Jamb Cultura Este caderno é parte integrante do Jornal da Associação Médica Brasileira (AMB) – Coordenação: Hélio Barroso dos Reis Bimestral setembro/outubro de 2011 – nº 11 Cecília Suzuki, nome artístico de Cecília Massae Tamaki Suzuki, nasceu em 1941, em São Paulo. Formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie (SP). Fez parte da diretoria da Associação Internacional de Artes Plásticas da Unesco no Brasil. Tornou-se membro da Academia Internacional de Arte Moderna de Roma e do Centro Internacional de Arte Contemporânea de Paris. Expõe em congressos, simpósios e cursos de oftalmologia, tanto no Brasil quanto no exterior. Transforma em elementos artísticos os dados científicos que o marido, oftalmologista, lhe passa. A artista desenvolve, há muitos anos e com profunda consciência, uma série de pesquisas científicas e artísticas sobre o olho humano. Aos descolamentos de retina, patologias diabéticas, degenerações de mácula, retinoses pigmentares e rupturas gigantes, ela dá um tratamento artístico. Autora: Cecília Suzuki Foto: Luigui Beneducci Título: Abstração Dimensões: 56 x 76 cm Técnica: Litografia Ano: 1992 Acervo da Pinacoteca da Associação Paulista de Medicina Boa Leitura V iva o dia 18 de outubro, Dia do Médico. E nos vem a mente uma curiosa analogia: música e medicina. Sérgio Milliet, o poeta da Pauliceia já dizia: “Mais do que qualquer outra manifestação do espírito, a música é o pão da alma... Uma alma avessa à música é por certo uma alma árida...” E a saúde e a doença? Qual a definição de ambos? Tal qual a música só conhecemos conceitos. Quando nos falamos e nos cumprimentamos, as respostas variam de “bem” a “doente”. Nunca nos deparamos com a expressão: ... “estamos cheios de saúde!”. Ao ouvirmos uma bela composição, nosso espírito se eleva e quando ao contrário, viramos as costas para aquele ambiente desarmônico. A boa música não seria nada mais que a materialização deste estado de espírito, que definimos como saúde? E não seriam os médicos os mesmos artífices que como os grandes compositores nos proporcionam estes momentos de enlevo ao superarem os momentos de angústia da doença, nos livrando da dor? Já não diziam os romanos que “sedare dolorem opus, divinum est”? A medicina procura a harmonia do corpo. Na música, busca-se a harmonia através da melodia, ritmo e acordes. Podemos assim dizer que saúde é a harmonia do corpo; a doença é a desarmonia. A música eleva o espírito e nutre nossos sonhos. Parabenizamos a contribuição desses profissionais, que de uma maneira e outra, têm colaborado no progresso da medicina, dando subsídios para se encontrar a verdadeira saúde e o estado ideal do corpo humano, a homeostase. Agradecemos aos colaboradores do Jamb Cultura 11 com seus artigos: “Michelangelo e as Pareidolias”, de Gilson Barreto, “Ortopedia e Traumatologia, a Minha Vida”, de Marco Martins Amatuzzi, “Museu da Medicina” dos colegas Cléa e Carlos Bichara; a letra e a música do Hino do Médico, de Antonio Sergi e Rubens Barbosa Tavares; o poema de José Augusto Nigro Conceição e as nossas tradicionais dicas culturais. Boa Leitura! Hélio Barroso dos Reis, Ortopedista e Traumatologista, Diretor Cultural da AMB. “A música desperta sensações. Ela me liberta de mim mesmo, torna-me autoconsciente, como se eu pudesse ver-me e sentir-me de longe. Por isso a música me fortalece: depois de cada noite musical, vem uma manhã plena de ideias claras e originais”. Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 81 Jamb Cultura Crônica Michelangelo e as pareidolias multidão reconhece uma santa num vidro de uma janela. Milagre! Não, pareidolia. Quando lancei o livro “A arte secreta de Michelangelo”, que desvenda figuras anatômicas nas cenas bíblicas, sugeriram que se tratava de mais um caso de visão criada pela minha mente. Bom, nunca se levou em conta todo o código iconográfico e pictórico que Michelangelo deixou nas cenas. Acho sim que existe muita especulação infundada, mas ainda acredito que o livro deva conter os ideais de Michelangelo. Talvez nunca chegaremos a uma conclusão. A Madona de Buffalo. Obra de Michelangelo Buonarroti (1475-1564). O termo pareidolia diz respeito a um fenômeno psicológico curioso. Geralmente ocorre quando uma imagem ou som nos estimula de forma vaga, sem uma intenção específica, mas o nosso cérebro nos faz crer que este estímulo tem um significado distinto e real. Os exemplos mais clássicos são quando vemos animais nas nuvens – brincadeira de criança – ou uma Curiosamente, esta semana fui motivado pelo médico e artista plástico Vanderlei Zalochi a olhar com mais atenção para o abdomem de Cristo na Madonna de Buffalo, assim denominada. Um quadro recém-descoberto nos Estados Unidos da América e autenticado como sendo de Michelangelo, avaliado em vários milhões de dólares. A partir de então, passei a mostrar a figura do quadro para vários médicos. Sem induzi-los, a grande maioria foi unânime em concordar com a teoria do colega Zalochi. Existe desenhado em alto-relevo todo um cólon, marcando a pele do abdomem de Cristo. Observações como: mas o cólon transverso está posicionado em forma de arco voltado para cima, quando na realidade anatômica, ele se curva para baixo. A não ser quando abrimos um abdomem e o expomos com o epíplon sobre o toráx. Neste momento sua curvatura se projeta para cima e podemos desenhá-lo na totalidade, como representado no quadro. Será que temos aqui mais um caso de pareidolia? Agora, coletiva? Ou Michelangelo realmente pintou um cólon impregnando a pele abdominal de Cristo da Madonna de Buffalo? Ou teremos que ensinar anatomia para os estudiosos de arte? Creio que Michelangelo seria capaz de ensinar a todos nós. Ilustração: Anatomia do cólon 82 Gilson Barreto, Cirurgião Oncológico, Campinas/SP J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 Ortopedia e Traumatologia, a minha vida D esde os últimos anos da faculdade já estava decidido a fazer Ortopedia e Traumatologia. Pude viver toda evolução de uma especialidade nova que vivia os grandes traumatismos dos terríveis desastres de trem da Central do Brasil e a terrível epidemia de poliomielite que assolava o Brasil e que, junto à tuberculose osteoarticular, constituía a grande maioria dos pacientes dessa especialidade e que eram o nosso grande campo de aprendizado. No Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da FMUSP comecei em 1960 e logo passei a assistente de pronto-socorro. Por oito anos dei plantão de 24 horas semanais, divididos em dois de 12 horas e, ainda trabalhava na Clínica Ortopédica e Traumatológica (COT, que depois tomou o nome de Instituto de Ortopedia e Traumatologia IOT), todos os dias pela manhã. O diagnóstico de poliomielite anterior aguda era feito pelo exame clínico e internávamos a criança na Unidade de PI (paralisia infantil) até que ela saísse da fase aguda e tivesse conseguido ultrapassar a depressão respiratória. Doença altamente contagiante nessa fase. Não havia vacinação, somente uma voluntária foi contaminada e adquiriu a doença em fase adulta, com grandes sequelas; mais ninguém da equipe multiprofissional que atendia os mais de 50 pulmões de aço e outros tantos respiradores, foi contaminada. E os pacientes eram acompanhados depois nos ambulatórios, quando aprendíamos a examinar uma criança em todos os seus movimentos, exigindo conhecimento de anatomia e biomecânica e que proporcionou um aprendizado valioso para a nossa formação. O tratamento cirúrgico era feito à base de osteotomias e transposições musculares e objetivava o alinhamento ósseo e a restauração dos movimentos perdidos pela paralisia, mesmo que em detrimento de outros menos importantes. A tuberculose osteoarticular muito frequente na coluna vertebral provocava grande incapacidade funcional, além de queda do estado geral. O tratamento era medicamentoso e exigia imobilização, o que tornava os especialistas bons clínicos e artífices na manipulação dos aparelhos gessados que permaneciam nos doentes por muito tempo. A traumatologia era baseada no tratamento conservador. As fraturas eram reduzidas e os pacientes imobilizados nos gessos permaneciam na tração, como até hoje se vê nos desenhos animados. Cordas e pesos pendurados exigiam conhecimento de geometria e álgebra, matérias que o ortopedista conhecia e se tornaram a base da biomecânica, que se iniciava como especialidade. A fratura era controlada por radiografias no leito e o paciente ficava internado por muitas semanas. Nesta época romântica da especialidade e do trabalho árduo nos plantões do pronto-socorro, as equipes eram pequenas, os residentes não eram muitos e, de quando em vez, éramos obrigados a convocar colegas da COT para assumirem as operações. Essa chamada era feita J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 pelas rádios AM e todos vinham, para alívio da equipe de plantão. Houve ocasião que controlávamos cinco salas de cirurgia com operações simultâneas. O fim do século XIX marcou as grandes transformações na especialidade. A indústria de material cirúrgico absorvia os engenheiros da indústria artesanal relojoeira da Suíça, que se tornavam obsoletos pelo advento da eletrônica, para se dedicar ao material de síntese e seu instrumental, bem como às próteses articulares, entrando no mundo globalizado do ganho financeiro, mas que beneficiou o desenvolvimento da especialidade e a formação de sub- especialidades nas diversas áreas em que foi dividida a Ortopedia e a Traumatologia. Foi nessa época que no IOT formaram-se os grupos interprofissionais com especialistas de todas as áreas da saúde que estudam e discutem os seus casos clínicos e produção científica em reuniões ordinárias, onde todos são ouvidos, como é até hoje. Exemplos desses grupos são os de Medicina Esportiva, Ortopedia Geriátrica, Paralisia Cerebral, Mão e Microcirurgia que se tornaram desbravadores de novas áreas da especialidade, que não vêm de doenças, mas sim de necessidades da saúde e que se alinham com o mundo contemporâneo. O médico ortopedista e traumatologista torna-se então um especialista culto e atualizado, que entende a necessidade de saber metodologia científica, pois está só numa área da especialidade que administra com segurança e sabedoria, porque estuda e mantém-se atualizado. Preocupa-se com o futuro, na profilaxia nas doenças da terceira idade, no exagero da atividade esportiva, mas com sua necessidade absoluta para a proteção da saúde, volta-se àquela biomecânica articular da poliomielite e da tuberculose, aplicada a outros segmentos populacionais. As imobilizações são substituídas pelo aumento do tônus muscular, e seu equilíbrio, pela orientação postural. Sofre pressões desmedidas da indústria, das prestadoras de serviço e do próprio governo que não reconhece a remuneração adequada para tratar um paciente que tem um enorme seguimento de sua responsabilidade e demora para voltar à atividade, diferentemente da maioria das outras especialidades. O ortopedista e traumatologista preocupa-se com o ser humano, pois trata indivíduos normais que de repente se tornam incapazes por um acidente, muitas vezes no seu auge produtivo, ou deficiente com intelecto preservado, que recupera, para serem úteis à sociedade. É assim que vejo a minha especialidade. A todos os colegas, um abraço pelo dia 19 de setembro, Dia do Ortopedista. Marco Martins Amatuzzi, Ortopedista e Traumatologia, São Paulo/SP 83 Jamb Cultura Espaço poético Hino do Médico Tu fizeste um juramento, É Álvares teu irmão, Naquele dia solene; Sem contar com gratidão, De caridade perene, Nem saber se é rico ou pobre! Na atitude e no pensamento! { Ser como foi São Lucas! E aos preceitos da ciência, Segui-los com honestidade; Tratando da humanidade, Com amor e independência! Mas o teu gesto mais nobre, 84 Bis Cujo exemplo seguirás... Então Deus encontrarás, Se, na verdade, é quem buscas! Música: Antonio Sergi, São Paulo/SP Letra: Rubens Barbosa Tavares, Atibaia/SP J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 Museus de Medicina O Instituto Brasileiro de Museus define os museus como casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Pela Lei 11.904, de 14 de janeiro de 2009, consideramse museus as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento. Segundo o médico e historiador paraense Clóvis Meira “Temos cultuado muito pouco a memória dos nossos mortos notáveis, quando não a esquecemos, encoberto pelo pó dos tempos. É surpreendente como médicos boníssimos e que tudo deram em favor dos seus semelhantes, ao desaparecerem da face da Terra, são completamente adumbrados pelo correr dos tempos”. A criação de um museu visa reunir e dar a conhecer, retratar e eternizar uma história de vida, através de obras, objetos, utensílios, instrumental, aparelhos e outros elementos essenciais para desenvolvimento da arte médica ao longo dos tempos. Esta proposta não traz somente a ideia de guardar a História, mas também de amenizar a saudade e as lacunas do tempo. Ao circular em um Museu de História da Medicina temos oportunidade de lidar com o imaginário do médico do passado. Nos traz o pensamento da responsabilidade com o ser e o exercer a medicina, faz surgir um princípio comum que nos une e que se reflete de uma forma surpreendentemente atual. O Departamento Cultural da Associação Médica Brasileira, ciente de suas responsabilidades e preocupação com o nosso passado, presente e futuro, iniciará uma campanha, além de assessoria técnica, para que as Federadas da entidade e as Sociedades Especializadas que queiram, possam criar Museus de História da Medicina. Cléa Nazaré Carneiro Bichara, Infectologista, Belém/PA Carlos David Araújo Bichara, Patologista Clínico, Belém/PA O Engenheiro Cleptomaníaco Já aposentado, depois de ter trabalhado muitos anos como médico em uma grande indústria, o Dr. Batista aceitou o convite de um amigo nissei para ir ao Clube da Colônia Japonesa em um jantar dançante. Lá pelas tantas foi apresentado a uma senhora, que ao saber quem ele era, foi logo dizendo: “Com certeza o doutor conhece o meu marido. Ele é engenheiro e trabalhou muitos anos na mesma empresa que o senhor. Vou chamá-lo. Ele vai gostar muito de revê-lo porque frequentava muito o Serviço Médico”. Antes de sair para chamar o marido, aproximou-se e falou mais baixo, com um ar de cumplicidade: “Talvez o senhor se lembre: ele é cleptomaníaco.” O Dr. Batista ficou intrigado. Não se lembrava de nenhum cleptomaníaco, mas, por via das dúvidas e apesar do engenheiro, também nissei como a esposa, mostrar-se muito simpático, tomou algumas J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 precauções: colocou a carteira no bolso de trás; pendurou a bolsa da sua mulher na cadeira bem à sua vista e tudo mais. Conversaram mais de uma hora sobre vários assuntos. Quem diria? Um cleptomaníaco tão simpático e tão bem informado a respeito de assuntos de saúde? Perguntou sobre várias questões: melhor dieta; vitaminas; prevenção de câncer; vacinação contra gripe; colesterol; pressão arterial e por fim pediu um cartão do doutor caso tivesse consultório próprio. Ao se despedirem, a esposa aproveitou uma brecha e, enquanto dava a mão para o doutor, comentou voltando ao estilo conspiratório: “Eu não lhe disse? Ele tem mania de doenças. É completamente cleptomaníaco.” Antônio Roberto Batista, Médico do Trabalho, São Paulo/SP 85 Jamb Cultura Espaço poético Ela... Silenciosamente, Sorrateiramente, Preferentemente à noite, Frequentemente de madrugada, Para o abraço fatal e o sono eterno! Mas, nem sempre é assim... Não são as criaturas que escolhem! Elas são as escolhidas! E, nesse campo, o trabalho é fácil: Ela sai por aí... - É um velho, antigamente pleno de vida, Exuberante e orgulhoso de si, A qualquer hora do dia, Inapelavelmente jogado em uma cama, Em movimentado viaduto, Na longa espera, pelo encontro desejado por todos! No cantinho de uma esquina, Na solidão do banheiro, Pelas confusões malucas de tempo e espaço, No incômodo porta-malas de um carro, A pedir jantar pela manhã, Em quarto aconchegante, Conversar com o filho morto há anos, Enfim, dentro ou fora de casa, A querer sair e ir para casa, Vez por outra, Quando nela estava. Desvairada criatura, Recheada de desesperança, - É homem maduro, “feito na vida” Sai à sua procura. “Bem-sucedido”, e, como se diz, Ora arrependida, Cai em um pranto de soluços Banhado de lágrimas de dor! Ora decidida, Enojada com o mundo, Amargurada com pessoas, Vai, passo a passo, Metodicamente, Calculadamente, Friamente, 86 Pela trilha arquitetada, Corajoso, honesto e trabalhador, Agora abraçado por mal sem cura, Em começo do fim, Que o arrasta, por meses e anos, Para a decomposição física, Com a plenitude cerebral. O sofrimento é tão maior, Quanto mais se desarranja sua carne. O espelho é objeto execrável. As lembranças do que foi e do que se foi, Uma tortura profunda J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 Todos, a se enganarem mutuamente, Procuram refúgios em sonhos mágicos. Os mais sensatos, segundo nova cultura, Viram joguetes em farmácias, laboratórios, Hospitais e consultórios... E, a sobrevivência impossível, Transforma-se em precário viver possível. Pele e osso, Ao se aproximar, inexoravelmente, do fim do fim, de guaraná de ontem, Hoje reservatório de soda cáustica, para desentupir privada, Põe, boca adentro, a destruição fatal De sua escultura em construção - É um inadvertido e intruso embrião, De uma íntima relação de amor, Que põe fogo na fervura da vida. Tem que lutar contra o doutor, São filhos, pais, tios, avós, Que com adrenalina cardíaca, Empregados, companheiros, amigos... Intubação, respirador, desfibrilador, Conjuntamente, desordenadamente, Confunde descanso eterno com “parada cardíaca” Incongruentemente ou coerentemente - É um adolescente, desabrochando para o amor, Carregado de desejo e esperanças, com todo vigor, Irrequieto e borbulhante de juventude, Que sobre a moto, na rua, A adubar ideias malignas, Que infernizam a jovem mãe A não saber os rumos da vida. Tutelada, dão-lhe as passadas, Ou sob a moto, na calçada; Mostrando-lhe os desvios: Que no volante de um carro na estrada Suntuosos sob lâmpadas cialíticas reluzentes Ou sob sua roda, no cruzamento; Ou fétidos, sob luzes de lamparina e Que na ponta de um punhal de um desafeto, Agulhas de tricô enferrujadas... Ou no furo de uma bala perdida, Sai de um sonho para o sono eterno. - É um corpinho frágil, Em começo de carreira, Há pouco ensaiando os primeiros passos, Sem saber o que faz, Aí se vai um projeto de gente, uma promessa de vida... E, se não houver surpresas com a ex-futura mãe, Todos (?) se aliviam. Assim, ela está sempre presente! Extasiado pela beleza multicolorida de comprimidos, Que parecem balas; José Augusto Nigro Conceição, Que, ávido de sede, encontra a garrafa São Paulo/SP J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8 Pediatra, 87 Jamb Cultura Dicas culturais Belém/PA Museu da Universidade Federal do Pará | UFPA Rua Areolino de Abreu, 900, tel. (86) 3226-2621 – Centro - www.fundac.pi.gov.br O espaço apresenta a exposição dos vencedores do de Souza Dias Filho e o baiano Anderson Pereira Silva brasília/DF Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo dos Santos. A exposição conta ainda com obras de 6 de novembro de 2011, domingo, 17h mais 36 artistas selecionados pela banca julgadora do Programa: Arte Pará (de 06/10/11 até 06/12/11). Av. Governador Yan Pascal Tortelier (regente) | Augustin Hadelich José Malcher, 1.192, tels. (91) 3224-0871 / 3242-8340 (violino) - Nazaré. Ter. a sex., 9h/17h; sáb. e dom., 10h/14h. Program: www.ufpa.br/museufpa Felix MENDELSSOHN-BARTHOLDY 30º Salão Especial Arte Pará 2011, o paulista Geraldo Sonho de uma Noite de Verão, Op. 21 teresina/PI Museu do Piauí Concerto Para Violino em Mi Menor, Op. 64 O museu está sediado em um casarão de dois pavimen- Cenas de Romeu e Julieta tos com características coloniais. Mantém em acervo Teatro Nacional – Brasília: SCTN, Via N2, Anexo – Tels. peças antigas do período colonial, peças e vestimentas (61) 3325-6161 do nosso folclore, pinturas e salas temáticas. www.sc.df.gov.br Colaboração O JAMB Cultura é um espaço aberto que estimula a literatura e valoriza as manifestações culturais do Brasil. Para isso, convidamos os médicos a enviar artigos, crônicas, poesias, textos sobre cultura e história da Medicina para o Conselho Editorial. A/C Hélio Barroso dos Reis (Diretor Cultural): Rua São Carlos do Pinhal, 324 – Bela Vista – São Paulo/SP CEP: 01333-903 - ou pelo e-mail: [email protected] Participe e colecione! Normas para publicação de artigo no Jamb Cultura 1) ser médico(a) associado da Associação Médica Brasileira, através da Federada de sua região. JAMB CULTURA Edição Bimestral | setembro e outubro de 2011 www.amb.org.br | [email protected] Presidente: José Luiz Gomes do Amaral Coordenador e Diretor Cultural: Hélio Barroso dos Reis Diretor de Comunicações: Elias Fernando Miziara Conselho Editorial (2010-2011): Armando José China Bezerra (Brasília/DF - região Centro-Oeste) Carlos David Araújo Bichara (Belém/PA - região Norte) Gilson Barreto (São Paulo/Campinas – região Sudeste) Giovanni Guido Cerri (São Paulo/SP – região Sudeste) Guido Arturo Palomba (São Paulo/SP – região Sudeste) Hélio Barroso dos Reis (Vitória/ES – região Sudeste) José Luiz Gomes do Amaral (São Paulo/SP – região Sudeste) Murillo Ronald Capella (Florianópolis/SC – região Sul) 2) texto de aproximadamente 1 lauda, em arial 12. Roque Andrade (Salvador/BA – região Nordeste) 3) se houver fotografias, favor identificá-las, colocar o crédito e enviar em 300 dpi, anexadas fora do texto (JPG). Yvonne Capuano (São Paulo/SP – região Sudeste) 4) o material será apreciado pelos membros do Conselho Editorial antes de sua publicação. 5) ao enviar ao Conselho, informar autorização de publicação. 6) assinar o artigo com: nome, especialidade, cidade, estado e endereço para correspondência. 88 Sergei PROKOFIEV Apoio cultural: Departamento de Comunicações da AMB Assessoria em Comunicação e Cultura: Flávia Negrão Projeto Editorial: Sollo Comunicação Revisão: Natália Cesana O Jamb Cultura somente publica matérias assinadas, as quais não são de responsabilidade da Associação Médica Brasileira J a m b C u l t u r a 2011; 1(11): 81-8