DESAFIOS DA ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA Jussara Ingrid de Melo Silva* Elisangela Pinafo** RESUMO O saber interdisciplinar dá condições ao profissional de saúde de analisar o paciente de forma integral, necessitando, assim, de uma visão mais ampla, que ultrapasse a sua especificidade profissional, e que caminhe na direção da compreensão das implicações sociais decorrentes de sua prática. O objetivo deste trabalho é identificar as principais dificuldades que a enfermagem enfrenta em coordenar uma equipe multiprofissional na atenção básica. O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica. Utilizou-se artigos publicados entre os anos 2006 a 2011, encontrados por meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e da Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (LILACS). Foram encontrados 13 artigos, sendo excluídos 4 textos por não permear o objetivo deste trabalho. Conclui-se ser fundamental que as equipes multiprofissionais encontrem momentos para trabalhar em conjunto e colocar em prática a complementaridade e a interdependência dos diferentes trabalhos. PALAVRAS-CHAVE: assistência ao paciente, atenção primária, equipe de enfermagem INTRODUÇÃO O Programa Saúde da Família (PSF) se constituiu como uma proposta para mudança do processo de trabalho na atenção básica no Brasil, com o objetivo de qualificar a assistência à saúde da população com base nas diretrizes do Sistema Único de Saúde: descentralização, integralidade e controle social. O modelo preconizado para a equipe possui caráter multiprofissional, sendo composto por um médico generalista, enfermeiro, técnico em enfermagem, agentes comunitários de saúde e odontólogo, os * Enfermeira. Email para contato: [email protected] Enfermeira. Docente do curso de enfermagem da Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus Luiz Meneghel. Bandeirantes – PR ** 1 quais devem procurar atuar em uma perspectiva interdisciplinar (OLIVEIRA; SPIRI, 2006). Diante disso, a experiência interdisciplinar irá possibilitar o contato com diferentes referenciais e estruturas, enriquecendo o saber e trazendo novas formas de cooperação e comunicação entre os profissionais e, consequentemente entre os usuários (NECKEL et al., 2009). Esta pesquisa possui como enfoque os desafios da enfermagem na equipe multiprofissional. E devido a esta consideração, o objetivo deste trabalho é identificar as principais dificuldades que a enfermagem enfrenta em coordenar uma equipe multiprofissional na atenção básica. DESENVOLVIMENTO O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica. Utilizou-se artigos publicados entre os anos 2006 a 2011, encontrados por meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e da Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe (LILACS). Foram encontrados 13 artigos, sendo excluídos 4 textos por não permear o objetivo deste trabalho. Para a seleção dos seguintes artigos foi utilizado o seguinte critério: principais dificuldades encontradas pela enfermagem na coordenação de uma equipe multidisciplinar. A experiência de trabalho em uma equipe multiprofissional capacita os profissionais para uma mudança no modelo assistencial, pois o profissional precisa desempenhar sua profissão em um processo de trabalho coletivo, cujo resultado deverá ser realizado de forma completa a partir da contribuição específica das diversas áreas profissionais (NASCIMENTO et al., 2008). Sendo assim, pôde-se observar na literatura que o trabalho em equipe é a base para ações integrais na saúde, atendendo com qualidade as necessidades dos usuários de acordo com cada situação e experiência já adquirida, pois, a abordagem do paciente no seu contexto biopsicossocial é facilitada, e o cliente passa a ser atendido por todos os membros da equipe que também o envolve na resolução de sua problemática (OLIVEIRA; SPIRI, 2006). 2 Entretanto, essa assistência na maioria das vezes não ocorre como deveria, pois são muitas as dificuldades encontradas pelos profissionais que fazem parte de uma equipe multidisciplinar, sendo o enfermeiro o grande responsável por coordenar e supervisionar o trabalho dessa equipe, principalmente do técnico de enfermagem e do agente comunitário de saúde. Contudo, de acordo com a literatura pesquisada, os principais desafios que a enfermagem enfrenta para coordenar uma equipe multidisciplinar na atenção básica foram os seguintes: condições de trabalho precárias, baixos salários, profissionais que realizam o trabalho individual ao invés do coletivo, excesso de demanda de usuários pelo serviço, que ocasiona falta de tempo para articular os diversos trabalhos e planejar as ações a serem desenvolvidas, os conflitos entre os membros da equipe, pois há variedade de opiniões e posturas, profissionais que tentam controlar toda a organização do programa, enquanto outros acomodam-se não realizando adequadamente suas funções e acabam comprometendo a qualidade do trabalho (COLOMÉ; LIMA; DAVIS, 2008). Nesta perspectiva, destaca-se a necessidade do desenvolvimento de um trabalho conjunto, no qual todos os profissionais envolvam-se em algum momento da assistência, agindo de acordo com seu nível de competência específico e formem um saber capaz de dar conta da complexidade dos problemas e necessidades de saúde dos indivíduos e da coletividade. Dessa forma, o papel de coordenador do enfermeiro deve ser bem estabelecido para manter a organização das atividades com os membros da equipe e discutir propostas para a resolução dos problemas, tornando o seu trabalho reconhecido e valorizado (NASCIMENTO et al., 2008). CONCLUSÃO Em suma, o trabalho em equipe integrado exige conhecimento e valorização do trabalho do outro, para que assim construam consensos quanto aos objetivos a serem alcançados e a maneira mais adequada de atingi-los, sendo, portanto necessário que a equipe se organize e tome medidas para impedir que estes problemas adquiram maiores proporções. 3 REFERÊNCIAS COLOMÉ, I. C. S; LIMA, M. A. D. S; DAVIS, R. Visão de enfermeiras sobre as articulações das ações de saúde entre profissionais de equipes de saúde da família. Rev. Esc. Enferm USP. v.42, n.2, p.256-261. 2008. NASCIMENTO, K. C. et al. Sistematização da assistência de enfermagem: vislumbrando um cuidado interativo, complementar e multiprofissional. Rev. Esc. Enferm USP. v.42, n.4, p.643-648. 2008. NECKEL, G. L. et al. Desafios para a ação interdisciplinar na atenção básica: implicações relativas à composição das equipes de saúde da família. Ciência e Saúde Coletiva. v.14, n.1, p.1463-1472. 2009. OLIVEIRA, E. M; SPIRI, W. C. Programa saúde da família: a experiência de equipe multiprofissional. Rev. Saúde Pública. v.40, n.4, p.727-733. 2006. 4