Os jogos digitais ou games tem uma função que vai muito além do entreter ou divertir. Ao serem projetados para contribuir no processo educacional, os games podem trazer incontáveis benefícios para os alunos. Jogando eles participam de discussões produtivas, tomam decisões e debatem sobre as consequências de suas escolhas. O objetivo nem sempre é vencer o jogo, mas sim promover o pensar sobre valores universais, estimulando a conscientização. “O PUC Games começou em 2007. A ideia é criar um contexto para todos os jogos. Em 2007 a gente criou a metodologia e ferramentas, desenvolvemos o primeiro volume – o Estação Espacial de Alexandria, é uma coletânea de jogos para crianças que estão no 1º e 2º anos do Ensino Fundamental. Em 2008 demos prosseguimento a ideia do contexto da Estação Espacial de Alexandria, atendendo às crianças do 3º ano do Ensino Fundamental. Na sequência, nós fizemos o volume 3 , em que a gente sai da Estação Espacial de Alexandria, criamos uma sequência, em que os personagens que nós criamos vão para um planeta e tentam salvar esse planeta”, diz Luiz Antônio Pavão. “A Turma de Valor surgiu em 2009 como uma tentativa de contribuir com a educação de alguma forma, para tentar trazer para a educação uma reflexão sobre valores. A grande diferença da Turma de Valor é o que a gente chama de jogo, mas não é um jogo porque não tem vencedor ou perdedor, não tem regras que estabeleçam uma competição entre as crianças em hipótese alguma. Buscar associar um conteúdo supersério com o lúdico, com a brincadeira, com a história em quadrinhos que faz parte da nossa vida, esse equilíbrio foi o mais legal: encontrar dentro de um jogo, em uma brincadeira com as crianças uma proposta de reflexão, de pensar sobre assuntos sérios”, explica Celso Garcia, psicólogo e desenvolvedor do jogo Turma de Valor. “Por ser um joguinho é muito instigante, ele chama muito a atenção das crianças. Sinto que está contribuindo de maneira positiva, eles estão gostando de jogar. Numa situação do jogo, a calça de um dos personagens rasgava, e eles tinham que refletir sobre o que fazer. Na semana seguinte, a mesma situação aconteceu, só que na realidade no recreio da Escola. Eles não tiraram sarro do menino, um dos colegas emprestou uma blusa para que o menino com a calça rasgada colocasse na cintura. Acredito que é uma sementinha que estamos plantando. É uma forma de eles refletirem o valor positivo”, conta Silvana dos Santos Batista, professora da Escola Municipal O Ateneu. “É importante que o jogo proporcione às crianças situações reais. Aqui a gente não fala de monstros, castelos, nada disso. A criança vive o personagem dela no jogo, no dia a dia da vida dela, do universo dela em casa, na escola, ou talvez na rua, no campinho, mas é nesse universo que o jogo é contextualizado. O Turma de Valor trabalha com honestidade, responsabilidade, respeito, educação, organização, determinação, confiança e autoestima”, diz Celso Garcia. O que as crianças podem fazer com assistência de outros, pode ser em algum sentido um indicativo ainda melhor do seu desenvolvimento mental do que o que elas podem fazer sozinhas. “Lev Vygotsky). “É importante dizer que o Turma de Valor é um jogo só e tão somente. Quem faz 99% do trabalho é o educador”, afirma Celso Garcia. “Desenvolvemos os jogos a princípio para eles serem avaliativos e os jogos se apresentam como uma complementação. As crianças tem um reforço do que já foi visto durante as aulas e também permite uma avaliação de acordo com a performance da criança no jogo”, diz Luiz Antônio Pavão. “Aproximadamente dez mil crianças utilizam hoje o Turma de Valor. Das quais, oito mil diretamente ligadas às redes municipais de ensino e duas mil crianças utilizam o Turma de Valor por iniciativa nossa, de ceder a licença gratuitamente para que alguns projetos especiais utilizem em determinadas localidades do Brasil”, diz Celso Garcia. “Tudo que é inovação é difícil de ser implementado. É necessário um processo de formação. A tecnologia não vai substituir o processo de interação porque alguém precisa fazer com que o aluno saia do conflito cognitivo para poder aprender. E esse alguém tem que conhecer as dificuldades que o aluno teve para chegar ali para oferecer o suporte que ele precisa”, afirma Dilmeire Sant´anna Vosgerau.