O NÍVEL DE SATISFAÇÃO EM RELAÇÃO A QUALIDADE DOS ATENDIMENTOS DE ORTOPEDIA/TRAUMATOLOGIA E REUMATOLOGIA, DA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNISUL ¹* KARINE PAZ DO AMARAL² * ADERBAL S. AGUIAR JÚNIOR ³* RESUMO O estudo a seguir, fez uma análise sobre a qualidade dos atendimentos em ortopedia/traumatologia e reumatologia oferecido pelos alunos do Curso de Fisioterapia da Unisul, na cidade de Tubarão. O trabalho apresenta algumas reflexões sobre saúde pública e a formação do profissional de saúde. Na seqüência descreve-se e analisa-se os resultados da pesquisa realizado com 35 pacientes atendidos na Clínica-Escola de Fisioterapia da Unisul, através de um formulário em forma de entrevista, contendo perguntas fechadas. A pesquisa demonstrou que os alunos de fisioterapia da Unisul, atingiram seus objetivos de satisfação do cliente, cumprindo com os valores éticos e profissionais. Palavras chaves: Saúde Pública, educação em saúde. 1 – Trabalho apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia. 2 – Acadêmica 3 – Orientador INTRODUÇÃO A pesquisa analisou o nível de satisfação dos pacientes quanto a qualidade dos atendimentos de ortopedia/traumatologia e reumatologia, oferecido pelos alunos da Clínica-Escola de Fisioterapia da Unisul, do município de Tubarão. Sendo, que a situação na saúde está tornando-se cada vez mais crítica, principalmente no atendimento à população. É uma pesquisa do tipo descritiva, onde foi utilizado como instrumento de coleta de dados um formulário em forma de entrevista, com 35 pacientes, com o objetivo de avaliar a qualidade do atendimento oferecido pelos alunos do curso fisioterapia da Unisul. Este artigo irá relatar alguns tópicos do desenvolvimento e a conclusão do mesmo. DESENVOLVIMENTO Conforme Merhy (1994), o paciente que necessita de um atendimento na rede de serviços de saúde, apresenta uma desagradável insegurança, pela má qualidade dos atendimentos e pela crise real que os serviços de saúde vêm passando. Toda essa crise presente cot idianamente na vida das instituições de saúde, no Brasil, e tem se expressado não só na total insegurança dos pacientes no tipo de atendimento do qual muitas vezes está sendo vítima, mas também na profunda crise de realização humana e profissional do conjunto dos trabalhadores do setor de saúde. Segundo Nery e Vanzin (1998), a carência da saúde pública no Brasil, deve-se a uma consciência coletiva fraca, a uma vontade política corrupta, escassez de recursos humanos qualificados, salários baixos, profissionais remanescentes viciados, portanto, pacientes clientela mal atendida. Sório (2001) afirma que a qualidade em saúde inclui a humanização do cuidado com o paciente. Trata-se de interagir melhor com o paciente para ver melhor o que lhe satisfaz. Inclui organização do trabalho, a equipe e o paciente – e não apenas o material. Essa visão reconhece as perspectivas do fornecedor e do paciente, valorizando a autonomia das pessoas de assumirem a sua própria saúde. Merhy (1994), relata que deve haver uma mudança no modo em que os trabalhadores de saúde se relacionam com o seu principal objeto de trabalho, a vida e o sofrimento dos indivíduos e da coletividade. A relação do trabalhador com o paciente, deve ser mais solidária, oferecer qualidade na assistência que ofertamos, colocar todas as opções tecnológicas de que dispomos em termos de conhecimento, de saber, a serviço do paciente. Deve-se primar a assistência à saúde, reconstruindo a dignidade do trabalhador e do paciente, no campo das ações de saúde. Formação do profissional de saúde Segundo Sório (2001), rediscutir os perfis profissionais necessários e adequados ao funcionamento do setor de saúde, indicando elementos para a formação de seus agentes, implica antes de tudo resgatar os princípios que orientam o setor, bem como as características de composição desse mercado de trabalho. Segundo Rebelatto e Batomé (1999), a tendência em adotar os procedimentos e as informações originadas nos países desenvolvidos é uma constante em países de terceiro mundo. O autor acima afirma que a universidade no Brasil, funciona como um termômetro, cujo poder de aferir a tendência à importação de conhecimentos á bastante significativa. O resultado do trabalho de professores pesquisadores dará forma ao campo de conhecimento e experiência que conduzirão as diversas profissões nos diversos rumos do exercício profissional. A simples reprodução e transmissão dos conhecimentos tornará mais distantes os futuros profissionais de chegarem à resolução dos problemas da população do país. Segundo Muniz (1999), o aluno da área da saúde que será futuro profissional que trabalhará atendendo outros seres humanos com o principal tesouro que é a vida, é necessário então que possua conhecimento amplo e sedimentando no que se propõe a fazer, mas este conhecimento não deve estar atrelado somente a teorização recebida, mas a uma prática que propicie a possibilidade de vivência das situações teóricas abordadas de maneira que, em algum momento dessa relação teórica-prática, tenha sido abordada a importância de soluções a situações não abordadas que se darão e que as respostas para elas serão encontradas quando se utilizar a criatividade. Conforme Mayer (1999), o ensino universitário tem responsabilidade sobre a futura atitude profissional dos acadêmicos, que terá repercussão em sua vida e na vida de outras pessoas. Formar um profissional capaz de auxiliar na manutenção da saúde e bem-estar das pessoas e que possa sentir-se realizado e satisfeito, em sua é função de uma universidade. Sendo importante ao aluno ter os conceitos e valores humanistas. A formação em saúde deve capacitar o aluno a tornar-se um profissional de atitudes que valorizem seu cliente como pessoa humana. Apresentação dos resultados Foram elaborados, para o estudo, um formulário em forma de entrevista, contendo 17 questões. Apresentando os seguintes resultados: Q1 Idade <15 15-25 26-35 36-45 46-55 >55 1 7 6 6 4 11 3% 20% 32% <15 15-25 26-35 36-45 17% 46-55 >55 11% 17% Figura 1 – Faixa etária Em relação a idade, 32% dos pacientes têm acima de 55 anos, 20% de 15 à 25 anos, 17% de 36 à 45 anos e 26 à 35 anos, 11% 46 à 55 anos e apenas 3% menos de 15 anos. Nas faixas etárias pesquisadas, observamos no gráfico, que todos tiveram boa representação, com destaque a categoria superior à 55 anos, supomos que estes valores maiores sejam acrescidos, além da etiologia traumática e insidiosa comuns às patologias ortopédicas em geral, a fatores associados ao envelhecimento do sistema músculo esquelético, como a degeneração articular por artrose e hérnia discal. Q2 Procedência Tubarão Laguna Gravatal Outras cidades 12 4 3 4 17% 13% 53% Tubarão Laguna Gravatal Outras cidades 17% Figura 2 – Procedência Com relação à procedência, 53% dos pacientes são da cidade de Tubarão, 17% das cidades de Laguna e Gravatal e 13% outras cidades. Verificamos na Figura 2, que mais da metade da amostra tem procedência da cidade sede da Clínica-Escola: Tubarão. A outra metade cumpre os objetivos regionais da UNISUL: com 47% dos atendimentos voltados à região da AMUREL: Associação dos Municípios da Região de Laguna. Q3 Sexo Masculino Feminino 10 25 29% Masculino Feminino 71% Figura 3 – Sexo Em relação ao sexo, 71% é representado pelo sexo feminino e 29% pelo sexo masculino. Sugere-se na Figura 3 que o sexo feminino preocupa-se mais com a saúde que os homens, onde o percentual feminino é maior que o masculino com uma diferença de 42%. Q4 Como ficou sabendo do atendimento em ortopedia/reumatologia da Clínica-Escola de Fisioterapia da UNISUL? Médicos 12 Alunos e/ou funcionários 19 Rádio, Jornal, Folders ou outros meios de comunicação 1 HNSC 2 Outros 1 6% Médicos 3% 3% 34% Alunos e/ou funcionários Rádio, Jornal, Folders ou outros meios de comunicação HNSC 54% Outros Figura 4 – Método de divulgação Em relação a divulgação, 54% forma através de alunos e funcionários, 34% por encaminhamento médico, 6% pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), 3% através dos meios de comunicação e outros. Com relação ao método de divulgação, observamos no Figura 4, que os alunos e/ou funcionários são responsáveis por 54% dos encaminhamentos, associado a 34% de encaminhamento por parte dos médicos perfazem quase a totalidade dos encaminhamentos com 88% destes. Acreditamos que não exista um planejamento adequado para os meios de comunicação e do HNSC, que somados alcançam 12% dos encaminhamentos, que são meios eficientes e democráticos de informação a população em geral. Q5 Já teve atendimentos anteriores de fisioterapia? Sim 15 Não 20 43% 57% Sim Não Figura 5 – Experiência em atendimentos de fisioterapia A Figura 5 demonstra que 57% tinham experiência em atendimento de fisioterapia e 43% não. De acordo com a Figura 5, 57% dos pacientes, apresentavam experiência em atendimento de fisioterapia, qualificando esta amostra para avaliar a atuação do serviço de ortopedia/traumatologia, que é o objeto de estudo deste trabalho. Q6 Como foi o atendimento dos alunos na sua avaliação? Ótimo 29 Péssimo 0 Indiferente 0 Bom 7 Ruim 0 0% 19% 0% Ótimo Péssimo Indiferente Bom Ruim 0% 81% Figura 6 - Avaliação Em relação ao atendimento dos alunos na avaliação, 81% descreveram como ótimo e 19% bom. Q7 Os alunos deram as informações necessárias em relação a sua avaliação? Sim 31 Não 1 Em parte 3 9% 3% Sim Não Em parte 88% Figura 7 – Informações em relação à avaliação Quanto às informações obtidas na avaliação: 88% responderam sim, 9% em parte e 3% não. Q8 Você levou avaliação? Não RX RNM TC USG Laboratório Outros algum exame para a 9 24 4 2 1 2 1 5% 2% 2% 21% 5% Não RX RNM TC USG Laboratório Outros 9% 56% Figura 8 – Exames Quanto aos exames: 56% levaram raio-X, 21% não levaram nenhum tipo de exame, 9% ressonância magnética, 5% tomografia computadorizada, 5%exames laboratoriais, 2% ultra-sonografia e 2% outros tipos. Em relação a avaliação, representados pelos gráficos 6, 7 e 8, todos classificaram este primeiro contato com o estagiário de bom à ótimo, sendo que em 88% das avaliações os pacientes obtiveram esclarecimentos suficientes sobre sua patologia. Para auxiliar na anamnese e no exame físico, 79% dos pacientes estavam acompanhados de exames de imagem como: raio-X (RX), ressonância magnética (RNM), tomografia computadorizada (TC) e ultra-sonografia (USG). Q9 E o seu atendimento, pelos alunos, durante o tratamento. Ótimo 29 Péssimo 0 Indiferente 7 Bom 0 Ruim 0 0% 19% 0% Ótimo Péssimo Indiferente Bom Ruim 0% 81% Figura 9 - Atendimento 96% classificam o atendimento como ótimo, 19% indiferente, e as outras opções índice zero. Q10 Os alunos deram as informações necessárias em relação ao seu plano de tratamento? Sim 31 Não 1 Em parte 3 9% 3% Sim Não Em parte 88% Figura 10 – Informações sobre o plano de tratamento Em relação as informações do plano de tratamento: 88% responderam sim, 9% em parte e apenas 3% não. As Figuras 9 e 10 demonstraram que o serviço de fisioterapia atingiu resultados semelhantes a avaliação, onde todos os pacientes classificaram o atendimento como bom ou ótimo, e quanto dos esclarecimentos aos atendimentos, apenas 3% destes o resultado não foi atingido. Q11 Houve interesse dos alunos em relação ao seu problema? Sim 32 Não 0 Em parte 2 0% 6% Sim Não Em parte 94% Figura 11 – Interesse dos alunos Quanto ao interesse dos alunos: 94% responderam sim e 6% em parte. Q12 Houve boa relação aluno/paciente? Sim 34 Não 0 Em parte 1 3% 0% Sim Não Em parte 97% Figura 12 – Relação aluno/paciente A boa relação aluno/paciente obteve os seguintes resultados: 97% responderam sim e 3% não. Q13 O aluno esteve sempre presente nos seus atendimentos? Sim 34 Não 0 Em parte 0 0% 0% Sim Não Em parte 100% Figura 13 – Presença Quanto a presença dos alunos obteve-se 100% de presença do mesmo. Q14 Houve pontualidade, do aluno, durante todo seu tratamento? Sim 33 Não 0 Em parte 1 3% 0% Sim Não Em parte 97% Figura 14 – Pontualidade Em relação, a pontualidade: 97% responderam sim e 3% não. Quanto aos aspectos de convivência aluno/paciente, presentes nas Figuras 11, 12, 13 e 14,são levados em consideração pontos éticos como interesse, e organizacionais como pontualidade; os pacientes observaram sempre a presença desses pontos. No caso: o interesse, o bom relacionamento, a presença constante e a pontualidade. Q15 Como foi o atendimento do professor em relação ao primeiro contato paciente/professor? Ótimo 21 Péssimo 0 Indiferente 1 Bom 12 Ruim 0 0% 35% 62% Ótimo Péssimo Indiferente Bom Ruim professor no 3% 0% Figuras 15 – Relação paciente/professor Em relação ao atendimento do primeiro contato paciente/professor: 62% observaram o atendimento como ótimo, 35% como bom, e 3% indiferente. Q16 E o atendimento do professor durante seu tratamento? Ótimo 21 Péssimo 0 Indiferente 3 Bom 10 Ruim 0 0% 29% 62% Ótimo Péssimo Indiferente Bom Ruim 9% 0% Figura 16 – Atendimento professor Quanto o atendimento do professor durante o tratamento: 62% observaram o atendimento como ótimo, 29% como bom e 9% indiferente. Como trata-se de atendimento dentro de uma Clínica-Escola, resolvemos investigar a atuação do professor junto aos pacientes, nas Figuras 15 e 16, onde, aproximadamente 60% classificou como ótimo o primeiro contato e a observação durante os atendimentos. Q17 Que nota você daria em relação ao atendimento da Clínica-Escola. 0-2 0 3-5 0 6-8 0 9-10 34 . 0% 0-2 3-5 6-8 9-10 100% .Figura 17 – Nota subjetiva Quanto a nota subjetiva em relação ao atendimento da Clínica-Escola, obteve-se um resultado de 100% com nota de 9 à 10. A Figura 17 demonstra que a UNISUL, representada na Clínica-Escola pelos professores e estagiários, atingem seus objetivos de satisfação do cliente externo, basicamente com a filantropia; e com o ensino regionalizado, cumprindo neste caso, com valores éticos e profissionais. . CONSIDERAÇÕES FINAIS Através desta pesquisa, podemos observar que os atendimentos oferecidos em ortopedia/traumatologia e reumatologia, através dos alunos e professores obtiveram bons resultados, alcançando os objetivos de satisfação dos pacientes. Os alunos do Curso de Fisioterapia da Unisul, agindo como agentes de saúde, apresentando-se aptos a trabalhar neste estudo na fase terciária da saúde da população, dentro de uma clínica, onde os mesmos cumpriram com os requisitos de qualidade profissional no atendimento à população. Este trabalho abre caminhos para que outras pesquisas voltadas a este foco, mas em ambientes diferentes como hospitais e projetos de extensão. REFERÊNCIAS 1 MAYER, M. O ensino da saúde e a relação terapêutica. Revista de fisioterapia da universidade de cruz alta. Cruz Alta, n.1, dez, 1999. 2 MERHY, E. E. Em busca da qualidade dos serviços de saúde. Inventando a mudança na saúde. São Paulo: Hucitec, 1994. 3 NERY, M. E. S.; VANZIN, A. S. Reflexos sobre a saúde pública. Enfermagem em saúde pública. 2.ed. Porto Alegre: Sagra luzzatto, 1998 4 REBELATTO, J. R.; BOTOMÉ, J. R. A formação do profissional de fisioterapia no contexto universitário. Fisioterapia no Brasil. 2.ed. São Paulo: Manole, 1999. 5 SÓRIO, R. E. R. Educação e trabalho em saúde. Gestão municipal de saúde. Brasília: Ministério da saúde, 2001.