UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU ANÁLISE COMPARATIVA DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DE COLETORES SOLAR PARA AQUECIMENTO DE ÁGUA WAGNER APARECIDO ISMANHOTO Orientador: Prof. Dr. Ângelo Cataneo Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia – Área de Concentração em Energia na Agricultura. BOTUCATU-SP Dezembro – 2004 0 A minha família, que compreendeu a importância desta fase na minha vida acadêmica. Aos amigos, que sempre estiveram presentes nesta caminhada. DEDICO 1 AGRADECIMENTOS Ao meu Orientador, Prof. Dr. Ângelo Cataneo, pela dedicação, credibilidade e apoio ilimitado, principalmente nos momentos mais difíceis; Aos meus colegas da Faculdade de Ciências Econômicas de Bauru, pelo incentivo e pela disponibilidade em colaborar quando solicitados. Ao Prof. Ms. Ítalo Alberto Gatica Ríspoli, Engenheiro Civil, doutorando na FEC-UNICAMP , pela inestimável colaboração no fornecimento de dados para a preparação deste trabalho. A DEUS, fonte de toda a inspiração e a quem me apeguei, principalmente, nos momentos mais complicados. 2 SUMÁRIO LISTA DE QUADROS ........................................................................................................... IV LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... V 1. RESUMO .............................................................................................................................. 1 SUMMARY ............................................................................................................................... 3 2. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5 3. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 8 3.1 Alternativas econômicas ................................................................................................. 8 3.2 Análise de decisão ......................................................................................................... 11 3.3 A estrutura e as etapas de um projeto ........................................................................... 15 3.4 Introdução ao risco nas decisões de investimento ........................................................ 16 3.4.1 Fundamentos básicos de probabilidade .............................................................. 16 3.4.2 Medidas estatísticas para o estudo do risco ........................................................ 17 3.5 Os métodos de Análise de investimento ....................................................................... 19 3.6 Fontes energéticas ......................................................................................................... 21 3.6.1 O sol como alternativa econômica ...................................................................... 23 3.6.2 Aproveitamento térmico...................................................................................... 26 3.6.3 O efeito estufa ..................................................................................................... 28 3.7 Os coletores solar ......................................................................................................... 30 3.7.1 O rendimento global .......................................................................................... 31 3.7.2 A aplicação doméstica ........................................................................................ 32 3.8 A análise econômico-financeira da alternativa ............................................................. 33 3.8.1 Métodos de análise de investimento ................................................................... 33 3.8.1.1 Prazo de retorno (pay-back) ................................................................... 34 3.8.1.2 Taxa interna de retorno (TIR) ................................................................ 34 3.8.1.3 Valor presente líquido (VPL) ................................................................. 36 4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 37 4.1 Material ......................................................................................................................... 37 4.1.1 Aquecedor de água por energia solar em plástico ............................................... 38 3 4.1.1.1 Características técnicas do equipamento ................................................ 38 4.1.1.2 Funcionamento ....................................................................................... 39 4.1.1.3 Abastecimento ........................................................................................ 40 4.1.1.4 Instalação do equipamento ..................................................................... 40 4.1.1.5 Um sistema convencional ...................................................................... 42 4.1.1.6 Detalhamento dos componentes do equipamento .................................. 42 4.1.1.7 custo de aquisição do equipamento ........................................................ 44 4.1.2 Aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ............................................................. 44 4.1.2.1 Características técnicas do equipamento ................................................ 44 4.1.2.2 Funcionamento ....................................................................................... 46 4.1.2.2.1 Reservatório ............................................................................ 47 4.1.2.2.2 Coletor ..................................................................................... 48 4.1.2.2.3 Misturador de água quente e sistema de apoio térmico .......... 49 4.1.2.2.4 Sistema hidráulico ................................................................... 49 4.1.2.3 Manufatura dos componentes ................................................................ 49 4.1.2.4 Custo para a montagem do equipamento ............................................... 53 4.1.3 Chuveiro elétrico . ................................................................................................ 53 4.2 Métodos ......................................................................................................................... 54 4.2.1 Análise comparativa.............................................................................................. 55 4.2.1.1 Quilowatt hora (KWh) ............................................................................. 55 4.2.1.2. Quilo caloria (Kcal) ................................................................................ 55 4.2.1.3. Relação entre KWh e Kcal ...................................................................... 57 4.2.2 Prazo do retorno do investimento (pay-back) ...................................................... 57 4.2.2.1 Comparação do prazo de retorno do investimento com a vida útil do bem ......................................................................... 58 4.2.3 Taxa interna de retorno (TIR) .............................................................................. 59 4.2.4 Valor presente líquido (VPL) ............................................................................... 61 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 63 5.1 Taxa mínima de atratividade (TMA) ............................................................................. 63 5.2 Custos do aquecedor de água por energia solar em plástico .......................................... 65 5..2.1 Análise do custo de aquisição do aquecedor de água por energia 4 solar em plástico ............................................................................................... 66 5.3 Custos do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ....................................................... 69 5.3.1 análise do custo de aquisição do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ................................................................................................... 69 5.4 Análise comparativa da eficiência dos dois modelos apresentados ............................... 71 5.5 Custos da aquisição e manutenção do sistema convencional (chuveiro elétrico) ............................................................................................ 76 5.6 Análise da viabilidade econômica da substituição do sistema convencional (chuveiro elétrico) pelo aquecedor solar de baixo custo (ASBC) .................... 76 5.6.1 Prazo de retorno (pay-back) ................................................................................ 80 5.6.2 Taxa interna de retorno ....................................................................................... 80 5.6.3 Valor presente líquido ......................................................................................... 82 6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 84 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 87 APÊNDICE .............................................................................................................................. 90 5 LISTA DE QUADROS Quadro Página 1 – Distribuição de probabilidades dos fluxos de caixa previstos ........................................... 17 2 – Fontes energéticas realizadores de trabalho ....................................................................... 22 3 – Propriedades de alguns revestimentos seletivos ................................................................ 30 4 – Modelos disponíveis de aquecedor de água por energia solar em plástico ........................ 44 5 – Quantidade de coletores solar de acordo com a região ...................................................... 50 6 – Ferramentas e complementos necessários para a montagem do ASBC ............................ 51 7 – Peças e complementos necessários para a montagem de um reservatório térmico ........... 52 8 – Média ponderada de alguns indicadores financeiros ......................................................... 64 9 – Custo de aquisição do aquecedor de água por energia solar em plástico .......................... 65 10 – Custos de aquisições dos componentes para a montagem do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ................................................................................................ 70 11 – Comparação entre o aquecedor de água por energia solar em plástico e o aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – temperatura em graus Celsius ................... 71 12 – Comparativo de custo por gradiente de temperatura ....................................................... 75 13 – Custo de aquisição e manutenção do sistema convencional (chuveiro elétrico) ............. 76 14 – Custos para implementação de alternativas para o aquecimento de água ....................... 77 15 – Fluxo líquido de caixa ...................................................................................................... 79 6 LISTA DE FIGURAS Figura Página 1 – Dinâmica de ações ao longo do ciclo de vida de um projeto ..............................................12 2 – Ciclo de correlação entre necessidades, soluções e requisitos do projeto ......................... 13 3 – Dinâmica do método de Kepner e Tregoe ..........................................................................14 4 – Distribuições de probabilidades das alternativas de investimentos ................................... 19 5 – Conversão direta da energia solar em energia elétrica ........................................................25 6 – Placa coletora ......................................................................................................................27 7 – Uma variante do efeito estufa .............................................................................................28 8 – Coletor solar .......................................................................................................................31 9 – Sistema doméstico de aquecimento ....................................................................................32 10 – Efeito do termo-sifão ........................................................................................................33 11 – Metodologia de cálculo da taxa interna de retorno (TIR) .................................................35 12 – Metodologia de cálculo do valor presente líquido (VPL) .................................................36 13 – Características técnicas do equipamento ..........................................................................39 14 – Sistema de abastecimento do equipamento .......................................................................40 15 – Posicionamento quanto a inclinação .................................................................................41 16 – Modelo de instalação convencional ..................................................................................42 17 – Componentes do aquecedor de água por energia solar em plástico ..................................43 18 – Reservatório térmico em isopor e filme PVC .................................................................. 45 19 – Operação de um aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ............................................... 47 20 – Montagem da placa coletora em um aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ................ 48 21 – Fluxo de caixa para aquisição do aquecedor de água por energia solar em plástico ....... 66 22 – Influência da hora do dia na temperatura de água dos reservatórios térmicos ................ 72 23 – Comparação da gradiente de temperatura entre os dois modelos analisados .................. 73 24 – Influência da hora do dia na gradiente de temperatura entre as águas dos reservatórios térmicos e o ambiente ............................................................................. 73 25 – Fluxo de caixa – aquecedor solar de baixo custo ............................................................. 78 26 – Fluxo de caixa – chuveiro elétrico ................................................................................... 78 27 – Fluxo líquido de caixa ...................................................................................................... 79 7 LISTA DE FIGURAS Figura Página 1 – Dinâmica de ações ao longo do ciclo de vida de um projeto ..............................................12 2 – Ciclo de correlação entre necessidades, soluções e requisitos do projeto ......................... 13 3 – Dinâmica do método de Kepner e Tregoe ..........................................................................14 4 – Distribuições de probabilidades das alternativas de investimentos ................................... 19 5 – Conversão direta da energia solar em energia elétrica ........................................................25 6 – Placa coletora ......................................................................................................................27 7 – Uma variante do efeito estufa .............................................................................................28 8 – Coletor solar .......................................................................................................................31 9 – Sistema doméstico de aquecimento ....................................................................................32 10 – Efeito do termo-sifão ........................................................................................................33 11 – Metodologia de cálculo da taxa interna de retorno (TIR) .................................................35 12 – Metodologia de cálculo do valor presente líquido (VPL) .................................................36 13 – Características técnicas do equipamento ..........................................................................39 14 – Sistema de abastecimento do equipamento .......................................................................40 15 – Posicionamento quanto a inclinação .................................................................................41 16 – Modelo de instalação convencional ..................................................................................42 17 – Componentes do aquecedor de água por energia solar em plástico ..................................43 18 – Reservatório térmico em isopor e filme PVC .................................................................. 45 19 – Operação de um aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ............................................... 47 20 – Montagem da placa coletora em um aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ................ 48 21 – Fluxo de caixa para aquisição do aquecedor de água por energia solar em plástico ....... 66 22 – Influência da hora do dia na temperatura de água dos reservatórios térmicos ................ 73 23 – Comparaçao da gradiente de temperatura entre os dois modelos analisados .................. 74 24 – Influência da hora do dia na gradiente de temperatura entre as águas dos reservatórios térmicos e o ambiente ............................................................................. 74 25 – Fluxo de caixa – aquecedor solar de baixo custo ............................................................. 79 26 – Fluxo de caixa – chuveiro elétrico ................................................................................... 79 27 – Fluxo líquido de caixa ...................................................................................................... 80 1 1. RESUMO O grande problema que a sociedade moderna deverá equacionar, sem dúvida, é a questão do abastecimento energético. A questão do crescimento e desenvolvimento econômico da humanidade passa, necessariamente, pelo desafio prático e material de buscar criar fontes energéticas alternativas que possam garantir a existência da indústria, nossos meios de transporte, a vida urbana e até mesmo a agricultura. Durante anos, a humanidade conseguiu sobreviver com fontes energéticas com base no trabalho braçal e de animais. A criação de fontes de energia inanimadas, como rodas hidráulicas e moinhos de vento, significaram um importante aumento na produtividade. O sol pode ser a solução para a questão do abastecimento energético no futuro. Estudos revelam que somente este ano, o sol lançará sobre o globo terrestre, 4.000 vezes mais energia que consumiremos. O presente estudo tem como objetivo analisar propostas, e fazer um estudo da viabilidade econômica de alguns sistemas para o aproveitamento desta fonte de energia limpa, inesgotável e gratuita, em se tratando de aquecimento de água para fins domésticos, principalmente como forma alternativa de propiciar às pessoas mais afastadas dos centros economicamente desenvolvidos, uma melhor qualidade de vida e fazer uma comparação com os sistemas tradicionais de aquecimento de água. 2 Considerando que o homem do campo, por questões técnicas, geográficas e econômicas, foi ao longo do tempo sendo privado de alguns benefícios que são comuns nas cidades, mas não tão comuns a eles, e que estas privações têm impacto direto em sua qualidade de vida e na produtividade, se torna importante encontrar alternativas simples de geração de energia que possa ser difundida de forma a propiciar que cada cidadão construa de forma barata, através de materiais reciclados, utilizando elementos que lhe são familiares, instrumentos que permitam captar e transformar a energia mais abundante da terra: a energia solar. O presente estudo analisa a viabilidade econômica da implantação de sistemas alternativos de aquecimento de água, através da energia solar, principalmente para os indivíduos que não possuem o serviço de fornecimento de energia elétrica, recomendando a implantação do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), considerando o seu bom desempenho técnico e seu custo menor se comparado a outra alternativa (aquecedor de água por energia solar em plástico). Quanto à comparação dos sistemas de aquecimento solar – aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – com o sistema tradicional de aquecimento de água (chuveiro elétrico) - fica provado que, economicamente, o valor investido para a montagem do sistema alternativo é recuperado em um prazo reduzido (aproximadamente 15 meses), mesmo considerando o uso complementar do sistema de aquecimento tradicional (chuveiro elétrico) por aqueles pessoas que tem esta outra alternativa. Considerando a vida econômica da alternativa selecionada de 6 anos, o retorno do capital investido em 15 meses, pode-se concluir pela viabilidade econômica da alternativa apresentada (aquecedor solar de baixo custo). 3 ANALYZE COMPARATIVE OF THE ECONOMIC VIABILITY OF THE SOLAR USE OF COLLECTORS FOR HEATING OF WATER. Botucatu, 2004. 94p. Dissertação (Mestrado em Agronomia / Energia na Agricultura) Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Author: WAGNER APARECIDO ISMANHOTO Adviser: ANGELO CATANEO SUMMARY The biggest problem that society should solve, unquestionably, is the matter of energetic supply. The question of economic and development growth of mankind go necessarily through practical and material challenge of trying to create alternative energetic sources, which may guarantee the industry existence, our means of transportation, the urban life and even the agriculture. For many years the mankind has managed to survive with energy sources based on country work and on animal traction. The creation of inanimate energy, such as hydraulic wheels and windmills, meant an important increase in the productivity. The sun may be the solution for the matter of energetic supply in the future. Studies show that only this year, the sun will throw out 4,000 times more energy on the Earth that we will consume. This study aims to analyze proposals and also to study economic viability of some systems in order to make the most of this clean, inexhaustible and free energy. By dealing with water heating for household use, mainly, as an alternative way to help people living far from economically well-developed centers, a better life quality and also to compare the existing and traditional water heating system. Whereas the country man, for technical, geographic and economic reasons, has been foregone from some benefits which are common in the city, but not so common to them, and these privations have direct impact on their life quality and also on their 4 productivity, this becomes important to find simple alternatives of generating energy that can be spread in order to help each citizen build cheaply through recycled material, by using familiar elements, instruments that can collect and transform the most plentiful energy on the Earth: the solar energy. The present study analyzes the economic viability of the implantacion of alternative systems of heating of water, through the solar energy, mainly for the individuals that don't possess the service of supply of electric energy, recommending the implantacion of the solar heater of low cost (ASBC), considering its good acting technician and its smaller if compared cost the other alternative (heater of water for solar energy in plastic). With relationship to the comparison of the systems of solar heating - solar heater of low cost (ASBC) - with the traditional system of heating of water (electric shower) - it is proven that, economically, the value invested for the assembly of the alternative system is recovered in a reduced period (approximately 15 months), same considering the complement use of the system of traditional heating (electric shower) for those people that he/she has this other alternative. Considering the economic life of the 6 year-old selected alternative, the return of the capital invested in 15 months, it can be concluded by the economic viability of the presented alternative (solar heater of low cost). 5 2. INTRODUÇÃO O novo desafio da humanidade é encontrar formas alternativas de geração de energia. Muitos estudos estão sendo realizados na tentativa de encontrar uma fonte de energia que seja tecnicamente e economicamente viável. Porém, uma nova restrição está determinando estes estudos: a preocupação ecológica. Nesses novos tempos, onde as fontes convencionais de geração de energia estão se tornando cada vez mais raras e portanto caras, no sentido inverso, aumenta a importância do estudo na determinação de fontes alternativas baratas, renováveis e de baixo ou nenhum impacto ambiental. Até hoje, não se conhece nenhuma alternativa energética tão poderosa quanto a energia solar. Embora os estudos e o desenvolvimento tecnológico estejam apenas no início, é perfeitamente possível vislumbrar que a médio e longo prazo, esta será, sem dúvida, a fonte de energia que ditará e impulsionará o funcionamento da economia mundial. Por ora, se observa a utilização desta fonte de energia em atividades específicas e preliminarmente pode ser observada uma eficiência significativa, tanto do ponto de vista técnico quanto econômico. Portanto, uma fonte de energia, ecologicamente correta, deve ser popularizada. Faz-se necessário desenvolver tecnologia de captação de energia solar de baixo custo que possa levar a todas as pessoas, principalmente aquelas, para as quais as fontes de energias convencionais não são disponíveis, seja por questões geográficas, técnicas ou econômicas, uma melhor qualidade de vida. 6 Este estudo propõe a análise de alternativas técnicas e econômicas, representadas pela utilização de materiais de baixo custo, que possam propiciar condições de aproveitamento da energia solar, como forma alternativa para melhorar o conforto térmico das pessoas e a utilização para fins de produção. Atualmente, existem alternativas de substituição de fontes de energia por um tipo de energia inesgotável e relativamente barata: a energia solar. Pode-se observar que para fins residenciais, a energia solar está sendo encarada como uma alternativa interessante na melhoria do conforto térmico, via aquecimento de água. Porém, em função dos preços praticados pelo mercado, a tecnologia ainda não pode ser popularizada, pois apresenta um alto custo de implantação. Portanto, o objetivo deste estudo é analisar a viabilidade econômica da utilização de coletores solar de baixo custo para aquecimento de água, como instrumento para promover conforto térmico àquelas pessoas que hoje não são atendidas por fontes de energia que possam propiciar o aquecimento de água, ao mesmo tempo em que investiga a viabilidade econômica, via redução substancial nos custos para os indivíduos que hoje dispõem do sistema tradicional de aquecimento de água para fins domésticos. Este segundo fator, pode ser mensurado, considerando pesquisas feitas por companhias de fornecimento de energia elétrica dos estados brasileiros, que indicam que o chuveiro elétrico corresponde por até 65% do consumo de energia elétrica de uma residência. Evidente está que esta afirmação depende das regiões diversas, sendo que, em regiões mais quentes o ar condicionado pode representar um custo ainda maior. Tomando por base os dados solarimétricos do Brasil, há regiões que proporcionarão 65% de economia e outras regiões, as mais quentes, poderão atingir até 80% de economia anual, na geração de água quente com a substituição das fontes convencionais de geração de energia pelo aproveitamento da energia solar. A simples questão econômica já justificaria a proposta do presente estudo; porém, soma-se a ela o fato de que a energia solar é ecologicamente correta, limpa, inesgotável e gratuita, contribuindo, também para reduzir o aquecimento do globo terrestre, via substituição de outras fontes de energia, que na maioria das vezes, são escassas e, portanto, caras. 7 Como simples comparação que corrobora as observações anteriormente enumeradas, a utilização da energia solar como fonte alternativa no aquecimento de água para abastecer uma família composta de 4 pessoas, poderia promover a economia de 55 kg de GLP/ano, 66 litros de diesel/ano, 215 kg de lenha/ano e a não inundação de cerca de 56 m2 para a geração da energia elétrica. Dentre as várias aplicações da energia solar térmica, que contempla o aquecimento de piscinas, banheiras, cozinhas, vestiários, caldeiras, etc., o presente estudo visa criar alternativas para o aproveitamento desta fonte de energia no aquecimento de água para uso pessoal ou para utilização em procedimentos de produção. Neste novo milênio, devemos voltar os nossos olhos ao sol, que independente de receber várias definições – de deus a centro de nosso sistema planetário, é sem sombra de dúvida, a fonte de energia alternativa do futuro. Porém, os métodos de captação e conversão da energia solar devem ser melhorados do ponto de vista técnico e econômico. Os preços dos equipamentos não estimulam o aproveitamento da energia solar, não permitindo que o sistema se torne popular, inibindo desta forma a melhoria na qualidade de vida, daquelas pessoas que estão distante dos centros mais desenvolvidos. O presente trabalho busca analisar a utilização de equipamentos, no interior do Estado de São Paulo, que tem como objetivo coletar a energia solar, com custo de aquisição mais baixo, verificando a sua viabilidade econômica se comparada com outros equipamentos convencionais para aquecimento de água. Diante da nova conjuntura energética mundial, desenvolver alternativas, economicamente viáveis, para promover o uso mais racional da energia elétrica, via sistemas alternativos, como fonte para o crescimento econômico de todas as nações, é mais do que uma questão puramente econômica, mas sim, uma questão de sobrevivência e que, sem dúvida, vai criar uma nova geografia econômica no planeta. 8 3. REVISAO DE LITERATURA 3.1 Alternativas econômicas A análise da viabilidade técnica, econômica e financeira da utilização de materiais alternativos na montagem de captadores de energia solar para redução de custos e popularização do sistema na agricultura, envolve além dos métodos convencionais de análise de investimento, avaliações de utilidades e possibilidades de adequação do comportamento das pessoas envolvidas a essa nova tecnologia. Faz-se necessário avaliar as alternativas para a possível tomada de decisão. E neste sentido, a utilização da engenharia econômica, de acordo com Hirschfeld (1986), pode ser aplicada seus conhecimentos e alternativas oriundas de fatores técnicos, financeiros e sociais, procurando encontrar aquela que forneça a otimização de recursos. Segundo Hirschfeld (1986), alternativas são os vários cursos que uma ação pode tomar para alcançar objetivos. Entre os vários objetivos a serem alcançados existem os benefícios tangíveis e os benefícios intangíveis. Benefícios tangíveis são aqueles que podem ser expressos em valores econômicos. Assim, imaginemos a construção de uma edificação que constituirá um empreendimento imobiliário. De acordo com as técnicas a serem utilizadas, poderão surgir diferentes alternativas econômicas que ensejarão possibilidades de discussão com a finalidade de ser selecionada a alternativa mais conveniente. 9 Benefícios intangíveis são aqueles que não podem ser expressos em termos econômicos. Entre tais benefícios, poderíamos citar os de interesse social ou político e os de segurança, considerados por ocasião do exame de alternativas, e que têm por escopo, o objetivo desejado. Estudos provam que em grande parte dos casos, um mesmo projeto pode se compor de benefícios tangíveis e intangíveis, sendo ambos analisados quando do estudo de viabilidade do empreendimento. O estudo de viabilidade de um projeto, pode ser resumido como uma busca incessante de informações para verificar seus objetivos, analisando as informações existentes sobre o mesmo e dividindo o seu estudo em algumas áreas. Analisar as alternativas econômicas em busca da decisão a ser tomada constitui o grande desafio de quem realiza os estudos. A decisão é uma alocação de recursos a uma das alternativas econômicas; possibilitando sua execução. É necessário tomar muito cuidado no julgamento das alternativas econômicas, pois a alocação de recursos inicia um processo de execução, o qual, na maior parte das vezes, é irreversível. A alternativa julgada mais conveniente necessita estar bem lastreada em bases seguras, para não incorrer em erros irreparáveis que o tempo se encarregará de demonstrar. Ainda, segundo Hirschfeld (1986), há que considerar também o risco, que expressa uma probabilidade de obter resultados insatisfatórios mediante uma decisão. Existem decisões que são completamente subjetivas e os riscos nelas contidos podem ser enormes. Entretanto, muitas decisões que, aparentemente, dependem de fatores subjetivos, podem ser equacionadas por meio de técnicas adequadas, de forma a serem visualizadas alternativas econômicas que auxiliarão, imensamente, as tomadas de decisões, isentas em grande parte, de fatores pessoais. Além da definição dos objetivos, as decisões devem levar também em consideração os eventos qualitativos não quantificáveis monetariamente. A seleção de alternativas econômicas, segundo Hummel & Taschner (1995), requer que as possíveis diferenças entre alternativas sejam claramente especificadas. Sempre que possível, essas diferenças devem ser quantificáveis numa unidade comum (geralmente unidade monetária), para fornecer uma base para a seleção dos investimentos. Os 10 eventos não quantificáveis devem ser, entretanto, claramente especificados a fim de que os responsáveis pela tomada de decisão tenham todos os dados necessários relacionados de forma a poder tomar a sua decisão. O fato de selecionar alternativas para a tomada de decisão envolve, em última análise, a pré-disposição para correr riscos nas decisões de investimento. Segundo Martins & Assaf Neto (1986), na prática, normalmente, as decisões financeiras de uma empresa não são tomadas tendo-se total certeza com relação a seus vários resultados. Na verdade, por estarem tais decisões fundamentalmente voltadas para o futuro, é imprescindível que se introduza a variável incerteza como um dos mais significativos aspectos do estudo. Por exemplo, os fluxos de caixa definidos para as decisões de investimentos são valores previstos de ocorrer ao longo de determinado período de tempo, não devendo ser dissociada, no processo de análise, da natural incerteza gerada por essa expectativa. O conceito básico de probabilidade refere-se à possibilidade (ou chance), expressa normalmente em porcentagem, de ocorrer determinado evento. (MARTINS & ASSAF NETO, 1986) Parece lógico que todos os projetos de certa organização sejam convergentes em relação a um objetivo geral e permanente de longo prazo. Algumas vezes, entretanto, esse objetivo de longo prazo não está suficientemente claro para todas as pessoas que compõem a organização. Quando isto acontece, projetos são concebidos com objetivos pessoais, mesmo que suas justificativas descrevam resultados positivos para a organização. As empresas familiares são mais suscetíveis a esse tipo de projeto, porque nelas os objetivos pessoais são mais facilmente confundidos com os objetivos da empresa. Esse quadro de objetivos confusos e enviesados tende a permanecer porque os projetos raramente são avaliados e, portanto, em geral não se sabe ao certo sobre seus impactos causados sobre a rentabilidade, a qualidade, a produtividade e os custos. (CLEMENTE, 2002) Outro conceito importante para o tomador de decisão é o de custo de oportunidade. Para ilustrar esse conceito considere-se, inicialmente, um contexto determinístico, sem risco. Admita-se que fosse possível ordenar todas as oportunidades relevantes da aplicação do capital disponível de acordo com alguma medida do ganho associado a cada uma delas. Segundo Clemente (2002), sendo 1, 2, ..., n as oportunidades de 11 investimento ordenadas de acordo com os ganhos e g1, g2, ... gn esses ganhos, se a decisão for a melhor possível, essa ordem será rigorosamente seguida, de forma que as “k” oportunidades contempladas serão as primeiras da ordenação, ou seja, as mais lucrativas. Nesse caso, não se pode falar de custo de oportunidade, ou pelo menos de custo de oportunidade positivo, uma vez que a última oportunidade escolhida apresenta ganho pelo menos igual ao da primeira não escolhida. 3.2 Análise de decisão A questão central quando se analisam algumas alternativas econômicas para a implantação de um novo projeto, reside na dificuldade em se tomar decisões, considerando que muitas são as variáveis que, necessariamente, devem ser contempladas para tanto. Estudos revelam que existem muitos mecanismos de análise de alternativas e tomada de decisão. Várias técnicas podem ser empregadas como instrumento de redução do risco de insucesso. Estudos realizados por Menezes (2003), define que todo projeto finito, apresenta um ciclo de vida. Em determinado momento, ele se inicia, desenvolve durante um certo período de tempo definido e é finalizado quando seus objetivos fixados são alcançados. Também é importante destacar que todo projeto possui a sua vida econômica, ou seja, o período de tempo em que a sua utilização pode ter o benefício econômico desejado. Portanto, quando se concebe uma nova alternativa econômica, se torna necessário fixar a sua vida útil para que seja possível fazer a análise econômica-financeira, identificando a sua viabilidade dentro de um período pré-determinado. Várias são as formas que demonstram a dinâmica que envolve a implementação de uma nova alternativa econômica, buscando mensurar a importância de todas as fases que envolvem a concepção e implementação. Desta forma, a dinâmica que domina o ciclo de vida de um projeto, está apresentada na Figura 1. 12 Necessidades Seleção Planejamento Implementação Controle do projeto Avaliação Avaliação Avaliação Conclusão Figura 1 – Dinâmica de ações ao longo do ciclo de vida de um projeto. Como pode ser observado, o processo se inicia com a definição da necessidade, que induz a um desencadeamento de busca de alternativas e análise. Pode ser observado que a seleção da melhor alternativa é um processo contínuo de planejamento, implementação, controles e avaliações constantes na busca da aceitação da melhor alternativa. Considerando que todo o processo é iniciado a partir do momento que é identificada a real necessidade de propostas para a solução de um determinado problema ou busca de oportunidades, importante é, compreender corretamente a real necessidade. A Figura 2 mostra a concepção de Menezes (2003), sobre este ciclo. 13 Figura 2 – Ciclo de correlação entre necessidades, soluções e requisitos do projeto. A partir do momento em que se identifica a necessidade, analisam-se as alternativas disponíveis, para verificar as suas viabilidades técnicas e econômicas, a fim de se tomar a decisão quanto a implementação ou não de uma destas propostas. O método paramétrico para tomada de decisão se traduz em um instrumento prático e eficaz. Desenvolvido por dois consultores norte-americanos, um deles chamado Kepner e o outro, Tregoe, esse método estimula bastante o emprego do brainstorming em todo o processo ou em parte dele. Menezes (2003), define que a partir do momento que um conjunto de soluções (projetos) que deve ser priorizado, ou identificado qual deles deve ser conduzido, parte-se para o estabelecimento dos critérios de decisão, e segundo o autor citado, existem dois tipos: 14 a) os must ou deveres: aqueles que estabelecem limites para as soluções alternativas apontadas; deveres que, se as alternativas não atenderem, não serão considerados na etapa seguinte, e b) os wishes ou desejos: critérios que permitirão aos envolvidos no processo de seleção, diferenciar qualitativamente as alternativas participantes. A Figura 3 apresenta a dinâmica do método desenvolvido por Kepner e Tregoe, estudados por Menezes (2003). Identifique a avaliação Estabeleça critérios de decisão Desejos Limites ou deveres Identifique e avalie as soluções alternativas Identifique se “pára” ou “continua” Continua Peso dos “desejos” Totalização dos pontos das alternativas Considerar a pontuação mais elevada Faça uma análise mais avançada Selecione a melhor alternativa Figura 3 – Dinâmica do método de Kepner e Tregoe. 15 3.3 A estrutura e as etapas de um projeto Segundo Woiler & Mathias (1996), um projeto pode ser entendido como um conjunto de informações, que são coletadas e processadas, de modo que simulem uma dada alternativa de investimento para testar sua viabilidade. Os aspectos econômicos envolvidos são: mercado, localização, escala; os aspectos técnicos envolvem as considerações referentes à seleção entre os diversos processos de produção, à engenharia do projeto, ao arranjo físico dos equipamentos na fábrica e outros aspectos. Os aspectos financeiros poderão compor o capital, financiamentos, capital de giro. Os aspectos administrativos dizem respeito à estrutura organizacional que será necessária para a implantação e para a operação do projeto. Os custos destas estruturas serão alocados ao projeto no caso do custo operacional e no caso do custo de implantação (custo este que poderá ser amortizado quando da operação do empreendimento). Os aspectos jurídicos e legais tendem a apresentar uma relação indireta para com o projeto. Os aspectos do meio ambiente, supõe vislumbrar os problemas associados à degradação do meio ambiente pela população, pelos órgãos públicos e pelas empresas privadas (WOILER & MATHIAS, 1996). De acordo com Buarque (2001), cada setor produtivo e cada projeto apresenta características próprias de engenharia. Isso obriga os tecnólogos a utilizarem diferentes metodologias e diferentes formas de apresentação da engenharia conforme o projeto. Entretanto, em geral, essas metodologias seguem um processo que consiste basicamente em quatro etapas: a) ensaios e investigações preliminares; b) seleção e especificação do processo e dos equipamentos (seleção de tecnologia); c) projeto de construção civil e infra-estrutura, e d) análise de rendimentos. Para que essas etapas sejam apresentadas de uma maneira clara e completa na análise da engenharia deve constar: a) descrição do processo de produção; b) definição dos equipamentos e da infra-estrutura necessários, e 16 c) quantificação de todas as variáveis envolvidas no processo de produção. Alguns fatores devem ser ponderados na estrutura de um projeto, como a inovação tecnológica que pode se traduzir, segundo Maximiamo (2002), a capacidade de um projeto de pesquisa e desenvolvimento, produzir resultados comercializáveis. A idéia de inovação tecnológica está associada a novo produto que chega ao mercado e não simplesmente ao fato de atingir algum resultado técnico relevante. 3.4 Introdução do Risco nas decisões de investimento Sempre a análise de um novo projeto exige um exercício de futurologia. Segundo Martins & Assaf Neto (1986), a análise é feita no presente, porém, tais decisões, fundamentalmente, são voltadas para o futuro, e desta forma é necessário que se introduza a variável incerteza como um dos mais significativos aspectos do estudo. Toda vez que a incerteza associada à verificação de determinado evento possa ser quantificada, através da atribuição de probabilidades aos diversos resultados previstos, diz-se que a decisão está sendo tomada sob uma situação de risco. Dessa maneira, o risco refere-se basicamente à capacidade de mensurar o estado de incerteza através do conhecimento das probabilidades associadas à ocorrência de determinados resultados ou valores. 3.4.1 Fundamentos básicos de probabilidade Quando se trabalha com probabilidades, para a tomada de decisão de investimento, o fato de atribuí-la, não se resume, normalmente, a um único resultado (evento) esperado, mas de acordo com Martins & Assaf Neto (1986), à vários valores possíveis de ocorrer. O raciocínio básico é dividir os fluxos de caixa (elemento de incerteza de decisão) em intervalos de valores possíveis, e identificar, em cada um deles, uma probabilidade de ocorrência. Ainda de acordo com os autores, uma probabilidade é definida como objetiva quando se adquire uma experiência passada sobre a qual não resta dúvida de que se 17 repetirá. Por exemplo, a probabilidade de que um artigo saia defeituoso do processo produtivo, pode ser obtida historicamente através da relação entre o número de vezes que o produto foi rejeitado pelo controle de qualidade e o número de unidades terminadas em certo período. De outra forma, a probabilidade subjetiva decorre de eventos novos, sobre os quais não se tem nenhuma experiência prévia relevante. 3.4.2 Medidas estatísticas para o estudo do risco Ilustrativamente, são apresentados por Martins & Assaf Neto (1986), os valores esperados entre dois projetos (A e B). Considerando que é necessário avaliar o risco de implementação entre estas duas alternativas econômicas e baseando-se em experiências anteriores em projeções econômicas, formulou-se a seguinte distribuição de probabilidades dos fluxos de caixa previstos em cada um dos próximos quatro anos: Quadro 1 – Distribuição de probabilidades dos fluxos de caixa previstos. ____________________________________________________________________________ Alternativa A Fluxos de Caixa Probabilidades Alternativa B Fluxos de Caixa Probabilidades R$ 600,00 0,10 R$ 300,00 0,10 R$ 650,00 0,15 R$ 500,00 0,20 R$ 700,00 0,50 R$ 700,00 0,40 R$ 750,00 0,15 R$ 900,00 0,20 R$ 800,00 0,10 R$ 1.100,00 0,10 ____________________________________________________________________________ Fonte: MARTINS & ASSAF NETO, 1986. 18 n R = ∑ Pk .Rk k =1 Tomando por base a demonstração, fruto do estudo de Martins & Assaf Neto (1986), a primeira etapa a ser desenvolvida no estudo do risco é a mensuração do valor esperado de cada distribuição de probabilidades considerada. Essa medida representa uma média dos vários resultados esperados, ponderada pela probabilidade atribuída a cada um desses valores, sendo o seu cálculo processado através da multiplicação das diversas estimativas pelas respectivas porcentagens (probabilidades de ocorrência) associadas: Onde: R = retorno (valor) esperado; Pk = probabilidade de ocorrência de cada resultado; Rk = valor de cada resultado considerado Substituindo a expressão para os projetos acima, tem-se: Valor esperado da Alternativa A: RA = (0,10 x R$ 600,00) + (0,15 x R$ 650,00) + (0,50 x R$ 700,00) + (0,15 x R$ 750,00) + (0,10 x R$ 800,00) RA = R$ 60,00 + R$ 97,50 + R$ 350,00 + R$ 112,50 + R$ 80,00 RA = R$ 700,00 19 Valor esperado da Alternativa B: RB = (0,10 x R$ 300,00) + (0,20 x R$ 500,00) + (0,40 x R$ 700,00) + (0,20 x R$ 900,00) + (0,10 x R$ 1.100,00) RB = R$ 30,00 + R$ 100,00 + R$ 280,00 + R$ 180,00 + R$ 110,00 RB = R$ 700,00 A Figura 4, apresentada por Martins & Assaf Neto (1986), demonstra graficamente as distribuições de probabilidades das duas alternativas exemplificadas. Figura 4 – Distribuições de probabilidades das alternativas de investimentos. 3.5 Os métodos de análise de investimento Segundo Martins & Assaf Neto (1986), basicamente os métodos quantitativos de análise econômica de investimentos podem ser classificados em dois grupos: 20 aqueles que não levam em conta o valor do dinheiro no tempo, e os que consideram essa variação através do critério do fluxo de caixa descontado. Em função do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de longo prazo, dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo. Exceção deve ser feita, no entanto, ao método do tempo de retorno do investimento (período de pay-back), o qual, apesar de ser formalmente enquadrado no primeiro grupo, tem grande importância decisória e permite, ainda, o seu cálculo em termos de valor atualizado. O método da taxa interna de retorno (TIR) representa, a taxa de desconto que iguala, em determinado momento de tempo (geralmente utiliza-se a data de início do investimento – momento zero), as entradas com as saídas previstas de caixa. Para a avaliação de propostas de investimentos, o cálculo da TIR requer, basicamente, o conhecimento dos montantes de dispêndio de capital (ou dispêndios, se o investimento previr mais de um desembolso de caixa), e dos fluxos de caixa incrementais gerados exclusivamente pela decisão. Considerando que seus valores ocorrem em diferentes momentos, pode-se afirmar que a TIR, ao levar em conta o valor do dinheiro no tempo, representa na verdade a rentabilidade do projeto expressa em termos de uma taxa de juros equivalente periódica . Ainda, segundo Martins & Assaf Neto (1986), o valor presente líquido (VPL) é obtido pela diferença entre o valor dos benefícios líquidos de caixa previstos para cada período do horizonte de duração do projeto e o valor presente do investimento. Porém, algumas características de dados econômicos devem ser consideradas, pois, segundo Hill & Griffiths & Judge (1999), as relações econômicas raramente estão livres de choques ou perturbações e os dados econômicos dificilmente estão isentos de erros de especificação ou mensuração. Em um modelo econométrico, podemos ser bem precisos quanto a definição de nossas variáveis, ajustamento e grau de agregação, mas, infelizmente, é raro haver coerência entre os modelos teóricos e os dados econômicos utilizados em uma análise empírica. Em uma avaliação social, o projeto é analisado sob o ponto de vista do seu impacto sobre toda a sociedade e não sobre indivíduos em particular. (EHRLICH, 1986) A contabilização dos custos e dos benefícios é feita em termos da sociedade. Assim, em uma sociedade que julgue ser indiferente se propriedades pertencem a um grupo de indivíduos ou outro, um projeto de desapropriação de uma atividade produtiva 21 das mãos de cidadãos nacionais para o governo, não tem valor algum, pois o resultado líquido é nulo. Somente projetos que adicionam algo à sociedade como um todo é que interessam. A diferença entre avaliações financeiras e econômicas reside em como contabilizar e valorizar os benefícios e os custos correspondentes. Ao avaliarmos um projeto, mesmo no contexto mais amplo dos objetivos sociais, podemos indagar se ele se justifica a “preços e condições de mercado vigentes”. Se a resposta for positiva, o projeto sustenta sua razão de ser, mesmo que se respeite uma situação existente – quer ela seja desejável, quer não. De fato, se um projeto se sustentar a preços vigentes, os responsáveis pela sua operação não necessitarão pedir constantes subsídios – o que os tornaria vulneráveis do ponto de vista político (em vista desta dependência). Ainda, segundo Ehrlich (1986), quando se conclui que os valores econômicos não conseguem refletir os verdadeiros objetivos sociais, arbitram-se “preços” com o intuito de avaliar projetos por meio das técnicas tradicionais (valor atual, taxa de retorno, etc...). É, por exemplo, o caso no qual se valorizam mais bens de produção que bens de consumo. Isto reflete uma preferência revelada por um consumo futuro, em detrimento de um consumo no presente. Segundo Hoji (1999), os riscos e as incertezas incorporam qualquer projeto. O risco existe em todas as atividades. Tudo o que é feito hoje, visando a um resultado no futuro, está sujeito a algum grau de risco. 3.6 As fontes energéticas O aumento pela demanda, cada vez maior, por abastecimento energético tem-se mostrado como uma constante no mundo moderno. O desafio de suprir as indústrias, meios de transporte, agricultura, comércio, as próprias pessoas de forma direta e o mundo como um todo, tem motivado a busca de fontes alternativas que sejam, ao mesmo tempo, tecnicamente possíveis e economicamente viáveis. Segundo Fernandes & Guaronchi (2001), por milhares de anos a humanidade sobreviveu com base no trabalho braçal e animal. As primeiras fontes de energia 22 inanimadas, como rodas hidráulicas e moinhos de vento, significaram um importante incremento quantitativo do regime de trabalho – ou potência – mas o salto qualitativo só se produziu a partir dos séculos XVII e XVIII. Quando se analisa o Quadro 2, verifica-se que, ao longo do tempo, a humanidade sempre buscou aperfeiçoar suas formas de geração de energia, evoluindo para fontes energéticas cada vez mais aperfeiçoadas e que provocasse uma relação custo/benefício cada vez melhor. Quadro 2 – Fontes energéticas realizadores de trabalho. ____________________________________________________________________________ Fonte energética Homem Potência Observações 80 W Até 300 W durante período Burro 180 W Mula 370 W Boi 500 W Cavalo 750 W Moinho de Água 1,5 – 1,8 kW Roda de alimentação com diâmetro superior a 5 m Moinho de vento 1,5 – 6,0 kW Moinho de vento típico Máquina a vapor 5,2 – 7,5 kW Tipo estacionário antigo Automóvel de 1000cc 45 – 60 kW Turbina a vapor até 100 MW ____________________________________________________________________________ Fonte: FERNANDES & GUARONCHI, 2001. O desenvolvimento do motor de combustão interna e de diversas turbinas, incrementaram tanto a potência das diversas unidades de produção como o número total de unidades existentes, e portanto, aumentaram a capacidade de produção do homem e seu consumo de combustível. O crescimento exponencial desse consumo se iniciou com a revolução industrial do século XVIII. 23 Necessário é, considerar que os combustíveis fósseis, que representam hoje 98% da energia produzida no mundo, nas suas várias formas: carvão, petróleo e gás natural, são limitadas e não renováveis, e considerando o aumento exponencial no consumo de energia, a interrupção no fornecimento é algo impensável. Soma-se a isso a questão de que o petróleo, grande fonte energética, também é importante matéria prima para a indústria química e a sua utilização, reduz a sua oferta e eleva-se os preços. A sociedade moderna, mais informada e instruída, preocupada com a preservação do meio ambiente e a questão da redução do custo de vida, tem levado a humanidade a refletir melhor sobre a manutenção de nossas reservas esgotáveis de energia e do desenvolvimento tecnológico no setor de aproveitamento de fontes de energias alternativas. 3.6.1 O sol como alternativa econômica Por mais de 5 bilhões de anos, o sol, brilha e calcula-se que assim se manterá por, pelo menos, mais 6 bilhões de anos, lançando anualmente sobre a terra, 4.000 vezes mais energia do que consumimos. Esta irradiação solar em algumas cidades do Estado de São Paulo, pode ser visualizada no Apêndice 1. Em um planeta, onde se discutem alternativas energéticas, desprezar esta fonte de energia, seria insensatez. O sol representa a fonte de energia ideal para o mundo moderno, considerando tratar-se de uma energia limpa, inesgotável e gratuita. A terra recebe energia radiante do Sol a um regime de 173x1015 W, emitindo uma quantidade idêntica. Alguns parâmetros devem ser considerados: Área projetada da Terra = (6.3 x 106 )2 x 3,14 = 124 x 1012 m2 ; Constante Solar = 1395 W/m2; Energia recebida = 124x1012 x 1395 = 173x1015 W Wolfgang (1981), destaca que esta é uma condição do equilíbrio. A emissão depende da temperatura da Terra, ou seja, a temperatura do planeta qual o conhecemos é a temperatura de equilíbrio na qual a admissão é igual à emissão de radiação. Assim, se a admissão mudasse por qualquer razão, a temperatura de equilíbrio também se modificaria. 24 Estudos realizados por Ríspoli (2001), revelam que algo em torno de 30% da radiação entrante se reflete sem mudança na amplitude de onda. Cerca de 47% é absorvida pela atmosfera e pela superfície terrestre, provocando um aumento de temperatura, que novamente irradia-se para o espaço. Apenas os 23% restantes penetram no sistema terrestre e provocam os ventos, ondas, correntes, gera o ciclo das águas e define o nosso clima. De forma indireta, também volta a ser irradiado ao espaço. Uma quantidade muito pequena desta radiação, algo em torno de 0,02% (40x1012 W) através da fotossíntese, penetra no sistema biológico das plantas e em outros organismos. Desta forma, é perfeitamente possível compreender a formação de nossas reservas de combustíveis fósseis, que representam apenas uma parte pequena de energia armazenada como energia química em plantas e tecidos de corpos animais que, por milhões de anos, sob condições geológicas favoráveis, transformaram-se na forma de carvão e óleos minerais. Portanto, Szokolay (1978), conclui que se desejarmos evitar um esgotamento de nossas reservas de combustíveis fósseis, em função de que o ritmo de formação de combustíveis é mínimo em comparação com o ritmo de consumo, devemos desviar o fluxo destas importantes quantidades de energia provenientes do sol e fazer com que elas trabalhem para nós, antes que se dissipem e sejam irradiadas novamente ao espaço. Quando são estudadas as formas possíveis de captação de energia solar, necessário é, classificá-las em três níveis: conversão química, conversão elétrica e térmica. As formas mais importantes de conversão química da energia solar são os processos foto-bioquímicos. Os organismos biológicos classificados como produtores sintetizam carbohidratos a partir de água e dióxido de carbono, absorvendo energia solar e a armazenando em forma de ligações químicas. A conversão direta da energia solar em energia elétrica através da conversão termoelétrica e a conversão fotovoltaica, sendo que a mesma pode se apresentar sob várias formas. Quando se aquece um eletrodo, alguns de seus elétrons adquirem suficiente energia para escapar. Converte-se em um emissor de elétrons, um cátodo. Outro eletrodo colocado próximo a este cátodo, se está suficientemente frio, receberá bem os elétrons 25 emitidos, convertendo-se num ânodo. Se o ânodo se conecta ao cátodo mediante a um circuito que contenha uma carga externa, circulará uma corrente e poderá ser produzida ação. Uma corrente elétrica significativa, no entanto, só se pode produzir a temperaturas muito altas. Em circuitos que consistam de dois condutores diferentes, se as duas uniões se mantém a temperaturas diferentes, também será gerada uma corrente elétrica, ou uma diferença de potencial, quando uma das uniões permanece aberta. Estes “termopares” podem igualmente ser utilizados para produzir ação útil. Quando vários deles são ligados em série, forma-se a chamada pilha termoelétrica. A união quente pode ser aquecida através de um coletor solar de placa plana. A combinação de alguns materiais semicondutores com outros elementos similares, com um elétron a mais ou um elétron a menos gera a eletricidade. Define-se como semicondutor tipo N, quando, por exemplo, é combinado silício + arsênio com um elétron a mais, ou semicondutor tipo P, quando, por exemplo se combina silício + boro com um elétron a menos. A Figura 5 demonstra como se processa a conversão direta da energia solar em energia elétrica. Figura 5 – Conversão direta da energia solar em energia elétrica. 26 Envolvendo difusão, absorção de fótons, aceleração de elétrons, múltiplas colisões, condução, convecção, o método de conversão térmica da energia solar se caracteriza pela absorção da energia radiante por uma superfície negra que produz o aquecimento e se transforma em calor. O movimento das moléculas provoca um incremento na temperatura. O coeficiente de absorção de vários tipos de absorventes negros varia entre 0,8 e 0,98, sendo que os 0,2 ou 0,02 restantes se refletem. Através da condução deste calor, que na verdade nada mais é do que o movimento molecular, se transmite a outras partes do corpo, sendo que uma parte é novamente emitida ao meio ambiente mediante processos convectivos e radiantes. Observa-se uma situação de temperatura de equilíbrio quando o regime de admissão de calor radiante é igualado ao de perda de calor. 3.6.2 Aproveitamento térmico Quando são utilizados coletores obtendo-se o calor, podemos aproveitar esta forma de energia na aplicação em vários segmentos. Segundo Ríspoli (2001), os sistemas de aquecimento solar residenciais de água, no Brasil, estão instalados em sua quase totalidade em moradias de classe alta, outra parcela menor em classe média, porém, em número muito insignificante em moradias populares e no meio rural. Na realidade, as classes sociais inferiores ficam restritas aos projetos de estudos e tentativas de buscar um meio mais econômico para fazer o aquecimento de água, utilizando a energia solar. A técnica empregada é da utilização de placas absorvedoras, usualmente pintadas de preto fosco, cujo objetivo é concentrar o calor. Combinado com vidro ou material similar que auxilia a retenção e recupera parte da radiação emitida pela superfície negra, consegue-se converter a energia radiante em energia térmica no coletor. A utilização de materiais alternativos na confecção dos componentes destes equipamentos, pode propiciar uma redução significativa dos custos de fabricação. De acordo com Woelz (2004), o Brasil é conhecido como um país que usufrui de uma excelente irradiação solar, que se estende praticamente pelos 365 dias do ano. 27 Vários estudos estão sendo realizados, com o objetivo de desenvolver alternativas técnicas que possam também ser economicamente viáveis. A Figura 6, apresenta um modelo simplificado, onde pode ser observada a utilização de tubos, combinado com cobertura de vidro mais a chapa de absorção e a câmara térmica, fazendo a conversão da energia solar em calor, para o fim específico de aquecimento de líquido. Ha que se observar que o modelo trabalha com materiais convencionais que possuem um bom rendimento e eficiência. Figura 6 – Placa coletora. Para aplicação nas quais se deseja obter temperaturas da ordem de 60ºC, o custo do sistema solar já é bastante competitivo. Cavalcanti (2003), detalha que a radiação solar que atinge a superfície terrestre é composta da radiação direta e da radiação difusa. Segundo o autor, nos dias sem 28 nuvens e de céu claro, a radiação solar que atinge a terra, é basicamente (90%), de radiação direta. De outra forma, nos dias nublados e chuvosos, a claridade vem apenas da radiação difusa. De qualquer forma o sol emite radiação como um corpo negro cuja temperatura superficial esta por volta de 5700o C . 3.6.3 O efeito estufa Considera-se que um efeito estufa eficiente é possível apenas abaixo de 500oC. Porém, a menos que a concentração da radiação solar esteja combinada com o efeito de estufa, as temperaturas de equilíbrio são muito inferiores porque na prática, a temperatura de equilíbrio é ainda mais reduzida por perdas de calor da chapa negra, devido a condutividade térmica e convecção no ar. (FERNANDES & GUARONGHI, 2001) A utilização do plástico substitui o vidro, quanto a emissão infravermelha que é absorvida pela colméia e parcialmente irradiada de volta. A eficiência do sistema está diretamente proporcional ao diâmetro das células da colméia e com sua altura. A Figura 7, desenvolvida por Fernandes & Guaronghi (2001), apresenta uma variante do efeito estufa. Figura 7 – Uma variante do efeito estufa. 29 Outro tipo de efeito de estufa existe, e pode ser usado independentemente ou combinado com a estufa do tipo de chapa negra / vidro comum. Este efeito se baseia em superfícies seletivas. Tais superfícies têm um elevado coeficiente de absorção na parte visível e infravermelha do espectro. Diferente do corpo negro, porém, têm um baixo coeficiente de emissão, ε = 0,02 para o infravermelho, além de um comprimento de onda de 2 µ m, aproximadamente. Logo, uma superfície seletiva sozinha, sem uma chapa de vidro aquecer-se-á à luz do Sol como uma estufa de chapa negra / vidro comum. Os revestimentos seletivos são obtidos pela deposição de películas de vários metais, por exemplo níquel negro eletrólito ou berílio; óxidos metálicos, como óxido de cobre obtido quimicamente, sobre alumínio polido, óxido de cobalto ou óxido de níquel, ou camadas de: Fe2O3, MgF2,SiO,SiN, depositadas a vapor, de modo a obter um efeito de interferência na luz. O silício e outros semicondutores, com sua alta absortância na faixa visível e transmitância no infravermelho, são também materiais seletivos. É importante combinar uma alta absortividade com uma elevada relação de absortância/emitância. No quadro a seguir, são mostrados alguns tipos de películas que podem ser utilizados para melhorar a relação de absortância/emitância, tornando o sistema mais eficiente. O Quadro 3 mostra algumas propriedades de alguns revestimentos seletivos. 30 Quadro 3 – Propriedades de alguns revestimentos seletivos. ___________________________________________________________________________ Película Absortância Solar α Emitância Solar ε Fator de Desempenho α / ε Tungstênio dentítrico 0,96 0,26 3,7 Silício sobre 0,76 0,06 (773 K) 12 Níquel Negro 0,90 0,08 (573 K) 11 Cromo Negro 0,98 0,19 (573 K) 5,1 Cromo Negro sobre níquel prateado 0,93 0,19 (573 K) 4,8 Zr Ny sobre prata 0,85 0,03 (600 K) 24 Prata ___________________________________________________________________________ Fonte: FERNANDES & GUARONGHI, 2001. 3.7 Os coletores solar O sistema utilizado nos coletores solar pode ser entendido da seguinte forma: os tubos são fixados e passam a integrar a chapa receptora. Por estes tubos um líquido circula , transportando o calor ao consumidor. Esta montagem (chapa receptora + tubos) é feita sobre um material com baixa condutividade térmica. Uma chapa de vidro ou material similar deve ser utilizada, porque a sua colocação no sistema, não só irradia de volta metade da radiação térmica, mas também isola a chapa aquecida da convecção aérea. A Figura 8 , demonstra de forma simplificada este processo. 31 Figura 8 – Coletor solar. A eficiência deste processo pode ser aumentada, significativamente, se for reduzida a perda de calor, devida a convecção aérea. Isto é possível se a quantidade de ar entre a chapa de vidro e a de absorção for reduzida ou evacuada. Este procedimento permite a elevação da temperatura do regime de forma significativa. 3.7.1 O rendimento global Como o sol é a principal fonte de energia para o bom funcionamento deste mecanismo, a posição geográfica e a localização são determinantes para a apuração de seu rendimento. Nas regiões onde a maior parte do tempo a intensidade solar é adversamente afetada por nuvens, neblinas e outros tipos de absorção atmosférica, o rendimento médio pode ser substancialmente inferior aos climas ensolarados; pode mesmo mostrar-se impraticável o uso do aquecimento solar durante parte do ano. 32 Portanto, para se determinar o rendimento/eficiência do mecanismo, necessário se faz um estudo detalhado do local, além de uma análise cuidadosa, das condições climáticas onde o mesmo será instalado. 3.7.2 A aplicação doméstica A circulação de água através do coletor é garantida pelo efeito de termo-sifão, provocado pela convecção por gravidade, ou seja, havendo sol, o fluído aquecido no coletor se desloca para cima, pois sua densidade é inferior à do fluído não aquecido. O circuito estando fechado, o fluído quente por sua vez é substituído pelo frio que, então, é aquecido no coletor e se desloca para cima. A circulação continuará esquentando o coletor que continua sob a ação da radiação do sol. A velocidade com que ocorre a circulação do líquido está diretamente proporcional a intensidade da insolação. A Figura 9, apresentada em Comptons Interactive Encyclopedia (1995), apresenta um sistema doméstico de aquecimento. Figura 9 – Sistema doméstico de aquecimento. 33 Para que seja possível compreender a dinâmica do processo de aquecimento do líquido, A Figura 10, mostra o fluxo do líquido provocado pela convecção por gravidade, configurando o efeito do termo-sifão. Figura 10 – Efeito do termo-sifão. Para compensar os períodos “sem sol”, mantendo a produção permanente de água quente, é possível agregar ao mecanismo um sistema de aquecimento auxiliar, convencional. 3.8 A análise econômico-financeira da alternativa 3.8.1 Métodos de análise de investimentos Os métodos quantitativos de análise econômica de investimentos podem ser classificados em dois grupos: aqueles que não levam em conta o valor do dinheiro no tempo, e os que consideram essa variação através do critério do fluxo de caixa descontado. Em função do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de longo prazo, dá-se 34 atenção preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo. (MARTINS & ASSAF NETO, 1986) 3.8.1.1 Prazo de retorno (pay-back) Este método consiste na determinação do tempo necessário para que o dispêndio de capital (valor do investimento) seja recuperado através dos benefícios líquidos (fluxos de caixa) promovidos pelo investimento. Resumidamente, existem duas metodologias de cálculo do período de pay-back: médio e efetivo. Ha que se considerar que ambos os métodos não contemplam a variável tempo de forma eficiente, sendo que no primeiro método (pay-back médio) o valor encontrado distorce ainda mais a realidade. Esta observação é pertinente, pois se a composição do fluxo de caixa concentrar valores maiores no final do mesmo, pelo critério da média, poder-se-ia concluir por um retorno do investimento muito antes do que na prática se observaria. De outra forma, o pay-back efetivo contempla, ainda que de forma parcial a variável valor/tempo no fluxo de caixa. Porém, no fluxo de caixa anual, quando se determina a fração do ano necessário para amortizar o investimento inicial, o problema se torna idêntico ao método anterior, pois trabalha-se novamente com a média (fluxo de caixa ano/12). Evidente está que, quanto mais diminuta a fração do tempo apresentada no fluxo de caixa, menor a possibilidade de distorções nos resultados neste segundo método. Em termos de decisão de aceitar ou rejeitar determinado investimento, o período de pay-back obtido deve ser confrontado com o padrão-limite estabelecido pela empresa. Para exemplificar, pode-se definir em três anos o tempo de retorno máximo de seus investimentos, a empresa não deverá acionar determinado projeto se o período de pay-back exceder o limite considerado aceitável. 3.8.1.2 Taxa interna de retorno (TIR) O método da taxa interna de retorno (TIR) representa a taxa de desconto que iguala, em determinado momento de tempo (momento zero – investimento 35 inicial), as entradas com as saídas previstas de caixa. Para a avaliação de propostas de investimentos, o cálculo da taxa interna de retorno (TIR) requer, basicamente, o conhecimento dos montantes de dispêndio de capital e dos fluxos de caixa incrementais gerados exclusivamente pela decisão. (MARTINS & ASSAF NETO, 1986) Necessário é definir que a taxa interna de retorno (TIR) quando encontrada, reflete apenas um resultado com base nos fluxos de caixa esperados pela alternativa econômica escolhida. A aceitação ou rejeição de determinada proposta de investimento é decidida em função do processo de comparação da taxa interna de retorno obtida com a rentabilidade mínima exigida pela empresa para seus investimentos. Esta rentabilidade mínima, também definida como taxa mínima de atratividade (TMA), deve contemplar algumas variáveis a serem consideradas quando do estudo de uma determinada alternativa econômica. Esta taxa mínima de atratividade deve contemplar a correção monetária esperada no período analisado, além do custo de oportunidade, do risco pela implementação do projeto e do lucro desejado para a aceitação desta alternativa, ou mesmo defini-la como sendo a taxa de juros média reinante no mercado. A Figura 11, apresentada por Martins & Assaf Neto (1986), mostra como pode ser expressa a metodologia de cálculo da taxa interna de retorno (TIR). Figura 11 – Metodologia de cálculo da taxa interna de retorno (TIR). 36 3.8.1.3 Valor presente líquido (VPL) Martins & Assaf Neto (1986), definem que o valor presente líquido (VPL) é obtido pela diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa, previstos para cada período do horizonte de duração do projeto, e o valor presente do investimento. A Figura 12, montada por Martins & Assaf Neto (1986), demonstra a fórmula de cálculo do valor presente líquido: Figura 12 – Metodologia de cálculo do valor presente líquido (VPL) Onde FCj representa o fluxo de caixa (benefício e/ou custo) do período; I0 o investimento processado no momento zero; Ij o valor do investimento previsto em cada período subseqüente; K a taxa de desconto do projeto, sendo representada pela rentabilidade mínima – taxa mínima de atratividade (TMA) . Comparativamente ao método da taxa interna de retorno (TIR), o valor presente líquido (VPL) exige a definição prévia da taxa de desconto a ser utilizada nos vários fluxos de caixa. O valor presente líquido (VPL) não prevê diretamente a mensuração da rentabilidade do projeto; ao descontar todos os fluxos de entradas e saídas de caixa de um investimento, por uma taxa de desconto mínima aceitável pela empresa (definida por K na formulação), o valor presente líquido (VPL) expressa, em última análise, o seu resultado econômico atualizado. 37 4. MATERIAL E METODOS 4.1 Material Para o presente estudo, foram utilizados como materiais para análise, dois modelos de aquecedores solar de baixo custo. O primeiro, produzido por uma indústria nacional do interior do estado de São Paulo e que é uma das pioneiras na fabricação de aquecedor de água por energia solar em plástico; e o segundo, trata-se de uma alternativa de aquecedor solar de baixo custo (ASBC) desenvolvido por uma organização, denominada Sociedade do Sol, mantida pela USP, através do CIETEC (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas).. Estes equipamentos estão dimensionados para atender a uma residência com quatro pessoas para uma média de um banho de 8 a 9 minutos cada (considerando uma vazão de 3,0 a 3,5 litros por minuto, conforme NBR 12089 – Norma Brasileira conferida pela ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas). Na fabricação destes equipamentos são utilizados materiais alternativos que permitem uma redução, substancial, no custo final. A eficiência dos equipamentos, é parte integrante deste estudo, onde busca-se determinar a viabilidade econômica das alternativas, considerando a sua redução de custo, confrontando com a sua eficiência. 38 4.1.1 Aquecedor de água por energia solar em plástico A primeira alternativa é produzida 100% em termoplástico de engenharia, aditivado com anti U.V., e monobloco, ou seja, coletor, reservatório, serpentina e suas interligações em uma única peça. A capacidade do reservatório térmico é de 110 litros, pintados na cor cerâmica, que permite uma maior integração visual às telhas de barro, convencionais na cobertura de residências. Este sistema permite a popularização da utilização da energia solar como fonte alternativa para o aquecimento de água, fazendo com que o sistema deixe de ser privilégio de poucos em função do custo de aquisição. Esta proposta permite que se economize energia elétrica em um país que recebe grande incidência solar; paralelamente, também há que se considerar que esta fonte energética é gratuita, renovável e fundamental na preservação do meio ambiente, e o mais importante, nos permite transformá-la em benefícios para as pessoas que estão afastadas dos grandes centros e privadas da utilização de equipamentos que permitam um maior conforto térmico , desta forma propiciando uma melhor qualidade de vida. 4.1.1.1 Característica técnicas do equipamento O produto é fabricado com plástico especial de engenharia, possuindo um reservatório térmico com capacidade de 110 litros e com peso de 38 Kg sem água e 148 Kg com água, além de possuir dois sistemas de entrada de água fria (tipo bóia), sendo um mecânico e outro com controlador eletrônico de nível. A Figura 13 apresenta as demais características técnicas do equipamento. 39 Figura 13 – Características técnicas do equipamento. Onde: A = 32 cm (altura máxima do equipamento) B = 1,05 m (largura máxima do equipamento) C = 2,30 m (comprimento máximo do equipamento) 4.1.1.2 Funcionamento Á água, ao entrar na serpentina, será aquecida, e por diferença de densidade, subirá para a parte superior, sendo depositada no reservatório térmico, que assegura a manutenção da temperatura com certa perda, devido ao isolamento existente. Este movimento da água se repetirá enquanto houver sol, fazendo com que a sua temperatura seja elevada continuamente. Nos dias de chuva ou de pouca luminosidade, este processo será interrompido, sendo necessário, se possível, a utilização de mecanismos auxiliares. 40 4.1.1.3 Abastecimento O abastecimento do reservatório térmico é possível através da rede pública de abastecimento de água ou através de uma caixa d’água quando elevada. A pressão de entrada deve estar numa faixa de 0,50 a 40 m.c.a (metros de coluna d’água). A Figura 14 mostra como se processa o abastecimento de água no equipamento, através de reservatório auxiliar (caixa d’água). Figura 14 – Sistema de abastecimento do equipamento. 4.1.1.4 Instalação do equipamento A correta instalação do equipamento é observada quando o mesmo está fixado em um ponto onde exista maior exposição aos raios solares, ou seja, voltada para a face norte. O posicionamento em outro ponto diminui a eficiência do sistema. Quanto à inclinação de instalação deve ser observada a região onde o mesmo está sendo implantado. 41 Recomenda-se, para um maior aproveitamento dos raios solar, considerando que seu comprimento é de 2,30 metros, que o equipamento tenha uma inclinação do pé até o topo do aquecedor de: REGIÕES SUDESTE, CENTRO-OESTE, NORTE E NORDESTE De 0,80 a 1,10 metros REGIÃO SUL De 1,10 a 1,40 metros Esta inclinação deve bucar, considerando o local do estudo, uma latitude de 15o. A Figura 15 demonstra o posicionamento quanto a inclinação a ser observada, onde “X” depende da região onde o equipamento está sendo instalado. Figura 15 – Posicionamento quanto a inclinação. 42 4.1.1.5 Um sistema convencional A Figura 16 apresenta um modelo de instalação convencional, aonde se observa a utilização do sistema de alimentação de água para o reservatório térmico feito através do abastecimento da rede pública. Figura 16 – Modelo de instalação convencional. 4.1.1.6 Detalhamento dos componentes do equipamento Este equipamento se compõe de materiais alternativos, dispostos em um monobloco. A Figura 17 apresenta um detalhamento dos componentes do equipamento. 43 Figura 17 – Componentes do aquecedor de água por energia solar em plástico. Onde: 01 – corpo do aquecedor 11 – Isolante inferior 02 – cobertura transparente 12 – Cabo de aço 3/16” 03 – isolamento superior 13 – Grampo p/ cabo de aço 3/16” 04 – capa do aquecedor 14 – Eletrodo de nível 05 – abraçadeiras 15 – Válvula solenóide 06 – bico conector 16 – Módulo eletrônico de nível 07 – conexão de saída p/ água quente 17 – Bóia mecânica (opcional) 08 – Mangueira conectora 09 – Perfil de aço 1050 10 – perfil de aço 2300 44 4.1.1.7 Custo de aquisição do equipamento Através de pesquisa de mercado, foi apurado o custo de aquisição do equipamento para aquecimento de água, através da energia solar, apresentado no Quadro 9. Os modelos disponíveis no mercado estão apresentados no Quadro 4, onde é possível determinar as características técnicas básicas de cada um deles. Quadro 4 – Modelos disponíveis de aquecedor de água por energia solar em plástico. _________________________________________________________ __________________ modelo capacidade tipo de bóia acessório 1 110 litros .. mecânica sem misturador 2 110 litros mecânica com misturador 3 110 litros eletrônica sem misturador 4 110 litros eletrônica com misturador ____________________________________________________________________________ O modelo escolhido é aquele que apresenta um menor custo de aquisição (modelo 1 – capacidade de 110 litros – com bóia mecânica – sem misturador), tendo em vista o objetivo de analisar alternativas para popularizar o sistema. 4.1.2 Aquecedor solar de baixo custo (ASBC) 4.1.2.1 Características do equipamento Essa proposta se baseia num conceito mecânico extremamente simples, composto de coletores solar, reservatório térmico, sistema de apoio e sistema hidráulico. 45 Por coletores solar se entende o coração do aquecedor. Cada coletor é manufaturado a partir de forro alveolar branco de PVC, aquele que se usa em escritórios e tetos de postos de gasolina. Os condutores de entrada e saída de água são dutos de PVC de água fria. A união dos condutores as chapas de forro são feitas com o uso de adesivos especiais. O enegrecimento do coletor é realizado com esmalte preto sintético fosco diretamente aplicado ao PVC. O fundo do coletor pode ser reforçado e/ou isolado termicamente para atender a situações especiais. A capacidade de sobrevida as intempéries é reforçada pelos aditivos brancos do PVC somados à proteção dada pela cobertura negra. O reservatório térmico pode ser manufaturado a partir de grande número de caixas de água existentes no mercado. Nunca pressurizado, exige isolamentos térmicos que podem incluir as econômicas folhas de jornal, sapé, e outros, terminando nos isolamentos tradicionais como lã de vidro, polietileno expandido, chapas de isopor, etc. A opção de grandes caixas de isopor é boa, pois evita a aplicação adicional de isolamentos térmicos, conforme pode ser visualizado na Figura 18. Figura 18 – Reservatório térmico em isopor e filme PVC. 46 O sistema hidráulico é sempre montado em dutos de PVC. Os dutos expostos à intempéries são cobertos com o esmalte usado nos coletores, reforçando a resistência aos raios ultravioletas. 4.1.2.2 Funcionamento A eficiência do aproveitamento da energia solar incidente no aquecedor solar de baixo custo (ASBC) depende quase que exclusivamente da temperatura da água no início do dia e da temperatura máxima ambiente deste mesmo dia. Admitindo, só para efeito de demonstração de temperatura da água no início do dia de 20º Celsius, temperatura final, 53º Celsius, temperatura máxima do dia de 30º Celsius, volume 200 litros, 2 m2 de coletores solar, irradiação solar de 5,5 KWh / m2 / dia. Após os cálculos, encontraremos uma eficiência, relacionando a energia adicionada á água com a irradiação incidente nos coletores, de 69,7%. Mantendo as variáveis acima, mas iniciando com uma temperatura de água de 30º Celsius, a eficiência baixa para 48,6% uma redução de 30,3%. Fica transparente que a eficiência do aquecedor solar tipo baixo custo, tem uma relação pouco significativa com a energia solar irradiada. O que viabiliza o aquecedor solar de baixo custo é a alta temperatura ambiente presente no momento da máxima irradiação solar. O funcionamento do ASBC se inicia quando a energia solar irradiante, luz e infravermelho, incide sobre a superfície preta dos coletores. A energia absorvida transforma-se em calor e aquece a água que está no interior dos coletores. A água aquecida diminui a densidade começa a se movimentar em direção a caixa, dando início a um processo natural de circulação da água, chamado de termo-sifão. Para tanto o reservatório deve estar mais alto que os coletores. Esse processo é contínuo, enquanto houver uma boa irradiação solar ou até quando toda água do circuito atingir a mesma temperatura. A água aquecida fica armazenada num reservatório termicamente isolado que evita perda de calor para o ambiente. No ASBC o sistema de apoio térmico é formado por um chuveiro elétrico ligado em série com um dimmer, que permite um ajuste fino na elevação da temperatura da água do banho. A tubulação que interliga os coletores, o 47 reservatório e o chuveiro elétrico pode ser montada com os dutos tradicionais de PVC utilizados normalmente em instalações hidráulicas residenciais. A operação do sistema ASBC pode ser explicada com maior facilidade dividindo-se todo o sistema em quatro partes fundamentais, que podem ser visualizados através da Figura 19: 1- Reservatório 2- Coletores 3- Chuveiro elétrico com misturador e dimmer para apoio térmico 4- Sistema geral de dutos . Figura 19 – Operação de um ASBC (aquecedor solar de baixo custo) residencial. 4.1.2.2.1 Reservatório Tem a função de armazenar, no decorrer de um dia, a água aquecida pelo coletor solar. Em seu interior existem duas bóias que controlam a entrada e saída de água. Além dessas duas bóias, existe um dispositivo que é utilizado para levar a 48 água fria proveniente da rede para o fundo do reservatório, diminuindo sua velocidade, evitando turbulência e a mistura quente/frio. Além da tradicional torneira de bóia que libera a entrada de água da rede, existe outra bóia chamada de pescador. Sua finalidade é levar para o chuveiro a água aquecida que estiver com maior temperatura. Normalmente, a água com maior temperatura, está na parte mais alta do volume armazenado. Além da caixa de água tradicional, outros recipientes industrializados tais como; o tambor de plástico ou a caixa de EPS (isopor) revestido com filme plástico, podem servir como reservatório. Independente do tipo de recipiente utilizado todos devem receber um isolamento térmico externo para minimizar as perdas de calor nas laterais e na tampa superior. 4.1.2.2.2 Coletor O coletor solar, Figura 20, tem a função de aquecer a água. Com a incidência da luz solar em sua superfície exposta ao sol, a água armazenada em seu interior aquece e diminui de densidade, tornando-se mais leve que a água fria. Assim, a água presente no interior dos coletores se movimenta para o reservatório, e simultaneamente a água estocada no reservatório flui em direção ao coletor, conforme pode ser observado na Figura 19. Figura 20 – Montagem da placa coletora em um aquecedor solar de baixo custo. 49 4.1.2.2.3 Misturador de água quente e sistema de apoio térmico O misturador permite que a água aquecida pela energia solar chegue ao chuveiro. Caso a água aquecida esteja a uma temperatura abaixo do desejado o usuário complementa o aquecimento por meio do acionamento de um dimmer (controlador da energia fornecida pelo chuveiro elétrico). Nos sistemas tradicionais o apoio térmico normalmente fica instalado no reservatório térmico e o conjunto misturador tradicional necessita de tubulação prévia quente/fria. 4.1.2.2.4 Sistema hidráulico A tubulação pode ser feita com dutos comerciais de PVC marrom, considerando a natural limitação térmica do coletor solar ASBC. Isto evita a utilização mais complexa e custosa dos dutos de cobre ou da tecnologia CPVC. 4.1.2.3 Manufatura dos componentes Para montar um sistema de ASBC é necessário manufaturar algumas peças. Coletores Um sistema ASBC (aquecedor solar de baixo custo) pode ser projetado para aquecer diferentes volumes de água. O presente estudo demonstra a montagem de um sistema dimensionado para atender um consumo diário de 110 litros de água quente, quantidade exatamente igual ao primeiro modelo estudado (aquecedor de água por energia solar em plástico). O Quadro 5, fornece a quantidade de coletores de acordo com a região onde será instalado o ASBC. 50 Quadro 5 - Quantidade de coletores solar de acordo com a região. ____________________________________________________________________________ Região quantidade de coletores (para 110 litros) Sul / São Paulo (capital) 2 Interior do Estado de São Paulo 1 Outras regiões 1 ____________________________________________________________________________ Os principais fatores que influenciam na quantidade de coletores a serem instalados são de ordem climática, tais como poluição, umidade, vento e temperatura de cada região. Em alguns estados da região Sul sugere-se colar na superfície inferior do coletor uma placa EPS (isopor), elevando-se assim a temperatura da água do reservatório em aproximadamente 3 a 4 °C.. O Quadro 6 descreve as peças, as ferramentas e os complementos necessários para a montagem do coletor solar ASBC. Ao lado de cada item, na coluna finalidade, aparece um número entre parênteses para facilitar a identificação das peças. 51 Quadro 6 – Ferramentas e complementos necessários para a montagem do ASBC. ____________________________________________________________________________ Qtde. Coletor Finalidade X Placa de forro de PVC alveolar modular 1,25 x 0,62 m Componente do coletor (1) 2X Dutos de PVC marrom 32 mm (φ ext.) e 700 mm de comprimento ( 2 por coletor) Componente do coletor (2) 2X Luvas soldáveis de PVC marrom 32 mm Para fazer a união entre os coletores (3) 01 Adaptador de PVC marrom 32 mm x 1" Escoar a água dos coletores ASBC para efeito de manutenção (4) 02 Joelhos 90° de PVC marrom soldável de 32 mm Unir os coletores aos dutos de PVC (5) 01 Cap PVC branco com rosca de 1" Fechar o adaptador da saída de água de manutenção (6) 03 Caps de PVC marrom de 32 mm Vedar as pontas do coletor no teste de vazamento e fechar definitivamente a ponta superior esquerda do coletor (7) 01 Placa EPS Isolamento térmico e proteção mecânica(8) Qtde.. Lista de ferramentas Finalidade 01 Trena ou metro Fazer as medidas de corte na placa e nos dutos 01 Ferro de solda ou furadeira Fazer os furos-guia no duto de PVC marrom de 32 mm com broca 3 mm p/ aço 01 Pincel 2" ou rolo de 5 cm Pintar as placas do forro 01 Espátula flexível com ponta arredondada, tipo misturador de café/açúcar Aplicar a cola sobre a união duto PVC e placa de forro 01 Serra de extremidade livre Abrir rasgo nos dutos Qtde.. Lista de complementos Finalidade 01 Lixa 120 Lixar as rebarbas e superfícies 01 Adesivo (bi-componente) Plexus 310 ou Araldite 24h - 20 gr/ placa Unir a placa ao duto de 32 mm 01 Fita crepe Limitar a área de pintura 01 Jornal Apoiar a placa sobre a superfície de trabalho 01 Esmalte sintético preto fosco (40 ml por coletor) Pintar as placas do coletor 01 Tábua plana de 80 x 15 cm Guia para segurar o duto durante o rasgo 08 Pregos de 4 cm Pressionar o duto sobre a guia de madeira 01 Lápis Riscar o duto de 32 mm antes de cortá-los 01 Régua de 70 cm ou outra estrutura reta Guiar o lápis para fazer o risco no duto 52 Reservatório térmico A manufatura de uma caixa quente se resume em abrir furos nas laterais e instalar os componentes complementares de PVC que controlam a entrada e saída de água do reservatório. O Quadro 7 descreve as principais peças e os complementos necessários para a montagem de um reservatório térmico. Ao lado de cada item, na coluna da direita, sua finalidade. Quadro 7 – Peças e complementos necessários para a montagem de um reservatório térmico. ____________________________________________________________________________ Qtde. Reservatório Finalidade 01 Caixa de cimento-amianto, Fiberglass, EPS, outros Armazenar a água aquecida 02 Adaptadores soldáveis com flanges e anel de 32 mm Unir os dutos dos coletores á caixa 03 Conjunto de adaptadores com flanges de 25 mm Torneira da bóia e Montagem do pescador e do ladrão 01 Torneira de bóia preferencialmente com saída para mangueira Repor a água do reservatório 01 Pedaço de duto de 7,5 a 10 cm de diâmetro Reduzir o turbilhamento na torneira de bóia 01 Bóia de plástico do pescador Manter a ponta do eletroduto flexível flutuando na camada de água mais quente. XX Material isolamento térmico – serragem, jornal, forração, EPS, grama seca picada, etc. Isolar as laterais e tampa 01 Rolo de barbante / fitilho / fita adesiva Amarrar o isolamento nas laterais e tampa 01 Eletroduto flexível amarelo de aproximadamente 1 m Componente do pescador que capta a água mais quente que estiver na superfície XX Filme de PVC (lona de caminhão) Proteger o isolamento da caixa quando estiver exposta ao tempo ____________________________________________________________________________ 53 4.1.2.4 Custo para a montagem do equipamento O custo de aquisição dos componentes necessários para a montagem do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), considerando a região do interior do estado de São Paulo, foi determinado através de pesquisas em lojas de materiais de construções e lojas afins. Os custos apresentados, correspondem a média dos preços pesquisados em 4 lojas, onde os valores apresentados, são para pagamento na condição - a vista. 4.1.3 Chuveiro elétrico O chuveiro elétrico fica ligado, em média, cerca de 34 minutos por dia, atendendo uma família de 4 pessoas (um banho dia para cada um, com duração de, aproximadamente, 8,5 minutos). A potência média do chuveiro é de 4.4 Kw. Desta forma no decorrer de um ano o chuveiro elétrico é responsável pelo consumo familiar de, aproximadamente, 910 Kw/h (365 dias x 4.4 Kw x 0,5667 horas). Estatísticas atualizadas demonstram que 32.000.000 de famílias brasileiras, utilizam chuveiro elétrico para o seu banho. O chuveiro elétrico, sob o ponto de vista técnico, é simples, extremamente barato e já bastante seguro. Apesar de ser o instrumento que permitiu que o banho quente chegasse até as classes menos favorecidas, fazendo o ato do banho um ato de cidadania, também a que se ressaltar que representa um grande percentual do total de energia elétrica consumida no país. Sua potência é limitada. O máximo usual é de 5.4 KW, ou seja, 5.400 Watt. (APÊNDICE 2) Com potência limitada, o fluxo de água se auto limita, pois quanto mais água passa, menor será a temperatura obtida. Portanto, o chuveiro elétrico é um indutor para a economia de água. O fluxo de água de um chuveiro elétrico é baixo, em média, de 3,0 litros a 3,5 litros de água por minuto. Também representa um excelente conversor de energia da 54 eletricidade em calor. Estudos revelam que 95% da energia consumida é transferida como calor á água. 4.2 Métodos O presente estudo propõe a análise da viabilidade econômica, através de duas alternativas: implantação do aquecedor de água por energia solar em plástico ou do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), determinando qual é a melhor alternativa econômica através dos métodos de investimentos, considerando os custos de implantação e os benefícios esperados. Posteriormente, conhecida a melhor alternativa, confrontar o seu custo com o benefício na redução do consumo de energia elétrica, determinando a sua viabilidade econômica, enquanto mecanismo de substituição do aquecimento convencional (chuveiro elétrico). O presente estudo, toma por base, uma família com 4 pessoas, com um banho diário de 8 a 9 minutos cada, com consumo médio de 3,0 a 3,5 litros por minuto, o que determina a capacidade do reservatório de água quente de 110 litros.e a eventual utilização do sistema convencional (chuveiro elétrico) como complemento ao sistema de aquecimento por energia solar. Para o cálculo das duas alternativas quanto ao equipamento -aquecedor de água por energia solar em plástico ou aquecedor solar de baixo custo (ASBC) - o método utilizado é do custo atual líquido (CAL). A outra análise: comparação entre o sistema de aquecimento solar selecionado com o sistema de aquecimento convencional (chuveiro elétrico), está determinada através da análise comparativa e na determinação de indicadores de investimento, considerando os custos envolvidos nos dois modelos, comparado aos benefícios esperados na substituição do sistema convencional (chuveiro elétrico). Porém, necessário é, considerar o custo de manutenção e utilização deste sistema para que seja possível uma comparação com o sistema alternativo da energia solar. 55 4.2.1 Análise comparativa 4.2.1.1 Quilowatt-hora (Kwh) Um Quilowatt-hora (Kwh) é igual à quantidade de energia que é consumida quando uma resistência de 1000 Watt é acionada por uma hora. Para que seja possível interpretar esta relação em se tratando de aquecimento domestico de água, poderíamos exemplificar que um chuveiro, na posição inverno tem uma potência de 5.400 Watt, ou de 5,4 Quilowatt (kw). Caso este chuveiro fique ligado por 1 hora a energia consumida será de 5,4 Kw x 1 hora = 5,4 Kwh; ou seja, Kw vezes número de horas resulta em Kwh. Como exemplo, no interior do Estado de São Paulo, o custo é de, aproximadamente, R$ 0,384 por Kwh (dezembro/2004), preço cobrado pela concessionária CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz (APÊNDICE 3), incluindo a alíquota de 12% de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, considerando a classificação normal bifásico. Desta forma pode-se fazer o cálculo da despesa pela utilização do chuveiro elétrico por este período: 5,4 Kw x 1 hora x R$ 0,384 por Kwh Æ R$ 2,07, aproximadamente, só neste banho. 4.2.1.2 Quilo-Caloria (Kcal) Com esta nova unidade de medida, podemos calcular, de forma igual para todos, a energia que foi assimilada ou perdida pela água. 56 E(Kcal) = litros de água x ( temperatura final- temperatura inicial) A título de exemplo, pode-se encher um recipiente com água quente que vem de um chuveiro elétrico. Simultaneamente, nos interessa saber quantos quilo-calorias foram adicionadas à água fria, que veio da caixa de água ou da rede pública de abastecimento, ao passar pelo chuveiro. Para o cálculo, são necessárias as utilizações de um termômetro e um recipiente. Analisa-se a temperatura da água fria (antes de passar pelo processo de aquecimento pelo chuveiro elétrico). Para fins didáticos vamos assumir que esta temperatura seja de 24º C e que se considera ser a temperatura inicial. Posteriormente, aquece-se a água com a utilização do chuveiro elétrico. Novamente com a utilização de um termômetro e de um recipiente, coleta-se a temperatura desta água, a qual denomina-se temperatura final, e que para fins ilustrativos assume-se como sendo de 39º C. Também é necessário fazer o cálculo de ganho de temperatura por litro de água. Considerando que um litro de água pesa um quilograma (Kg), é possível determinar a quantidade de água através do peso, descontando o peso do próprio recipiente. Exemplificando, se considerar que a quantidade de água analisada for de 10 litros , tem-se que a energia adicionada á água: E(Kcal) = 10 litros x ( 39 Graus (temp. final) - 24 Graus (temp. inicial ) = E(Kcal) = 10 litros x (15 Graus) E = 150 Kcal 57 4.2.1.3 Relação entre Kwh e Kcal As bibliografias pesquisadas trazem que , 1 Kwh é igual a 860 Kcal. Portanto, esta nova informação pode ser aplicada à operação do enchimento do recipiente: Se o aquecimento da água do recipiente consumiu 150 Kcal, se 860 Kcal é igual a 1 Kwh, então por regra de três, poderemos calcular quantos Kwh foram consumidos neste aquecimento de água: (150 Kcal x 1 Kwh /860 Kcal )= 0,1744 Kwh Neste exemplo, pode-se calcular o custo da energia a ser paga por este aquecimento: Custo = 0,1744 Kwh x R$ 0,384 por Kwh Æ aproximadamente R$ 0,07 ou seja, aproximadamente, 7 centavos por esta operação, com a utilização de um chuveiro elétrico, considerando apenas 10 litros de água aquecida. A metodologia também é aplicada ao aquecimento da água provocado pelo coletor solar. 4.2.2 Prazo de retorno do investimento (pay-back) Este método é utilizado para determinar o prazo de retorno que se considera ser o espaço de tempo necessário para que os benefícios advindos de um investimento possam cobrir seus custos, considerados a uma adequada taxa de juros. O prazo de retorno consiste, portanto, na determinação de um prazo “n” em que os custos “C” igualam-se aos benefícios “B”, ou seja, quando C = B, ou ainda, quando: C – B = 0 58 Adotando-se a convenção de sinais, em que qualquer despesa (custo) tem sinal negativo e em que qualquer receita (benefício) tem sinal positivo, pode-se dizer que, conforme os instantes de tempo considerados para uma comparação de valores entre as alternativas, a expressão C – B pode equivaler a valor presente líquido (VPL), valor atual líquido (VAL) ou valor futuro líquido (VFL). Desta forma, pode-se afirmar que C – B = 0, pode equivaler a VPL = 0, VAL = 0 ou VFL = 0, conforme o instante considerado para a comparação de alternativas seja, respectivamente, inicial, periódica ou final. Quando são analisados os custos (C) e os benefícios (B) no instante inicial, o prazo de retorno “n” consistirá na determinação de “n” quando VPL = 0. 4.2.2.1 Comparação do prazo de retorno do investimento com a vida útil do bem A partir do momento em que se determina o prazo de retorno “n” do investimento, obtém-se um prazo necessário pelo qual um bem deve ser retido para cobrir os custos investidos, tomando-se em consideração uma adequada taxa mínima de juros. Se tal prazo de retorno “n” do investimento for menor que a vida econômica de um bem, podemos dizer que o bem “se paga” num prazo menor que a sua vida econômica. Logo, ele deve ser adquirido, se o prazo de retorno do investimento (pay-back) for menor que a vida econômica. Se, ao contrário “n” for maior do que a vida econômica do bem, concluí-se que ele não retorna o capital investido dentro do período compreendido como a sua vida econômica. Logo, ele não deve ser adquirido se o prazo de retorno do investimento (payback) for maior do que a vida econômica do bem. Dentro do conceito de vida útil do bem, também é importante analisar sob duas modalidades: vida útil real e contábil. Vida útil real, também denominada vida econômica, é o prazo de duração de um bem até ser alcançado o desgaste físico ou a obsolescência. Assim, dependendo das características de fabricação de um coletor solar, de acordo com a marca, o modelo e a 59 procedência, poderíamos dizer que, em média, a sua vida útil real seria de, suponhamos, 6 anos. Vida útil contábil é o prazo de duração de um bem até ser alcançado um prazo resultante da regulamentação oficial e utilizado para escrituração contábil, como sendo o do desgaste físico ou da obsolescência. No presente estudo, considerando uma determinada taxa de juros reinante, pode-se calcular o valor da anuidade, durante um prazo igual à vida econômica ou vida útil do bem. i (1 + i) n PMT = PV x ________________ (1 + i)n - 1 Também é possível encontrar a anuidade através da representação a seguir: PMT = PV (A/P, i, n) Onde: PMT = valor da anuidade PV = valor de aquisição do equipamento A/P = índice para se encontrar a anuidade, dado o valor presente i = taxa de juros reinante n = vida útil ou vida de serviço 4.2.3 Taxa interna de retorno (TIR) Este método da determinação da taxa interna de retorno (TIR), reflete o percentual que iguala as entradas com as saídas de recursos ao longo de toda a vida econômica 60 do projeto e que é determinada em certo momento do tempo, sendo usualmente utilizado o momento zero, ou seja, aquele em que se inicia o projeto. Para a avaliação de propostas de investimentos, o cálculo da TIR exige que se conheça o montante de dispêndio de capital e dos fluxos de caixa incrementais gerados exclusivamente pela decisão. Considerando que esses valores ocorrem em diferentes momentos, pode-se afirmar que a TIR, ao levar em conta o valor do dinheiro no tempo, representa na verdade a rentabilidade do projeto expressa em termos de uma taxa de juros equivalente periódica. Esta metodologia de cálculo pode ser expressa da seguinte forma: n I0 + ∑ j =1 Ij (1 + r ) j FC j n =∑ j =1 (1 + r ) j Onde: Io = montante do investimento no momento zero (início do projeto) Ij = montantes previstos de investimento em cada momento subseqüente r = taxa de rentabilidade equivalente periódica (TIR) FC = fluxos previstos de entradas de caixa em cada período de vida do projeto (benefícios de caixa) É evidente que a taxa interna de retorno é uma taxa implícita e está em função da forma como o fluxo de caixa se configura. Portanto ela reflete apenas uma taxa de desconto suportável pelo projeto, considerando a sua vida econômica. Porém, para se decidir pela aceitação ou não da alternativa econômica, é necessário comparar a taxa interna de retorno (TIR) encontrada pela metodologia apresentada anteriormente, com uma taxa referencial, a qual se denomina taxa mínima de atratividade (TMA). Esta taxa referencial e de comparação, reflete a taxa mínima aceitável para a decisão de se implementar o projeto. Deve contemplar algumas variáveis econômicas como: correção monetária, lucro, custo de oportunidade, risco, entre outras. 61 Também é possível considerar a TMA como sendo a taxa de juros média reinante no mercado e que poderia servir para uma comparação adequada entre dedicarse ao projeto ou, simplesmente, aplicar no mercado financeiro. Conclui-se pela aceitação ou não do projeto em função da comparação da taxa interna de retorno (TIR) com a taxa mínima de atratividade (TMA) se: TIR > TMA –> grande probabilidade de sucesso TIR < TMA –> grande probabilidade de insucesso Esta comparação não deve ser feita de forma inflexível, pois como tratase de expectativas, inúmeras variáveis devem ser contempladas e a decisão torna-se mais uma questão de “feeling”. 4.2.4 Valor presente líquido (VPL) Quando é necessário analisar uma determinada alternativa econômica para uma possível tomada de decisão, é possível se utilizar de alguns métodos de análises, especificamente tratando de valores monetários, como: a) método do valor presente líquido (VPL) b) método do valor futuro líquido (VFL) c) método do valor anual líquido (VAL) O método do valor presente líquido (VPL), também chamado método do valor atual líquido, tem como finalidade determinar um valor no instante considerado inicial, a partir de um Fluxo de Caixa formado de uma série de receitas e dispêndios. Em virtude de se usar freqüentemente a expressão Desconto ou Valor Descontado em uma operação onde se determina o Valor Presente Líquido, a taxa mínima de atratividade ou a taxa de juros envolvida recebe, muitas vezes, o nome de Taxa de Desconto. 62 O valor presente líquido (VPL) pode assim ser determinado: n VPL = [∑ j =i FC j (1 + K ) n ] − [I 0 + ∑ j j =i Ij (1 + K ) j ] Se a soma algébrica dos Valores Presentes dos Benefícios mais os Valores Presentes dos Custos for nula, isto é, se o Valor Presente Líquido do fluxo de Caixa for nulo, significa que os valores presentes dos benefícios são iguais aos valores presentes dos custos, ambos obtidos com a aplicação de uma taxa característica de juros que poderia ser, por exemplo, a Taxa Mínima de Atratividade. Embora o resultado nulo desta equação é conseguido com a aplicação da Taxa Interna de Retorno (TIR) que é a taxa implícita ao fluxo de caixa e que, na condição de taxa de desconto, iguala, no momento zero (inicial) todos os benefícios a valor presente com todos os dispêndios, também na mesma base (momento inicial). 63 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a análise comparativa da viabilidade econômica da utilização de coletores solar para aquecimento de água foram pesquisados os custos envolvendo as três alternativas selecionadas: aquecedor de água por energia solar em plástico, aquecedor solar de baixo custo (ASBC) e chuveiro elétrico. . Os resultados apresentados a seguir, demonstra a análise dos custos envolvendo cada uma das alternativas selecionadas para análise, comparando primeiro as duas alternativas quanto ao aquecimento por energia solar, determinando a melhor opção econômica e comparando-a ao sistema convencional. 5.1 Taxa Mínima de Atratividade (TMA) Para análise de alternativas econômicas é necessário comparar a sua rentabilidade esperada (benefício) com outras disponíveis no mercado e que se considera ser o custo de oportunidade por implementar uma determinada alternativa econômica em detrimento a outra. O critério utilizado foi compor uma cesta de indicadores financeiros e encontrar uma média ponderada sobre os mesmos. 64 Primeiramente encontra-se uma média aritmética simples entre os meses de novembro/2004 e dezembro/2004 e aplica-se um índice de ponderação, considerando a importância do índice na composição final da taxa. O Quadro 8 apresenta estes indicadores, os índices de ponderação e a média final ponderada. Quadro 8 - Média ponderada de alguns indicadores financeiros. ____________________________________________________________________________ INDICADORES NOV/2004 DEZ/2004 PONDERAÇÃO ÍNDICE PONDERADO IGP-M (FGV) 0,8200% 0,7400% 15% 0,1170% IGP-DI (FGV) 0,8200% 0,5200% 15% 0,1005% INPC (IBGE) 0,4400% 0,8600% 11% 0,0715% ICV (DIEESE) 0,8300% 0,5400% 11% 0,0754% IPCA (IBGE) 0,6900% 0,8600% 11% 0,0853% IPC (FIPE) 0,5600% 0,6700% 8% 0,0492% POUPANÇA 0,6152% 0,7412% 8% 0,0543% TR (BACEN) 0,1146% 0,2400% 8% 0,0142% SELIC (BACEN 1,2500% 1,4800% 13% 0,1775% __________________________________________________________________________________ MÉDIA PONDERADA 0,7449% ___________________________________________________________________________ Portanto, para fins de cálculos de atualizações de valores será adotada a Taxa de 0,7449% ao mês, o que corresponde a Taxa de 9,3143% ao ano, ou seja:. Taxa ao ano = (((((Taxa ao mês/100) + 1)12) – 1) x 100) Taxa ao ano = ((((0,7449/100) + 1)12) – 1) x 100) Taxa ao ano = 9,3143% 65 5.2 Custos do aquecedor de água por energia solar em plástico O Quadro 9 apresenta o custo de aquisição de alguns modelos de aquecedor de água por energia solar em plástico. Foram pesquisados equipamentos de similar eficiência e optou-se por aqueles modelos que apresentaram o menor valor de compra. A condição de pagamento é de 40% de entrada e o restante em três pagamentos mensais e iguais sem custo adicional no preço apresentado ou 5% para pagamento a vista. Quadro 9 – Custo de aquisição do aquecedor de água por energia solar em plástico. _________________________________________________________ __________________ modelo capacidade tipo de bóia acessório custo de aquisição 1 110 litros mecânica sem misturador R$ 779,67 2 110 litros mecânica com misturador R$ 889,26 3 110 litros eletrônica sem misturador R$ 4 110 litros eletrônica com misturador R$ 1.031,45 921,86 ____________________________________________________________________________ Os estudos foram realizados, tomando por base a alternativa mais econômica - modelo 1 - considerando o objetivo do presente trabalho que é tornar popular o sistema de aquecimento por energia solar. 66 5.2.1 Análise do custo de aquisição do aquecedor de água por energia solar em plástico Esta primeira análise, através do custo atual líquido (CAL), busca identificar a melhor opção de compra do equipamento selecionado, considerando a Taxa Mínima de Atratividade. A) COMPRA A PRAZO ENTRADA: R$ 311,88 PARCELA 1,, 2 e 3: R$ 155,93 (mensais) A Figura 21 apresenta uma demonstração visual, através do fluxo de caixa da operação. 0 -50 -100 -150 R$ -200 -250 -300 -350 1 2 3 4 FLUXOS DE CAIXA Figura 21 – Fluxo de caixa para aquisição do aquecedor de água por energia solar em plástico. 67 O método consiste em atualizar todos os custos para o momento do investimento inicial, ou seja, realizar a análise através do custo atual líquido (CAL). (1 + i) 1 - 1 (1 + i)n - 1 CAL = - Io - PMT1 x ______________ .- . . . - PMTn x _____________ i (1 + i) 1 i (1 + i) n onde: CAL = custo atual líquido Io = investimento inicial PMT = anuidades (parcelas) – na base dada i = taxa de juros reinante - na base dada n = prazo Portanto, (1 + 0,007449)1 -1 CAL = -311,88 - 155,93 x _______________________________ 0,007449 (1 +`0,007449)1 (1 + 0,007449)2 -1 - 155,93 x _______________________________ 0,007449 (1 +`0,007449)2 (1 + 0,007449)3 -1 - 155,93 x _______________________________ = - 772,78 0,007449 (1 +`0,007449)3 68 É apresentada a seguir, a metodologia utilizada na calculadora financeira HP12-C, para fins de cálculo do custo atual líquido (CAL), metodologia esta, que atualiza todos os valores futuros e os traz, considerando a taxa de juros reinante, também denominada como taxa mínima de atratividade (TMA), para o valor presente: CAL = 311,88 CHS CFo 155,93 CHS CFj 3 Nj 0,7449 _i_ NPV CAL = - 772,78 B) COMPRA A VISTA PREÇO FINAL = R$ 779,67 – 5% = R$ 740,69 Portanto, a melhor opção de compra da primeira alternativa analisada aquecedor de água por energia solar em plástico, é a compra a vista por R$ 740,69. O presente estudo considera não haver restrição de capital. Portanto a decisão de qual condição de compra é a mais recomendável, é tida, tomando por base o melhor preço de aquisição analisado na condição de pagamento a vista. 69 5.3 Custos do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) Foram pesquisados os preços dos componentes em três lojas de materiais de construção e casas especializadas, sendo que foi determinado um preço médio. O levantamento dos componentes foi dividido em três blocos: primeiro os custos envolvendo os componentes para a montagem dos coletores solar, na seqüência os custos envolvendo as ferramentas necessárias e os complementos e finalmente os custos que envolvem a montagem do reservatório. O dimensionamento do coletor solar foi realizado para que esta alternativa tivesse a mesma área de coletor do que a primeira apresentada – aquecedor de água por energia solar em plástico, permitindo desta forma, uma comparação nas mesmas condições de absorção solar. 5.3.1 Análise do custo de aquisição do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) Nesta segunda alternativa econômica, como o equipamento estudado – aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – não encontra-se disponível no mercado para ser adquirido, é necessário fazer um levantamento dos valores que envolvam as aquisições de componentes necessários para a montagem deste tipo de equipamento. Por tratarem-se de componentes populares, de baixo custo, é possível encontrá-los em lojas que comercializam materiais de construções ou em lojas similares. A proposta da utilização de materiais alternativos visa tornar o equipamento mais barato e acessível a todos aqueles que buscam formas mais econômicas de geração de energia para o aquecimento de água. Quanto a eficiência do equipamento ora analisado, é parte integrante deste estudo. O Quadro 10 apresenta os valores envolvidos na aquisição dos componentes para a montagem do aquecedor solar de baixo custo (ASBC). 70 Quadro 10 – Custos de aquisições dos componentes para a montagem do aquecedor solar de baixo custo (ASBC). ____________________________________________________________________________ QTDE 0,70m 1,4m 02 01 02 01 03 02 01 01 01 01 01 01 01 02 01 01 08 01 01 01 02 03 01 0,20m 01 1m 2m2 DESCRIÇAO Placa de forro de PVC alveolar modular 1,25 x 0,62m Dutos de PVC marrom 32 mm (ext) e 700 mm de comprimento Luvas soldáveis de PVC marrom 32mm Adaptador de PVC marrom 32 mm x 1” Joelhos 90º de PVC marrom soldáveis de 32 mm Cap PVC branco com rosca de 1” Caps de PVC marrom de 32 mm Placa EPS Metro de bambu Ferro de solda Pincel 2” Espátula flexível com ponta arredondada Serra de extremidade livre Lixa 120 Araldite 24h – 20 gr/placa Fita crepe Esmalte sintético preto fosco Tábua plana de 80 x 15 cm Pregos de 4 cm Lápis Régua de 70 cm Caixa de cimento-amianto 120 lts Adaptadores soldáveis com flanges e anel de 32 mm Conjuntos de adaptadores com flanges de 25 mm Torneira de bóia com saída para mangueira Duto de 4” Bóia de plástico do pescador Eletroduto flexível amarelo Filme de PVC (lona de caminhão) TOTAL PREÇO R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 20,00 3,80 1,40 0,70 1,70 1,10 2,25 5,50 2,30 21,00 2,00 0,50 2,40 0,80 15,10 5,40 3,50 2,90 0,60 0,40 7,00 42,00 17,00 17,50 5,00 1,20 4,00 1,10 2,80 R$ 190,95 ____________________________________________________________________________ 71 5.4 Análise comparativa da eficiência dos dois modelos apresentados Considerando que os custos foram determinados, é necessário calcular a eficiência apresentada pelos dois modelos. Esta comparação é necessária, considerando que existe uma grande diferença nos custos de implantação das alternativas. Utilizando a metodologia da comparação entre os resultados apresentados pelo aquecedor de água por energia solar em plástico e o aquecedor solar de baixo custo (ASBC), é possível determinar aquele que apresenta uma melhor eficiência técnica e desta forma, determinar a melhor relação custo/benefício. Os resultados apresentados, são médias de várias pesquisas obtidas em diversas coletas durante os meses de outubro e novembro de 2004, na cidade de Agudos, interior do Estado de São Paulo, utilizando para tanto um termômetro industrial, marca Alpax, com escala interna, capilar prismático, corpo de 235+-3 xdiam, de 19,5 mm, fechamento redondo, com presilha na parte inferior e rolha na superior e haste opcional de 100 mm. O Quadro 11 mostra os resultados obtidos com o aquecedor de água por energia solar em plástico e o aquecedor solar de baixo custo (ASBC). Quadro 11 – Comparação entre o aquecedor de água por energia solar em plástico e o aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – temperaturas em graus Celsius. ____________________________________________________________________________ TIPO / HORA 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 16:00 17:00 MÉDIA aquecedor de água por energia solar em plástico 26 29 34 39 41 41 42 41 40 37,00 Gradiente de temperatura 3 5 9 12 14 14 16 15 15 11,44 aquecedor solar de baixo custo (ASBC) 23 25 29 34 38 38 38 35 33 32,56 Gradiente de temperatura 0 1 4 7 11 11 12 9 8 7,00 23 24 25 27 27 27 26 26 25 25,56 temperatura ambiente ____________________________________________________________________________ 72 Os resultados apresentados para as diversas situações durante os meses de outubro de novembro de 2004, determinam um valor médio de temperatura no reservatório do aquecedor de água por energia solar em plástico de 37º C, enquanto que para o aquecedor solar de baixo custo (ASBC) obteve-se 32,56º C, conforme os dados apresentados no Quadro 11, que também traz o gradiente de temperatura relativamente ao ambiente. As Figuras 22 e 23 mostram para diversas horas do dia a diferença ente a temperatura da água no interior do reservatório dos modelos pesquisados e a temperatura ambiente e as suas respectivas gradientes de temperatura em graus Celsius.. 45 GRAUS CELSIUS 40 A QUECEDOR SOLA R EM P LÁ STICO 35 30 25 A QUECEDOR SOLA R DE B A IXO CUSTO 20 15 10 TEM P ERA TURA A M B IENTE 5 :0 0 17 :0 0 16 :0 0 15 :0 0 14 :0 0 13 :0 0 12 :0 0 11 :0 0 10 09 :0 0 0 HORARIO Figura 22 – Influência da hora do dia na temperatura da água dos reservatórios térmicos. 73 17:00 16:00 HORARIO 15:00 14:00 13:00 12:00 AQUECEDOR SOLAR DE BAIXO CUSTO 11:00 AQUECEDOR SOLAR EM PLÁSTICO 10:00 09:00 0 5 10 15 20 GRAUS CELSIUS Figura 23 – Comparação da gradiente de temperatura entre os dois modelos analisados A Figura 24 mostra a influência da hora do dia no gradiente de 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 AQUECEDOR SOLAR EM PLÁSTICO 17 :0 0 16 :0 0 15 :0 0 14 :0 0 13 :0 0 12 :0 0 11 :0 0 AQUECEDOR SOLAR DE BAIXO CUSTO 10 :0 0 09 :0 0 GRAUS CELSIUS temperatura entre as águas dos reservatórios térmicos e o ambiente. HORARIO Figura 24 – Influência da hora do dia na gradiente de temperatura entre as águas dos reservatórios térmicos e o ambiente. 74 Os resultados obtidos mostram que no início do dia a temperatura da água no interior do reservatório térmico do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), encontrava-se em equilíbrio com o meio ambiente. Isto porque o isolamento térmico não foi suficiente para minimizar as perdas do calor durante a noite, fato este que é minimizado no aquecedor de água por energia solar em plástico, que logo na primeira hora da coleta dos dados, apresentou em média um gradiente de temperatura de 3º C entre a água no interior do reservatório e o ambiente. A partir das dez horas, começa a se observar no aquecedor solar de baixo custo (ASBC) um gradiente de temperatura na água do reservatório que se intensifica atingindo um máximo por volta das quinze horas na faixa de 12º C, enquanto que no aquecedor solar em plástico o gradiente de temperatura chega a um máximo de 16º C no mesmo horário (quinze horas). Há que se observar que as curvas de temperaturas registradas nos reservatórios, tanto do aquecedor de água por energia solar em plástico quanto no aquecedor solar de baixo custo (ASBC), apresentam, em alguns momentos, o mesmo comportamento, ainda que defasadas por alguns graus, levando-se em consideração as características técnicas de cada alternativa estudada. Também pode ser observado que as últimas coletas demonstram uma perda de eficiência maior no aquecedor solar de baixo custo (ASBC), justificado pelo seu sistema de isolamento térmico ser menos eficiente se comparado ao aquecedor de água por energia solar em plástico. Portanto o critério para determinação da melhor alternativa, é realizado considerando o custo de implantação do modelo, comparado à sua gradiente média de temperatura, levando-se em conta que a vida econômica (6 anos) e os custos de manutenção das duas alternativas, são absolutamente iguais e a sua eficiência está igual ou acima do mínimo aceitável pelo usuário. A vida econômica das alternativas estudadas está fixada de acordo com as informações técnicas pesquisadas. O resumo dos dados levantados está apresentado no Quadro 12. 75 Quadro 12 – Comparativo de custo por gradiente de temperatura. ____________________________________________________________________________ ALTERNATIVA CUSTO DE GRADIENTE DE CUSTO POR IMPLANTAÇAO TEMPERATURA GRADIENTE Aquecedor de água por energia Solar em plástico R$ 740,69 11,44º C R$ 64,75 R$ 190,95 7,00º C R$ 27,28 Aquecedor solar de baixo custo (ASBC) ____________________________________________________________________________ Conforme se observa o custo por gradiente de temperatura no aquecedor de água por energia solar em plástico está em R$ 64,75 enquanto que no aquecedor solar de baixo custo (ASBC) está em R$ 27,28, ou seja 57,87% abaixo do custo apresentado na primeira alternativa. Portanto, considerando que o resultado obtido na elevação da temperatura da água da alternativa do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) seja suficiente para manter o conforto térmico de seus usuários, esta se caracteriza como a que possui a maior probabilidade de ser a mais econômica entre as duas apresentadas. A vida econômica da alternativa selecionada (aquecedor solar de baixo custo – ASBC) está estimada em 6 anos. Na seqüência, são analisados os custos de aquisição e manutenção do sistema convencional de aquecimento de água (chuveiro elétrico) para se determinar a continuidade ou não da viabilidade econômica da alternativa selecionada entre as duas, preliminarmente, analisadas. 76 5.5 Custos de aquisição e manutenção do sistema convencional (chuveiro elétrico) O Quadro 13 apresenta os custos que envolvem a implantação e manutenção de um sistema convencional para o aquecimento de água (chuveiro elétrico). Estudos revelam que a vida econômica média de um chuveiro elétrico é de 620 horas. Portanto, para 4 pessoas com banho médio diário de 8,5 minutos cada, durante os 365 dias do ano, tem-se uma vida econômica de 3 anos. Quadro 13 – Custo de aquisição e manutenção do sistema convencional (chuveiro elétrico) ____________________________________________________________________________ tipo de custo valor aquisição (valor médio) de um chuveiro elétrico (5.400 Watt) R$ 20,00 manutenção anual (910 Kw) x R$ 0,384 R$ 349,44 ____________________________________________________________________________ 5.6 Análise da viabilidade econômica da substituição do sistema convencional do aquecimento de água (chuveiro elétrico) pelo aquecedor solar de baixo custo (ASBC) Com base nos dados levantados para a implantação dos dois projetos, demonstrados no Quadro 14, pode-se determinar, através dos métodos de investimentos definidos, a viabilidade econômica ou não, da substituição do sistema tradicional de aquecimento de água (chuveiro elétrico) pelo aquecimento solar de baixo custo (ASBC). Como a eficiência das duas alternativas é diferente, pois o aquecedor solar de baixo custo (ASBC) possui uma gradiente de temperatura média de 7º C, enquanto que o sistema de aquecimento tradicional (chuveiro elétrico) é de 16,5º C, foi encontrado um 77 custo adicional no sistema de aquecimento solar de baixo custo (ASBC) de R$ 201,19 que seria traduzido como o consumo de energia elétrica necessária para igualar a eficiência dos dois modelos em se considerando a gradiente de temperatura. Este valor é determinado considerando que a eficiência do aquecedor solar de baixo custo (ASBC) é, aproximadamente, 58% menor em se tratando da gradiente de temperatura apresentada pelo sistema tradicional (chuveiro elétrico). Também pode-se observar que como a vida econômica do chuveiro elétrico è de aproximadamente 620 horas (3 anos), metade da vida econômica do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), no início do quarto ano, inicia-se o segundo ciclo da outra alternativa econômica (chuveiro elétrico), sendo registrado o custo pela aquisição de um novo equipamento (R$ 20,00). O método utilizado é o do custo/benefício, ou seja, qual o benefício esperado, através da redução de custo na utilização de energia elétrica, com a implementação do sistema de aquecimento solar de baixo custo (ASBC) Quadro 14 – Custos para implantação de alternativas para o aquecimento de água. ____________________________________________________________________________ AQUECEDOR SOLAR DE CUSTOS / BAIXO CUSTO ELÉTRICO Investimento inicial R$ 190,95 R$ 20,00 Ano 1 R$ 201,19 R$ 349,44 Ano 2 R$ 201,19 R$ 349,44 Ano 3 R$ 201,19 R$ 349,44 Ano 4 R$ 201,19 R$ 369,44 Ano 5 R$ 201,19 R$ 349,44 Ano 6 R$ 201,19 R$ 349,44 Valor residual PROJETO CHUVEIRO - - ____________________________________________________________________________ 78 As Figuras 25 e 26 apresentam os fluxos de caixa das duas alternativas analisadas. ASBC -184,00 -186,00 -188,00 -190,00 R$ -192,00 -194,00 -196,00 -198,00 -200,00 -202,00 Io 1 2 3 4 5 6 ANO Figura 25 – Fluxo de caixa – aquecedor solar de baixo custo (ASBC). CHUVEIRO 0,00 -50,00 -100,00 -150,00 R$ -200,00 -250,00 -300,00 -350,00 -400,00 Io 1 2 3 ANO Figura 26 – Fluxo de caixa – chuveiro elétrico. 4 5 6 79 O Quadro 15, resume o fluxo líquido de caixa, quando comparadas as duas alternativas econômicas. Quadro 15 – Fluxo líquido de caixa. ____________________________________________________________________________ Investimento Inicial R$ 190,95 Ano 1 R$ 148,25 Ano 2 R$ 148,25 Ano 3 R$ 148,25 Ano 4 R$ 148,25 Ano 5 R$ 148,25 Ano 6 R$ 148,25 ____________________________________________________________________________ A Figura 27 apresenta o fluxo líquido de caixa, base para a comparação da viabilidade econômica para a substituição do sistema de aquecimento tradicional (chuveiro elétrico) pelo aquecimento solar de baixo custo (ASBC). 150 100 50 0 R$ -50 -100 -150 -200 Io 1 2 3 ANO Figura 27 – Fluxo líquido de caixa. 4 5 6 80 5.6.1 Prazo de retorno (pay-back) Para o cálculo do PB - prazo de retorno (pay-back), se utiliza o fluxo líquido de caixa comparado ao investimento inicial, determinando em quanto tempo o valor do investimento inicial é recuperado pela economia realizada pela não utilização de outra alternativa. PB Æ Io + FC1 + FC2 + . . . + FCn = 0 PB Æ -R$ 190,95 + R$ 148,25 + (R$ 42,70 / R$ 148,25) = 0 PB = 1,288027 anos PB = 1 ano, 3 meses e 14 dias Ou seja, em aproximadamente 16 meses, decorridos 21,5% da vida econômica da alternativa do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), estimada em 6 anos, a economia realizada pela não utilização da outra alternativa (utilização somente do chuveiro elétrico) promove o retorno do investimento realizado. Destaca-se que mesmo com a utilização complementar do chuveiro elétrico para buscar o equilíbrio entre a gradiente de temperatura entre as duas alternativas, o prazo de retorno de 21,5% da vida econômica da alternativa do aquecedor solar de baixo custo é bastante viável. 5.6.2 Taxa interna de retorno Para o cálculo da taxa interna de retorno, que vai determinar qual é a rentabilidade que está implícita na alternativa analisada de acordo com o fluxo de caixa apresentado, a metodologia utilizada está apresentada a seguir. 81 n I0 + ∑ j =1 Ij (1 + r ) j n =∑ j =1 FC j (1 + r ) j Através da calculadora financeira HP-12C, também é possível encontrar a taxa interna de retorno (TIR), que no teclado desta mesma calculadora é identificada pelas iniciais IRR – internal return rate: TIR = 190,95 CHS CFo 148,25 CFj 6 Nj IRR TIR = 74,93% ao ano Esta taxa interna de retorno de 74,93% ao ano, está muito acima do mínimo esperado e que foi definida como a taxa mínima de atratividade (TMA). Quando na determinação da taxa mínima de atratividade (TMA) obtevese uma taxa esperada de, no mínimo, 0,7449 ao mês que equivale a 9,3143% ao ano, considerando o princípio da capitalização (juros compostos).. Portanto, é uma alternativa que apresenta uma rentabilidade muito acima do mínimo esperado. Esta conclusão é corroborada pelo retorno rápido do investimento realizado. 82 5.6.3 Valor presente líquido Também podemos representar o cálculo para se determinar o valor presente líquido (VPL) da seguinte forma: n VPL = [∑ j =i FC j (1 + K ) n ] − [I 0 + ∑ j j =i Ij (1 + K ) j ] Onde FCj representa o fluxo de caixa (benefício e/ou custo) do período; I0 o investimento processado no momento zero; Ij o valor do investimento previsto em cada período subseqüente; K a taxa de desconto do projeto, sendo representada pela rentabilidade mínima – taxa mínima de atratividade (TMA) . R$ 148,25 VPL = - R$ 190,95 + R$ 148,25 _______________ + _______________ + (1 + 0,093143)1 (1 + 0,093143)2 R$ 148,25 R$ 148,25 _______________ + _______________ + (1 + 0,093143)3 R$ 148,25 (1 + 0,093143)4 R$ 148,25 _______________ + _______________ = R$ 467,90 (1 + 0,093143)5 (1 + 0,093143)6 83 Utilizando a calculadora financeira HP-12C, através da tecla NPV – net present value, pode-se calcular o valor presente líquido (VPL): VPL = 190,95 CHS CFo 148,25 CFj 6 Nj 9,3143 i NPV VPL = R$ 467,90 Este valor reflete o resultado financeiro, a valor presente, pela implementação da alternativa do aquecedor solar de baixo custo se comparado ao sistema tradicional (chuveiro elétrico). O valor positivo apresentado é justificado porque a alternativa econômica analisada retorna o capital investido num curto espaço de tempo e possui uma taxa interna de retorno muito acima do mínimo esperado. Deve-se observar que, o resultado financeiro a valor presente, se considerarmos os 6 anos de vida econômica da alternativa, é de aproximadamente 245% do capital investido. Também há que se destacar que o resultado financeiro a valor presente não será traduzido por um ganho financeiro, mas demonstra a economia realizada, ao longo da vida econômica da alternativa estudada, pela implementação deste projeto se comparado ao sistema convencional de aquecimento de água (chuveiro elétrico). 84 6. CONCLUSÕES Os resultados obtidos através da análise comparativa da viabilidade econômica da utilização de coletores solar para aquecimento de água, permitiram as seguintes conclusões: As curvas de temperaturas observadas nos dois reservatórios dos sistemas de aquecimento de água por energia solar apresentaram, em média, o mesmo comportamento, embora fossem observados alguns graus a menos no sistema de aquecimento solar de baixo custo (ASBC), cuja diferença se acentuava no final do dia. A análise econômico-financeira entre os dois sistemas de aquecimento, provou que, embora o aquecedor solar de água por energia solar em plástico seja, tecnicamente, mais eficiente, tendo uma gradiente média de temperatura de 11,44º C, enquanto que a outra alternativa – aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – apresentou uma gradiente média de temperatura de 7º C, seu custo de implantação (R$ 740,69) é, significante maior (288%), comparado ao outro investimento realizado (R$ 190,95). A maior eficiência quanto à transferência de calor do sistema de aquecimento de água por energia solar em plástico, em média 63% maior se comparada ao aquecedor solar de baixo custo, não justifica a diferença do investimento inicial, optando-se pelo aquecedor solar de baixo custo (ASBC). 85 Para os indivíduos que não possuem serviço de fornecimento de energia elétrica, recomenda-se a implantação do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), considerando o seu bom desempenho econômico e seu custo menor se comparado a outra alternativa (aquecedor de água por energia solar em plástico). Quanto à comparação dos sistemas de aquecimento solar – aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – com o sistema tradicional de aquecimento de água (chuveiro elétrico) - ficou provado que, economicamente, o valor investido para a montagem do sistema alternativo é recuperado em um prazo reduzido (aproximadamente 15 meses), mesmo considerando o uso complementar do sistema de aquecimento tradicional (chuveiro elétrico). Considerando a vida econômica da alternativa selecionada de 6 anos, o retorno em 15 meses do investimento realizado, pode ser interpretado como aceitável. Foi calculada uma taxa interna de retorno (TIR) de 74,93% ao ano, que garante um retorno muito superior a taxa mínima de atratividade (TMA) definida de 9,31% ao ano. Esta rentabilidade se traduz no benefício gerado pela substituição parcial do sistema de aquecimento de água tradicional (chuveiro elétrico) pelo aquecedor solar de baixo custo (ASBC). O valor presente líquido (VPL) foi calculado em R$ 467,90 e traduziu os bons indicadores financeiros apresentados anteriormente. Este valor reflete a economia realizada ao longo da vida econômica do projeto (6 anos) pela utilização do sistema tradicional de aquecimento de água (chuveiro elétrico) apenas como complemento para o processo. Portanto, considerando os resultados obtidos, pode-se concluir que a instalação de um aquecedor solar de baixo custo (ASBC) se traduz em uma alternativa viável, tanto para aquelas pessoas que estão afastadas dos centros urbanos e que não possuem o fornecimento de energia elétrica, quanto para aquelas, que mesmo possuindo o fornecimento de energia elétrica , podem se utilizar desta alternativa para reduzir, significativamente, seus custos envolvidos com o aquecimento de água com a finalidade do banho. 86 Desta forma, o uso do aquecedor solar de baixo custo (ASBC), para aquecimento de água para banho, eventualmente combinado com o sistema tradicional de aquecimento de água (chuveiro elétrico) é uma boa alternativa econômica. Que justifica a sua implementação. 87 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAVA, Introdução a aquecedores solar. In: O aquecedor solar de água para o setor elétrico e para o usuário final. São Paulo, 1996. CENSOLAR. Formação técnica em energia solar. Disponível em: http://www.censolar.es/menu0.htm. Acesso em 21 dez. 2004. CLEMENTE, A. (organizador). Projetos empresarias e públicos. 2. Ed. São Paulo, Editora Atlas S A , 2002. COMPTON´S INTERACTIVE ENCYCLOPEDIA. Disponível em: http://www.magazinemagazines.net/comptons-interactive-encyclopedia. Acesso em 12 ago 2004. DOWSLEY, G. & DOWSLEY, C. Origens e aplicações de recursos e economia financeira. 1. Ed. Rio de Janeiro. Editora LTC, 1983. EHRLICH, P. J. Engenharia Econômica, 4a. Ed. São Paulo, Editora Atlas S A, 1986. GROPELLI, A A & NIKBAKHT, E. Administração Financeira. 3. Ed. São Paulo, Editora Saraiva, 1998. 88 HILL, C. & GRIFFITHA, W. & JUDGE, G. Econometria. 1. Ed. São Paulo. Editora Saraiva, 1999. HIRSCHFELD, H. Engenharia Econômica. 3. Ed. São Paulo. Editora Atlas S A, 1986. HOJI, M. Administração Financeira – uma abordagem prática. 1. Ed. São Paulo. Editora Atlas S A, 1999. HUMMEL, P. R. V. & TASCHNER, M. R. B. 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BAE unicamp, Campinas-SP Brasil, 2001. 89 SOCIEDADE DO SOL. Aquecimento de água – formas tradicionais e comparação com aquecimento solar. Disponível em: http://www.sociedadedosol.org.br. Acesso em 22 set. 2004. SOLETROL. A utilização do aquecedor solar no Brasil. Disponível em: http://www.soletrol.com.br. Acesso em 24 set. 2004. UNIPAC. Manual de instalação do aquecedor de água por energia solar em plástico. Disponível em: http://www.unipac.com.br. Acesso em 20 out. 2004. VIEIRA SOBRINHO, J. D. Matemática financeira. 1. Ed. São Paulo, Editora Atlas S A, 1995. WOELZ, A. T. Aquecedor solar de baixo custo (ASBC) – uma alternativa custo-efetivo. Apostila editada pelo IPEN/CIETECUSP, 2004. WOILER, S. & MATHIAS, S. F. Projetos – planejamento, elaboração e análise. 1. Ed. São Paulo. Editora Atlas S A, 1996. 90 APÊNDICE 1 Irradiação solar em algumas cidades do Estado de São Paulo Seguem os principais dados da irradiação solar, encontrados em algumas localidades do Estado de São Paulo, cedidos pela equipe do Procell da Eletrobrás. Detalhes da Planilha Lat. = Latitude: Informação: Latitudes iguais formam linhas paralelas ao equador A latitude do equador é de zero graus A latitude do polo sul é de (90,00) graus E como exemplo, a latitude de S. Paulo é de (23,55) graus Parênteses ( ) indica que o número é negativo Latitudes acima do equador são consideradas como positivas. Latitudes abaixo do equador são consideradas como negativas. Long. = Longitude. Informação: Longitudes iguais formam linhas que circundam o planeta, passando sempre pelos dois pólos, norte e sul. São linhas ortogonais às linhas representadas pelas latitudes que são sempre paralelas ao equador. 91 Cada linha de longitude "divide" o planeta em duas metades iguais. Longitude zero graus é uma linha que cruza a cidade de Greenwich na Inglaterra. Os graus das Longitudes crescem partindo de Greenwich à esquerda. Estes graus dão a volta à terra e quando chegam de novo a Greenwich totalizam 360 graus. A Longitude de um local, mantendo-se a Latitude constante, não tem influência na posição do sol. Isto é, para efeito da análise de posição mais produtiva dos coletores, a longitude não precisa ser levada em consideração. A latitude pode dar uma idéia aproximada da irradiação, oferecendo diretrizes da inclinação dos coletores. A longitude não influencia a energia solar incidente, não sendo importante para a posição dos coletores. As condições físicas e atmosféricas locais, são os verdadeiros balizadores da energia solar que poderá ser aproveitada. A localidade representa a cidade escolhida para a análise da irradiação local. As colunas de meses de janeiro a dezembro apresenta sua irradiação diária, como média mensal, em Kwh por metro quadrado de área plana. A média é a irradiação média anual (dos meses de janeiro a dezembro), por dia e por metro quadrado plano Estas informações de irradiação são os resultados de muitos anos, às vezes décadas, de cuidadosas medidas em estações meteorológicas. 93 2 Selo de consumo de energia - chuveiro elétrico 94 3 Nota fiscal – conta de energia elétrica – CPFL Companhia Paulista de Força e Luz