, serviços de apoio social ou papelarias, por exemplo - não estão a cumprir com o alargamento do horário de atendimento ao público. O presidente do conselho de escolas, Manuel Esperança, diz que apesar de não terem alargado o período de atendimento ao público, os funcionários cumprem com as 40 horas semanais. Já nas universidades o alargamento do horário nos serviços académicos e bibliotecas foi repartido entre a hora de almoço e o final do dia. garam o horário de atendimento ao público e outros não. 5 MUSEUS E MONUMENTOS Segundo o Instituto dos Museus e da Conservação cabe aos directores dos museus e monumentos decidir como fazer a distribuição do aumento do horário para as 40 horas. Com esta liberdade, há museus que alar- 6 CENTROS DE EMPREGO A título experimental, durante um período transitório (de 1 de Outubro até 31 de Dezembro), o horário de atendimento de oito horas diárias apenas se aplica aos centros de emprego com maior afluência. Nestes casos, o horário de atendimento será das 9h às 17h, sem intervalo para almoço. É o caso do centro de emprego de Picoas (Lisboa). Mas, segundo um funcionário, a partir das 16h já não é possível tirar senhas e só são atendidos os casos com marcação ou relativos a procedimentos simples. Em Santarém, por exemplo, o centro de emprego continua a fechar às 16h. ■ D.F com A.P.