SECRETARIA DE ESTADO DA
SAÚDE
INTERIOR
DIÁRIO DA REGIÃO | Osasco
E LITORAL
22/11/2011 TERÇA-FEIRA
Nova técnica corta dor e
cicatriza lesão mais rápido
Ortopedistas brasileiros estão usando com
sucesso uma técnica que
utiliza o plasma sanguíneo rico em plaquetas
do próprio paciente para
acelerar a cicatrização
de lesões em tendões e
músculos - especialmente
em atletas, amadores ou
profissionais.
Chamada de PRP, a técnica que utiliza o plasma
rico em plaquetas ainda
não é usada de maneira
rotineira nos hospitais e
nos centros de ortopedia,
mas deve se tornar um consenso até o final deste ano.
Isso porque a Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia (Sbot) já
reuniu mais de 300 artigos
científicos internacionais
sobre a técnica para a redação de um documento
que a descreve.
O plasma rico em plaquetas é feito usando o
sangue do próprio paciente. O médico coleta entre
30 ml e 50 ml do líquido,
que depois é filtrado e
centrifugado para separar
as plaquetas das outras
células.
As plaquetas são ricas
em proteínas chamadas
fatores de crescimento que aceleram a cicatrização do tecido por causa
do aporte de sangue.
Como as lesões de tendão demoram muito para
cicatrizar - porque no local
06-BE-02
há pouca vascularização -,
os médicos acreditam que
a aplicação do PRP diretamente na lesão aceleraria
esse processo.
Pesquisa. No Brasil,
até agora foram feitos
poucos estudos sobre
esse tema - por isso, em
muitos casos, a técnica
ainda é considerada experimental. Um estudo
acaba de ser concluído
pelo ortopedista Adriano
Marques de Almeida, do
Instituto de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital das Clínicas.
Durante seis meses,
Almeida analisou a evolução cirúrgica de 27 atletas
amadores que estavam
com lesões de ligamento
do joelho - um problema
muito comum em atletas
que praticam rúgbi, futebol,
basquete, handebol, etc.
Na cirurgia tradicional,
o médico retira um pedaço de enxerto do tendão
do joelho e reconstrói o
ligamento com problemas. Por causa da falta
de aporte de sangue, o
local de onde foi retirado
o enxerto leva de um a
dois anos para cicatrizar
- e nem sempre cicatriza
como um todo.
Na técnica do PRP, o
médico aplica o gel com o
plasma rico em plaquetas
do próprio paciente no
local de onde foi retirado
o enxerto. Assim, a ideia é
que o local seja irrigado e
cicatrize de maneira mais
rápida.
Resultados. Dos 27
atletas avaliados, 12 receberam plasma rico em
plaquetas e 15 eram o
grupo controle. Ao fim do
período, o médico percebeu que a cicatrização dos
pacientes tratados com
PRP estava 50% maior que
nos casos controle.
Além disso, segundo
Almeida, no pós-operatório, os pacientes tratados
com PRP relataram 3,8
pontos na escala de dor,
enquanto a dor dos pacientes do grupo controle
ficou em torno de 5,1.
\"Não há efeito colateral, porque usamos
sangue do próprio paciente. A cicatrização mais
rápida diminuiu o tempo
de recuperação e reduziu
a dor do paciente. É possível que esses pacientes
estejam totalmente cicatrizados em um ano\", avalia
Almeida. Ele afirma que
a ideia é ampliar o uso
dessa técnica e torná-la
rotineira no Hospital das
Clínicas.
Menos cirurgia. O uso
do plasma rico em plaquetas também pode ser
aplicado em alguns tipos
de lesões para evitar que o
paciente se submeta a um
procedimento cirúrgico.
O ortopedista Rogério
Teixeira da Silva, diretor
43
da Sbot, foi um dos primeiros a usar e avaliar
o método no Brasil. Ele
também acaba de concluir
um estudo sobre o uso de
PRP em 78 atletas amadores que são jogadores de
tênis. Todos eles sofriam
de tendinite do cotovelo
e tinham indicação de cirurgia. Para participar da
pesquisa, o atleta precisava estar com a lesão havia
pelo menos seis meses e
ter tentado, sem sucesso,
ao menos dois tipos de
tratamentos.
Segundo Silva, o uso
do PRP evitou que 74%
dos pacientes precisassem
ser operados. O plasma foi
aplicado com uma injeção
diretamente no local da lesão e a cicatrização ocorreu
num prazo entre quatro e
seis semanas. O retorno ao
esporte aconteceu entre
oito e dez semanas.
\"Os resultados serão
excepcionais, mas, infelizmente, ainda há muita resistência no Brasil sobre o
uso da técnica\", diz Silva.
Um outro empecilho
no uso rotineiro da PRP,
avalia Silva, é o custo do
procedimento, que ainda
não é coberto pelo SUS
nem por planos de saúde
- o que gera uma batalha
jurídica em torno da cobertura.
\"A aplicação custa em
torno de R$ 1,5 mil. Meu
objetivo é colocar essa
técnica no SUS, porque
quando é bem aplicada,
ela reduz os custos, evita
cirurgias e ainda promove
uma recuperação mais
acelerada.\"
Download

Nova técnica corta dor e cicatriza lesão mais rápido - e