Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC Rodovia Pres. Dutra, km 40, Cachoeira Paulista, SP, CEP: 12630-000 www.cptec.inpe.br NOTA TÉCNICA SOBRE A PREVISÃO CLIMÁTICA POR CONSENSO Período: Trimestre FMA/2016 - Brasil Reunião Técnica: 19 de janeiro de 2016 Grupo de Previsão de Tempo e Clima - CPTEC/INPE A análise global dos coeanos mostrou que o fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) manteve-se na categoria muito forte, atingindo seu auge no último trimestre. O Índice de Oscilação Sul (IOS) passou a -0.6 em dezembro passado e o Oceanic Niño Index (ONI), disponibilizado pela NOAA, passou a 2.3 no trimestre OND/2015. Na semana do dia 03 a 09 de janeiro de 2016, as anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) excederam 3°C em algumas áreas na região equatorial do Oceano Pacífico. No Oceano Atlântico, destacou-se a diminuição das anomalias positivas de TSM na porção norte desta bacia, ao mesmo tempo em que se notou a tendência de aquecimento na porção sul desta bacia. Com este padrão de anomalias de TSM, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) passou a atuar em torno de sua posição climatológica em dezembro e início de janeiro corrente. Na maior parte do Oceano Índico, os valores de TSM apresentaram-se acima da climatologia, com anomalias que variaram entre 0,5°C e 1,5°C. A previsão climática sazonal para os oceanos indicou a persistência da condição de aquecimento em praticamente todo o Oceano Pacífico Equatorial no trimestre FMA/2016. O modelo acoplado do Climate Prediction Center/ National Centers for Environmental Prediction/National Oceanic and Atmospheric Administration (CPC/NCEP/NOAA) ainda mostra anomalias de TSM entre 2°C e 3°C na parte central do Pacífico Equatorial. Este modelo também mostrou a persistência de anomalias positivas de TSM nas áreas tropicais e subtropicais do Atlântico Norte e Sul, bem como uma extensa área de anomalias negativas de TSM na faixa equatorial deste oceano. O Modelo de Circulação Geral Acoplado Oceano-Atmosfera (MCGOA) do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) também mostrou a área de maior aquecimento na região do Niño 4 e 3.4. O MCGOA também indicou anomalias positivas de TSM em grande parte do Oceano Atlântico. A previsão de anomalias positivas de TSM no Oceano Pacífico Equatorial foi igualmente sinalizada pelos modelos acoplados de instituições dos EUA que fazem parte do projeto National Multimodel Ensemble (NMME/EUA), com valores entre 2°C e 3°C nas regiões dos Niños 3, 3.4 e 4, no decorrer do referido trimestre. O multimodel dos modelos norte-americanos também sinalizou a persistência de anomalias positivas de TSM no Atlântico Norte. Segundo consenso do IRI, há probailidade de 95% de manutenção das condições de El Niño no trimestre FMA/2016, diminuindo para 85% nos mesese de outono. As plumas dos modelos NWS/NCEP/CPC e BESM/INPE indicaram o gradual declínio da condição de El Niño a partir de janeiro até meados de 2016, quando o fenômeno ENOS deve atingir a condição de neutralidade. Levando-se em consideração as condições oceânicas descritas anteriormente e as previsões de anomalias de TSM e de precipitaçao dos diferentes modelos 1, foi elaborada a previsão climática por consenso conjunta entre o CPTEC/INPE, o Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST/INPE), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), todos vinculados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI), com a colaboração do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e participação dos Centros Estaduais de Meteorologia, para o trimestre fevereiro a abril de 2016 (FMA/2016). A previsão de TSM indicou a persistência da fase ativa do fenômeno El Niño durante o verão 2015/2016 e seu gradual declínio até meados de 2016, quando as condições oceânicas e atmosféricas devem atingir a normalidade na bacia do Oceano Pacífico Equatorial. Para o trimestre fevereiro-março-abril de 2016 (FMA/2016), os modelos indicam indica indica maior probabilidade do total trimestral de chuva ocorrer na categoria abaixo da normal climatológica em grande parte das Regiões Norte e Nordeste, na faixa que vai do nordeste do Amazonas ao norte da Bahia, com distribuição de probabilidade de 25%, 30% e 45% (correspondendo às categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica). Para o sul do Mato Grosso do Sul, extremo sul de São Paulo e toda a Região Sul, a previsão indica maior probabilidade de totais pluviométricos na categoria acima da normal climatológica, com distribuição de 45%, 30% e 25% para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal climatológica, respectivamente. As demais áreas do País (área cinza do mapa) apresentam baixa previsibilidade para o período, o que implica igual probabilidade para as três categorias. Esta previsão ainda refletiu a atual condição de El Niño. A previsão por consenso indica maior probabilidade de temperaturas acima da média em quase todo o País no decorrer do referido trimestre. Para a Região Sul, as temperaturas podem ocorrer em torno dos valores normais. 1 A previsão climática por consenso também considerou as anomalias de precipitação previstas pelo Modelo de Circulação Geral Acoplado Oceano-Atmosfera (MCGOA/CPTEC/INPE); pelo Modelo de Circulação Geral Atmosférico (MCGA/CPTEC/INPE), com diferentes esquemas de parametrização convectiva; pelo multimodel do International Research Institute for Climate and Society (IRI/EUA); por alguns modelos do projeto EUROBRAZILIAN Initiative for Improving South American Seasonal Forecasts (EUROBRISA); pela maioria dos modelos do Global Producing Centres da Organização Meteorológica Mundial (GPC/OMM) e pelo Modelo Eta do CPTEC/INPE.