Goiânia, quinta-feira, 22 de maio de 2014 Transporte: trégua até dia 1º de junho A indefinição sobre a negociação salarial dos motoristas do transporte coletivo continua. Mas até o próximo dia 1º de junho, quando será realizada uma nova assembleia da categoria, os usuários poderão ficar tranquilos em relação a uma possível greve. Esse pelo menos foi o compromisso firmado ontem pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Goiânia e Região Metropolitana (Sindicoletivo) e por lideranças da categoria que se dizem independentes a movimentos sindicais. “Não vamos parar de forma errada. Não queremos que a população que é formada também por nossos parentes, filhos, esposas, mães, fique contra a categoria. Agora o destino da categoria será sim definido em uma legítima assembleia e não de forma forjada, entre quatro paredes dentro do ar-condicionado”, alegou o motorista Juliano Souza Porro, uma das lideranças independentes. Na audiência realizada ontem na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), nem o Sindicato das Empresas do Transporte Coletivo (Setransp) e nem o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado de Goiás (Sindittransporte), apresentaram nova proposta de negociação. Porém, na audiência de mediação comandada pelo desembargador Aldon do Vale Alves Taglialegna, e com a participação da representante do Ministério Público do Trabalho (MTB), a procuradora regional, Janilda Guimarães de Lima, uma das principais reivindicações da categoria foi atendida. A realização de uma nova assembleia, já que tanto o Sindicoletivo, quanto outras lideranças independentes do movimento alegam que o Sinttransporte, entidade que detém o direito legal de representar os motoristas, teria cerceado o direito de manifestação dos motoristas. Eles inclusive acusam o Sindittransporte de ter forjado a ata da última assembelia que teria aprovado a negociação firmada com o Setransp, com reajuste salarial de 7% e aumento de 16% sobre o ticket alimentação. “Realizamos uma primeira assembleia de onde foi tirada a proposta inicial e que foi apresentada ao Setransp. Tentamos realizar uma segunda assembleia com a contraproposta do sindicato patronal. Infelizmente com tumulto causado pelo Sindicoletivo não houve clima para uma assembleia e fizemos aprovação do aditivo por consulta. Ata dessa consulta é legítima e não foi forjada”, alegou Alberto Magno Borges, presidente do Sindittransporte. Ele também alegou que com a participação da Justiça e do Ministério Público do Trabalho haverá dessa vez o clima necessário para a categoria ser ouvida. A próxima assembleia dos motoristas do transporte coletivo será realizada no dia 1º de junho, às 8h30, na sede do Sindittransporte, no setor Bueno. Para participar os trabalhadores do sistema de transporte coletivo deverão se identificar por meio de carteira de identidade (ou crachá funcional) e carteira de trabalho. Proposta Segundo ata da audiência realizada ontem no TRT, a pauta da próxima assembleia será a apreciação da ratificação da proposta já feita pelo Setransp, e em caso de rejeitada haverá a reabertura de uma nova negociação. O que for definido pelos motoristas no dia 1º de junho será apresentado em uma nova audiência, novamente na sede do Tribunal Regional do Trabalho, no próximo dia 4. O Sindicato patronal poderá, contudo, apresentar já nesse dia uma nova proposta. Caso não apresente, as empresas, por meio de seu sindicato, terão mais cinco dias para elaborar uma nova negociação. Outra greve ainda não está descartada Apesar de não representar legalmente os cerca de 4,5 mil trabalhadores do transporte coletivo da Grande Goiânia, o presidente do Sindicoletivo, Carlos Alberto Luiz Santos, diz que a categoria deve rejeitar na próxima assembleia a negociação firmada entre Setransp e o Sindittransporte. Ele afirma também que no próximo encontro da categoria poderá haver sim um indicativo de greve. “Fica muito difícil não falar em paralisação para um trabalhador que ganha R$ 1,4 mil por mês, que levanta às 4 da manhã para trabalhar, ou que começa a trabalhar meio-dia e larga o serviço a meianoite, um trabalhador que por causa de sua jornada é obrigado a almoçar às 3 da tarde. Portanto, haverá sim nessa assembleia a apreciação de um indicativo de greve”, alega o sindicalista. Segundo ele, a proposta que deverá ser levada ao Setransp certamente será aquela inicial, que é um aumento salarial de 15%, aumento de ticket para R$ 500 e o retorno da volta da manobra (percurso da garagem para a residência do motorista). Embora não tenha apresentado uma nova negociação, o vice-presidente do Setransp, Décio Caetano, afirma que após a assembleia as empresas estarão abertas a uma nova negociação. “Estamos ratificando o acordo que já está garantido e inclusive já está sendo pago aos motoristas. No mais esperamos que os dois sindicatos, com o intermédio do TRT e do Ministério Público do Trabalho, resolvam seus conflitos de interesses, e que a sociedade não fique refém de um movimento totalmente improcedente e ilegítimo”, alegou o representante patronal.