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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA NOVA DINÂMICA
SOCIOCULTURAL
ROGÉRIO FERNANDES DA COSTA1
Resumo:
A Tecnologia da informação possibilita a interação com a informação e as
transmissões em rede encurtam as distâncias geográficas a ponto de torná-las
insignificantes. Segundo Ianni (1996, p.169) “... o sujeito do conhecimento não
permanece no mesmo lugar, deixando que seu olhar flutue por muitos lugares,
próximos e remotos, presentes e pretéritos, reais e imaginários”. O
desenvolvimento de programas educativos apoiados em multimídia possibilita o
processo de desterritorialização2.
Palavras-Chave: T.I, Multimídia, Sociocultural, Ensino a Distância.
Abstract:
The Information Technology enables the interaction with the information and
broadcasting network shortens geographical distances as to render them
meaningless. According to Ianni. (1996, p.169) "... the subject of knowledge
does not stay in one place, letting his gaze float for many places, near and
remote, present and past tenses, real and imagined". The development of
educational programs supported by multimedia enables the process of
deterritorialization.
Keywords: T.I, Multimedia, Sociocultural, Distance Learning.
1. INTRODUÇÃO
No processo de aprendizagem, o subsídio dos mecanismos TIC’s3 existentes tem
contribuído ao longo dos anos para a formação de um espaço democrático do saber,
fomentando, desta forma, o aproveitamento da inteligência coletiva na implementação
1
Especialista em Gestão de Projeto; docente na ETEC Diadema.
2
Conceito proposto pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari
3
Tecnologias de Informação e Comunicação
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de metodologias interativas objetivando a circulação do conhecimento e a construção de
práticas pedagógicas mais flexíveis. A apropriação consciente e criativa desses meios
tem acelerado a quebra de paradigmas na forma de ensinar e de aprender, permitindo
que o indivíduo assuma um papel de agente ativo na construção do próprio
conhecimento. De acordo com Freire (1981, p.79), “Ninguém educa ninguém, ninguém
educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediados pelo mundo”.
Vivemos em uma sociedade já modelada pelas tecnologias, voltada para a
informação e para os meios de comunicação. Neste cenário, um número cada vez maior
de pessoas se utiliza de recursos multimídias e da internet para interação e elemento
facilitador nos processos de aprendizagem.
O objetivo deste artigo é a busca da compreensão dessa nova dinâmica complexa
e sofisticada, tendo como base o fator regionalismo, a necessidade da expansão da
oferta de educação e o papel da Internet na construção da consciência social que vem
proporcionando profundas transformações nas relações humanas acelerando o processo
de desterritorialização.
2. INFORMÁTICA APLICADA À EDUCAÇÃO – AMBIENTES VIRTUAIS
A união dos recursos da informática aliada ao desenvolvimento de projetos
interdisciplinares e cooperativos deu início a uma nova área de estudos, a informática aplicada
à educação. Esta junção possibilita a transmissão do conhecimento de forma mais
atraente e dinâmica.
A implantação de novas tecnologias de suporte à educação faz com que o aluno tenha
maior interesse e motivação para buscar a informação desejada. Ao incorporar aos textos
imagens, gráficos, som e vídeo, muitos dos sentidos do usuário são estimulados, permitindo,
assim, uma melhor observação de forma simultânea a um número maior de
informações, havendo assim, uma mudança no paradigma da educação organizada,
sintetizada, hierarquizada (dedutiva, sequencial, quantificável) para um modelo interativo,
intuitivo e multissensorial.
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Do ponto de vista da estratégia didática, a informática aplicada à educação pode
ajudar de uma forma geral, aumentando a capacidade cognitiva e principalmente
aproximando a informação dos alunos, possibilitando a interação e o estudo dos
assuntos ministrados em horários e locais diferentes, provocando, desta maneira, uma
ruptura no modelo tradicional hierarquizado onde o professor é o detentor do saber e o
aluno é um agente passivo do conhecimento (relação vertical). Esta metodologia
proporciona aos integrantes um aprendizado colaborativo que pode ser mediado através
de ferramentas de comunicação disponibilizadas pelos ambientes virtuais (AVA). A
Universidade de Évora em Portugal compartilha desta visão através de material
disponibilizado pelo site do Centro de Competências TIC (Núcleo Minerva).
A aprendizagem colaborativa assistida por computador (CSCL Computer
Supported Collaborative Learning) pode ser definida como uma estratégia
educativa em que dois ou mais sujeitos constroem o seu conhecimento
através da discussão, da reflexão e tomada de decisões, e onde os recursos
informáticos atuam (entre outros...) como mediadores do processo de ensinoaprendizagem. (Núcleo Minerva, 2000)
A figura1 representa o processo de aprendizagem colaborativa CSCL
Figura1: Computer-supported collaborative learning
Fonte Adaptada: baseada em Stahl, G., Koschmann, T., & Suthers, D. (2006).
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A convergência e integração de tecnologias nos últimos 20 anos têm modificado
profundamente todas as dimensões de nossa vida. Dentre estas, destaca-se a Internet,
que nos possibilitou muito mais mobilidade, ou seja, a possibilidade de realizar
atividades ou tarefas sem necessariamente ir a um lugar determinado. O aumento da
velocidade que as transmissões em rede vêm adquirindo atualmente encurta as
distâncias geográficas a ponto de torná-las insignificantes. Neste cenário, a integração
das mídias na internet tem provocado mudanças profundas na interatividade entre as
pessoas. Isto se reflete na educação presencial e a distância permitindo, dentre outras
coisas, comunicação instantânea, criação e integração de grupos de estudos,
desenraizando o conceito de ensino-aprendizado temporalizado e localizado.
É indiscutível a importância da Internet no âmbito sociocultural, mas para uma
melhor compreensão de sua abrangência e possibilidades a serem ainda exploradas,
devemos ir além do ponto de vista do mero acesso a informação. De acordo com
Almeida (2001), as mídias contribuem para a formação de comunidades de
aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação, a
formação continuada, a gestão administrativa, pedagógica e de informações.
A potencialidade de disseminação de conteúdo resultante da evolução da web
1.0 para 2.0 não teve como base novas tecnologias, mas sim novos conceitos de
usabilidade, centrados nos usuários e serviços ofertados a estas pessoas pelas empresas,
sendo que o usuário, no sentido de interação, passou de um “passivo” observador a um
produtor e consumidor de conteúdo, algo até então, exclusivo a especialistas.
Assim passamos a incorporar estes recursos em nossas vidas, de forma bem
transparente, sem que precisemos conhecer suas características técnicas.
Precisamos apenas escolher os recursos que melhor se adequem às nossas
necessidades de comunicação, de acesso a informação, de lazer e de
aprendizado, sendo este processo dinâmico, pois cada vez existem mais
recursos disponíveis no nosso entorno. (SILVA, 2009, p.27)
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O próximo passo evolutivo da internet, a web 3.0 ou web semântica busca tornar
a pesquisa de dados mais fácil, proporcionando um cenário de comunicação,
participação e colaboração ainda mais ágil.
3. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO X SOCIEDADE DO CONHECIMENTO
No Brasil, a adoção de políticas para o estabelecimento de uma Sociedade da
Informação remonta ao século passado. Sua prioridade está atrelada ao planejamento e
desenvolvimento de tecnologias nacionais que levem em consideração as realidades
socioculturais, política e econômica do país e que possibilitem a educação permanente
dos cidadãos. Atualmente, o programa Sociedade da Informação está sendo coordenado
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), órgão responsável pela implementação
de atividades ligadas ao desenvolvimento das Telecomunicações, da Internet e as
políticas de automação no país.
O objetivo do Programa Sociedade da Informação é integrar, coordenar e
fomentar ações para a utilização de tecnologias de informação e
comunicação, de forma a contribuir para a inclusão social de todos os
brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir para que a
economia do País tenha condições de competir no mercado global
(TAKAHASHI, 2000, p.10).
Atualmente, passamos por várias alfabetizações. Devemos levar em conta que a
formação educacional não se limita ao domínio da leitura e escrita; a mesma envolve
uma diversidade de códigos culturais da sociedade e das relações econômicas e
produtivas.
Para Castells (2000), a habilidade ou inabilidade das sociedades dominarem a
tecnologia é capaz de traçar seu destino. Neste sentido, a alfabetização é constituída da
capacitação do indivíduo em lidar com as diferentes situações enfrentadas no cotidiano
envolvendo antigas e novas tecnologias.
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Dentre os atuais desafios para a Tecnologia da Informação no cenário nacional, é
importante destacar a necessidade de se rever as dimensões históricas, políticas,
culturais, econômicas e sociais e as transformações ocorridas no Brasil e no mundo a
partir da década de 1990, bem como, a atual convergência para uma sociedade
inclusiva. Neste panorama, não devemos ignorar a necessidade de adaptação e
desenvolvimento de tecnologias e métodos que permitam a acessibilidade às pessoas
com necessidades específicas e a relevância do fator regionalismo, esta visão é
compartilhada por Marteleto (2002, p.102). Para a escritora, a informação não é um
processo, matéria ou entidade que deva ser analisada separada das práticas e
representações de sujeitos vivendo e interagindo na sociedade, inseridos em
determinados espaços e contextos culturais. As atividades de informação bem como as
tecnologias adotadas, necessitam de adaptação às necessidades dos usuários, sendo que,
ainda assim, existam informações e tecnologias incompatíveis com as características
fundamentais de determinados grupos sociais.
4. GLOBALIZAÇÃO E OS FATORES REGIONAIS
A globalização e os avanços dos meios de comunicação e informação impõem
uma nova dinâmica que influencia costumes, invade fronteiras e expande técnicas,
filosofias e tecnologias. Esses conceitos são abordados em "Ondas de Transformação"
(TOFFLER, 1980, p. 24). Segundo o autor, trata-se dos grandes momentos históricos de
evolução da sociedade humana, cada qual com seus paradigmas próprios relacionados
aos aspectos político, econômico, social, tecnológico e organizacional.
Projetos de ensino a distância destacam-se pelo alcance regional e potencial de
democratização do ensino, oferecendo oportunidade de inclusão a classes menos
favorecidas inclusive no que se refere à concentração de escolarização nos centros
urbanos mais desenvolvidos e ainda aquele referente à acessibilidade, proporcionando
educação para quem queira estudar. Por outro lado, o fator “regionalismo” influi
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diretamente no índice de eficiência e eficácia destes programas, cursos com alta
demanda e grande abrangência envolvem muitas particularidades.
Na maioria das vezes, as barreiras para expansão do ensino a distância não estão
atreladas diretamente a necessidade ou falta de tecnologias para disponibilização, mas
sim, ao fato do crescimento desordenado, credenciamento de instituições de ensino que
não se adéquam a realidade e necessidades desta modalidade e questões culturais
envolvendo os atores no contexto de trabalho das equipes multifuncionais e
multidisciplinares. O cenário da educação a distância tem passado por constantes
transformações a partir do contexto de mudança de valores, a diversidade cultural é
presente e a globalização exige comunicação e informação sem fronteiras tornando o
papel das TIC’s mais abrangente. Segundo Levy (1999), o universo da cibercultura não
possui nem centro nem linha diretriz. Não possui conteúdo particular, ele aceita a
todos, pois se contenta em colocar em contato um ponto qualquer com outro, seja qual
for a carga semântica das entidades relacionadas.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) alavancam as
transformações provocando impactos em todos os setores, afetando a sociedade e os
cidadãos que a compõem. Vivemos em numa sociedade modelada pelas tecnologias,
baseada na informação e no conhecimento.
A globalização implica em maiores exigências de mercado e um maior nível de
competitividade, exigindo dos profissionais uma capacitação continuada.
Em nosso cotidiano nos utilizamos cada vez mais das práticas computacionais
para geração, transferência, acesso e uso da informação. Esta dinâmica complexa pode
facilitar ou impedir o desenvolvimento da cidadania. A Internet, como meio
democrático de comunicação possui características que podem ser exploradas como
elementos facilitadores no desenvolvimento da cidadania proporcionando oportunidade
de acesso à educação, noções sobre integração, colaboração e aprendizagem permanente
com a própria sociedade.
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LÉVY P. Cibercultura. São Paulo/SP: Ed. 34, 1999.
MARTELETO, Regina M. Conhecimento e Sociedade: pressupostos da antropologia da
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