Inclusão Digital Dentro da Universidade
Alex S. de P. Rodrigues, Ândrea V. Garcez, Brendha Arrieche, Daniele Fiori
Leonardo Benevides, Lucas da S. Fernandes, Diana F. Adamatti, Jonata T.
Carvalho, Vinicius A. Hax
Centro de Ciências Computacionais – Universidade Federal do Rio Grande (FURG) –
96203-900 – Rio Grande – RS – Brasil.
[email protected]
Resumo. Este artigo apresenta o projeto de inclusão digital na Universidade
Federal do Rio Grande, que visa possibilitar aos alunos da instituição noções
básicas do mundo digital, permitindo que utilizem melhor as tecnologias da
informação durante sua permanência acadêmica e na sua vida profissional.
1. Introdução
Ao contrário do que muitos imaginam, existe uma gama muito grande de universitários
que não têm conhecimento e acesso ao computador posteriormente ao seu ingresso na
universidade. De fato, estes estudantes encontram na universidade a primeira
oportunidade de navegar regularmente ou até mesmo conhecer o computador e suas
ferramentas básicas. Essa inclusão digital não é apenas uma opção, é uma necessidade,
visto que a maioria dos trabalhos exigidos na universidade necessita de ferramentas
computacionais (editores de texto, planilhas eletrônicas, pesquisas na web, etc.).
O projeto de extensão desenvolvido pela Pró-reitora de Assistência Estudantil da
Universidade Federal do Rio Grande (PRAE/FURG), denominado de “Informática
Básica”, visa à inclusão digital de alunos na Universidade. Tem como objetivo fornecer
aos estudantes de graduação instruções básicas sobre o mundo digital, permitindo que
utilizem melhor as tecnologias da informação durante sua permanência acadêmica e na
sua vida profissional.
Este artigo está dividido em quatro seções. Na seção 2 são apresentados outros
trabalhos de inclusão digital em universidades. A seção 3 apresenta o nosso projeto e na
seção 4 estão às conclusões, construídas à luz dos resultados obtidos até o momento
com o projeto.
2. A Inclusão Digital em Universidades
Diversas universidades no Brasil detectaram uma deficiência de conhecimento
tecnológico entre universitários e até mesmo entre funcionários das universidades.
Desse modo, o objetivo fundamental do projeto não era somente capacitar os
participantes para a operação de computadores ou utilização de programas de
informática, mas utilizar o espaço e o aparato tecnológico da universidade para
contextualização e formação de habilidades, atitudes e competências, por meio do uso
das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Apesar da crescente disseminação da cultura digital, a maioria da população
brasileira é excluída deste processo, pois o acesso à tecnologia ainda se restringe a
poucos. Desse modo, um projeto de inclusão digital, no mínimo, permite que os alunos
entendam um pouco esses sistemas abertos de comunicação. E, se voltado a ampliar
essa rede de forma a compartilhar e favorecer a construção de novos conhecimentos
(especialmente quando se trata de um projeto inserido na esfera pública de educação)
pode apresentar resultados positivos no que diz respeito à cidadania e fortalecimento da
consciência.
A seguir, são apresentados alguns projetos onde cursos de inclusão digital são
oferecidos em universidades:
a) Faculdade da Fronteira
A Faculdade da Fronteira (FAF) apresenta um projeto de extensão com foco em
informática básica com intuito de oferecer às pessoas oportunidade de utilizar os
recursos da informática para aprimorar os conhecimentos e familiarizar-se com os
recursos tecnológicos.
Os métodos e recursos pedagógicos utilizados no projeto da FAF são: exposição
dialogada, pesquisas em sites específicos e sistematização dos trabalhos em aplicativos
específicos (FAF, 2011).
b) Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas
A Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas desenvolve o
programa Infoinclusão, que é baseado na democratização do acesso às tecnologias da
informação, permitindo a inclusão dos seus alunos na sociedade da informação. As
estratégias do projeto tem o foco de facilitar o acesso de alunos de baixa renda às
Tecnologias da informação e comunicação (UNCISAL, 2011).
c) Universidade Federal de Juiz de Fora
Projeto de Universalização da Informática é o programa da Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF). O projeto tem por objetivo disseminar conhecimentos na área
de informática. Uma característica interessante é que o projeto utiliza como meio a
educação à distância (UFJF, 2011).
Por ser semipresencial, o curso é aberto a qualquer estudante da graduação. É
usada a plataforma Moodle para ensino à distância, mas é mantida uma sala onde os
tutores atendem os alunos para tirar dúvidas. A avaliação é feita toda semana por meio
de entrega de tarefas e no fim do período é realizado uma prova presencial (Carlos,
2011).
3. A Inclusão Digital na Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), os cursos de inclusão digital a
acadêmicos já tiveram duas edições, em 2010 e em 2011. Nas duas edições, as aulas
começaram no final de setembro e foram até o mês de dezembro. Foram formadas três
turmas, uma em cada turno para permitir que alunos com aulas regulares em qualquer
turno pudessem participar. Alunos dos cursos de Engenharia da Computação e Sistemas
de Informação, da Universidade Federal do Rio Grande – FURG ministraram as aulas.
Os cursos foram de 40 horas/aula, onde foram ministrados conhecimentos
básicos, como uso do computador, acesso a internet, e-mail, editor de texto e
conhecimentos intermediários, como apresentações e planilha eletrônica.
Na edição de 2010, inicialmente se matricularam 60 pessoas, porém somente 10
concluíram o curso, sendo que a maioria foi reprovada por infrequência. A equipe que
ministrou as aulas deu como motivo da evasão a baixa prioridade que os alunos davam
ao curso em relação às disciplinas regulares e outras atividades diversas. Nessa primeira
edição o ambiente base para o curso foi sistema Linux.
Já na edição de 2011, também estavam matriculados 60 alunos e menos da
metade compareceu e teve assiduidade até o seu final (25 alunos). Os alunos do curso
alegam que a causa mais provável para essa evasão seria o final do período letivo e a
dificuldade para conciliar os estudos com uma atividade extracurricular. Nessa segunda
edição, o ambiente base para o curso foi o sistema WINDOWS XP.
4. Conclusões e Trabalhos Futuros
O conhecimento de tecnologias, nos dias de hoje, não é apenas um incremento no
aprendizado: é vital para a formação. Em todos os cursos superiores, o conhecimento de
ferramentas computacionais para desenvolvimento de trabalhos está presente, em
diferentes níveis. Contudo, esse não é um pré-requisito para o ingresso ao ensino
superior. Desta forma, é papel da universidade suprir esta lacuna de conhecimento.
Os cursos de informática básica ministrados na Universidade Federal do Rio
Grande (FURG) ainda estão sendo avaliados, pois a demanda parece bastante grande,
mas a evasão aos cursos também permanece muito grande.
Um aspecto importante em nosso projeto é que os cursos são ministrados por
alunos, o que lhes dá uma visão ampla e decisiva sobre de como os conhecimentos
tecnológicos estão mal distribuídos na sociedade.
Normalmente os alunos participantes destes cursos têm muitas dificuldades,
provenientes de outros afazeres como provas, trabalhos de faculdade e problemas com
famílias, pois muitos já estão casados e tem filhos. Ainda assim, nossos alunos sempre
buscaram ter um aprendizado forte, trazendo dúvidas, e o mais importante empenho em
buscar novos conhecimentos.
Como o projeto é ainda muito novo em nossa Universidade conseguimos
observar de início a melhora da qualidade acadêmica dos nossos alunos, pois na
graduação é essencial saber se relacionar bem com esse universo digital para a
realização de trabalhos e tarefas ministradas em salas de aula. Além disso, percebemos
que os poucos alunos que estavam ali para relembrar o que apenas tinham esquecido por
não usarem essas ferramentas há muito tempo, ficavam feliz por terem essa
oportunidade dentro do próprio ambiente acadêmico.
Um aspecto importante a salientar é o nível de conhecimento dos alunos. Alguns
com uma boa prática de informática e outros que apresentam dificuldades médias ou
amplas em relação ao uso do computador.
Para o próximo ano letivo o objetivo é realizar um trabalho de divulgação na
matrícula dos novos estudantes. Desta forma, aqueles que nunca utilizaram ou que
tenham dificuldades em fazer uso de computadores, poderão começar a fazer o curso de
informática básica já no início de sua graduação, adquirindo conhecimentos que serão
importantes durante toda a sua jornada na Universidade. Fora isso, também se pretende
fazer um mapeamento dos níveis de conhecimento, para separar as turmas de forma a
ter-se maior homogeneidade.
5. Referências
UNCISAL - Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas. “Programa de
Inclusão
Digital
P.I.D”.
Disponível
em:
http://www.uncisal.edu.br/estudantes/programas. Acesso em 4 novembro 2011.
UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora. “Projeto de Universalização da
Informática”. Disponível em: http://www.ufjf.br/pui/. Acesso em 04 novembro
2011.
FAF
- Faculdade da Fronteira “Informática básica”. Disponível em:
http://cpea.sudoesteonline.com.br/faf/extensoes.asp?id=10&tp=4#curso. Acesso
em 4 novembro 2011.
CARLOS, J. Envio de mensagem com informações. Mensagem recebida por
<[email protected]> em 4 de novembro de 2011.
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